Fanfic: Aceita-me (RBD) | Tema: Rebelde, Romance, LGBT, Portinon
Anahí Portilla
O fim de semana com Dulce havia sido tranquilo. Nos desligamos de celulares e ficamos apenas colocando alguns filmes que Angelique tinha guardado ali. Não tocamos mais no assunto do Flamengo ou qualquer outra coisa que fosse gerar conflito. Também não deixei de demonstrar todo o meu amor e devoção por ela, tanto na cama quanto fora dela.
Enquanto arrumávamos nossas malas para partirmos para São Paulo, deixávamos músicas tocarem pelo celular em alto e bom som no aleatório. Quando Hey Jude dos Beatles começou a tocar eu parei no mesmo lugar, abrindo um enorme sorriso. Me vi procurando pela minha garota em meio a bagunça de sacolas e mochilas. Quando a encontrei, tomei seu corpo em meus braços. Em um primeiro momento seu corpo se enrijeceu com o toque, surpresa por aquela demonstração de carinho repentina, mas logo ela estava valsando comigo pela casa enquanto cantava os trecho que sabia, assim como eu.
Nós ríamos, totalmente descontraídas. Era o momento que nós precisávamos para fechar com chave de ouro antes do que estava por vir. A tensão havia se instalado desde que começamos a arrumar nossos pertences e eu sabia que não demoraria muito para alguma de nós estourar com a outra. Por isso precisávamos daquilo, precisávamos do toque, das risadas, da cumplicidade.
Antes que a música se finalizasse, ela tomou meus lábios para os seus. Um beijo cheio de paixão, um abraço apertado vindo junto dele e naquele momento eu soube que nunca havia sido tão feliz quanto era com aquela mulher. Separamos nossos lábios quando percebemos que aquilo ia nos levar à mais uma rodada de sexo e nós não tínhamos muito tempo até que anoitecesse, e eu não queria pegar a estrada tão tarde.
— Essa playlist não tem nem um Mc Lan? - Dulce perguntou quando Frank Sinatra passou a tocar.
Gargalhei com o questionamento dela e fui me afastando para terminar de guardar minhas roupas.
— O nome da playlist é "As Músicas Mais Lindas do Mundo", pode ter certeza que Rabetão e Open The Tcheka não estão incluídos nela.
— Por quê? - Ouvi a voz dela próxima e a vi recostada no batente da porta do quarto em que me encontrava - o qual fora usado apenas para deixar nossas mochilas. - "I love you too cu então senta no piru" não é uma bela de uma declaração?
Me virei para ela e revirei os olhos.
— Você sabe que eu odeio essa música e qualquer outra do Lan. Ela é misógina.
— Ah é mesmo? - Pouco a pouco ela se aproximou de mim e, quando estava perto o suficiente, apoiou as mãos em meus quadris, me puxando para si. - Quem foi que eu ouvi me chamando de "Maria" e dizendo que "estava enamorada" por mim? - Fiz menção de responder, mas ela me calou enquanto continuava. - Falando que meu "rabetão" era lindo e que tava "xonadão nesse bundão"?
— Vai rabetão, tão, tão, tão, tão, tão no chão? - Mordi o lábio inferior, a expressão de derrota. Dulce assentiu e ergueu as sobrancelhas. - Você quem me obriga a ouvir essas músicas depravadas! - Dei um tapa no seu ombro.
— É só tapar os ouvidos. - Deu de ombros, selando nossos lábios e se afastando.
— Amor! - Chamei e vi apenas sua cabeça na porta. - Mas seu rabetão é lindo mesmo.
— Eu sei. - Piscou e se afastou.
Tão convencida.
Dulce Maria
Foi difícil dormir durante a noite sabendo que no dia seguinte eu teria tanto para fazer. Me revirei na cama de um lado à outro, procurando a melhor posição, mas não achei nenhuma. Por isso tomei um banho e fui para sala ver alguma série enquanto conferia as redes sociais pela milésima vez.
Eu tentava, acima de tudo, enganar minha mente. Eu sabia os pensamentos que queria me trair, eu sabia o que queria invadir minha mente, sabia que todos aqueles pensamentos me trariam um choro alto com direito a soluços. Não era o que eu queria. Não depois do fim de semana distrativo que eu tive. Também não queria acordar Anahí que parecia tão cansada.
Quando o dia começou a amanhecer, eu entendi que não dormiria um minuto que fosse naquela noite e deveria me conformar com aquilo. Já beirava seis horas da manhã quando meu celular começou a vibrar. O número que mostrava na tela era desconhecido e eu atendi de imediato, afinal poderia ser o representante do Flamengo.
— Alô?
— Dulce? Que bom que está acordada. Acho que o celular da Anahí está no silencioso. Liguei diversas vezes e ela não atende.
— Quem é? Como conseguiu meu número? - Franzi o cenho, desligando a televisão e começando a me levantar.
— É o Christian, irmão da Anahí. Será que você poderia acordar a minha irmã? Eu preciso falar com ela.
Se eu não tivesse ouvido a voz embargada, se eu não tivesse sentido que era algo urgente, eu não teria acatado ao pedido de Christian. Anahí ainda tinha algumas horas para dormir durante as merecidas férias.
Olhei a garota dormindo abraçada em meu travesseiro. Inconscientemente deveria ter chego ali, esparramada na cama. Me aproximei e chacoalhei-a, tentando não assustá-la, mas falhando miseravelmente.
— Seu irmão está no telefone. - Mostrei o aparelho a ela que cerrou os olhos com a claridade.
Ainda meio dormindo, pegou o celular e murmurou um "alô". Mas a garota sonolenta deu um pulo na cama, como se tivesse levado um choque. Me aproximei dela para que pudesse apoiá-la em qualquer que fosse o problema. Sabia que não deveria ser algo bom, tanto pelo susto quanto pela expressão da garota.
— Tá. Entendi. Pode deixar. Não se preocupa. Aguenta aí.
Quando finalizou a ligação, me entregou o celular em mãos e passou a fazer tudo no automático.
Primeiro passou por mim sem me dar um beijo ou uma carícia e eu estranhei já que aquilo não era típico dela. Acendeu a luz do quarto, mesmo que estivesse a caminho do banheiro e se fechou ali. Me aproximei da porta para tentar ouvir o que ela fazia, mas parecia que estava apenas fazendo a sua higiene matinal. Tomei um susto quando a porta abriu de supetão e a garota passou por mim como um furacão.
Eu sabia que entenderia melhor o que estava acontecendo - ou pelo menos ia saber como agir - se Maite estivesse aqui. Se eu ligasse para a garota tão cedo na segunda feira poderia assustá-la. Decidi que eu mesma deveria saber lidar com Anahí, aprender sobre como lidar com uma crise quando ela aparecesse.
Quando me aproximei da garota que vestia uma camiseta qualquer que havia encontrado no armário, consegui sua atenção ao tocar em seu braço. Seus olhos encontraram os meus e ela pareceu despertar. As lágrimas se acumularam muito rápido nos seus olhos. Tão rápido que escorreram sem permissão e eu a abracei. Não conseguiria vê-la sofrer.
— O que aconteceu? - Perguntei, abraçando seu corpo para o meu enquanto a ouvia chorar silenciosamente, segurando fortemente em meu pijama.
Não houve resposta. Deixei que ela chorasse tudo o que precisava e que falasse quando estivesse pronta. Quando me soltou e se sentou na ponta da cama, limpando as lágrimas, eu me ajoelhei em sua frente para conseguir olhar em seus olhos. Minhas mãos acariciavam suas coxas ainda nuas.
A garota respirou fundo tantas vezes que eu não consegui contar. Provavelmente ia desabar se falasse sem manter a calma e eu continuaria sem entender nada.
— A minha mãe... Ela... No hospital...
— Sua mãe está no hospital? - Incentivei ela. - O que aconteceu com a sua mãe?
A garota trincou os dentes e eu sabia que boa coisa não sairia dali.
— O desgraçado do marido dela bateu nela. Droga, eu falei pra ela mandar ele embora de casa! Disse que ajudaria ela! - A sua voz aumentava a cada frase proferida, as mãos que cobriam os olhos passaram a dar socos na cama.
— Ele foi preso? - Segurei seus braços e beijei cada uma das suas mãos, impedindo que ela fizesse qualquer movimento brusco. Ela precisava se acalmar.
— Christian disse que sim. Ela não teve como encobrir dessa vez e meu irmão fez questão de denunciar o pai. - Engoliu em seco e se levantou, parecendo voltar à realidade. - Ele vai me contar mais detalhes quando eu chegar lá.
— Tudo bem, eu vou com você. - Passei a me despir e procurar uma roupa decente e limpa.
— Não, Dulce. Você tem que encontrar sua treinadora.
— É daqui algumas horas, isso pode esperar. Quero estar com você. - Me vestia rapidamente para impedir que ela saísse sem mim. Sabia que ela era capaz daquilo e eu não saberia em qual hospital sua mãe estava.
— Isso parece Casos de Família. - Reclamou, ajeitando os cabelos em frente ao espelho.
— Não é Casos de Família. - Aproximei-me dela enquanto abotoava a calça jeans. - Casos de Família tem graça. Uma mulher apanhar de um homem não tem graça nenhuma.
Anahí me olhou pelo espelho e eu podia ver seu olhos se enchendo de lágrimas mais uma vez. Ela se virou e tomou meu rosto entre suas mãos, beijando meus lábios. Eu abracei o corpo da garota para o meu, retribuindo o beijo na mesma intensidade.
Desejei que naquele beijo eu pudesse tirar toda a sua dor. Queria poder distraí-la de toda a dor que o mundo proporcionava à ela. Queria ser o suficiente para ela, do mesmo jeito que ela foi pra mim no fim de semana. Mas o problema dela era grave. Ia precisar de mais do que um fim de semana na praia para livrá-la de tanta preocupação com a mãe.
Quando nossos lábios se separaram, eu beijei sua testa e a abracei para mim. Era aquilo o que eu podia fazer para ela, estar ali quando ela mais precisava.
Foi fácil chegar de moto, já que eu ultrapassava todos os carros os quais seus donos tinham acordado cedo para dirigir à qualquer que fosse o seu destino. O trânsito caótico em São Paulo estava montado. Era difícil dizer quando aquela cidade não fazia questão de formar um engarrafamento. Quando mais precisávamos, tinha até trânsito de motocicletas nos corredores entre os carros.
Deixei que ela fosse na frente enquanto eu estacionava a moto. Sabia que ela e o irmão precisariam de um momento a sós com a mãe e eu não queria atrapalhar. Enquanto dava um tempo fora do hospital, resolvi mandar uma mensagem para Maite e Angel sobre a situação. Anahí estaria muito atordoada para fazer isso e sabia que ela não se incomodaria se eu o fizesse.
Resolvi entrar, tomar coragem para encarar a mãe da minha namorada em qualquer estado que ela se encontrasse. Avistei Christian assim que entrei, mas não Anahí. Abracei-o e vi que ele vestia uma máscara, tentando ser forte pelas mulheres da sua família.
— E a Anahí? - Perguntei depois de um longo suspiro, colocando as mãos nos bolsos.
— Entrou no quarto com a minha mãe. - Christian andou um pouco e me chamou com a mão para que eu o seguisse.
— Escuta Christian, se vocês precisarem de um lugar para ficar, saiba que a nossa casa está de portas abertas. Tem um quarto vazio e...
— Tudo bem, Dulce. - Ele sorriu para mim, abraçando meus ombros mesmo que fosse apenas um pouco mais alto que eu. As crianças de hoje em dia tomavam o que para ficarem mais altas que nós? - Vamos ficar bem. Nós sempre ficamos.
— Fico preocupada com vocês sozinhos naquela casa. - Mordi meu lábio inferior e me afastei dele quando paramos em frente à um quarto, logo depois de pegar o elevador.
— Não se preocupe, temos tudo sob controle. - Piscou, um meio sorriso brincando nos seus lábios.
Nos sentamos nos bancos de plástico com estofado rasgado que ficavam em frente aos quartos e esperamos. Não faziam barulho lá dentro e era difícil ouvir o que conversavam.
— Então o seu pai...
— Foi preso. Os policiais vieram falar com a minha mãe a sós e depois comigo. Ele não esperava que fôssemos denunciar. Nós nunca o fizemos. Mas estávamos cansados e ele foi preso. - Deu de ombros. - Não sei como funciona esse tipo de coisa, mas desde que ele cumpra a pena que deve, já estou satisfeito.
Assenti e lhe dei um sorriso sem dentes, tocando a mão do meu cunhado que jazia em sua perna tão impaciente, subindo e descendo com o nervosismo que passara.
— Você é um bom garoto. Não é nada como seu pai.
Christian levantou o olhar para o meu e me sorriu doce. Era um menino tão bom quanto a irmã e a mãe.
— Dulce... - Ouvi meu nome ser chamado e me levantei de imediato, encontrando a minha namorada, com o rosto vermelho de quem havia chorado muito nos últimos minutos, na porta entreaberta do quarto de sua mãe. - Venha aqui, quero te apresentar do jeito certo dessa vez.
Autor(a):
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Anahí Portilla Deixei Dulce para trás e pedi um momento a sós com a minha progenitora. Foi difícil ver a minha mãe naquele estado, hospitalizada, cheira de curativos, tubos e com muita dor. Me aproximei com cuidado e foi então que ela me notou, abrindo os olhos até então fechados e sorrindo ao ver a sua filha mais velh ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 4
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Gabiih Postado em 28/02/2019 - 14:15:26
Que linda história , eu amei meus parabéns que bom que tudo acabou bem depois de tudo oque as duas passaram, final lindo e merecido parabéns!!!
GioviSouza Postado em 13/03/2019 - 11:38:24
obrigada pelo carinho! <3
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Gabiih Postado em 25/02/2019 - 16:27:31
oi bom ainda estou lendo tudo, mas eu estou adorando posta mais!!!
GioviSouza Postado em 25/02/2019 - 16:31:06
olá! seja bem vinda! ela já está completa. espero que goste!