Fanfics Brasil - 2. Dulce Fingindo - Adaptação | New Adult

Fanfic: Fingindo - Adaptação | New Adult | Tema: Vondy


Capítulo: 2. Dulce

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Candy


Poncho enfiou a mão no meu bolso de trás ao mesmo tempo em que o telefone no bolso da frente tocava. Deixei que ele aproveitasse os três segundos que levei para pegar o aparelho, depois o afastei com o cotovelo e ele tirou a mão dali. Tive de afastá-lo três vezes a caminho do café. Ele era como o peixinho desmemoriado dos desenhos animados.


Olhei a tela e apareceu uma imagem da minha mãe, uma foto que tirei sem que ela percebesse. Ela estava cortando legumes e parecia a “louca da faca”, o que ela era mesmo o tempo todo, sem a parte da faca. Corri os últimos passos até o Mugshots e entrei antes de atender.


 — Oi, mamãe. Ouvia-se música natalina ao fundo. Não superamos nem mesmo o Dia de Ação de Graças e ela já estava tocando músicas de Natal. Louca.


 — Oi, docinho! — Ela prolongou o final de docinho por tanto tempo que achei que era um robô que acabou de quebrar. Então ela finalmente continuou: — O que você anda fazendo? — Nada, mamãe. Acabei de chegar ao Mugshots para tomar um café. Você lembra, é aquele lugar aonde a levei quando você e o papai me ajudaram na mudança para cá.


— Eu me lembro! Era um lugar bonitinho, pena que servem álcool. E, em resumo, essa era a minha mãe. Poncho escolheu aquele instante (infelizmente um instante de silêncio) para perguntar:


— Candy, querida, você quer o de sempre? Eu o dispensei com um aceno e me afastei. A mamãe devia estar falando comigo no viva-voz, porque meu pai se intrometeu na conversa: — E quem é esse, Dulce María? Dulce María. Tremi. Eu odiava a recusa absoluta dos meus pais de me chamar de Candy. E, se eles não aprovaram o nome “Candy” para a menininha deles, com certeza não gostariam de saber que eu estava saindo com um cara chamado Poncho. Meu pai teria um aneurisma.


— Só um cara — eu disse.


Poncho me chamou e esfregou o polegar no indicador. Certo. Ele foi demitido. Eu lhe entreguei minha bolsa para que ele pagasse.


 — É esse o cara que você está namorando? — perguntou a mamãe. Suspirei. Não havia nenhum problema em responder isso, desde que eu ocultasse alguns detalhes. Ou, sabe de uma coisa? Todos os detalhes.


 — Sim, mamãe. Eu estou namorando há algumas semanas. — Na verdade são três meses, mas que se dane.


— Mesmo? Por que eu não sei nada sobre esse cara, então? — perguntou o papai, novamente ele.


— Porque ainda é uma coisa nova. Mas ele é um cara bem legal, inteligente. — Acho que Poncho não terminou o ensino médio, mas ele era lindo e um maravilhoso baterista. Não fui feita para o tipo de cara que minha mãe queria para mim. Eu morreria de tédio em uma semana. Isso se eu não lhe desse um pé na bunda antes.


— Onde vocês se conheceram? — perguntou a mamãe. Ah, sabe, ele deu em cima de mim num bar onde eu danço, o trabalho extra que você nem sonha que eu tenho. Em vez disso, respondi: — Na biblioteca. Poncho na biblioteca. Era uma piada. Na tatuagem ao redor do pescoço dele estaria escrito vilaum em vez de vilão se eu não estivesse lá para impedir. — Mesmo? — A mamãe parecia cética.


Eu não a culpava. Conhecer caras legais numa biblioteca não era mesmo a minha especialidade. Todas as vezes que apresentei meus namorados para meus pais acabaram em desastre, com meus pais certos de que a filha deles fora seduzida por um ateu e meu namorado me abandonando porque eu tinha “histórias demais”. Minhas “histórias demais” se chamavam Betty e Mick e usavam trajes de bolinhas e suéteres ao voltarem para casa do clube de carteado. Às vezes era difícil acreditar que eu saí deles. Na primeira vez que pintei meu cabelo de rosa, minha mãe chorou como se eu tivesse dito que tinha dezesseis anos e estava grávida. E olha que foi uma tintura temporária. Hoje em dia era mais fácil simplesmente agradá-los, ainda mais porque eles estavam me ajudando financeiramente para que eu pudesse passar mais tempo trabalhando com música. E não é que eu não os amasse... Eu os amava. Só não amava a pessoa que eles queriam que eu fosse. Então eu fazia pequenos sacrifícios. Não os apresentava mais aos meus namorados. Pintava meus cabelos de uma cor relativamente normal antes de visitá-los. Tirava ou cobria meus piercings e usava camisas de mangas compridas e gola alta para esconder minhas tatuagens. Dizia a eles que trabalhava no atendimento de uma empresa de contabilidade, não num estúdio de tatuagem, e jamais mencionava meu outro trabalho como dançarina num bar. Quando ia para a casa deles, bancava a normal por uns dias, e então caía fora dali antes que meus pais tentassem me apresentar um contador chato.


— Sim, mamãe. Na biblioteca. Quando eu fosse passar o Natal com eles, eu simplesmente diria que as coisas não deram certo com o menino da biblioteca. Ou que ele era um assassino em série. Usava isso como desculpa para nunca namorar caras bonzinhos.


 — Bem, parece ótimo. Adoraríamos conhecê-lo. Poncho voltou com minha bolsa e nossas bebidas. Ele tirou uma garrafinha do bolso e acrescentou algo de especial ao seu café. Dispensei quando ele me ofereceu um gole. A cafeína bastava. Engraçado que ele não podia comprar café, mas podia comprar álcool.


 — Claro, mamãe. — Poncho enfiou a mão no meu casaco e me pegou pela cintura. A mão dele era grande e quente, e o toque pelo tecido fino me deu um calafrio. — Acho que vocês podem gostar mesmo dele. — Terminei a frase com um suspiro ruidoso enquanto os lábios de Poncho pousavam no meu pescoço e meus olhos reviravam de prazer. Nunca encontrei um contador que fizesse isso.


— Ele é muito, ah, talentoso. — Acho que vamos ver isso por nós mesmos em breve. — A resposta do papai foi mal-humorada.


Hah. Se eles achavam que havia alguma possibilidade de eu levar um cara para passar o Natal com eles, estavam sonhando. — Claro, papai. Os lábios de Poncho estavam quase justificando a falta ao ensaio da banda nesta manhã, mas era a última chance de ensaiarmos juntos antes da nossa apresentação semana que vem. — Ótimo — disse o papai. — Estaremos nessa cafeteria em cerca de cinco minutos. Meu café caiu no chão antes mesmo que eu pudesse saboreá-lo. — O quê? Vocês não estão em Oklahoma? Poncho deu um salto para trás quando o café respingou em seus pés.


 — Meu Deus, Candy! — Eu não tinha tempo de me preocupar com ele. Tinha problemas bem maiores.


 — Não fique com raiva, querida — disse a mamãe. — Ficamos muito tristes quando você disse que não nos visitaria no Dia de Ação de Graças, e depois Michael e Bethany decidiram ir ver a família dela nas festas de fim de ano também. Então decidimos visitá-la. Até encomendei um peru especial! Ah, você deveria convidar o seu namorado novo. O da biblioteca. MERDA. MERDA. TODAS AS MERDAS DO MUNDO.


 — Desculpe, mamãe, mas tenho quase certeza de que meu namorado vai estar ocupado no Dia de Ação de Graças.


 — Não vou, não — disse Poncho. Não sei se foram todos os anos com uma banda e a música alta prejudicando sua audição, ou neurônios demais perdidos, mas o cara simplesmente era incapaz de sussurrar!


— Ah, ótimo! Estaremos aí em poucos minutos, querida. Amo você, meu docinho de coco. Se ela me chamar de docinho de coco na frente do Poncho, meu cérebro vai se liquefazer de vergonha.


— Espere, mamãe... A linha ficou muda. Eu meio que queria fazer o mesmo. Pense rápido, Candy. Pais em contagem regressiva de dois minutos. Hora de minimizar os danos. Poncho nos guiou para contornarmos o café derramado enquanto eu falava, e ele estava novamente me pegando pela cintura. Eu o afastei. Dei uma boa olhada nele: seus cabelos pretos despenteados, seus olhos pretos lindos, os brincos que pendiam de suas orelhas e o crânio mecânico tatuado na lateral do pescoço. Eu adorava a forma como ele exibia sua personalidade na própria pele. Meus pais odiariam isso. Meus pais odiariam qualquer coisa que não pudesse ser organizada e rotulada e guardada em segurança numa caixa. Eles nem sempre foram assim. Eles costumavam ouvir e julgar as pessoas de acordo com o que importava, mas isso foi há muito tempo, e eles estariam aqui a qualquer instante.


 — Você tem que ir embora — avisei.


 — O quê? — Ele passou os dedos por trás do meu cinto e me puxou até que nossos lábios se encontrassem. — Acabamos de chegar. Uma pequena parte de mim pensou que talvez Poncho pudesse aguentar meus pais. Ele me encantara, e, para a maioria das pessoas, isso era o mesmo que encantar uma serpente. Ele talvez não fosse inteligente ou centrado ou qualquer coisa assim, mas era apaixonado por música e pela vida. E era apaixonado por mim. Havia química entre nós. Um fogo que eu não queria extinto porque meus pais ainda viviam no passado e não superaram o que aconteceu com Alex.


— Sinto muito, amor. Meus pais resolveram me fazer uma visita inesperada e estarão aqui a qualquer instante. Então eu preciso que você vá embora ou finja que não me conhece. Eu ia pedir desculpas, dizer que não tinha vergonha dele, que eu só não estava pronta. Mas não tive chance de dizer isso antes de ele levantar as mãos e se afastar.


— Foda-se. Não vou discutir. Estou indo embora. — Ele se virou para a porta.


— Ligue pra mim quando estiver livre. Então ele cedeu. Não fez perguntas. Não se ofereceu para corajosamente conhecer meus pais. Ele saiu do café, acendeu um cigarro e foi embora. Por um segundo, pensei em segui-lo. Se para fugir ou dar um chute no traseiro dele, eu não sabia. Mas não podia. Agora eu só tinha de descobrir o que falar para os meus pais sobre a ausência repentina do meu namorado bonzinho e frequentador de bibliotecas. Só teria de dizer que ele teve de trabalhar ou assistir a uma aula ou curar os doentes ou coisa assim. Procurei uma mesa vazia. Eles provavelmente perceberiam a mentira e saberiam que não existia nenhum cara bonzinho, mas não havia como contornar isso. Droga. O café estava lotado e não havia mesas vazias. Havia uma mesinha para quatro com apenas um cara sentado e parecia que ele já estava terminando. Ele tinha madeixas curtas e castanhas que foram tosadas num corte simples e limpo. Ele era lindo, com aquele jeito de modelo norte-americano. Ele usava suéter e cachecol e tinha um livro sobre a mesa. Eureca! Era esse tipo de cara que as bibliotecas deviam usar nos anúncios se queriam que mais pessoas lessem. Normalmente eu não teria prestado atenção nele porque caras desse tipo não gostam de meninas como eu. Ele, porém, estava olhando para mim. Encarando-me, na verdade. Ele tinha os mesmos olhos negros e penetrantes de Poncho, mas de alguma forma mais brandos. Mais gentis. E era como se o Universo estivesse me dando um presente. Só faltava mesmo uma placa de neon sobre minha cabeça dizendo: A SOLUÇÃO PARA TODOS OS SEUS PROBLEMAS.


 



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Autor(a): vondycrush

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • Ellafry Postado em 29/03/2019 - 11:06:42

    Por que você não me chama de "mãe"? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

  • evelyncachinhos Postado em 25/03/2019 - 11:37:59

    Continua

  • Nat Postado em 24/03/2019 - 16:57:49

    Guria, continua as duas, por favor! Boa sorte nas provas!*-*

  • evelyncachinhos Postado em 18/03/2019 - 10:30:58

    Continua

  • raylane06 Postado em 18/03/2019 - 01:31:00

    Continua


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