Fanfic: 8 segundos - Vondy (Adaptada) | Tema: Vondy - Dulce Maria e Christopher Uckermann

— Tenho boas notícias. — Suspirei aliviada e Any sorriu ao meu lado. Graças a Deus! — O paciente sofreu uma lesão na medula espinhal pela pancada. Queda de um touro, certo? — Derrick confirmou, e o médico continuou. — Com o deslocamento de uma das vértebras, sua medula foi comprimida. É como se ela estivesse inchada, o que causa a dormência nas pernas. Mas, com o tratamento certo, ele poderá voltar a se locomover normalmente.
Todos sorriram e se abraçaram, celebrando a boa notícia, mas eu estava focada no “poderá”.
— Doutor? — chamei antes que ele se afastasse. — Qual é a probabilidade de ele não se recuperar totalmente? — Não sabia se queria ouvir a resposta, não podia nem imaginar o Christopher sem andar.
— Geralmente, quando esse choque medular acontece, o paciente recupera a capacidade motora em um período que varia de uma semana a seis meses. Mas, como nada é cem por cento certo, teremos que aguardar sua evolução. Se, de forma natural e com a ajuda de apoio profissional, após seis meses ele não tiver apresentado melhora, realmente, o caso fica mais delicado. Mas o rapaz é jovem, forte e saudável, e estamos apostando todas as nossas fichas na recuperação total. — Fiquei mais calma com a explicação, embora ainda estivesse apreensiva. Nada de mau poderia acontecer ao meu Ranger. — Podemos vê-lo? — Tinha esperança de falar com ele e abraçá-lo.
— Claro. — Ele olhou na prancheta em sua mão. — Anahí e Santiago foram autorizados a entrar. Anahí é você?
Senti o chão sumir e sacudi a cabeça em negativa. O médico me olhou com tristeza.
— Desculpa, ele autorizou a entrada somente dos dois.
Santiago seguiu o médico, e Any parou na minha frente, me olhando com cumplicidade.
— Tenho certeza de que foi um engano. Fique aqui, que eu já volto para você entrar. —
Balancei a cabeça concordando e me sentei no sofá, próxima ao Rodrigo.
Quase vinte minutos depois, Any saiu com os olhos brilhando de lágrimas e me levantei depressa, pronta para ver meu peão. Então, Any parou na minha frente, e suas palavras me fizeram desabar.
— Ele mandou te dizer... — ela engasgou. — Ele pediu para você ir embora. Christopher não quer você aqui, Dulce.
Fechei os olhos, pois só poderia ser um pesadelo, do qual eu precisava acordar.
— Como... Como assim ele não quer me ver? — balbuciei já com lágrimas nos olhos. — Por quê, Any? — Aguardava a resposta, mas ela parecia tão confusa quanto eu.
Any olhou para o Santiago, que sacudiu a cabeça.
— Eu não sei, Dulce. — Ela se sentou ao lado do Pedro no sofá e continuou falando, mas eu sabia que ela só queria me poupar, apenas procurando as palavras certas.
— Desembucha, Anahí. Por que ele está me mandando embora? — perguntei com a voz um pouco alterada. Estava aflita para vê-lo, morrendo de vontade de contar que estava apaixonada, que pela primeira vez alguém realmente tinha entrado no meu coração. E ele tinha resolvido se afastar de mim? Estava perdida.
Santiago tentou explicar, pois Any apenas chorava nos braços do Poncho.
— Dulce, ele está muito abalado, acabou de receber a notícia da paralisia. É normal ele se sentir um pouco perdido. — O pai da Any falava esfregando meus ombros com seu jeito paternal, me confortando. — Não foi somente você. Hoje ele não quer ver mais ninguém. Eu vou ficar aqui com ele, e vocês voltam para a fazenda. — Ele olhou por cima do meu ombro em direção ao Derrick e ao Rodrigo.
— Mas eu queria vê-lo. Estou preocupada com ele, Santiago — falei num tom de súplica.
Sei que ele notou sinceridade em minhas palavras, pois me lançou um olhar compreensivo.
— Eu sei, Dulce, mas se coloca no lugar do Christopher. Ele acabou de receber uma notícia muito grave. Apesar de confiarmos que ele voltará a andar, isso é difícil demais para qualquer pessoa. — Any sacudiu a cabeça, concordando com o pai, e ficou ao meu lado. — Tenho certeza de que, quando o choque inicial passar, Christopher vai te receber. — Acabei concordando, pois teria que respeitar o momento que ele estava vivendo.
— Mel, o seu pai tem razão. Não tem por que nós ficarmos aqui. Vamos embora e amanhã retornamos com todas as coisas de que o Christopher vai precisar — Poncho disse, trazendo Any para seus braços, e ela me encarou. Eu sabia que ela não queria ficar longe do Christopher, mas, diante do pedido do Poncho, ela acabou aceitando. — Dulce, posso te dar carona. Você deve estar exausta e ainda não conhece totalmente o caminho.
— Eu não vou — respondi de forma sucinta e todos me encararam. — Não saio daqui.
Any trouxe algumas roupas, e eu vou procurar um hotel próximo ao hospital.
— Dulce, realmente não é necessário — Santiago tentava me convencer, mas eu estava decidida.
— Desculpa, Santiago, gostaria que respeitasse minha decisão. Não é hora para falar disso, mas eu e o Christopher... — Procurei as palavras certas para explicar o que estava sentindo. — Nós meio que estamos juntos — falei de cabeça baixa, um pouco envergonhada.
Any arregalou os olhos e Santiago suspirou. Notei o desconforto dele com as minhas palavras, mas não soube identificar o motivo. Mesmo com o seu olhar de repreensão, eu não recuei. Depois descobriria o que o incomodava tanto.
— Se cuida, Dulce. Fico feliz que tenham se acertado — Any disse e me abraçou.
— Não se preocupa comigo. E pode acreditar que, assim que ele se levantar daquela cama, eu vou chutar a bunda dele.
Eu e Any nos despedimos. Prometi contar tudo a ela sobre a minha história com o Christopher (Chris) assim que ela chegasse, no dia seguinte. Poncho se despediu, assim como Derrick.
— Obrigada pela ajuda, Rodrigo. Realmente não conseguiria chegar aqui sem você — agradeci com um abraço toda a sua gentileza.
— Tudo bem, linda. Tem certeza de que vai ficar bem? — perguntou, realmente preocupado. Por um segundo senti pena dele. Será que Any não tinha consciência de que Rodrigo era apaixonado por ela? Impossível. Estava escrito na testa dele.
— Vou ficar bem — tentei tranquilizá-lo.
— Anota meu número. Se precisar, não hesite em me ligar, ok? — Rodrigo já estava se comportando como um irmão mais velho. Quando procurei o celular para anotar o número dele, lembrei que o aparelho não estava comigo. Então, pedi que ele falasse com a Anahí para pegá-lo na fazenda.
Perguntei na recepção onde era o hotel mais próximo e fiquei aliviada ao descobrir que havia um a poucos metros do hospital. Informei a Santiago onde eu estaria, embora ele continuasse me repreendendo com o olhar, e me despedi. Ignorei sua reação e me concentrei em como Chris reagiria à minha presença no dia seguinte.
Fiz check-in na recepção do hotel, que não era uma espelunca nem um cinco estrelas, mas pelo tempo que ficaria ali estava de bom tamanho. Levei para o quarto a malinha que Any tinha preparado e fui tomar um banho. Deixei a água lavar meu corpo, e flashes do que tinha acontecido voltaram à minha mente.
— Por favor, Senhor — rezei sozinha, enquanto encarava o espelho. Nunca fui de rezar, sempre tive tudo o que queria, por isso não estava acostumada a implorar por algo ou por alguém. Então, orei da minha maneira e torci para que Deus me desse uma chance e me escutasse. Nunca tinha desejado algo com tanta força como desejava a recuperação do Chris.
Estava confusa com meus sentimentos, meu mundo parecia virado de cabeça para baixo desde que vi o sorriso do meu peão antes de ele montar. Mas eu estava puta com o destino por ter feito aquilo comigo. Ri por dentro. Desde quando eu acredito em destino?
Olhei para o pijama que Any tinha colocado na sacola e decidi vestir uma camiseta do Chris que estava junto. Uma lágrima desceu pelo meu rosto quando o cheiro do seu perfume invadiu meu nariz. Sua camiseta cheirava a roupa lavada, mas ainda assim tinha um resquício do seu aroma. Cheiro do Chris... Cheiro do Ranger. Caminhei até o lado da cama e peguei o telefone do hotel para ligar para o meu pai. Tinha certeza de que ele se recusaria a ajudar o Chris, alegaria que ele tinha se machucado fora do trabalho e que não tinha responsabilidade nenhuma pelo ocorrido. Na verdade, um mês antes, eu pensaria da mesma forma. Mas algo havia mudado. Chris, Any, Poncho, Santiago e até Rodrigo estavam entrando em minha vida de uma forma que nunca pensei que pudesse acontecer. Tudo isso, somado às lembranças da minha mãe e aos sonhos estranhos que vinha tendo, estava me deixando confusa e perdida. Porém, uma coisa era certa: Chris! Ele me balançou.
O telefone tocou até cair na caixa postal. Olhei para o relógio na parede e vi que já passava das dez horas. Liguei novamente, e então ele atendeu com a aspereza de sempre.
— Você sabe que horas são, Dulce? Eu trabalho amanhã — disse ríspido, mas pela primeira vez eu não retruquei. Tinha um plano B caso meu pai se recusasse a ajudar Chris, mas tudo seria mais fácil se ele se prontificasse a pagar o tratamento.

Leitoras desculpas por ter sumido, mas aí está mais um capítulo. E prometo que terá mais.