Fanfic: Aceita-me (RBD) | Tema: Rebelde, Romance, LGBT, Portinon
Dulce passou boa parte do jantar silenciosa. Não quis tocar no assunto do Flamengo na mesa, porque não queria fazer um alarde sobre isso. Não sabia sequer se ela havia comentado com as nossas amigas sobre como as coisas estavam correndo àquela altura. Ninguém também quis puxar assunto com a garota, deixando-a no canto dela. Angelique parecia tão incomodada quanto eu, mas Maite era quem comandava a distração de todos ali e eu agradeci por ter uma amiga como aquela.
Quando a noite acabou e eu pude me deitar na minha cama ao lado da minha namorada - com o meu irmão no quarto ao lado, muito bem aconchegado na cama que um dia fora da minha melhor amiga - uma sensação estranha me tomou, como se algo não estivesse certo. Não tinha nada a ver com os pais da Dulce, com a minha mãe, mas com o meu relacionamento.
Virei meu rosto para encontrar as costas da minha garota. Não estava dormindo, caso contrário estaria com a respiração profunda e audível. Toquei suas costas e seu corpo reagiu ao me toque, se virando na minha direção.
No momento em que nossos olhares se encontraram, os seus tinha um brilho quase triste. Eu tinha medo de perguntar para ela o que estava acontecendo, como tinha sido a sua entrevista e receber mais uma notícia catastrófica em meio a tantas outras. Mas eu tinha que fazer, eu tinha que perguntar, mesmo que parecesse que ela não queria falar.
Tomei coragem, puxei o ar para dentro dos pulmões e fui surpreendida por seu beijo. Em um momento seu corpo jazia ao meu lado, no outro ela estava em cima de mim, me beijando com tanta intensidade que eu agradeci aos céus por ter puxado um pouco de oxigênio, porque ela estava me tirando todo ele.
Não quis pensar no que aquele ato poderia significar. Todo aquele desespero, a voracidade, o desejo. Não queria pensar que era um escape e afastei os pensamentos traidores de que aquela era uma despedida.
Passei a mão por baixo de sua blusa e fui impedida de continuar meu trajeto até seu seio. Separei nossos lábios para olhá-la em confusão. Dulce colocou o indicador em frente aos próprios lábios e piscou para mim. Ergui as sobrancelhas e as mãos espalmadas na altura dos ombros, deixando que ela fizesse o que queria.
Primeiro levantou minha blusa apenas para que meus seios ficassem descobertos. Com curiosidade a garota passou a acaricia-los, seu quadril prostrado em cima do meu enquanto ela parecia admirar o efeito que seu toque causava em minha pele. Seguindo seus próprios instintos, ela se debruçou sobre o meu corpo e tomou um mamilo entumecido entre os lábios. Circulou com a língua quente, sugou e apenas roçou os dentes em meu mamilo. A garota repetiu os movimentos no outro seio e passou a descer os beijos por minha barriga.
Eu devia tê-la impedido. Devia ter segurado seu rosto e perguntando o que diabos estava acontecendo. Devia ter perguntado porquê de repente ela queria deixar de ser passiva para ser relativa. Por que ela queria experimentar?
Mas eu não perguntei. Deixei que ela própria se deixasse levar por um momento. Dulce era bem grande e sabia as atitudes que tomava. Eu não estava pressionando. Pelo contrário, estava muito bem sendo a ativa e dando prazer para a minha menina.
Deixei que ela tirasse o short do pijama e a calcinha, que não era nem de longe a calcinha mais apropriada para aquele momento, mas ela não pareceu se incomodar. Estava concentrada demais sobre o que deveria fazer.
Para que ela tivesse melhor acesso da minha intimidade, flexionei os joelhos e abri as pernas, sentindo sua respiração bater contra a umidade que havia se formado apenas com o toque de seus lábios na minha pele. Fechei os olhos e respirei fundo, abrindo apenas para encarar o teto. Não queria mandar nela, não queria ditar o que ela precisava fazer. Sabia que ela faria o seu melhor.
— Anahí. - Ouvi sua voz me chamar e franzi o cenho.
Droga, ela estava desistindo?
Apoiei o antebraço na cama e olhei para a garota com o rosto entre minhas pernas, encarando minha vagina com curiosidade. Não deixei de notar quando ela mordeu o lábio inferior e umedeceu em seguida. Eu quis rir, mas me contive.
— Sim?
— O que eu faço? - Seu olhar encontrou o meu e eu ri baixo, negando com a cabeça.
— Tem certeza que quer f...
— O que eu faço? - Ergueu ambas as sobrancelhas, repetindo a pergunta.
— Começa colocando um dedo. - Pedi e ela obedeceu de imediato.
Soltei um suspiro de prazer, sentindo seu dedo frio em contato com o meu interior quente e úmido. Engoli em seco e busquei a força que precisava para pedir por mais.
— Mais um. - E ela obedeceu, mais uma vez.
A minha garota desobediente e grosseira obedecia cada um dos meus pedidos. Era bom estar no comando pela primeira vez.
Seus dedos se movimentavam como se ela fizesse aquilo há tempos. Girando dentro de mim, indo e vindo com força e então com calma, se curvando levemente e me fazendo gemer um pouco mais alto. De qualquer modo, deveria fazer em si mesma e aquela não seria a pior parte de se explicar.
Antes que eu desse o próximo comando, ela perguntou:
— E a boca? O que eu faço com a boca?
Seus movimentos cessaram e eu engoli em seco antes de voltar a falar. Com o indicador e o médio eu separei meus grandes lábios.
— Aqui você beija, lambe, suga... Basicamente os mesmos movimentos que você fez nos meus seios, mas que vai vir com um prazer bem mais intenso. - Expliquei enquanto a garota continuava a encarar minha intimidade com desejo e curiosidade, nunca repulsa.
Dulce assentiu uma vez e fez o que eu pedi. Deitei meu corpo na cama, sentindo apenas a sensação de ser desejada pela mulher que eu amava depois de tanto tempo de espera. Não toquei sua cabeça para ditar os seus movimentos, porque ela estava perfeita, como se fizesse aquilo há muito tempo. Apenas segurei seus cabelos, podendo ver de tempos em tempos como a sua língua era capaz de trabalhar em mim. Os dedos voltaram a se movimentar e não demorou muito para que eu me derramasse em seus dedos. Controlei os meus gemidos como pude, de agarrar o lençol à pressionar os lábios com força.
Minha garota se afastou, se sentando na cama e olhou para seus dedos cobertos pelo meu prazer. A cena dela um tanto descabelada, com os lábios, o queixo e a bochecha também cobertos pela minha umidade e os dedos melados quase me fez rir. Talvez fosse a sensação pós-gozo de alívio e relaxamento. De qualquer modo, eu me sentei na cama e peguei seus dedos, lambendo um a um e puxando seu rosto para o meu. Queria dividir do prazer que ela havia me proporcionado e ela não me empurrou.
Nós nos beijamos ajoelhadas na cama e eu não quis mais pensar no Flamengo ou o que o dia seguinte nos traria. Naquele momento eu só pensei no passo que ela havia dado, um grande passo, e no quanto eu estava orgulhosa dela.
Cobri nossos corpos com um lençol fino, mesmo que apenas o meu estivesse nu do quadril para baixo, e deitei minha cabeça no seu peito, dormindo ao som das batidas do seu coração.
Dulce Maria
Acordei mais tarde naquele dia e não encontrei Anahí ao meu lado. Peguei o celular e havia mensagens da minha treinadora as quais eu não estava preparada para ler e vi o da Anahí entre eles.
"Vim mais cedo para o hospital. Minha mãe vai ter alta e, assim que ela e Christian estiverem no táxi para a minha antiga casa, vou pegar o metrô pra aí."
Quis perguntar como estava a sua mãe, quis perguntar o que ela queria para o almoço, quis programar o meu dia com ela, mas a minha cabeça estava naquela reunião.
Flashback
Quando eu entrei no que aprecia uma sala de conferências depois de devidamente liberada no lobby do hotel, Simone e Eduardo me esperavam em cadeiras confortáveis de um lado de uma mesa redonda. Os cumprimentei com um aperto de mão e me sentei na única cadeira sobrando.
— Dulce, estamos aqui para te dizer que achamos a sua performance em campo excelente. Sua treinadora, María Fernanda, já nos tinha enviado alguns vídeos. Acredito que não só para nós, mas não quisemos desperdiçar uma oportunidade de contratar uma jogadora como você. - Simone começou a falar e foi interrompida por Eduardo. Segurei a respiração.
— Você tem potencial e vai ser uma questão de tempo até ser notada por times da Europa.
O tempo todo eu apenas assentia e decidi que bebericar um pouco do copo d'água disposto na mesa seria o melhor para os meus lábios secos naquele momento.
— Tudo bem. - Percebendo o meu silêncio, Eduardo prosseguiu antes que ficasse constrangedor. - Vamos falar sobre acomodações e toda essa burocracia.
Simone me estendeu um papel com valores e eu arregalei os olhos.
— Vocês vão me pagar 20 mil reais?
— A princípio. Podemos elevar o seu salário dependendo do seu desempenho. - Eduardo deu de ombros.
— Te damos o prazo de um mês para arrumar uma residência no Rio de Janeiro e trancar a sua faculdade aqui em São Paulo.
— O que me diz? - Eduardo cortou Simone.
Não sei por quanto tempo fitei o papel em mãos, mas foi o suficiente para sair um sonoro "eu aceito" dos meus lábios.
Fim do Flashback
Como eu ia falar para Anahí que eu ia embora? Como eu ia deixar minha graduação para trás? Meu TCC quase pronto seria jogado no lixo? Como eu diria aos meus pais? Não pensei quando respondi, só fui pela emoção. Mas o arrependimento não era nada comparado à realização.
Minha treinadora já deveria saber àquela altura, só não tinha certeza quanto as meninas que jogavam comigo. Não sei se queria saber ou responder alguém naquele momento.
Tomada pelo impulso como estava ultimamente, comecei a guardar minhas coisas em uma das malas que havia trazido. Claro que eu enfiei de qualquer jeito e peguei o que consegui, já que não coube muito naquela bagunça.
Com a mala ao meu lado, me sentei na mesa e comecei a escrever uma carta para Anahí. Como a covarde que era, não conseguiria contar à ela que tinha que ir embora para o Rio de Janeiro. Não precisava ser de imediato, mas se eu não tomasse nenhuma atitude acabaria repensando e acabando com o meu futuro profissional. Eu daria um jeito de comprar a passagem de ônibus, de ficar em um hotel ou albergue que fosse. Não me importava, eu precisava ir.
Só não contava que a porta da frente se abriria no momento em que eu colocasse um ponto final naquela carta.
Primeiro eu vi a expressão sorridente da minha namorada, que saía comigo daquela onda de má sorte, mas logo a sua confusão se fez presente quando avistou a minha mala no chão.
— O que é isso, Dulce? - Sua voz estava áspera, quase irritada.
Eu estava fugindo como uma covarde, mais uma vez.
Anahí Portilla
Me aproximei da garota, querendo pegar o papel que jazia em cima da pena, mas ela foi mais rápida e o rasgou. Eu jamais saberia o que tinha ali. Talvez ela me dissesse o que estava acontecendo depois daquilo. Era o que eu esperava.
Meu coração, antes tranquilo e calmo, estava apertado e acelerado.
— Anahí, precisamos conversar. - Ela engoliu em seco e enfiou os papéis rasgados no seu bolso traseiro. - Nós não podemos mais ficar juntas.
Franzi o cenho e então me lembrei da noite passada. Como se lesse meus pensamentos, Dulce me interrompeu enquanto eu tomava fôlego para lhe questionar.
— Não foi por causa de ontem a noite. Tem algo que você precisa saber, algo que eu fiz no JUEF.
Eu devo ter empalidecido, talvez até minha pressão tivesse baixado, porque eu tive que me apoiar na cadeira disposta na diagonal da sua. Sabia que nada de bom sairia dali.
— O que você fez, Dulce? - Criei forças e coragem para perguntar, respirando fundo e fechando os olhos para ouvir o que ela tinha a me dizer.
— Eu fiquei com pessoas lá. - Falou de uma vez e eu engoli em seco, sentindo as lágrimas se formando pouco a pouco. - Não só fiquei, como transei.
— Homens?
— E mulheres. Eu não aprendi aquilo na internet, como eu te falei, tudo o que eu sei aprendi fazendo em e com outras pessoas. - Sua voz falhou e eu levantei meu rosto lavado pelas lágrimas, apenas para encontrar o seu olhar marejado.
Eu quis bater nela, pular em seu pescoço e bater até ela falar que aquilo tudo era mentira. Mas para a dor vir de uma vez só, para não me iludir e doer mais e mais todo o dia, eu decidi acreditar no que ela me dizia.
— Por isso eu estava tão estranha. Venho me comunicando com eles desde então e não posso mais continuar com você.
— Você me ama? - Perguntei entredentes.
— Acho que nunca amei pra agir desse jeito. - Seu olhar estava na porta entreaberta, como eu havia deixado.
Ainda pude ver o vislumbre das lágrimas quando ela saiu andando. Tive certeza que ela havia ido quando a porta se fechou em um baque.
Não implorei por seu amor, ele nunca existiu.
Como uma covarde ela iria fugir, não me deixando nada além de uma carta. Mais uma vez.
Dulce partira meu coração e eu não sabia se um dia o dano poderia ser reparado. Nem por ela e nem por ninguém.
Autor(a):
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Dulce Maria Agradeci aos céus por ela não ter olhado em meus olhos ou eu não seria capaz de mentir. Eu tive que mentir para a Anahí ou eu não conseguiria conviver com a culpa de privá-la da graduação. Tínhamos opções, mas nenhuma delas era significativa para nenhuma de nós: 1) Eu iria para ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 4
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Gabiih Postado em 28/02/2019 - 14:15:26
Que linda história , eu amei meus parabéns que bom que tudo acabou bem depois de tudo oque as duas passaram, final lindo e merecido parabéns!!!
GioviSouza Postado em 13/03/2019 - 11:38:24
obrigada pelo carinho! <3
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Gabiih Postado em 25/02/2019 - 16:27:31
oi bom ainda estou lendo tudo, mas eu estou adorando posta mais!!!
GioviSouza Postado em 25/02/2019 - 16:31:06
olá! seja bem vinda! ela já está completa. espero que goste!