Fanfics Brasil - Beija-me Aceita-me (RBD)

Fanfic: Aceita-me (RBD) | Tema: Rebelde, Romance, LGBT, Portinon


Capítulo: Beija-me

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Anahí Portilla


Dulce não voltou pra casa naquela noite e já era madrugada quando eu ouvi a porta de abrir. Eu quis sair do quarto e olhar bem nos olhos dela, mas o que eu tinha pra dizer? Só mostrar a mágoa que sentia por saber exatamente o que ela estava fazendo até uma hora dessas? Não valia a pena.


Eu tinha que desistir de uma vez por todas, essa era a realidade. Maite insistia para que eu esperasse que a própria Dulce se descobrisse, mas e se ela nunca se descobrisse? E se ela fosse mesmo heterossexual? Estávamos apenas estereotipando a garota sem pensar que ela era assim porque se sentia bem sendo como era.


Talvez eu devesse desistir e passar para outra. Não aguentava mais insistir em algo que não parecia nem perto de acontecer. Parecia que ela nunca cederia.


Foi quando o despertador tocou que eu decidi que seguiria me frente. Não faria mais investidas e eu voltaria a falar com os contatos que deixei pra trás pra me focar somente na garota hétero. Me levantei e tomei meu banho, cantarolando embaixo do chuveiro depois de tanto tempo que não fazia isso. Enquanto ia do banheiro até meu quarto, tive o vislumbre de Dulce deitada no sofá com o celular em mãos. Desviei o meu olhar depressa quando ela se virou na minha direção e continuei o meu caminho.


Odiei por ter perdido a aposta com Maite e ela ter acabado por ficar com a suíte. Aquilo evitaria tanto constrangimento... Mas agora eu tinha com quem dividir o banheiro e infelizmente era com a garota que eu queria beijar.


Depois de devidamente vestida, saí do quarto em direção à cozinha, murmurando um bom dia ao passar por uma Dulce sentada no sofá, o olhar fixo na televisão ligada em alguma série. Recebi um murmúrio de volta.


— Chegou tarde ontem. - Falei mais alto dessa vez enquanto via o copo de chocolate com leite girar no micro-ondas.


— Hmmm. - Foi só o que respondeu.


— Deveria ter dormido no Christopher. - Sugeri enquanto bebericava do meu copo.


— Ele ia trabalhar cedo. - Deu de ombros. - Não queria atrapalhar.


Nossos olhares se encontraram. O dela parecia estar envergonhado, temendo pelo meu julgamento e o meu... Bom, o meu olhar julgava ela de todas as formas possíveis. Não que devesse, afinal era a vida dela, mas estava magoada e ela tinha que saber disso. Dulce tinha que sentir o que eu sentia ou perto disso. Tinha que sentir a minha mágoa.


Mas o olhar triste se tornou um que me analisava, como uma redescoberta, como se estivesse me vendo pela primeira vez. Era um olhar invasivo, que me tirava dos eixos, mas que não me desconcertava de maneira alguma. Eu queria ficar presa naquele olhar um dia inteiro. E eu ficaria se não tivesse recebido uma ligação da academia.


— Alô? - Me afastei para atender, ouvindo a voz do meu supervisor do outro lado da linha.


 


Dulce Maria


Eu passei boa parte do dia e da noite transando com Christopher. Foi de madrugada que eu o deixei dormindo, depositando um beijo em seus lábios antes de sair.


Não foi a transa mais memorável da minha vida, estava longe de ser, mas eu precisa enviar ao meu cérebro a mensagem de que eu gostava de Chris e eu gostava de pau. Qual seria a graça de uma transa sem penetração? Só com as preliminares? Não via nenhuma.


Mas foi com culpa que eu entrei naquela casa e foi com o despertador da Anahí que eu acordei depois de um cochilo e outro no sofá. Ouvi seus movimentos desde o banho e sua cantoria, que me fez sorrir, até o seu esgueirar para o quarto com a toalha lhe caindo pelas costas.


Então vi o seu olhar magoado e julgador. Por quê? Eu deixara claro para ela desde o início que era 100% hétero, não dava nenhuma esperança, e mesmo assim ela estava machucada por minha culpa.


Depois que ela foi atender a ligação, eu me levantei decidida a tomar um banho frio e me livrar dos pensamentos que me dominaram por um minuto. Anahí estava linda naquela calça preta justa que ela usava para trabalhar e mais ainda com aquela blusa que ressaltava sua barriga lisa e mostrava os seios tão perfeitos. Não era o desejo de ter um corpo como o dela, era um tipo diferente de desejo. Por isso não me importei em despedir dela, eu só precisava me distrair daqueles pensamentos.


Eu tomei banho, esfregando meu corpo para que pudesse me livrar de cada pensamento impuro, mas eu sabia que não conseguiria. Algo dentro de mim tinha certeza que aquele era um caminho sem volta.


Me arrumei a tempo de ver Maite sair do quarto limpa e trocada para um dia inteiro de trabalho. Sorri e dei bom dia à ela, vendo meu sorriso ser retribuído. Eu não sabia se a reação de Maite seria a mesma de Anahí, mas considerando que as duas eram muito amigas, eu só esperava pelo pior. Percebi que ela sabia bem diferenciar as coisas e, que mesmo que as coisas dessem errado com Anahí (o que quer que isso significasse), eu levaria ela comigo.


— Como foi com o Christopher? - Ela perguntou quando começou a fazer suas encomendas.


— Foi legal. - Dei de ombros, sem saber muito bem como entrar nesse assunto com ela.


— Ele é legal?


Dei de ombros mais uma vez, me sentando de frente para ela na mesa de jantar.


— Quer me ajudar a fazer as encomendas? - Ela perguntou, erguendo uma das sobrancelhas para mim.


— Quero. Me ensina. - Pedi.


E eu aprendi rápido, como era de costume. Sentia falta de sair cedo pra trabalhar, mas nunca das pessoas que trabalhavam comigo. Foi em meio a uma das conversas com Maite, que estavam me distraindo da responsabilidade da mágoa, que entramos em um assunto delicado.


— Hoje eu vou dormir fora, você pode ficar com o meu quarto. - Maite anunciou.


— Não precisa. - Tentei recusar.


— A cama vai estar vazia e você vai dormir na sala? Nada disso. Pode ficar no meu quarto. Se eu não sair com essa garota, ela vai me comer viva. - Revirou os olhos e suspirou.


— Já é outra então? - Perguntei, rindo.


— Claro. Outros e outras. A fila anda, bebê. - Piscou pra mim.


— Tudo bem então, eu durmo na sua cama. Só não queria ficar sozinha com a Anahí. - Pressionei os lábios.


Maite parou subitamente, toda a sua atenção voltada pra mim.


— Por quê? Tem medo dela ter alguma reação que você não goste?


— Não. - Neguei prontamente. - Jamais.


Ela parou por um momento, um sorriso se abrindo pouco a pouco em seus lábios.


— Tá com medo das suas próprias ações?


E para aquela pergunta eu não tive resposta, apenas abaixei a cabeça.


Quem cala consente, é o que dizem, certo?


 


Anahí Portilla


— Trouxe pizza. - Anunciei entrando em casa e esperando encontrar Maite e Dulce sentadas no sofá, mas acabei só por encontrar apenas o meu mais novo motivo de desgraçamento emocional. - Cadê a Maite?


— Foi se encontrar com uma garota. - Dulce se levantou de imediato, mostrando-se pijama de flanela antigo, parecendo que era dela quando tinha seus dez anos.


— Acho que vamos ter pizza pra nós duas então. - Murmurei, deixando a pizza em cima da mesa enquanto ela ia pegar uma toalha.


— Se importa de comer com a mão?  - Perguntou da cozinha.


— Não. Só vou lavar a mão e me trocar. - Resmunguei mais uma vez, xingando Maite em pensamento por ela ter me deixado sozinha.


— Tá bom. - Ouvi ela responder.


Lavei as mãos e fui até o meu quarto, passando a tirar cada peça de roupa com destreza. Quando estava apenas de calcinha e sutiã, vi pelo reflexo do espelho a imagem de Dulce. Ela me olhava com curiosidade, parecendo analisar cada curva do meu corpo. Me senti invadida, mas não envergonhada, não com o olhar que ela me lançava.


Me virei na direção dela e foi então que ela pareceu acordar.


— Ah... Podemos comer pizza na cama da Maite. O que acha? - Perguntou, um pouco envergonhada com a situação toda.


— Claro. - Concordei, dando de ombros e pegando meu pijama enquanto a via se afastar.


Quando fui até o quarto da Maite, vi que ela já tinha colocado até Orange Is The New Black para assistirmos.


— Você vai mesmo me enfiar essa série garganta abaixo? - Perguntei, vendo seu sorriso se alargar com a quebra do gelo.


A verdade é que eu nunca havia visto, mas era uma das séries preferidas dela - além de outras com casais lésbicos. Me perguntava como essa garota ainda não tinha tido curiosidade pelo sexo oposto.


— Vou. - Respondeu, dando aquele sorriso de lado. O maldito sorriso de lado mostrando seus dentes perfeitos.


Revirei os olhos, mas nunca deixando de sorrir e me enfiei embaixo dos edredons com ela enquanto dávamos início à série. A pizza foi aberta e o final daquela noite foi recheado de risadas. Não mexemos no celular e acabamos dormindo juntas.


Infelizmente, apenas dormimos.


 


Dulce Maria


— Aqui! - Gritei para me passarem a bola.


Mas eu estava distraída nesse jogo.


Era sábado e normalmente tínhamos jogos de futebol. Dessa vez as meninas quiseram ir e fomos todas no carro da Maite. Sabia que elas estavam na arquibancada, mas eu passara boa parte do jogo procurando elas.


— E aí, Dulce? Vamos jogar? - A treinadora perguntou e eu a fuzilei com o olhar.


Foi aí que eu me tornei a jogadora que era de verdade. A que fazia, pelo menos, três gols por partida. Fiz meu primeiro gol na partida, o gol que precisávamos pra virar bem no final do jogo.


Uma comemoração mais acalorada aconteceu atrás de mim e eu encontrei o suporte que precisava. Sorri ao ver uma Anahí animada, pulando e sendo abraçada por Maite. Ela sorria abertamente e como eu adorava seu sorriso. Em um momento de súbita felicidade, apontei para ela e fiz coração, dedicando meu gol. O apito final foi dado e minhas colegas de time vieram me abraçar.


Feliz por ganharmos o jogo, ouvia algumas fazendo piadinhas quanto a minha sexualidade.


— Finalmente vai se assumir, Dulce? - Questionou uma delas.


— Por que você não cala essa sua boca? - Fitei a garota enquanto guardava meus pertences, cansada.


— E esse gol dedicado foi o que senão uma assumida daquelas? - Zombou a outra, sua namorada, fazendo o time rir.


Desisti de ficar perto delas, saindo andando dali até o vestiário. Anahí me esperava com Maite em seu encalço falando com uma das garotas do time. Parecia flertar e eu apenas balancei a cabeça negativamente, mordendo o lábio inferior. Maite não perdia tempo.


Anahí deixou elas a sós e entrou comigo no vestiário que se encontrava vazio.


— Ninguém nunca vem aos vestiários? - Anahí questionou, sentando na pia do banheiro.


Dei de ombros, silenciosa e pensativa sobre o que as garotas haviam falado.


— O que foi? - Anahí perguntou, descendo da pia e tocando meus braços.


Me desfiz de suas mãos de pronto, franzindo o cenho na sua direção.


— Nada, caralho. - Ri baixo.


— Mesmo? - Assenti. - Gostei do gol dedicado à mim.


— Não foi dedicado à você. - Passei a pentear meus cabelos, refazendo meu rabo de cavalo.


— Ah não? Pareceu. - Anahí de recostou na parede atrás de mim, me olhando pelo reflexo do espelho como se soubesse todos os meus pensamentos, até mesmo o que meu subconsciente desejava.


Eu estava olhando diferente para Anahí. Estava pensando diferente sobre ela. De repente eu estava curiosa sobre mulheres?


Me virei para ela, observando-a. Minha euforia passava aos poucos e eu sabia que deveria estar suada, grudenta. Ninguém nunca me olharia desejosa, mas não era o caso de Anahí. Ela parecia me comer com os olhos e foi por isso que eu avancei em sua direção.


 


Anahí Portilla


Eu nunca pensei que essa seria a atitude dela. Eu admirava suas bochechas rosadas pelo esforço, seus lábios avermelhados e inchados e seu torso suado. Mas isso eu fazia sempre quando ela saía dos treinos.


Quando ela avançou em minha direção, achei que me daria um tapa, ou estalaria os dedos na minha face. Mas ela me beijou. Pegou meu rosto entre suas mãos e me beijou. Fiquei sem reação de primeira, mas retribui ao beijo. Minhas mãos, antes escoradas da parede, se dirigiram até a sua cintura, apertando-a ali.


Ela já mencionara que não gostava de nada delicado, que gostava mesmo era de pegada. Então eu girei nossos corpos e pressionando o meu contra o dela recostado na parede. O gosto dos seus lábios era único, a maciez do seu toque eu não sentira em outra boca. Fui ao céu e voltei quando seus mãos desceram pelas minhas costas e seus dentes mordiscaram meu lábio inferior.


Em um momento estávamos envolvidas no beijo e no outro ela me afastava, parecendo acordar de um pesadelo. Nossos olhares se encontraram e o dela tinha apenas o pavor de uma situação inusitada criada por ela mesma, enquanto os meus tinham o êxtase de algo tão esperado.


— Porra! - Foi o que eu disse.


— Porra... - Ela soltou baixo, desacreditada no que havia acontecido.



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Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

— Vocês não se beijaram nem fodendo. - Maite disse assim que eu contei. — Shhh. Ela tá no banho, mas pode sair a qualquer momento. - Adverti, me ajeitando na cama de Maite. — Eu tô muito feliz. - Maite deu um gritinho, ignorando totalmente minhas repreensões e me abraçando com força. - Mas o que iss ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • Gabiih Postado em 28/02/2019 - 14:15:26

    Que linda história , eu amei meus parabéns que bom que tudo acabou bem depois de tudo oque as duas passaram, final lindo e merecido parabéns!!!

    • GioviSouza Postado em 13/03/2019 - 11:38:24

      obrigada pelo carinho! <3

  • Gabiih Postado em 25/02/2019 - 16:27:31

    oi bom ainda estou lendo tudo, mas eu estou adorando posta mais!!!

    • GioviSouza Postado em 25/02/2019 - 16:31:06

      olá! seja bem vinda! ela já está completa. espero que goste!


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