Fanfics Brasil - Não corra atrás de mim - parte 2 Seven Warriors

Fanfic: Seven Warriors | Tema: original, yaoi, gay, lgbt, romance, aventura


Capítulo: Não corra atrás de mim - parte 2

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                          Dylan apertou levemente os olhos tentando identificar de quem era a figura caída nas lixeiras sem fazer uma aproximação maior: ele parecia ter visto aquele sobretudo em algum lugar. Então, com um “clique” no cérebro, ele se lembrou exatamente quem estava usando aquilo e após ver os movimentos do homem na tentativa de se equilibrar, conseguiu visualizar melhor sua silhueta e entender quem era.


―Droga...― disse baixinho direcionando os olhos escuros a Ryan do seu lado, continuando no mesmo tom ― é ele! É o tal do Kirk ali, jogado. Ele está bêbado?


                   Kirk tentou levantar o corpo de uma só vez apoiando as mãos nas tampas das lixeiras e logo cambaleou novamente quase indo ao chão mais uma vez. Sua expressão estava muito diferente do que se mostrou mais cedo, parecia perdido e confuso, como se de fato estivesse completamente bêbado. Após mais algumas tentativas, ele conseguiu se firmar nas duas pernas e, para o desespero dos três jovens, direcionou o olhar para eles, os encarando por vários segundos.


― Vamos embora! Ele parece bêbado. E se sóbrio age daquele jeito estranho, bêbado pode ser mais perigoso. Vamos! ― Ryan disse com a voz decidida segurando o ombro de Sarah com as mãos e a virando para a rua, na tentativa de seguirem para casa.


― Espera! ― Ela se desvencilhou do toque e voltou a olhar o homem atordoado em sua frente ― a gente não pode simplesmente largar um homem assim, ele mal pode ficar em pé! Eu sei que ele parecia perigoso, mas agora parece que a única pessoa que ele pode fazer mal é ele mesmo.


― Você está certa. ― Dylan não havia desvencilhado a atenção por nenhum segundo e já tinha pensado que não poderia simplesmente largar o homem ali, então, sem pensar muito nas consequências, se aproximou em passos largos até Kirk, se apressando no final para segurá-lo pelos ombros de uma eminente queda ― Ei....cuidado! O que aconteceu com você?


― O que? ― Kirk mal podia manter seus olhos abertos e segurava a cabeça como se tivesse levado uma pancada do lado esquerdo.


― O que você bebeu? ― Dylan hesitou um pouco e franziu a testa ao perceber que não havia cheiro de álcool ― Você usou alguma coisa, alguma droga?


             O homem apoiado em seus ombros simplesmente respirou fundo como se o oxigênio pudesse trazer um pouco mais de firmeza para suas pernas e esticou os joelhos, ficando bem mais alto que Dylan e se apoiando nele apenas com a mão direita.  Seus olhos se fecharam novamente e a boca abriu como se fosse soltar um gemido, enquanto o toque na cabeça parecia mais firme. Ele parecia estar com muita dor e ao mesmo tempo confuso.


― Eu... ― Ele abriu os olhos novamente com certa dificuldade e olhou ao redor ― onde estou?


― Ao lado do Davi’s, onde você veio hoje cedo. Eu sou o cara que te atendeu, lembra de mim? ― O olhar abaixou até Dylan e o encarou com curiosidade.


― Não... Ah... você é humano? ― perguntou de forma sincera, fechando os olhos novamente em dor, Dylan sentiu familiaridade nas perguntas sem sentido.


― Até onde eu sei, sim. ― Sorriu levemente mesmo sabendo que não estava mais no campo de visão do homem.


                   Ryan e Sarah o encaravam de longe, as feições preocupadas. Sarah vez ou outra fazia menção de se aproximar para ajudar, mas era impedida por Ryan.


― Estou melhorando. ― Kirk piscou os olhos algumas vezes como se isso tirasse o incômodo e ajustou ainda mais o corpo, fazendo Dylan se lembrar do quanto ele era alto ― Mas o que eu estou fazendo aqui? Eu não devia estar aqui! Minha cabeça está muito estranha.


― O que aconteceu? Você tomou algo? Alguém bateu na sua cabeça? ― Dylan parecia preocupado enquanto observava o olhar atônito do homem.


― Eu não sei! Eu não consigo me lembrar... ― Ele parou de repente e encarou Dylan firmemente, pouco antes de juntar as sobrancelhas em uma expressão confusa ― Por que eu estou falando isso com você? Um mero humano! Tenho que ir. Obrigado pela ajuda.     


                        Ele se desvencilhou das mãos de Dylan, demorando ainda alguns passos para se estabilizar no chão. Após sacudir a cabeça algumas vezes como se o movimento clareasse sua coordenação, ele ameaçou andar para longe, porém, voltou novamente ao rapaz a sua frente.


― Espera...você disse que eu estive por aqui mais cedo e que você me atendeu. Isso é sério?


― Sim. Você tomou um café, me fez umas perguntas estranhas, disse que não tem sobrenome e depois foi embora.


― Eu não consigo me lembrar disso. Você está mentindo para mim, garoto?


― Eu queria estar. Você realmente nos assustou hoje cedo. ― Dylan foi sincero sem perceber, se arrependendo logo em seguida quando o homem se aproximou e apoiou a mão em seu ombro, apertando levemente.


― E por que eu não consigo lembrar?!?


                            A voz de Kirk saiu alta e ameaçadora o que fez Sarah soltar um grunhido e gritar com a voz embargada:


― Dylan! Volta para cá! A gente chama uma ambulância para ele, um policial, qualquer coisa! Por favor, volta para cá e vamos embora! ― Ryan dessa vez parecia concordar com ela falando “vamos embora” para Dylan à distância.


― Espera! Eu não vou te machucar, garoto. ­― Kirk se justificou notando o clima da situação – Você pode ir. Eu já me sinto melhor. Eu vou acabar lembrando do que aconteceu eventualmente, não preciso de você.


― Você está mesmo bem?  ― Dylan perguntou vendo o homem tirar a mão de seu ombro. Ele parecia muito mais sóbrio do que há instantes atrás, o que fez ele acreditar que aquilo podia não ser efeito de drogas ― Acho que você bateu a cabeça e acabou afetando suas memórias. A gente pode te deixar no hospital perto daqui.


― Não! ― A voz do outro saiu firme e certeira ― Eu vou entender o que aconteceu sozinho. Acho que realmente bati a cabeça. De qualquer forma, obrigado, você é um bom rapaz.


― Um bom humano! ― brincou Dylan para finalizar aquele assunto.


― É...um bom humano... ― o outro forçou um sorriso que pareceu levemente sádico.


                             Sem muitas cerimônias, Dylan apenas observou se o outro realmente tinha condições de seguir a pé dali sozinho, seja lá para onde fosse. Após ter a certeza de que a situação tinha melhorado, ele correu em passos largos em direção a Sarah e Ryan, que o aguardavam apreensivos.


― Por que você foi ajudar ele? Ele parecia muito bêbado e depois das loucuras de hoje cedo ele poderia realmente ter te machucado. ―Ryan iniciou as broncas, sussurrando apenas para que Sarah e Dylan o escutassem.


― Eu não acho que ele esteja bêbado. Parecia estar com dor na lateral da cabeça e com problemas de memória.


― Logo....bêbado! ― Dylan sacudiu a cabeça negativamente após ouvir a afirmação de Ryan.


― Não – Ele continuou – ele está falando normal, não está divagando ou com a voz embolada. Parecia mais como se ele tivesse levado uma porrada na cabeça e isso tivesse causado amnésia.


― Será que foi da queda? ― Sarah perguntou lançando um olhar para o homem a distância que parecia observar toda a região ainda com o olhar perdido.


― Eu não sei. Mas acho melhor irmos, ele parece conseguir se virar sozinho de agora em diante.


― Certeza que não precisamos chamar uma ambulância, polícia, manicômio? ― Ela indagou forçando uma brincadeira, porém seu tom era incontrolavelmente sério.


― Hm... ele disse que está bem, então está bem. ­― Dylan finalizou lançando um último olhar ao homem que parecia iniciar os passos para longe dali na direção oposta a eles, o que os encorajou a também seguir seus caminhos.


― Ok. ― ela concordou porém seus olhos verdes ainda transpareciam a preocupação


― E agora, mais do que nunca, vamos te levar até em casa. ― Dylan disse para Sarah sendo acompanhado por Ryan com um aceno afirmativo de cabeça.


― Por que eu? Ele nem ao menos me olhou dessa vez! Minha preocupação ainda é você.


― Você não viu que eu o ajudei? Ele me agradeceu e ainda disse que eu sou um “bom humano”. Ele não vai querer matar o cara que o ajudou a ficar de pé.


― Ele tem um bom argumento. ― A voz levemente rouca de Ryan ressoou pelo local enquanto os três caminhavam para longe da lanchonete.


― Ok então! ― Sarah concordou contra a sua vontade, o que fez Ryan e Dylan se entreolharem por cima dela e sorrirem em cumplicidade.


                       Dylan lançou um último olhar em direção ao homem, que pelo ritmo que tinha dado os primeiros passos, não teria conseguido sair ainda da calçada do Davi’s. Porém, para a sua surpresa, não havia mais ninguém ali. Ele engoliu a seco, tentando ignorar o fato de que ele não poderia ter caminhado para longe tão rápido. Outra coisa que o incomodava foi que ele lembrou que Kirk não tinha sido a única pessoa que tinha falado para ele coisas estranhas nesses últimos anos, ele lembrava de outro desconhecido que tinha abordado um assunto bem parecido na época da escola. Porém, preferiu não pensar naquilo e abstrair qualquer outra situação de sua imaginação ou Sarah continuaria com a sua preocupação.


                      Como o destino dos três não era muito longe dali, Dylan se viu passando em frente da sua própria casa em menos de cinco minutos de caminhada, seguindo direção a casa de Sarah. Os três pareciam meio sérios, evitando trocar palavras como se tivessem medo que qualquer ruído invocasse Kirk novamente. Por mais que o homem não tivesse feito nada contra eles, ele causava medo. Dylan mantinha-se calado pensando na situação toda, queria saber se o homem tinha batido a cabeça numa queda ou se alguém tinha feito aquilo. E se tivesse sido alguém, por que? E por que ele falava que Dylan era um “bom humano”? Será que o homem era louco naquele nível? Como ele sumiu do nada? Todas essas perguntas martelavam na cabeça de Dylan e ele encarava os próprios pés em movimento a ponto de não perceber quando os dois amigos pararam de andar.


― Então...estamos aqui! ― A voz feminina de Sarah interrompeu os pensamentos, fazendo ele perceber que já haviam chegado na casa dela ―  Você tem certeza que vai voltar sozinho?


― Fica despreocupada ― Dylan a tranquilizou com um sorriso que só ele conseguia fazer ― eu moro a cinco minutos daqui, nada pode dar errado. ― Ele parou por um instante sentindo algumas gotas de água caírem em seu rosto, o que fez ele encarar o céu e notar as nuvens cinzas que sobrevoavam a região ― Quase nada, pelo visto. Agora, eu vou chegar molhado.


― Droga! ― Ela tampou o próprio rosto com o braço enquanto olhava para o alto constatando a mesma coisa que Dylan ― Eu vou entrar então e vocês dois corram pra casa! Parece que vai ser uma tempestade.


― Tudo bem! Agora, vai lá. Eu mando mensagem quando chegar em casa, ok? ― Dylan deu um beijo na testa de Sarah e bagunçou levemente seus cabelos, sendo repreendido com um leve tapa.


                          Ela concordou rapidamente com a proposta dele e correu para sua casa, acenando para os assim que se colocou de pé em sua porta. Ryan morava na casa ao lado de Sarah e ao ver a chuva aumentando a intensidade, também se direcionou ao portão do seu jardim, porém, virou-se para Dylan antes de entrar:


― Me avisa também quando chegar, ok? Tudo aquilo foi muito estranho e você tem que concordar.


― Eu sei... mas eu realmente não acho que vocês tem que se preocupar, é só um maluco que acha que não é humano e que provavelmente veio de outra civilização em outro planeta. Já passei por malucos piores que esses na vida, ok? ― Ele suavizou a situação com um leve soco no ombro do amigo.


― Você sempre se faz de tão forte e esperto.


― Eu sou forte e esperto! ― Manteve o largo sorriso em direção ao amigo que retornou com um aceno negativo de cabeça, pouco antes de entrar em casa.


                            Dylan resolveu apressar um pouco mais os passos assim que notou que a chuva estava aumentando de intensidade. Seus cabelos já estavam completamente molhados e grudavam por todo o rosto, a umidade havia desfeito a amarração que prendia os fios e eles estavam soltos, fazendo com que ele os jogasse para trás em um movimento com as mãos. Para evitar piorar a situação, ele resolveu tirar o casaco quadriculado em vermelho e preto que estava ao redor da cintura e o posicionar sobre sua cabeça, a peça ao menos impediria que toda aquela água caísse nele por um tempo.


                        Algumas poças grandes começaram a surgir pela rua enquanto Dylan corria, pisando em uma ou outra no percurso. Ele odiava a sensação de pés molhados e isso o deixava agoniado, mas não tinha muito o que fazer, apenas continuar. Não conseguia acreditar que uma chuva daquelas começou tão do nada e tão forte. Um sentimento de alegria e alívio começou a surgir em seu peito quando avistou sua casa, amarela e simples, na rua seguinte. Porém, pouco antes de conseguir se abrigar em sua varanda, ele ouviu um barulho que o chamou a atenção. Parecia um miado.                             


                        Dylan olhou por todos os lados, ignorando a chuva que parecia se intensificar a cada segundo que passava. Para ajudar no campo de visão, ele desistiu de segurar o casaco em cima da cabeça, tentando ver no meio da imagem turva pela água e ouvir novamente o som com dificuldade, devido ao barulho das gotas caindo no chão. Um novo miado surgiu em seus ouvidos e ele sorriu pois conseguiu ver exatamente de onde vinha: do muro da casa ao lado da sua. Ao apertar os olhos e se aproximar para enxergar melhor, ele se surpreendeu por ver uma figura já conhecida. Era o gato que ele tinha visto alguns dias atrás e que sempre aparecia em seu caminho, ele estava completamente molhado, os olhos azuis brilhando no meio da chuva, porém, o que chamou a atenção de Dylan e o alarmou foi a mancha vermelha que pintava toda a sua pata branca e outra que parecia estar mais próxima de sua barriga. O gato estava com alguns machucados.


― Droga! ― Ele se aproximou correndo do animal, quase escorregando na lama do jardim do vizinho, porém, o gato desceu o muro e cruzou caminho com ele, correndo pra longe. ― Droga! Droga! Volta aqui! Você está machucado e pode piorar ainda mais nessa chuva!


                    Ao perceber que gritar ou falar alguma coisa naquele momento era inútil, porque o gato não iria entendê-lo, ele se dedicou apenas a correr atrás do animal, que já tinha atravessado a rua e ameaçava pular o muro da casa em frente à sua. Dylan voltou a amarrar o casaco encharcado em sua cintura e colocou toda a velocidade que conseguia nos seus pés, ignorando o fato da chuva forte na sua cabeça, da lama, do chão escorregadio e de ter que igualar a sua velocidade a de um gato, a única coisa que estava na sua cabeça era o fato de ser o garoto mais rápido da escola no seu ano. Se não fosse ele, quem poderia alcançar aquele animal?


                      Sentindo-se estimulado pelos seus próprios pensamentos, ele se abstraiu de qualquer perigo ao pular o muro do vizinho logo após o gato fazer o mesmo movimento. Ao aterrissar no gramado, ele notou que o animal havia parado e olhado para trás, como se tivesse tentando ter certeza de que não estava sendo seguido, porém, ao ver a feição de Dylan determinada a capturá-lo, ele voltou a correr na direção em que estava, tendo um pouco de dificuldade e cambaleando no início, provavelmente por causa dos ferimentos. Essa hesitação fez com que Dylan também diminuísse o fluxo da perseguição, pois não queria deixar o outro ainda mais machucado por ter que fugir, porém, logo viu o gato acelerar ainda mais como se tentasse ganhar distância com a oportunidade. Dylan apertou um pouco os olhos novamente enquanto voltava a pegar velocidade e viu que algumas pegadas levemente vermelhas estavam bordando o jardim, isso fazia o seu coração apertar.


                    O gato continuou correndo entre as casas, pulando os muros com toda a destreza de um felino, como se soubesse que o caminho que estava fazendo era o mais difícil para um humano seguir, porém, Dylan acompanhava todo o percurso do animal sem nenhum tipo de problema, ele não tinha necessariamente um porte atlético porque era levemente mais magro do que os caras considerados fortes da sua idade, porém, tinha muita agilidade e força apesar de não aparentar. Após correr por uns nove quintais e pular pelo menos uns seis muros, o fôlego de Dylan estava começando a cair e ele teve que se apoiar nos próprios joelhos e puxar com força o oxigênio de volta aos pulmões, porém, sem deixar os olhos escuros se desgrudarem do animal, que sempre estava a menos de três metros de distância.


                  O cenário começou a mudar quando após a última casa, ele viu uma placa já conhecida que indicava o início da floresta de Delphos, a maior da região. Seu coração se acelerou em desespero ao ver o animal correndo para o meio do mato e das árvores sem hesitar por um momento sequer. Dylan sabia que seria impossível correr atrás dele numa floresta densa como aquelas e que em poucos momentos ele o perderia de vista. Porém, pior do que aquilo, aquele não era um ambiente para um gato doméstico como aquele, pois apesar de andar nas ruas, aquele gato tinha uma coleira e provavelmente tinha um dono. A floresta local era conhecida por ter alguns animais mais selvagens, nada de ursos ou lobos, mas coiotes eram vistos com frequência por ali.


                   O perigo ao animal fez com que ele respirasse fundo e continuasse o percurso mesmo que o local parecesse denso e que ele não tivesse o menor costume de andar por florestas. Sua velocidade diminuiu, pois, era preciso ter cuidado com as pedras e a lama escorregadia do local, além das raízes largas das árvores que abarrotavam todo o chão. Apesar de mais lento, ele ainda conseguia ver o gato, que tinha parado de correr e agora só pulava de pedra em pedra, com muita dificuldade pois aparentava estar com dor. Dylan continuou atrás dele nessa velocidade por pelo menos uns dez minutos, até que conseguiu se aproximar mais e mais, ficando a uma distância aceitável do felino, planejando um impulso e corrida rápida conseguir agarrá-lo. Ele provavelmente seria mordido e arranhado, mas após agarrar o animal ele não o largaria mesmo que ele o arrancasse um olho.


                 Quando finalmente tentou tomar impulso, ele sentiu a terra embaixo do seu tênis deslizando e em um movimento único, caiu no chão de costas, soltando uma exclamação de dor. O gato continuou a sua frente sem se mover, os olhos azuis percorreram todo o seu corpo como se tivesse analisando a seriedade da queda. Dylan logo conseguiu se sentar, vendo que a única consequência eram suas roupas completamente sujas de lamas. Porém, para seu desgosto, o gato aproveitou a oportunidade para dar uma corrida final para longe, saindo de seu campo de visão em segundos.


― Merda!! ­­­― Dylan gritou em plenos pulmões ao ver que não conseguia levantar a tempo para alcançar o animal e, como a noite já havia chegado, sua visão estava completamente obstruída.


                          Ele respirou fundo e colocou-se de pé novamente, os cabelos úmidos continham agora traços de lama; a imagem não era nem um pouco agradável. Muitas gotas de chuva ainda caíam em seu rosto, indicando que o temporal não havia diminuído. Ele resolveu continuar caminhando na mesma direção, acreditando que o gato não teria se afastado muito devido aos ferimentos no corpo. Suas maiores preocupações era se ainda tinha chances de salvar o animal e como ele faria para levar ele de volta do meio da floresta. Após alguns minutos de caminhada, uma árvore muito grande e que destacava das outras em tamanho e largura apareceu em seu campo de visão, o que mais o chamou a atenção era o seu tronco, ele formava uma leve caverna no meio do caule, tendo as altas raízes como base. Seria o local perfeito para o animal se abrigar e, se não o encontrasse, ele mesmo ficaria por ali até a chuva passar.


                       Quanto mais se aproximava ele se surpreendeu ao ver um pedaço de pano branco caído por cima de uma das raízes, onde a chuva já não alcançava mais. Ele arregalou os olhos, assustado e temeroso ao notar a mão de um homem saindo pelo local onde ele havia visto somente o tecido: ali estava uma pessoa caída. Com isso, seu coração se acelerou de medo por provavelmente ter encontrado um cadáver, porém, seu corpo reagiu contrário a esse sentimento e ele correu o mais rápido que conseguia para encontrar a pessoa o quanto antes, queria saber se ainda tinha como salvá-la.


                        Ao chegar mais perto, ele conseguiu notar que as vestes eram totalmente brancas e pareciam muito com um quimono de luta, porém, com tecidos mais finos. Resolveu abaixar o corpo para conferir primeiramente os sinais vitais e, para a sua alegria, o peito subia e descia em meio a uma respiração errada e descompassada, porém, indicava que estava vivo. O que mais o preocupava era a mancha vermelha que borrava a roupa, o homem parecia seriamente ferido na altura do abdômen.


                    A visão de Dylan ainda estava meio comprometida devido a escuridão do local, porém, ao subir o olhar, ele piscou algumas vezes ao ter as feições da pessoa ao seu alcance, demorando um tempo para seu cérebro entender quem era aquele homem caído. Seus cílios semicerraram em um olhar mais afiado e então ele percebeu quem estava a sua frente e seus olhos se arregalaram na hora, com o coração acelerado em desespero:


― Adrien?!?


    


 


 


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E esse é o fim do capítulo 2!


Vocês podem estar estranhando ainda não ter aparecido nenhuma cena mais "sobrenatural" no Céu, conforme a sinopse e prólogo. Mas o desenvolvimento da história pede esse período até chegar o momento em que todos esses mistérios vão se resolver.


Qualquer coisa, mandem um e-mail narurodrigues@gmail.com



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Autor(a): naru

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

                           A chuva caía forte na floresta, o impacto da água trazia ainda mais lama para as roupas de Dylan e manchavam o rosto pálido de Adrien, que já estava completamente sujo e jogado nas raíz ...


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