Fanfics Brasil - Promessa Aceita-me (RBD)

Fanfic: Aceita-me (RBD) | Tema: Rebelde, Romance, LGBT, Portinon


Capítulo: Promessa

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Anahí Portilla


Deixei Dulce para trás e pedi um momento a sós com a minha progenitora. Foi difícil ver a minha mãe naquele estado, hospitalizada, cheira de curativos, tubos e com muita dor. Me aproximei com cuidado e foi então que ela me notou, abrindo os olhos até então fechados e sorrindo ao ver a sua filha mais velha.


— Mãe. - Minha voz estava embargada quando eu me aproximei e a abracei com cuidado.


— Você veio. Não precisava ter vindo.


Lancei-lhe um olhar reprovador e ela logo pressionou os lábios, sabendo que estava para ouvir um grande sermão.


— Eu não estou aqui para dizer "eu te avisei". Quero saber como você está, conversar com o seu médico e saber se você quer morar comigo. - Sentei-me na beirada da cama e peguei sua mão entre as minhas.


Minha mãe umedeceu os lábios. Dona Marichelo era uma mulher de poucas palavras, sempre muito boa - ou boba, dependendo do ponto de vista. Nunca era de conversas sérias ou profundas, mas eu senti, naquele momento, que eu estava prestes a conhecer uma nova mulher.


— Acho que você não quer entender o porquê de eu ter denunciado o...  Juan. - O nome do meu padrasto saiu entredentes e eu fiquei impressionada por ela estar falando dele com tamanha acidez. Não a interrompi. - Você queria que eu fizesse isso desde que me viu apanhar dele. Sei que esse foi um dos motivos pelo qual você saiu de casa e eu nunca tirei a sua razão de ir embora. Tinha medo do que mal que ele pudesse fazer à você, mas nós não tínhamos condições de viver sem o dinheiro dele. - Apertei sua mão, dando forças para ela continuar quando a vi puxar o ar com força para dentro dos pulmões, gemendo pela dor. - A questão é que eu vi que eu merecia mais do que isso, que o dinheiro não é tudo e que a gente dá um jeito.  Eu vi que aquilo não era amor. Sabe quando eu vi o verdadeiro significado de amor? - Neguei com a cabeça, já sentindo os meus olhos marejarem. Minha mãe soltou sua mão da prisão que as minhas faziam dela e esticou para acariciar minha bochecha. - Quando eu vi você e a Dulce juntas. O jeito como você a olhava e ela lhe sorria, o jeito como uma se mexia e a outra também, como se fossem ímãs. O carinho, a cumplicidade e a vontade de quererem ficar juntas, mesmo que em segredo. Eu vi tudo isso nas poucas horas em que estavam juntas. Eu vi algo que eu nunca tinha visto ou experimentado antes, mas que estou disposta a fazê-lo. - Ela umedeceu os lábios enquanto limpava uma das tantas lágrimas que haviam escorrido por meu rosto. - Eu e o Christian vamos ficar bem em casa. Juan vai aprender a nunca mais mexer com a nossa família. Nós vamos nos mudar, sumir dali para que ele não nos encontre. Seu irmão não quer mais saber do pai, então acho que vai ser bom para nós sair daquela casa cheia de lembranças ruins. - Com um suspiro, ela se recostou na cama e eu me ocupei de limpar as lágrimas, logo depois indo me servir de um copo d'água da garrafa que estava disposta ali. - Vou me restabelecer no mercado de trabalho e seu irmão também está disposto a trabalhar no shopping por uns tempos.


— Isso é ótimo mãe. Estou muito feliz por vocês. - Me aproximei dela, as bochechas coradas por ela ter descoberto tão facilmente sobre Dulce e não ter dito nada antes.


— Por que não pede para a sua namorada entrar? Quero conhecê-la formalmente. - Minha mãe tinha o sorriso doce de volta aos lábios e eu lhe sorri, dando um abraço cuidadoso e me afastando para a porta para chamar por Dulce.


Quando ela entrou parecia um tanto temerosa e eu entendia o porquê. Mais uma rejeição paternal e seria o suficiente para nós duas explodirmos de raiva, tristeza e decepção. Toquei a sua mão e entrelacei nossos dedos, mas aquilo só a fez arregalar os olhos e não relaxar como eu achei que faria.


— Mãe, essa é a Dulce, minha namorada. - Deitei a cabeça no ombro dela e a senti endurecer. Quase podia ouvir os seus batimentos cardíacos dali e eu quis rir. Em meio à tanto caos, um pouco de diversão não fazia mal.


Minha mãe lhe sorria e aquilo a fez relaxar um pouco. Minha mãe abriu os braços na sua direção e esperou pelo carinho que lhe seria dado. A garota me soltou e olhou em confusão para mim, não esperando aquela reação dela, mas retribuiu o abraço com cuidado para não machucá-la.


— Seja muito bem vinda à nossa família, Dulce. - Minha mãe desejou enquanto Dulce se afastava com um pequeno sorriso nos lábios. - Cuide muito bem da minha menina. Ela é muito especial.


Dulce sorriu para mim, as mãos nos bolsos e um brilho diferente no olhar. Era o pouco de felicidade que eu também experimentava em meio ao caos.


— Eu vou. Eu prometo. - Minha garota prometeu, os olhos agora na minha mãe.


Seria ela capaz de cumprir a promessa?


Naquele momento eu preferia acreditar que sim, ela era capaz.


Dulce Maria


Quando o médico apareceu no quarto de Dona Marichelo, eu deixei que apenas a família tivesse acesso às informações. Caminhei até o carrinho de café e peguei algumas bolachas dispostas ali. Fiquei pensando se eu teria que começar a chamar bolacha de biscoito. Balancei a cabeça em negação, rindo das bobagens que me tomavam. Se eu não havia recebido a ligação do Flamengo, eles com certeza haviam voltado atrás. Já estava quase na hora de eu me encontrar com a treinadora e nada da ligação.


Ansiosa como estava, acabou por me dar vontade de ir ao banheiro e eu comecei o malabarismo apenas para uma breve urina. Mas é claro que o meu celular tinha que tocar naquele instante. Cortei na metade e peguei o celular com as calças arriadas mesmo, continuando na mesma posição acrobática.


— Alô?


— Dulce Maria?


— Quem gostaria? - Perguntei, encostando a cabeça na porta do banheiro.


— Aqui quem fala é a Simone, uma representante do Clube de Regatas do Flamengo feminino. Falo em nome de Eduardo Bandeira de Mello.


Pressionei os lábios, uma imensa vontade de sorrir me tomando.


— Pode falar, Simone.


— Você teria como conversar conosco hoje? Estamos em um hotel no Centro de São Paulo. - O seu sotaque era arrastado e eu quis rir mais uma vez.


— Claro, me passe os detalhes por e-mail e eu estarei aí. - Ouvi alguém entrar no banheiro e eu desejei com todas as forças que Simone não ouvisse o barulho que a urina da outra pessoa faria.


— Ótimo. Até mais tarde.


A ligação finalizou quando a mulher da cabine ao lado começou o seu barulho típico de urina batendo contra a água sanitária.


Subi os poucos andares até onde estava Marichelo e encontrei Anahí sentada nas cadeiras do lado de fora, mexendo no celular com seu irmão quase dormindo desconfortavelmente.


— Está tudo bem? - Perguntei, me abaixando em sua frente e a vi sorrir para mim. Quis beijá-la, mas sabia que aquele não era o melhor lugar para fazer aquilo.


— Está sim. Minha mãe vai dormir, está muito cansada, passou a noite às claras. - Ela deixou o celular de lado e acariciou meus cabelos. - Liguei para a Maite e já expliquei tudo o que aconteceu.


Assenti uma vez e peguei a mão que me acariciava, beijando sua palma.


— Quer que eu peça um táxi ou Uber para você e seu irmão irem dormir lá em casa?


Anahí olhou para o irmão que estava prestes a dormir em uma posição terrível.


— Por favor. - Ela se curvou e beijou meus lábios, se afastando tão rápido que eu senti meu coração se apertar pela saudade.


Acho que eu nunca estive tão apaixonada por ela como estava naquele momento e constatar aquilo me fazia tremer. Talvez fosse de medo, mas eu não queria pensar sobre isso. Eu tinha motivos para temer, mas não agora.


Enquanto Anahí acordava o seu irmão para se despedirem da mãe, eu fui pedindo o carro para eles. Não demorou até que o carro chegasse. Antes de entrar, Anahí me olhou, parecendo finalmente se lembrar de algo importante.


— Você vai ver a sua treinadora? - Assenti e ela bateu na própria testa. - Eu me esqueci completamente. O Flamengo ligou?


— Ligou. Talvez eu demore a te reencontrar, mas me ligue se precisar de algo, OK? - Selei nossos lábios e a vi assentir. - Se cuidem! - Gritei antes da porta do carro se fechar e acenei para eles enquanto o carro sumia na esquina seguinte.


Paguei o valor absurdo do estacionamento do hospital e montei na minha moto tendo como destino a USP já que encontraria com a minha treinadora no Bandejão. Sabia que ela reclamaria do preço e diria que preferia ir no por quilo, mas seria bom passar aquele momento com ela e seus conselhos.


Quando nos sentamos, ela não perdeu tempo:


— Eu não acredito que acabei de gastar 15 reais nisso. - Apontou para a própria comida.


— Para de reclamar. - Revirei os olhos, começando a comer.


Nós ficamos em silêncio enquanto degustávamos daquela comida, trocando olhares e olhando ao redor. Foi então que ela quebrou o silêncio:


— Você sabe que essa é uma oportunidade única, não sabe?


Levantei meu olhar e assenti uma vez, esperando ela continuar. Sabia exatamente onde ela queria chegar.


— Sei que não é o Palmeiras como você desejaria, mas pelo menos você tem por onde começar. - Ela se recostou na cadeira e eu fiz o mesmo, cruzando os braços. A clara posição de defesa. - O futebol feminino não é nem de longe reconhecido como deveria, mas tantas conseguem chegar até a seleção. Você seria uma excelente atacante e não passaria despercebida pelos olheiros. Você teve a prova disso agora.


— Onde quer chegar com isso, María Fernanda? - Cortei o papo furado dela, pedindo que chegasse até o seu ponto.


— Você acha que Anahí está disposta a ficar aqui, te esperando, enquanto você faz uma carreira?


Engoli em seco. Não ia negar que não havia pensado nisso, é lógico que havia. Eu e Anahí havíamos falado sobre as possibilidades, mas o assunto não foi mais abordado e só estávamos deixando rolar. Até porque eu não acreditava nem que receberia uma ligação do Flamengo.


— Por que ela não estaria disposta a ir comigo? - Beberiquei do meu suco e ergui as sobrancelhas pra ela.


— Porque ela me parece uma pessoa bem decidida a querer a fazer sua própria carreira.


— E, mais uma vez, por que ela não faria a carreira dela no Rio de Janeiro comigo, María Fernanda? - Minha voz aumentou algumas oitavas e a minha treinadora pareceu perceber, recuando de repente.


Com as mãos espalmadas na altura dos ombros, ela finalizou a conversa:


— Tudo bem. Faça como achar melhor. Agora vamos falar sobre essa reunião.


— Acho melhor. - Murmurei.


E a conversa a partir dali se seguiu com muitos conselhos sobre o que fazer e o que não fazer ou o que falar e não falar. Foi proveitoso o suficiente para me deixar um pouco mais tranquila do que quando cheguei ali. Me sentia verdadeiramente preparada para a reunião.


 


Anahí Portilla


Combinei de me encontrar com Maite e Angel no shopping para que pudéssemos jantar. O hospital não havia ligado com notícias da minha mãe, o que era uma coisa boa já que significava que o quadro dela estava estável. Pela manhã, eu a visitaria com Christian.


Mandei mensagem para Dulce, pedindo que ela nos encontrasse lá também. Me sentei com Christian em uma das mesas do The Fifties, um restaurante que vendia hambúrgueres e uma maionese que eu amava. Não demorou para que Maite e Angel chegassem agitadas.


— O que aconteceu?


— Eu acabei de cumprimentar o Diego. Você tem ideia? - Maite se sentou em minha frente logo depois de nos cumprimentar.


— Por que você fez isso, criatura?


— Eu perguntei a mesma coisa! - Angel estava exasperada, também se sentando depois de repetir os gestos da amiga.


— Eu pensei que era o Eddy...


— Ainda me pergunto que droga de nome é esse... - Angelique murmurou.


— É o nome de alguém que arruinou quatro meses da minha vida. - Maite lançou-lhe um olhar reprovador e continuou. - E acho que fiquei tão aliviada de não ser ele que agarrei o Diego em um abraço. Esqueci completamente que ele me trocou pela cobra que estava muito bem localizada atrás dele com um sorriso bem debochado no rosto.


Revirei os olhos e ri da minha amiga.


— Você é uma tonta, Maite.


— Muito burra! Eu puxei ela pra longe dele no mesmo instante. - Angelique completou, dando um tapa na cabeça da amiga, como ultimamente gostava de fazer conosco quando fazíamos ou falávamos alguma burrice.


— Oi, oi, oi. - Dulce chegou, dando um "oi" geral e nós a respondemos. A garota se debruçou sobre a mesa e selou nossos lábios.


— E aí? - Perguntei querendo realmente saber, mas sentindo um frio esquisito na barriga.


A mesa silenciou e minha garota engoliu em seco, passando os olhos por todos até chegar em mim de novo.


— Eles vão me dar a resposta na semana.


Eu queria suspirar aliviada, mas era tão errado. De certa forma, era o sonho dela. Toquei sua mão e lhe sorri complacente.


— Vai dar tudo certo.


Não disse para quem, nem disse o que era o certo. Ainda não sabia como reagiria em nenhuma das situações, negativa ou positiva. Só saberia quando passasse por ela.


Dulce parecia ler o meu olhar e eu temia que pudesse ler mesmo, mas apenas me sorriu.


Era melhor que mudássemos os nossos pensamentos para a comida que iríamos pedir.



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Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

Dulce passou boa parte do jantar silenciosa. Não quis tocar no assunto do Flamengo na mesa, porque não queria fazer um alarde sobre isso. Não sabia sequer se ela havia comentado com as nossas amigas sobre como as coisas estavam correndo àquela altura. Ninguém também quis puxar assunto com a garota, deixando-a no canto dela. Ange ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • Gabiih Postado em 28/02/2019 - 14:15:26

    Que linda história , eu amei meus parabéns que bom que tudo acabou bem depois de tudo oque as duas passaram, final lindo e merecido parabéns!!!

    • GioviSouza Postado em 13/03/2019 - 11:38:24

      obrigada pelo carinho! <3

  • Gabiih Postado em 25/02/2019 - 16:27:31

    oi bom ainda estou lendo tudo, mas eu estou adorando posta mais!!!

    • GioviSouza Postado em 25/02/2019 - 16:31:06

      olá! seja bem vinda! ela já está completa. espero que goste!


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