Fanfic: Aceita-me (RBD) | Tema: Rebelde, Romance, LGBT, Portinon
Anahí Portilla
Eu me entreguei. Não apenas na piscina, mas na espreguiçadeira, no quarto, no chuveiro e eu só percebi há quanto tempo ficamos entre beijos, mordidas e pele depois que vi o céu clarear.
Estava cansada demais para continuar e ela, mesmo sendo atleta, também precisou de uma pausa. Dormimos enroscadas uma na outra, mesmo com a imensidão da cama. Não me importava mais se aquilo fazia de mim uma completa idiota, aquele poderia ser o meu lar e seria - pelo menos enquanto eu estivesse no Rio.
Quando eu acordei, mais precisamente com as batidas insistentes da Maite na porta do quarto da Dulce perguntando por mim, senti uma terrível dor no corpo. A aventura da noite passada resultou em uma gripe e eu ficaria surpresa se isso não acontecesse.
Gemi e girei para o lado, encontrando uma Dulce disposta e já arrumando o cabelo, vestida em um pijama curto e grudado demais em seu corpo para a minha própria sanidade. Dulce encontrou meu olhar pelo espelho e se virou para mim. O olhar leve se transformou em um preocupado e ela se aproximou de mim, tocando minha testa com as costas da mão.
— Droga, Anahí. Você tá queimando em febre.
— Por que você não está? - Reclamei.
— Pode ser por eu ser atleta e ter uma saúde de ferro por comer certo? - Ergueu uma sobrancelha na minha direção. - Tudo bem, vou dispensar as meninas e vou cancelar meus compromissos pra cuidar de você.
Eu poderia dizer que não precisava, mas eu nem tinha forças para isso e eu até que queria aproveitar esse sonho que era o Rio antes de voltar para o pesadelo que foi São Paulo.
Dulce Maria
Poderia dizer que a noite passada havia sido um sonho que se tornou realidade.
Depois de passar a noite nos braços da mulher que eu amava, decidi que estava na hora de colocar tudo em ordem. Não poderia mais viver de mentiras e muito menos continuar fazendo-a sofrer. Por isso que eu tomei aquela decisão, uma que eu deveria ter tomado desde o início se não fosse a pressão de uma escolha. Mas aquilo estava no passado e o presente estava ali para consertar o futuro.
Assim que a vi doente, tomei como mais um incentivo pra cancelar meus compromissos. Saí daquele quarto e dei de cara com uma Angelique ansiosa e uma Maite irritada.
— Onde ela está? - Maite perguntou entredentes.
— Maite. - Angelique a repreendeu.
— Qual foi, Maite? Eu não obriguei sua amiga a nada.
— Você destruiu ela, Dulce! Você tem noção do que tivemos que aguentar? Da merda que você nos fez passar? Pelo amor de Deus, tenha a decência de reconhecer o seu erro. - A garota rebateu.
— Eu sei disso, tá bom? Eu reconheço o meu erro. Você não tem que se meter na nossa vida e muito menos vir com toda essa sua raiva pra cima de mim. Não te julgo, mas tudo vai ter uma explicação. - Desviei meu olhar para minha amiga, decidindo não prolongar mais a discussão com a outra garota. - A Anahí tá um pouco doente. Vocês podem ir pro bloco, eu fico cuidando dela.
— Mas de jeito nenhum...
— Vamos, Maite. - Angelique piscou para mim e puxou a menos sensata pelo braço.
Como havia dispensado a empregada, resolvi preparar um almoço para a Anahí. Sabia que comer era o que ela menos queria já que a comida não teria gosto naquele momento, mas nada que um suco de laranja com um arroz, feijão, alguma carne e legumes não resolvessem. Aquele tempo sozinha foi essencial para me fazer aprender algo sobre a cozinha com Estefania, minha faxineira-cozinheira-conselheira. Talvez ela ficasse feliz de saber sobre mim e Anahí.
Peguei um remédio pra dor no corpo e outro para a gripe, mesmo que aquela não me pegasse há um bom tempo. Levei até meu quarto enquanto deixava as panelas no fogão. Assim que entrei não avistei Anahí na cama, apenas um amontoado de lençóis. Vasculhei o quarto até me dar conta do barulho da água que vinha do banheiro. Me aproximei vagarosamente e espiei pela porta, vendo a minha garota tomando banho. Senti ciúmes de cada gota que lhe escorria pelo corpo e admirei-a até que notasse que eu estava ali.
— Que susto, Dulce! - Anahí colocou a mão no peito e tentou se cobrir, com vergonha da sua nudez.
Revirei os olhos e me aproximei com os comprimidos e a água em mãos.
— Nada que eu não tenha visto antes.
— Eu sei, mas é diferente agora. - Suspirou. - Achei que um banho seria bom para a gripe. Já estou me sentindo mais disposta.
— Isso é muito bom. Preparei o almoço, depois desce pra me acompanhar. Quero conversar também. Tem algumas coisas que precisamos resolver.
Anahí me olhou através de box e limpou a gotículas que estavam presas ali impedindo-na de me ver. A expressão no seu rosto era de curiosidade e eu sabia que aquela era a minha deixa. Abri o mínimo do box para dar os comprimidos em sua boca e lhe entreguei a água, pegando o copo assim que ela terminou.
— Tudo bem. - Ela respondeu quando eu já estava na porta do banheiro e eu parei para olhá-la. - Já vou me juntar à você.
Anahí Portilla
— Tá muito bom. O que aconteceu com você que ficou toda prendada?
A garota deu de ombros e eu sorri do jeito que as suas bochechas ficaram rosadas naquele pela tão branca - não tanto quanto era na cidade da garoa, porque o Rio a gente se queima até com o mormaço dentro de casa.
— Cabeça vazia, oficina do diabo. Resolvi aprender um pouco a cozinhar com a mulher que me ajuda aqui.
Era idiota eu sentir ciúmes da mulher a ajudava? Era e muito, mas mesmo assim ergui as sobrancelhas e passei a remexer a comida.
— Então, sobre o que quer conversar? - Perguntei, colocando uma garfada da comida na boca, olhando para ela enquanto esperava por sua resposta.
Depois de um longo gole em seu suco de laranja, ela se recostou na cadeira em minha frente e suspirou.
— Tem algo que eu devia ter dito à você há muito tempo e eu preciso que você ouça com calma, sem me interromper. - Foi a minha vez de recostar o corpo na cadeira e beber do meu suco, deixando a comida inacabada. Fiz sinal para que ela continuasse e coloquei na minha cabeça que a minha função era apenas uma naquele momento: escutar. Em uma longa inspirada, ela iniciou: - Eu não fiquei com ninguém no JUEF. Eu menti pra você, pro seu próprio bem. Quando eu recebi a proposta do Flamengo de jogar imediatamente, largar toda a graduação que eu dei duro pra finalizar do mesmo jeito que eu sei que você também o fez, decidi que eu tinha que ir sozinha. Não podia fazer você desistir e eu sabia que você ia, Anahí. Se não desistisse, nós ficaríamos tão desgastadas. Deus sabe que foi a melhor decisão que eu tomei se formos tomar o lado racional, porque eu fiquei totalmente desgraçada emocionalmente. Eu não tive fins de semana ou dias de semana e com certeza não daria a atenção que você merecia no início. Agora que tudo se assentou, eu resolvi que estava na hora de te ter de volta. Você terminou a graduação e a formatura está logo aí. Você passou por tudo o que deveria, por tudo o que lutou e não se prendeu por mim como eu sei que faria. Não cabe à mim tratar você como um objeto que eu pego e largo o tempo todo, e não é isso que eu estou fazendo. Mas eu te amo, Anahí. Eu te amo tanto que eu resolvi ouvir músicas como Planos Impossíveis da Manu Gavassi e quem é essa fodida, sabe? Você me ensinou que namorar um alguém não se baseia no sexo, no que a pessoa tem entre as pernas, mas no sentimento, na ligação, no choque elétrico do toque. E eu sei que corro o risco de não ser aceita por você. Quantas vezes não recebi ligações de Angelique me contando de suas recaídas? Contando que você e Maite passavam horas no replay de The Heart Wants What It Wants. Isso me despedaçava e refletia muito no meu desempenho nos jogos. E o quanto ele caiu depois que eu perdi você! Não sou mais a mesma sem você. Foi por essas e outras que eu decidi que ter você é melhor do que não ter, que eu prefiro você aqui no Rio comigo, do que em São Paulo nos braços de outro alguém. Eu quero ser egoísta, Anahí. Eu quero ser feliz, quero mandar minha mãe para o inferno se isso me fizer feliz com você. Daqui em diante eu prometo que vou ser verdadeira, vou dialogar verdadeiramente com você, vou te mostrar que sou merecedora do seu amor. Por favor, me aceita de volta, meu amor?
Anahí Portilla
Todo mundo diz que, quando se encontra a sua alma gêmea, você sabe no mesmo instante que aquela é a pessoa certa para você. Mas o que é a pessoa certa? A pessoa certa te machuca?, era o que eu pensava quando via a relação do meu padrasto com a minha mãe. A pessoa certa te trai?, era o que eu me perguntava quando tratei do primeiro e único coração partido de Maite. A pessoa certa vai embora?, foi o que pensei quando vi Dulce indo embora.
Quando eu a encontrei, pensei que seria só mais um romance, só mais uma coisa passageira. Mas o destino trata de nos mostrar que cada pessoa que passa pela nossa vida tem um objetivo, sendo ele sempre carregado de um ensinamento importante. O objetivo é você aprender e não repetir.
Então por que diabos eu estava indo embora do Rio?
Depois da declaração que Dulce havia feito, não tinha condições de dizer um não. Amor é perdão, é conexão, é sexo, é fidelidade, companheirismo, e eu tinha encontrado tudo e muito mais em uma pessoa.
Maite aceitou de um jeito que me deixou surpresa. Primeiro ela agachou no chão do jeito que só ela faz quando algo de muito importante e bom acontece, depois ela abraçou nós duas enquanto gritava uma música muito obscena sobre chupar buceta. Já Angelique ria na mesma proporção que nós e abraçou-nos, dizendo que já sabia que aquilo aconteceria. Ela, com certeza, tivera boa parte nessa história e foi a melhor cupida do mundo.
Nós aproveitamos como pudemos o resto do carnaval, mas precisamos voltar precocemente para a casa. Dulce não quis nos acompanhar para não causar tumulto e a nossa despedida foi cheia de promessas.
— Eu vou voltar.
— Pra ficar. - Completou ela antes de beijar meus lábios novamente. - Eu te amo.
— Eu te amo demais, Dulce.
Mas o que o futuro nos guardava verdadeiramente?
Dulce Maria
Eu não aguentei ficar parada, saí dez minutos depois delas e fui até o aeroporto. Não seria ótimo protagonizar uma cena de filme de romance? Encontrá-la entrando no avião?
Seria possível se você não fosse uma jogadora de futebol famosa e, antes que eu pudesse começar a correr até o portão de embarque, um amontoado de pessoas surgiu em minha frente para pedir fotos e autógrafos. No microfone, uma voz anunciava que o voo da minha menina havia partido.
Anahí Portilla
Chegar em casa não trouxe exatamente um sentimento de alívio. Aquilo não era casa, não seria mais, e perceber aquilo me trouxe um vazio terrível.
Um vazio que foi preenchido ao olhar para o sofá assim que alcancei a sala.
— Por que demoraram tanto? Vieram de jegue? - A voz de Dulce preencheu a sala e só o que eu fiz foi me jogar em seus braços.
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Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Dulce Maria Peguei o primeiro jato disponível e voei para São Paulo. Eu tinha que fazer uma surpresa para Anahí e só ia acontecer se eu fosse mais rápida que ela. Não foi difícil entrar no antigo prédio, ainda mais depois de ficar conhecida em nível nacional. A sua expressão de felicidade foi recompensa ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 4
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Gabiih Postado em 28/02/2019 - 14:15:26
Que linda história , eu amei meus parabéns que bom que tudo acabou bem depois de tudo oque as duas passaram, final lindo e merecido parabéns!!!
GioviSouza Postado em 13/03/2019 - 11:38:24
obrigada pelo carinho! <3
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Gabiih Postado em 25/02/2019 - 16:27:31
oi bom ainda estou lendo tudo, mas eu estou adorando posta mais!!!
GioviSouza Postado em 25/02/2019 - 16:31:06
olá! seja bem vinda! ela já está completa. espero que goste!