Fanfics Brasil - 4. Dulce Fingindo - Adaptação | New Adult

Fanfic: Fingindo - Adaptação | New Adult | Tema: Vondy


Capítulo: 4. Dulce

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Candy


ELE ESTAVA ABRAÇANDO MINHA MÃE.


Um estranho.


Eu mesma só conseguia suportar uns poucos abraços por ano sem me sentir sufocada e ele permaneceu envolto pelos braços curtos e estranguladores dela durante três, quatro, cinco segundos. E o abraço não terminava nunca. E foi um abraço com toda a força, não um daqueles estranhos abraços de lado que eu dei no meu pai.


Meu Deus, a cabeça dela estava aninhada sob o queixo dele.


O queixo!


Os segundos pareceram toda uma vida, e os enormes olhos dele me encararam por sobre a cabeça da minha mãe. Pelo jeito como minha mãe estava agarrada, ele jamais se libertaria dela. Foi como uma daquelas histórias tristes nas quais uma criancinha estrangula um gato porque o abraça com muita força. Ele riu e lhe deu uns tapinhas nas costas. Ao contrário das minhas risadas perto de meus pais, ele conseguiu ficar abraçado sem parecer que estava sendo mantido ali sob a mira de uma arma. Finalmente, depois de um abraço de quase DEZ segundos, ela o soltou. Depois de dez segundos eu estaria hiperventilando. Se bem que ela provavelmente não teria me soltado depois de dez segundos.


Estou convencida de que minha mãe acha que, se pudesse me abraçar por muito tempo, acabaria tirando toda a influência demoníaca de mim. Ele ficou ali, ainda ao alcance de um abraço, e disse: — Que bom que vocês dois conseguiram fazer esta visita-surpresa. A Dulce María pode não admitir, mas sente muito a falta de vocês dois.


Fiquei tensa quando ele me chamou de Dulce María, enquanto minha mãe sorriu. Eu não sabia se a aversão dela pelo nome Candy era só porque o considerava um nome masculino ou se era porque o apelido a fazia se lembrar de Serena... de Sweety.


Minha mãe me olhou por sobre o ombro dele e havia lágrimas em seus olhos. Quinze segundos e ele a fez chorar de alegria! Será que meus ex-namorados eram todos tão ruins assim em comparação a ele? Certo, então cometi mesmo o erro de apresentá-los a Jake. Ele insistia que meus pais o chamassem pelo apelido... Tesoura. Mas aquilo foi o fundo do poço! E foi mais para irritá-los. Nem todos eram tão ruins assim.


Meu namorado de mentira se virou para meu pai e falou: — Senhor, sou Christopher Uckermann. O senhor criou uma filha maravilhosa.


Meu pai o cumprimentou e disse: — Mesmo?


MESMO. Ele disse mesmo. Não “obrigado” ou “eu sei”.


Ele demorou cinco segundos para sorrir... como se o fato de eu ser maravilhosa fosse obra dele. — Prazer em conhecê-lo, filho — disse meu pai. Eles já estavam me casando.


Eu precisava me sentar.


Eu não disse nada ao nos aproximarmos da mesa, mas meu namorado de mentira, Christopher, devia ter uma espécie de sexto sentido. Ele se pôs ao meu lado em segundos e puxou a cadeira para mim. Meus pais ficaram a alguns metros, olhando como se quisessem preservar aquela imagem em suas memórias para sempre. Christopher segurou minha mão e entrelaçou nossos dedos. A pele dele na minha provocou um curto-circuito no meu braço. Isso paralisou todos os pensamentos desesperados na minha mente e eu fiquei ali sentada o encarando enquanto meus pais também nos encaravam. A mamãe pegou um lenço. Talvez um dia eu consiga olhar para trás e rir do ridículo da situação. Talvez um dia eu também entre num vagão do metrô que não cheire a urina. O futuro me reserva muitas coisas. Por fim o papai se virou para a mamãe e disse: — Vamos pegar um café, Blanca. Christopher, Dulce, voltamos daqui a pouco.


 Esperei até que meus pais estivessem na fila e me virei para ele, mal contendo a vontade de machucá-lo.


— O que foi aquilo?! Ele franziu a testa, a cabeça tombada para o lado, enquanto nossas mãos permaneceram entrelaçadas. Por que não soltei minha mão ainda?


— Estava conhecendo seus pais.


Tentei continuar furiosa, mas meninos assim não deveriam ter olhos tão lindos e cílios tão compridos. Um calor incomum subiu pelo meu pescoço e eu percebi que estava ficando toda vermelha. Não sou o tipo de menina que fica toda vermelha. Desviei o olhar e soltei minha mão. Minha voz soou trêmula e minha raiva desapareceu quando eu disse: — Você está praticamente arruinando a chance de os meus pais gostarem de um dos meus namorados de verdade. — Era mais fácil falar sem olhar para ele. Meus pensamentos ficavam mais claros. — Quero dizer, você abraçou minha mãe. Abraços são como crack para aquela mulher.


— Sinto muito. Você não me disse seu sobrenome, então tive que improvisar.


Cruzei os braços. Ele fez um ótimo trabalho e meus pais pareciam convencidos e felizes. Ele era claramente muito bom nesse tipo de coisa. Isso deveria me deixar menos nervosa, mas não deixava. Eu ainda sentia que sofreria um ataque cardíaco a qualquer instante.


— Só... não a abrace novamente. — Deus me livre se ela começar a esperar que eu faça o mesmo. — Só preciso sobreviver a isto sem que eles fiquem desconfiados. Não precisa tentar receber um Oscar. E meu sobrenome é Saviñón.


— Claro, desculpe, Dulce.


O nome se chocou contra meus ouvidos. Fazia anos que ninguém fora da minha família me chamava assim, e de alguma forma eu odiava isso ainda mais agora. Eu estava quase cuspindo fogo quando disse: — Não me chame de Dulce. É Candy. Minha raiva não o incomodou nem um pouco.


Ele parou por um segundo e sorriu: — Candy. Combina mais com você. Desgramado! Ele tinha um jeito de acabar com minha raiva que era mais do que frustrante. Ele pôs o braço no encosto da minha cadeira e se virou para mim. Minha bolha de proteção estourou como a gola levantada da camisa polo do calouro que quer impressionar. Entre o braço na minha cadeira e o outro sobre a mesa diante de mim, senti-me cercada por ele. Seus olhos de caramelo estavam bem ali, e o cheiro de colônia, picante e doce, tomou conta do meu olfato. Eu realmente deveria ter me afastado. Não deveria admirar os cílios dele novamente. Ele se aproximou de mim, e a barba por fazer em seu queixo resvalou em meu rosto. Sirenes soaram em minha mente, mesmo fechando os olhos.


Ele sussurrou: — Sua mãe está voltando. Desculpe. Nada de abraços, prometo. Os lábios dele ainda estavam na minha orelha quando minha mãe voltou. Ele estava fingindo. Ele não estava me acariciando. Estava apenas tentando impedir que minha mãe o ouvisse. Só isso. As sirenes silenciaram, mas ainda assim eu me sentia perturbada. Christopher se levantou e puxou a cadeira da minha mãe enquanto meu pai esperava pelas bebidas. Fechei os olhos e tentei organizar a bagunça dos meus pensamentos.


— Então, Christopher, a Dulce disse que vocês dois se conheceram na biblioteca — disse minha mãe. Abri a boca para responder, mas Christopher falou antes.


 — Ah, sim. Isso mesmo. Na verdade, a Candy — ele lançou um sorrisinho na minha direção — me ajudou a encontrar o livro que eu procurava. Eu estava procurando na seção errada. As sobrancelhas perfeitamente feitas da mamãe se arquearam. — É mesmo? Não sabia que ela conhecia tão bem a biblioteca. Quando ela era mais nova, mal conseguíamos convencê-la a ler, a não ser que fosse um daqueles encartes que vinham com os CDs. Crianças normais você pode subornar com doces para que façam a lição de casa, mas não nossa Dulce.


 Rangi os dentes para me conter e não sair falando sobre quem exatamente era o normal na nossa família. Christopher não perdeu a oportunidade.


— Bem, era um livro sobre composição musical de que eu precisava para um trabalho, então tive sorte por encontrar uma especialista. Ela era exatamente o que eu precisava. — Ele me olhou de lado e o braço no encosto da cadeira subiu para o meu ombro. — E ainda é. — Esse cara tinha um efeito estranho sobre mim. Uma partezinha de mim queria desmaiar ao ouvir aquela declaração brega. A maior parte de mim queria vomitar. Não que isso importasse, já que era tudo fingimento. A mamãe, porém, estava convencida. Ela soltou um sonoro “oh” e se esqueceu de que odiava meu interesse por música.


— Um trabalho? — perguntou ela. — Você é estudante?


— Sim, senhora. Estou fazendo mestrado na Universidade Temple. Puta que o pariu! O que houve com o não exagerar?


— Mestrado? — A expressão da mamãe se iluminou por um instante, mas depois voltou a ficar sombria. — Em música?


— Não, senhora. Dramaturgia, na verdade. Estava escrevendo um trabalho sobre o uso de músicas originais no teatro.


— Drama? Que interessante. — O sorriso da minha mãe ficou tenso.


Finalmente uma coisa de que minha mãe não gostava nesse cara. — Sim, senhora. É o que amo fazer. Apesar de também estar interessado em lecionar numa faculdade.


— Um professor, que maravilha!


Desisto. Na guerra em busca da aprovação dos meus pais, eu perdera para um completo estranho. O papai voltou com duas xícaras de café e perguntou: — Sobre o quê estamos conversando?


A mamãe não nos deu nenhuma chance de responder e      exclamou: — Christopher está cursando mestrado para se tornar professor. Não é incrível?


A mamãe podia disputar a olimpíada de audição seletiva. — Parece muito bom.


 — Obrigado, sr. Saviñón — agradeceu Christopher.


O papai parou de soprar o café para dizer: — Ah, por favor, me chame de Fernando. FERNANDO? Tive um pesadelo assim uma vez. A diferença era que nele eu estava nua. Queria poder dizer que essa lembrança melhorava as coisas, mas não. Christopher riu e relaxou na cadeira. Ele parecia tão calmo, quase como se estivesse gostando daquilo.


 — Claro, Fernando, obrigado. Como foi a viagem de vocês?


O papai bufou. — Horrível. Os aeroportos são os sovacos do Universo. Eles trataram sua mãe e eu como se fôssemos terroristas, nos obrigando a passar por aquelas máquinas de raios X. Provavelmente nos deram câncer. Digo que é melhor nos livrarmos dos aviões e voltarmos a viajar de trem. Demora mais, mas com certeza é mais simples. E assim começou a loucura.


— Sabe, só andei de trem uma vez, mas achei que foi uma experiência bastante agradável — comentou Christopher. — Vou ter que experimentar novamente um dia desses. Trens.


Eu continuava me lembrando de que tudo podia ser muito pior. Se meu pai tivesse tentado conversar sobre trens com Poncho, ele provavelmente teria pensado que meu pai estava falando de um trenzinho sexual. Teria sido um desastre.


— Chega disso. Quero ouvir mais sobre você. Por que nossa menininha manteve um cara tão legal em segredo da gente? Christopher olhou para mim e eu o encarei.


Agora é minha vez de falar? Ele riu e apertou meu ombro. Seus dedos permaneceram ali, distraindo-me enquanto ele falava: — Não sei quanto à Candy, mas acho que só queríamos manter as coisas entre a gente por enquanto. Ir devagar.


E ali estavam as palavras mágicas. Eu não me envolvia em relacionamentos longos e só “iria devagar” quando estivesse morta. A vida era curta demais. Acho que meus três meses com Poncho eram um dos meus relacionamentos mais longos, e nós já estávamos falando em morar juntos. Que bom que não fizemos isso ainda. Meus pais odiavam minha tendência a antecipar as coisas. Quando terminassem seus cafés, eles provavelmente estariam implorando para fazer uma troca e ter Christopher como filho.


 — E quanto aos seus passatempos? — perguntou meu pai. Provavelmente procurando alguém com quem jogar golfe ou tênis. Deus sabe que nenhum dos meus namorados anteriores havia jogado nada disso com ele.


 Christopher deu de ombros. — A universidade ocupa quase todo o meu tempo. Também sou voluntário uma vez por semana na ASAP1, num programa para jovens em situação de risco.


Inacreditável! Poncho não sabia o significado de “Ei, não quero sua mão na minha bunda em público”, enquanto esse cara não sabia o significado de “Dá um tempo!”.


Apoiei-me sobre a mesa, coloquei uma das mãos na coxa dele e belisquei. A coxa era musculosa e ele não reagiu ao meu beliscão. Pôs a mão sobre a minha e abriu minha mão contra sua perna. Tentei me livrar, mas ele a manteve ali, sua mão enorme e quente pressionando a minha contra sua coxa musculosa. Agora eu é que precisava ser beliscada, porque estava olhando minha mão na perna dele e pensando demais na pele que estava sob o tecido da calça jeans. Eu havia esquecido completamente por que estava irritada. Fiz que não com a cabeça e sorri para meus pais; abrir meus lábios para mostrar os dentes era como tentar abrir caminho em meio ao concreto.


— Olhe, mamãe e papai, o Christopher e eu realmente temos que ir embora. Não sabia que vocês viriam, senão teria reorganizado meus compromissos.


O papai se levantou da mesa e ajeitou a calça. — Ah, não se preocupe, bonequinha. Vamos ficar num hotel não muito distante de você, na melhor parte da cidade. O que significava que o lugar onde eu morava era um lixo. Não era o caso, só que ficava em Chinatown, e o papai se sentia incomodado quando nem todas as placas estavam em inglês. A mamãe se juntou a ele: — Além do mais, vamos reencontrá-los amanhã para o Dia de Ação de Graças!


— Ah, mamãe, realmente acho que o Christopher não pode...


 — Bobagem. Eu o ouvi dizer no telefone que estava livre, e não vou aceitar um não como resposta. Chega de esconder este jovem tão educado de nós. Vocês claramente se adoram, e, mais cedo ou mais tarde, ir devagar se torna uma desculpa como outra qualquer. Nós não nos adorávamos. Meus olhos se fixaram no queixo dele, mas me obriguei a desviar o olhar. Não nos adorávamos. Não importava que esse cara fosse lindo ou que a mão dele fosse quente sobre a minha.


— Mamãe...


— Dulce María Espinosa Saviñón, não discuta comigo. Agora, Christopher... — Ela fixou os olhos nele, e era aquele olhar de louca, o olhar da foto no meu celular. — Diga-me que vamos nos ver amanhã e depois ensine minha filha a se portar direito.


Christopher olhou para mim. Eu sabia o que ele iria dizer e não tinha como impedi-lo, exceto se o derrubasse no chão (o que podia ser uma ideia tanto boa quanto má).


— Claro, sra. Saviñón. Vejo a senhora amanhã.


— Excelente. — Ela se aproximou e o beijou no rosto. — Por que você não me chama de “mãe”?


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


Eu amo tanto esse capítulo que deu uma pausa dos estudos só para adapta-lo



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Autor(a): vondycrush

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Fez-se um momento de silêncio depois que os pais da Candy saíram, um silêncio que me lembrava daqueles poucos segundos de surpresa antes de um acidente de carro. Seu cérebro grita para que você pise no freio, mas demora demais para seu corpo responder. Foi naqueles segundos silenciosos que Candy sorriu um sorriso lento e malvado. E me deu um t ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • Ellafry Postado em 29/03/2019 - 11:06:42

    Por que você não me chama de "mãe"? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

  • evelyncachinhos Postado em 25/03/2019 - 11:37:59

    Continua

  • Nat Postado em 24/03/2019 - 16:57:49

    Guria, continua as duas, por favor! Boa sorte nas provas!*-*

  • evelyncachinhos Postado em 18/03/2019 - 10:30:58

    Continua

  • raylane06 Postado em 18/03/2019 - 01:31:00

    Continua


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