Fanfics Brasil - Olhares Aceita-me (RBD)

Fanfic: Aceita-me (RBD) | Tema: Rebelde, Romance, LGBT, Portinon


Capítulo: Olhares

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Poderia dizer que morar com Christopher com certeza não fora a melhor experiência que eu tive em muito tempo. Por ficar em casa o dia todo, eu até que deixei-a bem arrumada para passar uma boa impressão. Não entendia o porquê de ficar tão a vontade na casa da Anahí e aqui tão desconfortável.


Quando ele chegou do trabalho e selou nossos lábios em um beijo feroz, eu entendi sobre o que seria morar com Christopher: sexo. Eu basicamente seria a boa dona de casa, que deixa tudo limpo e espera o marido chegar para recebê-lo de pernas abertas. Faz comida e leva até ele, e se deita com ele até mesmo quando não está no clima.


Mas eu não podia continuar na Anahí. Não quando tudo estava confuso demais. Eu sei que fui com muita sede ao pote, me precipitei achando que era aquilo o que eu queria, mas eu não tinha tanta certeza. Não quando a aceitação do meu pai estava em jogo.


Admitia que gostava do beijo da Anahí. Era especial, entregue e devoto. Nada como algo que eu tivesse experimentado antes. Mas quando a euforia abaixou, quando eu vi aquela mensagem de meu pai, nada daquilo fazia sentido.


Eu passei vinte e um anos da minha vida acreditando que era com um homem que eu me casaria, que eu teria filhos e nós viveríamos felizes para sempre. Mas uma mulher? Eu nunca cogitei.


Precisava tirar um tempo longe dela, ver o que eu realmente sentia e se eu estava disposta a enfrentar o mundo ao seu lado. Por enquanto, aquilo não era uma possibilidade.


 


Anahí Portilla


Talvez eu tivesse passado os meus dias longe dela no modo automático.


Acordava, tomava banho, trabalhava, comia quando sentia fome - o que se tornara raro -, voltava pra casa, deitava na cama e chorava ouvindo músicas tristes.


Por que ela tinha me deixado? Por quê? Aquilo tudo era tão injusto! Por que eu não podia ter o que ela queria?


Soquei o travesseiro diversas vezes, gritando com ele.


— OK, já chega! - Ouvi a voz de Maite ao fundo e então meu corpo sendo virado para cima. - Para de se lamentar por não ser isso ou aquilo. Você tem o melhor dos dois mundos. Pode ter um pau e pode ter uma buceta. Se a Dulce foi otária o bastante para não perceber isso, então você tem que levantar daí e conhecer pessoas novas.


Talvez eu estivesse externalizando minha raiva alto demais. Ela me puxou para ficar sentada de frente para si.


— Foi assim com a Zoraida e vai ser assim com a Dulce, tá bom? Ela tava aceitando bem demais, só tinha que surtar mesmo. Dê à ela um tempo para pensar.


O interfone tocou e eu me coloquei de pé.


— Será que é ela?


Maite revirou os olhos e saiu do quarto para atender enquanto eu corria para o banheiro para ficar apresentável. Talvez fosse ela. Talvez ela tivesse pensado e estivesse voltando para mim. Sorri com a possibilidade.


A porta da frente se abriu e eu respirei fundo antes de sair do banheiro apenas para encontrar ali um homem com flores na mão. Franzi o cenho em confusão para Maite que deixava o homem entrar.


Mas que merda era aquela?


 


Dulce Maria


Meu celular tocou cedo demais e eu atendi um pouco emburrada, sem ao menos olhar quem era.


— Filha?


Me sentei na cama de súbito, o sono passando e a dor de cabeça dando lugar à ele.


— Oi pai. Bom dia. Como o senhor tá? - Me levantei e caminhei para o banheiro.


— Bem, filha. E você?


— Tô bem, pai.


Algo estava esquisito em meu pai, mas eu não conseguia dizer o que era.


— Pode me encontrar hoje na parte da tarde naquele bar que a gente gosta? - Ele questionou enquanto eu lavava meu rosto.


— Claro. Vai ter jogo do verdão? - Franzi o cenho.


— Não, mas quero conversar com você. - Antes que eu me desesperasse, ele se corrigiu. - Estou com saudades.


Sorri, pensando em meu pai e no quanto eu o amava.


— Tudo bem, nos vemos lá. - Disse, finalizando a ligação.


E o resto do dia não parecia passar. Fiz uma faxina, vi séries, mandei currículos, fiz minha própria comida e nada dessa hora passar. Foi só eu começar a me arrumar que ela passou rapidinho e eu acabei me atrasando. Mandei uma mensagem para Christopher a caminho da moto dizendo que sairia com meu pai. Ele acharia estranho já que não me conhecia tão bem para saber que eu era próxima do meu pai.


Cheguei rápido no bar e encontrei meu pai sentado, uma cerveja já estava em cima da mesa e, quando me aproximei, abracei-o com toda a força que tinha. Senti vontade de chorar quando ele retribuiu o abraço com a mesma intensidade e beijou meus cabelos quando se afastou.


— Como você está? - Perguntou.


— Bem. Passei o dia bem. - Sorri, me servindo da cerveja disposta ali.


— Eu também. - Assentiu e tomou outro gole da cerveja. - Eu queria falar algo com você.


Congelei na hora. Será que ele sabia do meu envolvimento com garotas? Não podia ser, certo?


— Claro, pai. O que foi?


Ele engoliu em seco antes de prosseguir:


— Eu fui, ontem a noite, na casa onde você me disse estar morando e você não estava lá.


Congelei no lugar, arregalando os olhos e dando um meio sorriso para descontrair.


— Pai, eu posso explicar...


— Elas já explicaram.


— Já? - Franzi o cenho. Por que ele estava tão calmo?


— Elas me falaram que você gostava muito desse garoto, o Christopher, e queria morar com ele para ver se era isso mesmo que você sentia por ele. Um teste, certo?


Fiquei paralisada por um momento. Então ele não sabia da verdadeira história. Pressionei os olhos e os umedeci, desviando o olhar.


— É. Exatamente isso. - Menti.


— E por que não me disse?


— Porque eu não acho que vá dar certo. - Abaixei a cabeça, olhando para os meus próprios dedos.


— Filha. - Meu pai colocou a mão por cima da mesa e eu a agarrei de pronto. - As garotas sentem sua falta e te esperam de braços abertos. Sei que não quer voltar pra nossa casa por causa de sua mãe, mas a Anahí tá tão abatida. Acho que ela realmente gosta de você.


Franzi o cenho, medindo as palavras de meu pai e tudo o que ele queria dizer com aquilo. Talvez ele estivesse falando da amizade. Com certeza ele estava falando da amizade.


— Eu sei, pai. Eu também gosto muito delas. - Confessei, o sorriso totalmente desfeito e as lágrimas brotando em meus olhos.


— Então saia da casa desse garoto.


Assenti uma vez. Eu tinha que ouvir meu pai, esse tempo todo ele fora a voz da minha razão.


— Tudo bem, pai. Obrigada. - Sorri verdadeiramente pela primeira vez em uma semana.


 


Anahí Portilla


— Nós vamos sair, se arruma. - Maite entrou em meu quarto e deixou a porta escancarada.


Era sábado e eu estava praticamente morta, deitada na cama. Não queria mais pensar em Dulce e, principalmente, não queria sair. Só queria esperar pela morte.


— Eu tô falando sério, se você não estiver pronta até as 20 horas, eu vou te deixar aí. - Maite gritou e eu revirei os olhos.


Sabia que se eu não fizesse suas vontades, ela me obrigaria. Antes que eu tivesse que ouvir gritos na cabeça, passei a me arrumar pra onde quer que ela fosse me levar. Coloquei qualquer roupa depois de tomar um longo banho.


Maite entrou no meu quarto e me olhou de cima a baixo.


— Meu Deus, Anahí! Eu tenho que fazer tudo. - Ela foi até o meu armário e escolheu uma roupa mais apresentável do que a que eu estava. - Se troca e faça maquiagem. Você vai me agradecer depois. - Piscou na minha direção e saiu do quarto.


Semicerrei os olhos na sua direção. O que aquela garota estava aprontando?


Não quis pensar sobre isso, assim como eu estava evitando pensar nos acontecimentos semanais com o meu... Com o pai da Dulce. Se ela não havia contado à ele que estava morando com Christopher, mas que havia ido morar comigo, o que aquilo significava?


Droga, pensar naquilo me faz errar no delineador. Começo de novo e suspiro aliviada quando termino a maquiagem e até consigo um princípio de sorriso quando vejo minha imagem refletida. Maite até me elogia.


Vamos o caminho todo com ela cantando e eu em silêncio, apenas pensando na noite longa que teria vendo Maite flertando e eu morrendo pouco a pouco.


Então era assim que funcionava a lei do retorno? Recusar diversos garotos e garotas e, quando aparecer a certa, eu sentir vontade de morrer. Era assim que era o tal amor também? Se fosse, eu não queria amar nunca mais.


 


Dulce Maria


Passei os dias longe de Anahí, mas sempre conversando com Maite. Não tinha porquê eu me afastar das duas e eu gostava da amizade da mais nova. Ela sabia bem separar as coisas e me convidou para ver o clássico Santos e Palmeiras no bar com ela. Quando questionou se poderia levar uns amigos, eu aceitei assim como ela o fez quando disse que levaria Christopher.


Peguei uma mesa para nós e esperei ansiosa a sua chegada. Não tinha certeza se Anahí estaria ali. Talvez já tivesse seguido em frente e tivesse um encontro com alguém. Talvez nem fosse por saber da minha presença ali. Eu queria pensar nos piores cenários para não me decepcionar.


Foi só eu avistar a mais nova com alguns amigos atrás de si vir na minha direção de braços abertos que milhares de borboletas se agitaram no meu estômago. Tentei ver em meio ao pessoal se ela estava ali, mas não a encontrei. Me decepcionei apesar de tudo.


— Oi Maite, tudo bem? - Abracei-a fortemente. - Esse é o Christopher. - Apontei para o garoto atrás de mim.


Depois dos devidos cumprimentos, Maite me incluiu na conversa com os amigos da sua sala. Estava entretida na conversa quando senti alguém parar ao meu lado. Virei meu rosto, já com o cenho franzido sem entender a atitude do cidadão que estava ali, apenas para encontrar Anahí Portilla parada ali ao meu lado. Ela parecia forte, resistente, mas seus olhos expressavam a destruição interior.


O que eu havia feito com ela?


Me levantei e fiquei frente a frente com ela. Pensei que ela ia me bater, que ia chorar, que ia gritar comigo, mas tudo o que ela fez foi me abraçar. Me abraçou forte, o rosto escondido em meus cabelos enquanto eu retribuía o abraço um tanto confusa.


É claro que eu havia adorado a sua atitude, mas eu deveria? Mesmo depois de todos os danos que havia causado à nós duas?


 


Anahí Portilla


Quando eu cheguei no bar e avistei Dulce ao longe parecendo procurar por algo, não consegui fazer minhas pernas responderem a continuar caminhando na sua direção. Resolvi que seria melhor ir ao banheiro.


Não conseguia acreditar que Maite havia feito isso comigo. Foi respirando fundo e apoiada na pia que eu encontrei forças para encarar o meu pior pesadelo: o reencontro com Dulce.


Não sabia muito bem o que fazer quando a encontrei, não sabia se deveria beijá-la, bater nela e foi por isso que eu optei por um meio termo e abracei-a. Senti seu coração acelerar assim como o meu. Não sei por quanto tempo ficamos daquele jeito, mas foi o bastante para Maite chutar minha canela. Com certeza todos deveriam estar olhando com estranheza.


Me afastei dela, olhando em seus olhos e vendo ali a culpa acima de tudo.


— Está tudo bem. - Menti. - Vai passar.


Passei então a cumprimentar todos, até mesmo Christopher, o homem que havia roubado a mulher da minha vida.


Me sentei na cadeira de frente para a Dulce enquanto os outros optavam por ficar em pé.


Era para estarmos olhando o jogo e nós queríamos muito, mas nossos olhares fixos uma na outra nos impediam de desviar por um milésimo de segundo que fosse.



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Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

  Dulce Maria Estava difícil me concentrar em qualquer lance daquele jogo. Eu nunca perdia um jogo do Palmeiras, ainda mais um clássico como o que estava passando no telão daquele bar. Mas com a presença de Anahí estava tudo mais complicado. Não simplesmente por ela ser ela, mas isso também contava muito. Ah, droga! O ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • Gabiih Postado em 28/02/2019 - 14:15:26

    Que linda história , eu amei meus parabéns que bom que tudo acabou bem depois de tudo oque as duas passaram, final lindo e merecido parabéns!!!

    • GioviSouza Postado em 13/03/2019 - 11:38:24

      obrigada pelo carinho! <3

  • Gabiih Postado em 25/02/2019 - 16:27:31

    oi bom ainda estou lendo tudo, mas eu estou adorando posta mais!!!

    • GioviSouza Postado em 25/02/2019 - 16:31:06

      olá! seja bem vinda! ela já está completa. espero que goste!


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