Fanfics Brasil - Não diga "conte comigo" - parte 1 Seven Warriors

Fanfic: Seven Warriors | Tema: original, yaoi, gay, lgbt, romance, aventura


Capítulo: Não diga "conte comigo" - parte 1

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                           A chuva caía forte na floresta, o impacto da água trazia ainda mais lama para as roupas de Dylan e manchavam o rosto pálido de Adrien, que já estava completamente sujo e jogado nas raízes da árvore. Dylan parecia descrente do que estava vendo e sacudiu a cabeça algumas vezes ao perceber que estava há muito tempo parado na mesma posição. Por mais que estivesse chocado com aquilo ele precisava fazer algo, o ferimento na lateral do abdômen de Adrien ficava cada vez mais vermelho e a respiração descompassada indicava que algo não ia bem.


                         O único jeito de sair daquela situação e salvar o loiro a sua frente era levá-lo de volta à cidade e procurar um hospital o mais rápido possível, mas eles já estavam muito distantes. Antes que pudesse tomar qualquer decisão, Adrien tossiu algumas vezes e deixou que gotas de sangue escapassem da boca, manchando os lábios. Dylan resolveu que não adiantava calcular os movimentos e rapidamente tentou segurar o corpo de Adrien em um abraço, o deixando sentado mesmo que inconsciente. Então, se posicionou de costas a ele e envolveu os braços dele ao redor de seu pescoço, agarrando as pernas com toda a força que conseguia, pois aquela seria a única sustentação que Adrien teria. Ele respirou fundo algumas vezes, fechando os olhos e se preparando para o peso que sentiria em suas costas ao se levantar, porém, para sua surpresa, conseguiu fazer o movimento sem problemas. Ele se assustou um pouco ao sentir os braços em seu pescoço se firmarem, o que indicava que uma parte de Adrien estava consciente.


                          Após alguns ajustes do peso em suas costas, ele começou a andar na direção de onde tinha vindo. Por alguns segundos voltou a pensar no gato e que, infelizmente, não teria como salvá-lo, porém, esperava que ele conseguisse voltar para cidade para os donos tratarem daqueles ferimentos que pareciam sérios. No momento ele tentava se focar em salvar o homem em suas costas que pela respiração parecia não estar nada bem. Nos primeiros minutos de caminhada ele se concentrou em andar o mais rápido que conseguia para aproveitar o auge da sua resistência, se preocupando em pular algumas pedras e evitar outras quedas como a que já tinha acontecido.


                          Muitas perguntas rodeavam a cabeça de Dylan naquele momento e a principal delas era: por que Adrien estava na chuva, jogado na floresta, ferido, vestindo um quimono de luta? Com certeza após vê-lo acordado, essas seriam as primeiras coisas que Dylan iria perguntar. Porque na sua cabeça não fazia sentido algum alguém como ele aparecer numa situação daquelas. Porém, no momento presente, ele tentava se concentrar apenas em mantê-lo vivo.


                            Após vários minutos de caminhada o ritmo de Dylan começou a diminuir e o cansaço já estava presente em suas pernas. Ele ficou alarmado ao notar que o rosto de Adrien, que descansava em seu ombro, começava a emanar um calor muito forte em seu pescoço e clavícula, indicando que ele estava queimando em febre. Aquele definitivamente era um péssimo sinal. Ele virou a cabeça para encarar as feições adormecidas do outro, na tentativa de verificar o ritmo da respiração, que tinha diminuído drasticamente. Com o movimento, a ponta de seu nariz encontrou com a bochecha de Adrien que, como ele suspeitava, estava extremamente quente. Ele conseguiu notar que o outro ainda respirava, porém, não sabia quanto tempo iria aguentar.


                         Com a responsabilidade de ter uma vida em suas costas, ele tentou recuperar o ritmo perdido e sentiu seu coração se alegrar ao avistar as luzes que vinham da cidade. Um alívio tomou seu coração naquele momento, principalmente porque com o fim da chuva ele estava começando a ouvir alguns barulhos estranhos no meio do mato e tinha medo que isso indicasse a presença de algum animal mais selvagem por ali.


                         Para seu azar ele percebeu que não saiu da floresta pelo mesmo local que tinha entrado e aquela região era ainda mais longe do centro da cidade, onde havia o único hospital. Além disso, haviam poucas casas por ali e algumas pareciam abandonadas. Ele correu o máximo que conseguiu até a varanda mais próxima, na tentativa de pôr fim a chuva que caía em sua cabeça e piorava ainda mais a febre de Adrien. A varanda parecia ser feita de madeira velha e podre, mesmo material utilizada na construção da casa, que parecia pequena e sem habitantes. Ele não se preocupou com esses detalhes e com muito cuidado deitou o corpo desacordado de Adrien no chão escuro e seco, observando que mesmo tendo a pele alva, as bochechas dele estavam vermelhas devido a possível febre.


                           Dylan levou a mão até a testa de Adrien comprovando o que já achava: ele estava completamente quente. Sentiu sua respiração falhar por um momento ao lembrar do ferimento no abdômen, que agora parecia ainda pior que antes, porém, ele não tinha coragem de abrir a roupa para conferir devido ao medo de ver que o estado poderia ser ainda mais crítico. Com a observação, percebeu que haviam outras partes do corpo com ferimentos, como se tivessem sido atingidos pelas lâminas de várias facas. Suas mãos continham cortes, seu rosto e até mesmo seu pescoço estava vermelho, como se tivesse sido estrangulado.


                            Ao manter a atenção na região, ele percebeu que havia uma espécie de cordão ao redor do pescoço e se sentiu curioso para conferir do que se tratava, mas pouco antes que sua mão atingisse o local, seu braço foi agarrado com força por dedos ágeis, o que fez tremer o corpo pelo susto e encarar os olhos azuis de Adrien que pareciam vidrados em sua face.


― Adrien!?! – Dylan gritou, deixando as pálpebras se fecharem momentaneamente num ato aliviado ― Ainda bem! Eu pensei que você já estivesse em coma ou algo do tipo ― Ao ver que Adrien fez um esforço para falar, porém, aquilo havia causado alguma dor, ele continuou ― não faça nenhum tipo de movimento, por favor. O ferimento parece muito grave. Em que você se meteu? Não responda!


                        Ele deixou um pouco de ar sair pelos seus lábios e começou a olhar de forma desesperada para o local ao seu redor e então, com as mãos, pediu para que Adrien esperasse um pouco e levantou rapidamente indo em direção a porta da casa de onde estavam. Mesmo que no fundo soubesse que não haveria ninguém em um local como aquele, ele esmurrou a porta com toda a força que ainda tinha, gritando em plenos pulmões:


― Eeei! Tem alguém aí? Eu tenho um homem ferido aqui, preciso de ajuda!! Alguém!!? ― A cada palavra que gritava era um soco mais forte na porta.


                        Ele deu alguns passos para trás e observou a porta e a janela, não notando nenhum tipo de movimentação pelo local. Após um grunhido leve de frustração, ele voltou a olhar para Adrien, que continuava deitado o observando com quase nenhuma força no corpo, parecia prestes a cair em desmaio novamente. Então, em um estalo de lucidez, ele levou as mãos aos bolsos procurando seu celular e mentalmente torcendo para que não tivesse perdido no tombo na floresta, porém, para a sua alegria, o aparelho estava lá. Quando tentou ligar algumas vezes, um sinal de pouca bateria apareceu no visor escuro.


― Merda!! ― gritou, voltando o celular para o bolso, correndo em direção a Adrien e abaixando-se perto de seu corpo ― Eu vou ter que procurar alguém pra me ajudar a levar você pro hospital, eu sei que não tem nem como, mas por favor, não saia daqui. Eu volto em menos de cinco minutos, prometo, ok?                         


                   A respiração de Adrien estava cada vez mais calma e ele levou a mão direita lentamente até o rosto de Dylan, que se surpreendeu e acabou parando o ato no meio, voltando a mão para a posição inicial e falando de forma baixa, pausada e preocupada:


― Não se mexa! Eu vou voltar.


                   Os olhos azuis de Adrien demonstravam uma tensão ainda maior do que os de Dylan, o que fez o moreno achar que o outro estava realmente preocupado com a possibilidade da morte. Isso serviu de gatilho para que ele se levantasse o mais rápido possível em busca de outras pessoas que pudessem ajudá-lo a tirar Adrien daquele local. A sua pressa fez com que ele saísse dali sem nem perceber que o outro tentava novamente falar algo para ele, porém, sem sucesso.


                 Dylan correu o mais rápido que conseguiu em direção a região mais movimentada do bairro, como a chuva já tinha diminuído bastante, ficando apenas em formato de garoa, ele tinha a esperança de encontrar algumas pessoas caminhando na rua. Sua esperança fazia sentido porque em menos de três minutos ele avistou uma mulher com sua filha de guarda-chuva, provavelmente indo em direção ao centro da cidade,  mas ao se aproximar das duas, ambas o afastaram sem nem ao menos ouvir suas palavras. Ele tinha esquecido que estava completamente molhado, sujo e que seu estado atual não deveria ser melhor do que qualquer mendigo da região.


               Após outras abordagens que também não tiveram sucesso, ele finalmente encontrou dois homens que estavam voltando para suas casas e que, após uma certa descrença, aceitaram acompanha-lo até onde havia deixado o corpo semi acordado. Ele andou com eles o mais rápido que pode, passando instruções de como estava o estado de Adrien. O plano era pegá-lo e levá-lo até o carro de um deles, que morava ali perto, para então seguirem para o hospital. Porém, assim que chegou novamente na varanda da casa abandonada, seu coração parou em um pulo: não havia mais ninguém ali.


― O que?! ? ― Ele não conseguia acreditar no que seus olhos viam e correu dando a volta na casa, pensando por um momento que talvez tivesse ido ao local errado. Porém, ao ver a porta que tinha esmurrado minutos antes, eles tinha completa certeza que não havia se enganado.


― Droga, Doug. Caímos na piada de um adolescente drogado. ― Um dos caras comentou com desprezo na voz ao ver a cena.


― Adrien! ?!


                  A voz de Dylan ressoava por todo local e o pânico em seu rosto era capaz de assustar qualquer um. Ele estava assustado com o fato de seu colega ter se levantado e andado naquele estado, ou pior, e se a pessoa que o deixou naquele estado tinha conseguido encontrá-lo e então o levado embora para terminar o serviço? Suas mãos foram em seus cabelos e um ato de nervosismo bagunçando-os ainda mais. Isso pouco antes do homem, cujo o nome deveria ser Doug, gritar para ele:


― Seu merdinha! Nós estamos indo, por um segundo acreditamos que tinha alguém realmente precisando de ajuda. Vá fazer suas brincadeiras com outras pessoas!


               Sem deixar que seu cérebro processasse muito bem as informações e tomasse uma atitude mais contida, Dylan deixou que seus sentimentos, a raiva e o desespero, tomassem conta de suas ações e correu em passos ágeis e fortes em direção ao homem, agarrando-o pelo colarinho com apenas uma mão e fazendo-o levantar ligeiramente do chão, o encarando com as pupilas escuras e sérias. A voz saiu sombria em meio a cena:


― Quem você está chamando de “merdinha”? Eu nunca faria uma brincadeira desse tipo! Meu amigo realmente estava aqui, quase desmaiado, ferido. E aqui, seu babaca ― Ele carregou o homem até o local onde o corpo de Adrien estava ― você consegue ver o sangue dele! Vê? Manchado de vermelho?? ― Ele gritou a última frase e soltou o homem em um movimento único.



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Autor(a): naru

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