Fanfic: Esse Coração

Era manhã, Mia estava abrindo a loja de seu pai. Abriu a porta e viu o grande espelho central, onde aparecia Miguel, o menino moreno, refletido. Mia sorriu e virou-se, mas viu que ao seu lado estava uma menina, que o beijou. Miguel olhou para Julieta sério e olhou para o outro lado, viu Mia e olhou para frente.

Mia entrou na loja e se pôs detrás do balcão. Ficou olhando Miguel pela vitrine, ele sentava num banco e Julieta ia embora. Miguel deitou-se no banco. 

- Bom dia prima... - disse Rocco entrando e vendo Mia olhar alguém pela vitrine. - Olá! MIA! - gritou enfim.

Mia se assustou e olhou estupefada para o primo.

- Cruzes Rocco, não sou surda.

- Para quem olhava com tanta atenção e admiração?

- Ora... Pensando em como esses arranha-céus estragam a paisagem - disse enquanto pegava uma bata para colocar no mostruário.

- Claro, agora, além de pacifista é ambientalista. Por favor Mia, minta para outro! Crescemos juntos! Acha que pode esconder algo de mim?

- Talvez... - disse a menina enquanto ria.

Rocco viu Miguel pela vitrine.

- Então é ele o menino? Não acha que está muito nova para isso não?

- Ora... - disse a menina olhando para o primo. - Sou mais nova que você.

- Eu sei, mas eu já fui comprometido... Mas... Aqueles desgraçados só queriam o dinheiro do meu tio... Amava tanto a Lola.

- E ela a você... Sinto muito... Mas... Ele foi um menino que vi ontem na entrada da floresta, apenas o reconheci, nada de mais.

- Tudo bem, conversamos em casa! Temos trabalho agora.

Miguel levantou, olhou para a loja e foi embora. Entrou em sua casa e deitou no sofá.

- Quem será ela? - perguntou pensando em Mia.

A casa era simples, a cozinha e a sala eram o mesmo cômodo, somente um balcão separava. Um corredor onde tinha o quarto de Roberta, o seu e o banheiro. Uma ótima para casa para dois amigos. Na sala tinha dois sofás e uma tv, que estava ligada. Roberta saiu do quarto e viu Miguel. Pulou por cima do sofá e caiu em cima de Miguel.

- AI! - gritou Miguel olhando para Roberta. - Por favor Roberta! Quer morar com uma pizza de mim ao invés de com minha pessoa?

- Seria bom... - disse Roberta levantando. - Além do que... Pizza de sabor Miguel seria deliciosa - riu a menina.

- Nisso eu concordo! - disse o garoto sentando no sofá.

- Agora me diga em quem estava pensando... - disse enquanto tirava uma garrafa de água da geladeira. - E não diga que era na Julieta, pois você como Romeu é péssimo.

- Ontem saí com Giovanni... Fomos à entrada da floresta dos pacifistas. Vi uma menina tão... Linda... Ela não sai de minha cabeça... Hoje ela estava abrindo uma loja, deve ser filha do líder, me viu com Julieta e... Pareceu tão triste... 

- Talvez ela tenha sentido o mesmo por você... Talvez esteja caidinha e...

- Não brinque... Não me iluda... - disse Miguel se levantando. - Vou sair...

- Para onde?

- Não sei... Andar... Ficar aqui me deixa louco...

- Traga algo para comermos, a cozinha está vazia.

- Tudo bem...

Rocco estava ao telefone, enquanto Mia empacotava uma bata para uma moça.

- Aqui está, obrigada.

A mulher sorriu e saiu da loja. Rocco pôs sua mão sobre o ombro da prima. Mia olhou para o primo.

- Meu tio me chamou. Fique aqui até o almoço, depois volte para casa.

- Sim senhor. - disse a menina rindo.

Rocco saiu da loja. Mia arrumou algumas batas na estante atrás de si. Uma pessoa entrou.

- Olá... - disse a pessoa.

Mia olhou para trás e paralisou ao ver quem era. Miguel sorriu.

- Eu gostaria de ver algumas batas e...

Miguel acenou para Mia.

- Olá!

Mia sacudiu a cabeça como se estivesse saindo de um transe.

- Perdão... Me assustei... Não esperava ninguém a esta hora... Bata? Cor e tamanho?

- Branca, G...

Mia pegou algumas batas e pôs sobre o balcão. Miguel aproximou-se e colocou sua mão sobre a mão de Mia. Mia olhou para o rapaz. Miguel retirou sua mão.

- Desculpe... Não foi... Minha intenção.

- Sem problemas - disse a menina sem jeito.

- Você é da aldeia dos pacifistas?

- Sim... Sim... Sou filha do líder. Franco Colucci...

- Acho que foi você quem eu vi ontem na entrada da floresta...

- Deve ter sido... Sou a única que se deixa ser vista pelos demais. O povo da aldeia não gosta de mostrar o rosto, somente eu, meu pai e meu primo... Ops. Estou falando demais.

- Ora... Não se desculpe... É bom saber sobre outras... Você sabe... Culturas, tradições... É interessante...

- Obrigada... Então... Qual vai levar?

- Essa aqui... - disse Miguel escolhendo uma bata qualquer. - Quanto custa?

- Doze...

- Aqui está... - disse Miguel entregando o dinheiro para a menina.

Mia empacotou a bata e entregou para Miguel. Miguel pegou a sacola e deixou sua mão encostar na mão de Mia. Olhou para ela e se despediu.

- Até mais.

- Volte sempre... - disse a menina, tapeando a cabeça após o jovem sair.

O telefone tocou, Mia atendeu. 

- Venha para casa.

Franco desligou sem deixar a filha responder. Mia colocou o telefone no gancho, fechou a loja e seguiu para a floresta.

Estava numa parte de grama baixa, mas ao redor as árvores impediam de distinguir o caminho. Uma pessoa pisou em um galho seco. Mia olhou para trás.

- Olá...

A pessoa rondou o local, pisando em folhas secas.

- Quem está aí? - perguntou Mia preocupada.

Uma pessoa pulou por detrás das folhas e caiu, apontando a arma para Mia.

- Você! - disseram os dois ao mesmo tempo.

- O que está fazendo aqui? - perguntou Mia.

- Caçando... - respondeu Miguel.

- Essa propriedade é particular! Não pode caçar aqui!

- Você, por o acaso, me impedirá? - perguntou Miguel.

- Se preciso... Sim... - disse a menina com medo.

Miguel começou a rir.

- Está bem, você me impedirá... Com licença! Você deveria estar na sua aldeia, tecendo, costurando, ou sei lá o que... - disse Miguel seguindo.

Mia segurou o braço do rapaz. Miguel olhou para a mão da menina e para a menina.

- Você só vai caçar aqui depois de me matar.

- Ótimo.

Miguel soltou seu braço, se afastou e apontou a arma para Mia. Mia dá alguns passos para trás.

- Você não faria isso... - disse com medo.

- Ah não? - Miguel segurou no gatilho.

Ficou apontando para a menina e respirou fundo. Mia estava parada, sem acreditar no que acontecia ou sem saber o que fazer, continuava parada, olhando para o menino pelo qual se apaixonara. Miguel olhava para Mia, mirando-a, não sabia se matava a menina ou se a deixava só. A menina que o deixara encantado pela beleza.