Fanfic: Traiçoeiras - Portiñón | Tema: Rebelde, AyD, Portiñón
Dulce Espinosa Point of View.
O mesmo sonho. O mesmo maldito sonho. A mesma voz pairava em meus pensamentos, torturando-me, enlouquecendo-me e mexendo com tudo dentro de mim. A mesma mulher com o mesmo sorriso indecifrável estava me assombrando nessa manhã assim como fazia em todas as outras.
Eu não sabia o porquê, nem fazia ideia de quem era ela, mas era nítido que se tratava de alguém importante, pois o meu coração batia em descompasso toda vez que o seu rosto aparecia em meio aos meus delírios.
Tais sonhos começaram a me perseguir desde que eu sofri o acidente de carro responsável pela minha atual falta de memória. A partir disso, eu vivo para desvendar o mistério do que era a minha vida antes dessa tragédia acontecer. Mas tudo isso é muito frustrante, porque apesar de muito tentar, nada do que eu fui um dia me vem à mente.
Às vezes, mais especificamente quando eu coloco a cabeça no travesseiro, eu me pergunto os motivos nos quais a minha família nunca procurou por mim. Talvez achem que eu morri, não é? Ou talvez não façam questão de saber como eu estou ou o que aconteceu comigo.
O fato é que eu já deveria ter me acostumado que, provavelmente, essa é uma das várias coisas que eu nunca vou saber.
Um suspiro cansado escapou por meus lábios. A minha testa suava tanto quanto as minhas mãos. Sempre que eu sonhava com essa mulher, o meu corpo reagia de uma forma assustadora. Minhas pernas vacilavam, minha pele transpirava e a minha respiração fugia totalmente do meu controle.
Zeus!
— Bom dia, Dul. — sem mais nem menos, Maite brotou no meu quarto com uma bandeja em mãos. — Trouxe o seu café da manhã. — o sorriso que enfeitava seu rosto simplesmente desapareceu no instante em que ela percebeu o meu estado. — Por Deus, você está horrível! — obrigada, Maite. Era tudo o que eu precisava ouvir. — O que foi que aconteceu com você? Não me diga que tem a ver com aquele bendito sonho outra vez.
Bem, digo sim.
— Estou começando a acreditar que não é um sonho, mas sim uma lembrança. — sentei-me na cama com dificuldade, recebendo um olhar preocupado como resposta. — O que foi que eu fiz para merecer esse café da manhã em grande estilo? — perguntei para tentar fugir do assunto. Eu não queria voltar a preocupá-la com os meus conflitos internos. Maite já havia feito demais por mim. Estava mais do que na hora de eu parar de ser um fardo.
— Eu sei o que você está fazendo, viu? Mas não vai funcionar. Sinto muito. — apoiou a bandeja nas minhas pernas e se posicionou na pontinha da cama, ficando bem próxima a mim. Aproveitei para analisar as gostosuras que ela preparou. Mais uma vez a Maite caprichou nos mimos. — Ainda não conseguiu descobrir quem é a tal mulher misteriosa?
— Na verdade, não. Mas está tudo bem, relaxa. — forcei um sorriso, peguei uma uva verde e levei-a à boca. — Por que não foi trabalhar?
— Acredita que eu ganhei um dia de folga? — indagou animada, batendo palminhas. Acabei sorrindo pela sua comemoração. Maite era o melhor remédio para curar a tristeza de qualquer um. — Temos o dia todo para ficarmos juntas, assim você vai poder me contar mais sobre a dona dos seus sonhos.
Falou decidida a insistir nesse papo, o que me fez revirar os olhos, incomodada. Como ela queria que eu contasse sobre alguém que eu sequer sabia quem era? Como eu poderia explicar para Maite todas as sensações que essa estranha me causava quando surgia durante os meus devaneios?
Era ridículo fantasiar tanto com uma desconhecida. Ainda que ela possa estar interligada a um passado na qual eu não lembro, por enquanto ela é uma desconhecida, então no mínimo ela deveria sumir da minha cabeça de uma vez por todas.
— Ok. O que você pretende fazer primeiro?
— Antes de qualquer coisa, eu quero que você coma tudo que eu preparei, porque nada aí foi feito à toa. Depois você vai tomar um banho e nós vamos fazer umas comprinhas. — não pude deixar de sorrir com a programação. Há algo melhor do que jorrar o dinheiro que nós não temos em coisas que nós nem precisamos? É até provável que isso me tire do estresse. — Não se anima não, bobinha. Não é esse tipo de compra que você está pensando. São compras para a nossa casa.
Eu não evitei a minha cara de decepção, nem tive pretensão de fazer isso. Ah, não! Pelo amor de Deus. Onde aperta o play para morrer?
(...)
— Me lembre de nunca mais aceitar sair com você. — eu disse reclamona, pondo as sacolas em cima da mesa da cozinha com uma expressão fechada.
Maite riu com desdém e socou o meu braço esquerdo suavemente.
— Para de reclamar e me ajuda a guardar essas coisas todas.
Foi nisso que se baseou a minha manhã. Acho que eu não poderia ter tido uma manhã mais tediosa. Ao jogar-me no sofá, exausta e desanimada, Maite me encarou com um sorriso sapeca, demonstrando que havia tido uma ideia.
Fiquei em dúvida se eu deveria ter medo disso ou não.
— Que tal a gente almoçar comida chinesa?
— Boa, Maite.
Respondi entusiasmada. Assim como Maite, eu adorava comida chinesa. Talvez eu tenha aprendido a gostar por causa dela, não sei. Só sei que para a nossa felicidade, o lugar que geralmente fazíamos o pedido não demorava muito para entregá-lo. Tanto que em menos de 30 minutos, lá estávamos nós sentadas no chão da sala devorando o nosso almoço feito duas desesperadas.
— E então? — Maite murmurou de repente, chamando a minha atenção.
— E então o quê?
— Eu vou ter que pedir para você falar mais sobre a tal mulher ou você vai fazer isso por conta própria?
— Ah, qual é, Maite? — bufei impaciente, intercalando meus olhares entre a comida e a cotoco de gente à minha frente. — Eu já te falei que eu não lembro dela direito.
— Tá, tudo bem, disso eu já sei. Mas você nunca me falou como ela é. Se é bonita ou não, se é loira, morena ou ruiva... Sei lá, Dulce, qualquer coisa. — fez uma carinha pidona, obrigando-me a semicerrar os olhos.
Era uma espécie de chantagem emocional?
— Eu não lembro, já disse.
— Dulce! — me repreendeu.
— Tá, tá, tá. Tudo bem. Que droga. — abri os braços, rendendo-me. Mordi os lábios enquanto forçava o meu cérebro a se lembrar dela novamente. Quando eu passei a vê-la pelas primeiras vezes, eu tinha dificuldade para identificá-la, porque a imagem da sua face era borrada. Agora estava um pouco mais claro, eu conseguia enxergá-la melhor. Poderia até dizer que a reconheceria caso a visse por aí. — Ela é linda. É a mulher mais linda que eu já vi. Acho que ela é loira... Não sei direito. Mas ela é muito bonita de toda forma.
— Então não é tão ruim assim, né? Digo, sonhar, lembrar dela...
Maite ousou brincar, mas ao notar que eu não entrei na onda, ela voltou a ficar séria.
— É ruim sim. Eu tenho sempre o mesmo sonho, Mai. Ela me beija, me abraça e depois me lança um sorriso... estranho. Parece até maquiavélico. E então eu acordo. É sempre assim, sempre a mesma perturbação. É difícil de explicar, por isso eu evito falar sobre. — fiz uma careta, lembrar daquela mulher já era torturante por si só, agora lembrar dela em uma conversa com a minha irmã de coração era muito, mas muito mais incômodo.
— Desculpa, Dul. Eu não queria te aborrecer. Me desculpa mesmo.
— Tá tudo bem. Fica tranquila.
Tentei sorrir, mas acho que ao invés disso a minha careta só ganhou mais proporção.
Apesar da sua inconveniência temporária, Maite era a melhor pessoa do mundo, sem dúvidas. Foi ela quem cuidou de mim depois do acidente. Foi ela quem me deu abrigo, me levou ao hospital e me entupiu de carinho e amor. Inclusive, como eu não fazia (e ainda não faço) ideia de qual era o meu nome verdadeiro, foi ela quem decidiu me chamar de Dulce. Chegava a ser surpreendente nós não termos de fato um laço sanguíneo, porque eu a amava como se fôssemos irmãs a vida toda.
— Sabe o que você, ou melhor, a gente tá precisando? — Maite puxou conversa mais uma vez. — Sair. Precisamos sair urgentemente. Ir a uma festa, nos divertir um pouco. Há tempos não fazemos isso, Dul.
— Eu não...
Fui interrompida.
— Já sei. Alfonso me chamou para ir a uma festa hoje. A princípio eu recusei, mas agora eu vou ligar para ele dizendo que eu não só vou, como vou levar você comigo.
— Você acha mesmo que eu vou querer segurar vela? Fala sério, Maite. — ri com escárnio, peguei os pratos e levantei-me do chão, caminhando apressadamente para a cozinha.
Maite estava me seguindo. Eu sabia disso. Eu sentia a presença dela logo atrás de mim.
— Eu estou falando sério, Dul. — disse com a voz firme, determinada. — Quem sabe você não encontra alguém por lá? Aliás, cadê aquela Dulce pegadora de antes, hein? Desapareceu assim, do nada?
— Não foi do nada, você sabe. — falei me referindo a minha primeira e última tentativa de me envolver sentimentalmente com uma garota. Foi um puta desastre. A menina fugiu de mim assim que constatou que eu sou uma desmemoriada. — Além disso, aquilo foi uma fase. Já passou.
— Essa fase precisa voltar, lindinha, porque você vai a essa festa.
— Eu não vou.
— Vai sim. Ah, pode apostar que vai.
Maite e eu nos encaramos em um duelo. Eu fumaçando de um lado, ela fumaçando de outro.
Com que direito ela vinha me dizer o que fazer nessa altura do campeonato?
Eu não iria a essa festa porcaria nenhuma.
Maite, Alfonso e eu entramos juntos na festa. O namorado de minha irmã fez o favor de nos buscar em nossa casa, o que me deixou ainda mais sem escapatória. O caminho até aqui foi tenso. Eu passei o tempo todo de cara feia, emburrada. Maite apenas ria de mim, dizendo que uma hora ou outra eu iria agradecê-la por ela estar me fazendo sair de casa.
Eu iria agradecer quando matasse essa projeto de anã.
— Wow, isso está lotado. — assustei-me com a capacidade do lugar de resistir a tanta gente. Ele nem era um dos maiores que já fui, mas de certo estava suportando a lotação com extrema tranquilidade. — Que droga de boate é essa que vocês me trouxeram?
— Para de reclamar, garota. Você tirou um dia para expor toda essa chatice acumulada? — Maite indagou irônica, revirando os olhos. — Procura se divertir aí, Dul. O Alfonso e eu vamos dançar.
Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, a baixinha saiu puxando o namorado pelas mãos, levando-o para a pista de dança. Ótimo. Além de sair de casa contra a minha vontade, eu ainda sou obrigada a ficar sozinha.
Decidi ir ao bar. É o melhor lugar para ir quando a sua vida está uma grande bosta. Pedi a bebida mais forte ao barman. Nem me atrevi a me preocupar com o preço.
— Dia difícil, moça? — o rapaz quis saber ao entregar-me a bebida. Olhei-o pelo canto de olho e fiz um som nasal.
— Todos os dias são difíceis e chatos.
— Uma mulher bonita como você não deveria estar sozinha, sabia? E muito menos com tanta reclamação engasgada sobre a vida.
Depois dessa quase cantada, que por sinal foi péssima, eu procurei outro local para ficar. Sabe aquele papo de que o bar é o melhor canto para ir? Esquece. Eu estava redondamente enganada.
Entre um passo e outro, entre um esbarrão e outro, entre um xingamento e outro, finalmente eu consegui chegar a um ambiente mais calmo. Como tinha umas poltronas por aqui, dava para eu me sentar até a Maite se cansar de dançar e decidir procurar por mim. Foi com esse pensamento que eu me sentei em uma das poltronas, suspirando. Era cômico lembrar do que eu era antes e ver o que eu me tornei hoje. No primeiro ano pós-acidente, eu fiquei tão feliz por estar viva que curti a vida ao máximo, insanamente. Ia a várias festas, pegava quantas pessoas eu achava que devia e não ligava para o amanhã.
Agora eu estava mais parecida com uma velha rabugenta.
Olhei para a pista. Rodei os olhos procurando pela minha irmã, mas não a encontrei. No entanto, o meu coração quase voou pela boca quando os meus olhos se depararam com um rosto que eu sabia que já havia visto antes.
Não... Eu não... Eu tô ficando louca...
Não era ela. Não podia ser ela.
Que caralho! Por que eu estava vendo a mulher dos meus sonhos ali?
Autor(a): traicoeirasportinon
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Anahí Puente Point of View. Todo mundo, mesmo que contra a sua vontade, encontra alguém pelo caminho da vida que faz questão de lhe proporcionar as melhores aventuras, não é? Como isso não poderia ser diferente comigo, eu tenho Angelique Boyer, também conhecida como minha melhor amiga, para me forçar a acompanh&aa ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 24
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Gabiih Postado em 09/04/2019 - 17:00:20
Cadê tu?
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vicunhawebs Postado em 08/04/2019 - 16:33:20
Cadê vc????
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vondyta Postado em 07/04/2019 - 15:54:36
continua pleaaase!
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vondyta Postado em 07/04/2019 - 15:54:29
continua pleaaase!
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vondyta Postado em 07/04/2019 - 15:54:24
continua pleaaase!
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vondyta Postado em 07/04/2019 - 15:54:17
continua pleaaase!
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vondyta Postado em 07/04/2019 - 15:54:09
continua pleaaase!
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vondyta Postado em 07/04/2019 - 15:53:59
continua pleaaase!
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vondyta Postado em 07/04/2019 - 15:53:29
continua pleaaase!
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vondyta Postado em 07/04/2019 - 15:52:28
continua pleaaase!