Fanfics Brasil - Proposta Aceita-me (RBD)

Fanfic: Aceita-me (RBD) | Tema: Rebelde, Romance, LGBT, Portinon


Capítulo: Proposta

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Anahí Portilla


— Eu não sei o que está acontecendo com ela, amiga. - Suspirei, ouvindo Maite fazer o mesmo do outro lado da linha. - Eu sei que tô bem cansada.


— Anahí, você sabe que eu sou o tipo de amiga que fica do seu lado mesmo quando você está errada, mas não agora e nem dessa vez. - Umedeci os lábios, sentindo a água do mar lamber meus pés enquanto eu andava pela areia úmida. O vento frio do início de julho me fazia tremer. - Ela acabou de se assumir para os pais que são uns desgraçados preconceituosos, ela não tem ninguém além de você.


— E mesmo assim continua me tratando desse jeito! - Bradei, chamando a atenção de algumas pessoas que ainda restavam na praia naquela tarde.


— Me escuta! - Me repreendeu e eu deixei que ela prosseguisse. - Ela tá agindo na defensiva, você não entende? Anahí, você gosta tanto de falar de compaixão, empatia, sororidade e não consegue se colocar no lugar da sua própria namorada. Meu Deus, conversa com ela, diz que ela tá sendo escrota com todo mundo, principalmente com você que tá disposta a ficar do lado dela e que tem toda a paciência do mundo. Mostra que você é a família dela agora.


— Ela vai jogar na minha cara que eu não me assumi. Vai dizer que eu não sei a dor que ela tá sentindo. - Dei mais uma desculpa para não voltar para lá, olhando para o apartamento que ficava pouco a pouco para trás.


— E você sabe o que é sofrer uma rejeição por causa da sua sexualidade?


— Eu sei. Nem todas as garotas acham ótimo eu ser bissexual. As pessoas, normalmente, acham que estamos confusos ou querendo beijar até o reboco da parede. - Dei de ombros, mesmo que ela não pudesse ver.


— Anahí... - Seu tom era repreensor e eu me calei de imediato.


Eu sabia o que ela queria dizer com aquilo, sabia que ela se referia à rejeição dos pais, familiares, pessoas que mais amávamos e de quem mais almejávamos aceitação. Não, eu realmente não sabia o que era aquilo.


Houve um silêncio na linha até que eu bufasse e me rendesse. Maite tinha razão.


— Tudo bem, eu vou voltar lá para conversar com ela. - Murmurei, chutando um pouco de areia para longe.


— Boa menina. - Quase podia ver a expressão vitoriosa no seu rosto. - Boa sorte. Eu te amo.


— Também te amo.


Desliguei e guardei o celular no bolso, ainda observando o sol se pondo, observando o horizonte, o céu se encontrando com o mar em uma só união. Uma união impossível que se tornava possível. Aquilo era familiar.


 


Dulce Maria


Quando criei coragem para me levantar dali, caminhei até o sofá e me deitei ali, tentando ver algo de decente na televisão. Enquanto zapeava pelos poucos canais que tinham a decência de pegar, parei em um jornal qualquer que dava as notícias sobre e para as cidades litorâneas de São Paulo.


Meu celular começou a vibrar e eu vi o nome de Angelique no visor. Resolvi ignorar a minha amiga, não queria falar com ninguém. Queria curtir um pouco daquele momento só meu, um momento para ficar calma e não ouvir o quanto Anahí já deveria ter ido se lamentar para as nossas amigas.


Tudo bem, eu estava sendo uma escrota, mas eu precisava que ela tivesse paciência. Eu nunca sabia muito bem lidar com situações difíceis na minha vida, era por isso que eu não tinha tantas amigas. A única pessoa que eu já considerei ser uma verdadeira amiga foi Angelique, que foi a única capaz de me aguentar nos meu piores momentos.


Não tinha família. Estava perdendo minha namorada. Quanto tempo até que Maite e Angelique se afastassem de mim?


Meu celular voltou a vibrar e eu atender Angelique. Respirei fundo e fechei os olhos, levando o aparelho até a minha orelha.


— Oi. - Resmunguei.


— Dulce? Está tudo bem? - A voz da minha treinadora me despertou e eu me sentei de pronto  no sofá.


— Tá. Pode falar. - Passei a mão pelos cabelos e fixei meu olhar no céu claro do lado de fora. Fazia um dia lindo.


Será que ela tinha boas notícias? Era o destino colocando tudo nos eixos?


— Desculpa te dizer isso assim por telefone, mas as meninas disseram que você viajou e...


— Fala logo! - Falei alto demais, me desculpando em seguida pela falta de educação.


Era agora. Mais uma decepção e eu não aguentaria.


— O Flamengo vai te contratar pra jogar como atacante titular deles. - E foi assim, ela soltou de uma vez e eu me virei para a porta no segundo que Anahí entrava por ela.


Puxei todo o ar para o meu pulmão e tentei processar algo para dizer, mas apenas deixei o celular de lado e corri para os braços da única pessoa que continuava ali por mim, de corpo e alma.


Primeiro houve a surpresa, mas ela não deixou de envolver seus braços à minha volta e eu sorri em seu pescoço, sentindo algumas lágrimas de felicidade.


Então era assim que funcionava a tempestade antes da calmaria. Era essa a valorização das notícias boas, dos acontecimentos bons depois de tantos ruins. Eu não estava completamente feliz, mas aliviada que pelo menos uma parte da minha vida estava se ajeitando, que pelo menos a parte profissional estava encaminhada para o lado que eu queria que fosse.


Quando me afastei para olhar uma Anahí confusa e ao mesmo tempo feliz, não perdi tempo sem lhe dar um beijo. Não era de cinema, estava longe de ser, mas era o nosso beijo. Apaixonado, carinhoso e cheio de risos entre uma investida e outra. Apenas me afastei quando nos faltou ar e eu me deixei fixar os olhos nos dela que brilhavam em expectativa.


— O que foi? - Perguntou em expectativa, sem tentar adivinhar, sem tentar roubar a minha felicidade perguntando sobre alguma coisa que estivera muito errada na minha vida antes.


— O Flamengo quer que eu jogue. - Falei, voltando a procurar meu celular pelo sofá.


— Sub20? - Questionou, as mãos na frente dos lábios que formavam um lindo sorriso, os olhos se arregalando mais e mais.


— Profissional. - Pisquei pra ela, voltando o celular à orelha que se mantinha na ligação com a treinadora. - Desculpa, treinadora.


— Tudo bem. - Ela riu do outro lado.


— Começo ano que vem?


— Na verdade, Dulce... Eles querem que você comece a treinar no segundo semestre.


E foi assim que a minha felicidade se foi.


Em um momento eu tinha minha graduação, minha namorada, meu emprego, e no outro eu tinha meu emprego. Mas e minha namorada? Como ela poderia me acompanhar? Como eu poderia pedir um absurdo desses? Como ela largaria tudo o que tinha só porque eu era titular do Flamengo agora?


— Posso pensar? - Suspirei pesado, me sentando no sofá, a cabeça se apoiando na mão.


— O quê?! - Ouvi Anahí gritar e fiz sinal para que ela ficasse em silêncio.


— Pode. Foi por isso que eu te liguei. Eles me ligaram primeiro, acredito que foi para prepará-la para uma decisão como essa. A ligação de um dos representantes do Eduardo Mello, o presidente do clube, vai vir na segunda ou na terça. Queria pedir pra você passar em casa pra gente conversar. Quando volta de viajem?


Mais uma vez olhei para Anahí que tinha um toque de desespero em meio à uma confusão.


— Quando você tem um tempo pra me encontrar entre domingo e segunda?


Eu não queria ir embora agora. Na verdade, toda aquela ideia de não passar muito tempo longe de casa agora me parecia boba. Eu não queria voltar pra realidade, queria que aqueles dias de sossego - ou o que eu achei que seriam dias de sossego - durassem um mês inteiro.


Combinei de me encontrar na segunda feira bem cedo com a treinadora lá na faculdade. Ela estaria dando aula e teria um tempo para conversar entre um apito e outro. Esticaríamos para um café no intervalo entre as aulas.


Quando desliguei o celular, Anahí não me encheu de perguntas como eu esperava que fizesse. Apenas me abraçou fortemente enquanto eu escondia minha cabeça em seu pescoço. Eu queria chorar, gritar com o mundo, com Deus principalmente. Por que isso tinha que acontecer? Por que até com a felicidade vinha a dor?


Então eu contei à ela o que a treinadora me falara no telefone.


— E qual é o problema? - Minha namorada tinha um sorriso nos lábios, o orgulho pingando em cada poro do seu ser.


— Anahí, você não entende? Como vamos ficar juntas? Como vou terminar minha graduação? Eu estou com medo. É uma decisão que vai mudar toda a minha vida. Todas as raízes que eu tenho aqui vão se romper. Entende? - Limpei algumas lágrimas que escorriam por meu rosto e me recostei no sofá, olhando para o teto como se ali tivesse a resposta de todos os meus problemas. - O Flamengo nem é o meu time do peito. Eu sou Palmeirense. Se fosse o meu porco, eu não pensaria duas vezes.


— Você não pensaria duas vezes não porque é o seu time do coração, mas porque a sede é na sua cidade, é perto da sua família - que você pode estar brigada agora, mas eles vão perceber o erro que estão cometendo ao renegar uma filha tão maravilhosa como você apenas pela sua opção sexual -, é perto das suas amigas, da sua faculdade, de mim. - Anahí virou meu rosto para si e eu vi ali a confiança que ela tentava me passar. Será que ela nunca vacilava quando o assunto dizia respeito à uma decisão difícil na minha vida? - Por você eu largo meu estágio, meu apartamento, minha graduação se precisar. Eu largo se você quiser, se você estiver disposta a fazer seu nome no mundo do futebol feminino, que pode não ser tão bem visto quanto o masculino, mas que você ainda pode ter grandes chances ali. - Ela selou nossos lábios uma vez e eu quis aprofundar para um beijo, mas ela ainda tinha o que me dizer. - Eu te amo, Dulce, e vou te apoiar em qualquer que for a sua decisão.


Eu já tinha percebido que havia feito uma decisão acertada ao escolher Anahí. Ela era tudo o que um ser humano buscava no outro: companheira, carinhosa, sexy, linda e tantos outros adjetivos que eu poderia passar a vida toda falando, mas preferia apenas admirar o que eu havia conquistado. Mesmo que não merecesse nada daquilo, principalmente por tê-la feito sofrer com a minha fase não-sei-o-que-sinto-por-você. Era tão difícil assim perceber que era amor? Que sempre ia ser amor? Desde o dia em que nossos olhares se cruzaram naquela confraternização foi amor. Era por essas e outras que eu tinha que parar de ser uma babaca com ela, me agarrar ao único fio de esperança que restava em minha vida.


Quando somos adolescentes pensamos que todos os nossos problemas, todas as dificuldades, todas as coisas ruins que nos acontecem como uma foto pelada que é espalhada para todo o colégio, como o fim de um relacionamento abusivo que nos submetemos por achar que é o que merecemos, são eternos. Mas não é verdade. Tudo passa. Na vida tudo é mudança, tudo é crescimento, tudo é esquecimento. Quando somos jovens adultos rimos daquilo que choramos e entendemos que temos que mergulhar de cabeça, ou conviver com o "e se...".


E se eu tivesse escolhido Medicina? E se eu tivesse ido morar em outro Estado? E se eu nunca tivesse entrado pro time? E se eu não jogar no Flamengo?


Mas não são esses "e se's..." que mais me fazem temer.


E se eu tivesse jogado no Flamengo?


Apenas aquele questionamento fez meu estômago afundar. Olhei nos olhos de Anahí mais uma vez, tocando seu rosto e tentando guardar cada traço dela em minha memória.


— Tudo vai dar certo, não é? - Engoli em seco, procurando nela um jeito de voltar à superfície, de conseguir respirar normalmente mais uma vez.


— Enquanto nós estivermos juntas, eu te prometo que todo o resto vai se acertar.


Ouvir aquilo foi o suficiente para que eu tomasse seus lábios nos meus. Mais do que isso, fora o suficiente para eu me sentir segura quanto a tomar uma decisão importante. Uma de muitas que já tomei, vinha tomando e ainda tomaria nessa vida.


E se eu nunca tivesse aceitado Anahí no Facebook?



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Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Anahí Portilla O fim de semana com Dulce havia sido tranquilo. Nos desligamos de celulares e ficamos apenas colocando alguns filmes que Angelique tinha guardado ali. Não tocamos mais no assunto do Flamengo ou qualquer outra coisa que fosse gerar conflito. Também não deixei de demonstrar todo o meu amor e devoção por ela, t ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • Gabiih Postado em 28/02/2019 - 14:15:26

    Que linda história , eu amei meus parabéns que bom que tudo acabou bem depois de tudo oque as duas passaram, final lindo e merecido parabéns!!!

    • GioviSouza Postado em 13/03/2019 - 11:38:24

      obrigada pelo carinho! <3

  • Gabiih Postado em 25/02/2019 - 16:27:31

    oi bom ainda estou lendo tudo, mas eu estou adorando posta mais!!!

    • GioviSouza Postado em 25/02/2019 - 16:31:06

      olá! seja bem vinda! ela já está completa. espero que goste!


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