Fanfic: 8 segundos - Vondy (Adaptada) | Tema: Vondy - Dulce Maria e Christopher Uckermann

Derrick andou em minha direção e, se ele se sentasse ao meu lado, eu teria que mudar de lugar. Prometi ao Christopher que me afastaria dele e estava disposta a cumprir. Fiquei muito feliz com a proposta de tê-lo com exclusividade. Ficar comigo, exclusivamente comigo, pelo tempo que eu passasse na fazenda, ou seja, acho que teria que ligar para o meu pai e dizer que ficaria na fazenda por tempo indeterminado. Vi que Derrick se sentou próximo às meninas e puxou conversa com elas. Eu havia explicado a ele que nossa farsa tinha chegado ao fim. Era impressionante como a Operação Segura Peão tinha sido eficiente. O Poncho estava aos pés da Any e eu estava nas nuvens pelos momentos que tinha passado com meu garanhão. Derrick tinha entendido tudo e ainda fez piada. Ele era o típico galinha pegador, mas muito divertido.
Escutei uma gritaria, e todos à nossa volta começaram a bater palmas. Como no outro dia, o nome Ranger era gritado aos quatro ventos. Olhei na direção da arena e vi Christopher em cima de uma estrutura de madeira, um cercado. Deus! Meu coração disparou como nunca antes.
Será que...? Não! Impossível. Eu não poderia estar apaixonada por um homem que eu conhecia havia menos de um mês. Então, Christopher sorriu para um cara que estava ao seu lado enquanto ele se preparava para montar e... Puta merda! É, eu estava apaixonada por aquele caipira.

— Ranger! Ranger! Ranger! — As quatro cabritas saltitantes que estavam ao meu lado soltavam gritinhos sincronizados. Olhei para elas querendo fuzilar todas. Percebendo meu semblante de mulher das cavernas, Derrick não perdeu a oportunidade de me provocar.
— Isso daria um livro. O peão e a patricinha — disse sarcástico, porém não detectei maldade em seu comentário. Pelo contrário, concordei, pois era verdade. — Olha lá! — Apontou para a frente, e eu vi a porteira se abrindo.
— Puta merda! — Christopher montava um dinossauro. O touro era enorme. Que cara maluco.
Meu coração subiu para a garganta e fechei os olhos por um segundo.
— Meu Deus! — Escutei a voz do Derrick e, quando abri os olhos, vi Christopher deitado no chão, se contorcendo. Derrick desceu alguns degraus e eu o segui. — Fica aqui, Dulce.
— Nem a pau. — Passei por ele, pulei dois degraus e cheguei ao chão. Corri até a porteira de entrada da arena, mal esperei retirarem o touro e entrei. Corri até Christopher, que havia parado de se mexer. Me ajoelhei ao seu lado.
— Pelo amor de Deus, Christopher! Diz que está bem! — pedi e, assim que ele abriu aqueles lindos olhos azuis para mim, eu tive a certeza de que realmente estava apaixonada. E eu não poderia perdê-lo. Não depois de tudo.
— Ranger, cara. — Derrick se ajoelhou do outro lado, e eu pude ver que ele realmente estava preocupado.
Christopher tinha uma expressão de pânico no olhar.
— Não sinto, Derrick... Não sinto minhas pernas — Christopher gemeu e eu levei as mãos à boca para conter o grito que insistiu em sair mesmo contra a minha vontade. — Tira ela daqui!
Tira a Dulce daqui! — Christopher gritou e eu senti meus braços serem puxados.
— Não! Quero ficar com você! — implorava, mas o olhar dele era de raiva. Mas por que raiva?
Olhei para trás, e as mãos que me arrastavam para longe do Christopher eram do Rodrigo.
— Vamos, Dulce, deixa o pessoal ajudá-lo. — Ele tentava me acalmar, esfregando as mãos em meus ombros. — Vai ficar tudo bem.
Joguei os braços para cima e comecei a chorar.
— Como assim bem? Não tem nenhuma ambulância. Tem pelo menos hospital nessa porra de cidade? — Estava desesperada. Christopher precisava de cuidados.
De longe, acompanhei o resgate. Estava muito aflita, algumas pessoas começaram a ajudar
o Christopher. Não sei de onde surgiu, mas havia uma maca antiga, na qual ele estava sendo colocado e imobilizado.
— Calma, Dulce. Alguns de nós fizemos curso de primeiros socorros, inclusive o Derrick. Vamos dar assistência ao Lucas e na cidade tem ambulância. Se for preciso, ele vai ser levado ao hospital da região. Mas fica calma, ainda não sabemos o que aconteceu. Rodrigo me abraçou e eu tentei não chorar, mas foi impossível. Chorei pedindo proteção para aquele que era dono do meu coração. 

Uma caminhonete entrou na arena e vários homens levantaram a maca que mantinha Christopher imobilizado. Seu rosto estava pálido, e seus olhos, arregalados. Quando vi a maca sendo colocada na caçamba da caminhonete, corri em direção a ela.
— Me deixa ir com ele? — pedi ao Derrick, que balançou a cabeça negando. — Por favor! — implorei.
— Ele precisa de espaço, Dulce. Avisa ao Santiago e diga que estamos levando ele para o Hospital Regional — Derrick disse apressado e entrou na caminhonete.
Saí correndo em direção ao meu carro. Não tinha levado o celular e precisava falar com o Santiago e com a Any. Meu Deus, como eu ia contar para ela que o Christopher estava... Ai, meu Deus, não gosto nem de pensar. Rodrigo me acompanhava a passos largos, com o celular na mão e um olhar de frustração.
— Você não está em condições de dirigir — disse ele, e eu não argumentei, pois não estava mesmo. Dei a volta e me sentei no banco do carona, enquanto o Rodrigo ajustava o banco para dirigir meu carro.
Ele me entregou o celular e vi o nome do Santiago nos contatos.
— Fica tentando ligar. Não está completando chamada.
Rodrigo ligou o carro e partiu rápido em direção à fazenda.
Tentei ligar várias vezes para Santiago e para Anahí, mas nada de a ligação completar.
Graças a Deus o Rodrigo foi rápido e, pouco depois de passarmos a porteira da entrada da Girassol, paramos em frente a uma casa simples, rodeada por um cercado branco. Não conhecia o local, nem de quando era criança. Vi a caminhonete do Poncho estacionada na entrada. Eu e Rodrigo descemos juntos, e Any, Poncho e Santiago foram nos receber.
— Que porra você está fazendo aqui? — Poncho chegou gritando e eu entrei na frente antes que ele partisse para cima do coitado do Rodrigo.
— Dulce, você está chorando? — Any perguntou, vendo meu estado.
Eu estava encolhida, abraçando o meu próprio corpo, sem forças para falar.
— O Christopher...
— O que tem meu sobrinho? — Santiago questionou, nervoso.
Vendo minha fraqueza, Rodrigo se aproximou de mim, ficando ao meu lado.
— Christopher caiu no treino e foi levado para o hospital. — Vi Any empalidecer e se agarrar ao Poncho, que a segurava para que ela não desabasse. Santiago franziu o cenho, preocupado.
Engoli em seco antes de completar a notícia:
— Ele não sentia as pernas. — Minha voz saiu estrangulada pela dor. Dor que a Any passou a compartilhar comigo.
— Calma, Mel. — Poncho acariciava seu cabelo. Vi Rodrigo virar o rosto e notei que ele realmente sentia algo a mais pela Anahí. — Pegue suas coisas, faça uma pequena mala com itens pessoais para o Christopher e vamos direto para o hospital. — Poncho foi racional, e Anahí assentiu, tentando conter o choro.
Any caminhou para dentro da casa e eu fui atrás dela. Deixei os homens conversando e rezei para Poncho e Rodrigo não se estranharem em um momento como aquele. Ajudei Anahí com a mala. Segundo ela, sempre havia coisas do Christopher por lá, o básico. Provavelmente, depois teríamos que passar em sua casa. Abracei Anahí, antes de sair do quarto.
— Ele vai ficar bem. Vou ligar para o meu pai, e Christopher terá o que precisar. Ele vai sair dessa, Any. — Não sabia se estava acalmando a ela ou a mim. Mas ela deu um sorriso forçado.
— Obrigada — disse ela, dando um beijo em meu rosto. — Christopher e meu pai são tudo que eu tenho. — Eu conseguia sentir o amor que ela devotava ao irmão e fiquei ainda mais impressionada com tantos sentimentos novos que descobria.
Depois saímos e encontramos todos prontos para partir. Any também tinha feito uma mala com coisas para nós duas que eu carregava. Não poderia perder tempo passando na sede e também não arredaria o pé de perto do Christopher.
— Consegui falar com eles — Rodrigo me avisou. — Eles o levaram para o Regional mesmo. Levo seu carro e volto com o Derrick. — Concordei.
Any e Santiago foram com o Poncho e eu com o Rodrigo. A viagem que durou trinta minutos pareceu uma eternidade. Rodrigo ligou o rádio, mas todas as músicas que tocavam me faziam lembrar o Christopher, e eu comecei a chorar. Então, Rodrigo desistiu e desligou.
Quando chegamos ao hospital, o sol já estava se pondo. Poncho já havia chegado, tinha sido impossível acompanhá-lo em meu carro.
— Como ele está? — fui logo perguntando a Anahí. Ela estava sentada e, quando me viu, se levantou para me abraçar.
Retribuí o gesto de carinho, mas logo me afastei, querendo saber notícias. Ninguém falava nada e todos trocavam olhares tristes. Além de nós, Derrick e outro homem, que me lembro de ter visto na fazenda, estavam na sala.
— Ainda não sabemos — Santiago respondeu. — Ele está passando por exames para verificar se houve algum dano mais sério na coluna. Parece que uma vértebra foi trincada ou algo assim — explicou, e eu segurei Any nos meus braços.
Não sabia que podia ser tão forte a ponto de servir de apoio para outra pessoa. Mas era assim que me sentia naquele momento: um porto seguro, mesmo que estivesse totalmente destruída.
Me sentei no sofá com Anahí ao meu lado e ficamos horas naquela posição. Nenhuma de nós se mexia.
Um médico se aproximou e nos levantamos na expectativa por notícias.
— Família de Christopher Vitor  Uckermann? — o médico perguntou e Santiago tomou a frente. Eu nem sabia que Vitor era o segundo nome do Christopher. Sempre pensei, por mais estranho que parecesse, que Ranger fizesse parte do seu nome.