Fanfic: Contrato de Casamento AyA/Adaptada | Tema: Ponny

— Antônio Vargas — identificou-se a voz.
Anahi lhe pediu um instante e apertou o ramal do patrão.

— Senhor Herrera, Antônio Vargas na linha um. Devo passar a ligação?

— Sim, senhorita Portilla, obrigado.
Ela o fez e voltou a seu trabalho.
Minutos depois, Alfonso bateu à sua porta.

— Temos um almoço de negócios importante de última hora. Cancele meus próximos compromissos e remarque. Sairemos em uma hora.

♦♦♦

Sentado no banco de couro da sua limusine, Alfonso observava a paisagem urbanística passar rapidamente diante os seus olhos. Juntamente a ele, Anahi segurava um tablet nas mãos, ainda
atarefada em atualizar a agenda eletrônica do chefe. Só o que ela sabia até ali era que Alfonso havia uma reunião de última hora com uma construtora. Pelo que o ouviu ao telefone numa ligação minutos atrás para confirmar o local do encontro, a reunião era com um dos Engenheiros mais bem-sucedidos do país. O que Anahi não sabia – tampouco esperava – que o tal engenheiro era Luiz Guimarães de Orleans, pai de seu ex-noivo.
Dono da LG Construtora, Luiz fez sua empresa crescer e ser uma das mais renomadas no ramo, famosa por ser pontual em suas entregas, obras de qualidade com material de primeira mão. Também ficou conhecida por ser um dos locais mais satisfatórios em se trabalhar. Luiz tinha funcionários com vinte anos de casa.

Herrera precisava de uma pequena expansão de sua fábrica na filial brasileira e gostaria de contar com uma construtora competente para tal serviço, já que sua própria empresa tinha renome no mercado nacional e também internacional. E quando a Swiss Chocolate anunciou que estava à
procura de uma construtora, contratos e propostas tentadoras caíram-lhe aos pés. Mas Alfonso não estava se importando com o preço, e sim com a qualidade do serviço e comprometimento da empresa em entregar as obras no prazo estabelecido em contrato. É claro que negociaria o valor se julgasse necessário, mas o preço realmente era a última coisa que lhe importava.

A LG Construtora e ConstruPortilla estavam entre as dez mais famosas do país. A empresa de Herrera errecebera proposta das duas. Analisando os contratos, propostas e depois de algumas reuniões realizadas meses antes, Antônio Vargas, advogado e representante da LG Construtora,
entrou em contato naquele dia, aceitando o acordo entre as duas empresas, e Alfonso finalmente iria fechar contrato com eles.

Alfonso e Anahi chegaram ao restaurante onde se encontrariam com Luiz, pontualmente. A hostess procurou seus nomes na lista de reserva e, após confirmar, os encaminharam até a mesa Anahi desligou o tablet e o guardava na bolsa, assim que finalmente terminou seu trabalho, quando levantou os olhos e divisou Luiz sentado à mesa, rindo e bebendo, acompanhado de mais
dois homens. Ela estacou como se tivesse visto um fantasma.

Alfonso ainda caminhava ao reparar que Anahi não mais o seguia, virou-se e a viu como paralisada, em choque. Voltou-se a sua secretária, levemente preocupado.

—Anahi...? Anahi? — Ele a chamou, e vagarosamente Anahi o olhou, branca feito papel. — Você está bem? Está pálida. O que houve? — A mudança brusca da loura o deixou aflito e em alerta.

Anahi pestanejou e mirou a mesa de Luiz novamente, de relance.

— A reunião é com a LG Construtora? — Por fim conseguiu desfazer o nó em sua garganta e se pronunciou.

— Sim, algum problema?

No mesmo instante, Anahi entregou a Alfonso as coisas que carregava. Ele segurou os objetos, pasmo, confuso e ao mesmo tempo boquiaberto enquanto a ouvia se desculpar:
— Me desculpe, mil perdões, senhor Herrera, mas eu… eu não posso ficar para a reunião. —E então Anahi desatou a chorar, lágrimas rolavam, e Alfonso ficou sem entender e sem reação.
Por que ela está chorando?, Ele a encarava confuso e desnorteado por aquela ação. E de repente a mulher correu para fora do restaurante, o deixando ainda mais atônito, mais confuso.

Sem demora, Herrera foi em seu encalço, deixando as coisas junto à recepção. Alcançou-a no outro lado da rua, segurando-a pelos braços. A virou para que se encarassem; Anahi tinha os olhos inchados.

— Senhorita Portilla, pode me explicar que atitude foi essa? E por que está chorando?

— Me desculpe, senhor Herrera, mas eu não posso ficar nessa reunião. E estou chorando por perder meu emprego, por perder um bom emprego e principalmente por tê-lo decepcionado.
Do que é que essa garota está falando?
— Senhorita Portilla, você ainda é minha funcionária e não me decepcionou. Só quero entender o porquê de sua atitude.
Anahi balançou a cabeça e mais lágrimas rolaram. O destino só poderia estar de
brincadeira com ela. Por que a Swiss Chocolate tinha logo que fechar contrato com a LG Construtora? Por que não outra?

— É algo que eu não posso lhe dizer, senhor Herrera. Eu sinto muito, mas não posso participar dessa reunião. E entenderei quando estiver assinando minha carta de demissão.

Ela se preparava para sair, quando Anahi a impediu novamente.

— A senhorita não irá a lugar algum, não enquanto me explicar o que está acontecendo. Eu já entendi que tem a ver com o Luiz, mas o quê? Você é uma das melhores secretárias que eu já tive, isso já me provou, e não quero ter que te demitir sem saber o motivo.

Anahi enxugou as lágrimas. Talvez fosse melhor contar à Alfonso sua situação, quem sabe ele fosse compreensível e não a demitisse? Se ela nada contasse perderia o emprego e voltaria a vida
que estava levando antes, quem sabe até pior.

— Eu conto, mas é uma longa história, preciso de tempo e o senhor Guimarães o espera.

— Eu preciso da minha secretária na reunião. — Alegou, convicto em não abrir mão de sua
presença.

— Eu sei — levantou o olhar, um pouco sem jeito. — Vou participar da reunião junto ao senhor, mas pode dizer que somos… — Fez uma pequena pausa e mordeu o lábio inferior antes de completar sua sentença. — Pode dizer que somos noivos?

Alfonso fitou Anahi sem entender. Pestanejou seguida vezes, estranhando tal pedido. De volta, ela aguardava uma resposta, ansiosa, mordendo fortemente o lábio inferior, sem desviar seus grandes olhos verdes dos olhos azuis-esverdeados, e agora atordoados, de Alfonso.

Várias perguntas se manifestaram em sua mente, muitos porquês insistentemente se tornavam praticamente agudos em sua cabeça. E suas perguntas só seriam sanadas e respondidas se concordasse com a loucura que Anahi estava propondo naquele momento.
— Tudo bem. — Cedeu com um suspiro, sem opções. — Mas depois vai me contar toda essa confusão. — Exigiu em tom autoritário.
Anahi apenas acenou e os dois voltaram para dentro.

Ao se aproximarem da mesa, enquanto Alfonso puxava a cadeira para Anahi, ele pôde perceber a expressão de surpresa em Luiz Guimarães.

— Senhor Guimarães… — Alfonso sentou-se e esticou as mãos para cumprimentá-lo.

Herrera notou que Luiz ainda estava boquiaberto com a presença de Anahi, não tirava os olhos dela, e sem coragem de levantar os olhos, Anahi fitava constantemente as próprias mãos.
Alfonso sentiu a tensão entre os dois.
Luiz voltou à Terra, ainda sem se recuperar do golpe e apertou a mão de Alfonso.

— Jovem Alfonso Herrera— pronunciou-se alternando o olhar entre ele e Anahi, forçando um sorriso.
Herrera cumprimentou os outros dois homens que acompanhavam Guimarães, um deles era Antônio Vargas, o outro era seu secretário. Olhou rapidamente para Luiz quando o ouviu cumprimentar Anahi.

— Boa tarde, Alfonso Herrera.

Sophia sorriu fracamente e acenou:
— Boa tarde, senhor Luiz.

— Vocês se conhecem… — Alfonso interveio, mais afirmandodo que perguntando.

— Sim, Alfonso— confirmou o engenheiro. — Nos conhecemos, mas há tempos não nos víamos. É bom te rever, Anahi.

Ela nada disse, estava apreensiva demais para responder.

Ele irá contar ao meu pai. Eles irão me forçar novamente a esse maldito casamento.
— É sua secretária, Alfonso? — Luiz perguntou sem tirar os olhos de Anahi.

— Sim; — respondeu e completou em seguida, cumprindo o “trato” que firmara há minutos com Anahi— é minha secretária e noiva.
E o no exato momento que proferiu estas palavras, Guimarães voltou-se à Herrera, e Alfonso sentiu ser metralhado com os olhos.