Fanfics Brasil - "Abaruna meu, Abaruna meu!" Abaruna

Fanfic:  Abaruna | Tema: Original


Capítulo: "Abaruna meu, Abaruna meu!"

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       Quanta variedade de situações, atitudes e reações podem ocorrer em poucos segundos! Pedro, Alexandre e Odivelas logo socorreram o pássaro agonizante e levaram-no à enfermaria enquanto o desespero de Dinahi atraiu seus irmãos ao salão principal. Como se não bastasse a cena desastrosa, mais tiros dispersaram os convidados e não houve quem não chorasse ou expressasse sua revolta pelos vis atiradores; e que dizer de nossa atônita princesa ali contida por seus pais e chorando convulsivamente pelo ocorrido?


-Meu Abarunaaaa!!! Meu Abaruna!!! Por Deus, salvem meu Abaruna!!!


-Fique conosco Berenice, é perigoso!


-Como posso me conter?! Olhem o estado de meu Abaruna!


-Nossos homens já estão cuidando dele, mantenha-se firme! - Pedia Sua Majestade, mas logo Berenice se soltou e correu à procura dos seus. Não era somente a espécie raríssima, o dote de D. Alexandre ou o mimo de uma princesa, mas a alegria dela e de toda a gente que fora dilacerada; exigia-se vingança, mas Hildegardo Camilo sabia conter os demais e ordenava:


-Cavaleiros, dividam-se na proteção dos demais e na busca pelo canalha atirador! Por D. Carlos Maria, quem terá sido?!


-Ora, quanto tempo Majestade! - Ironizava ninguém mais, ninguém menos que Afrânio, ex-secretário da Cavalaria Real ao encostar sua arma nas costas do rei, juntamente com seus aliados.


-Era só o que me faltava, Odivelas chefiando esta quadrilha por baixo de meu nariz?! A cada dia que passa esse me decepciona... Esse mequetrefe!


-Camilo, contenha-se! – Respondia a rainha Verônica enquanto Afrânio lhes resmungava outros nomes. – Por D. Carlos Maria, não se rebaixe ao nível deles!


-Ah Odivelas, esse “mequetrefe” decepcionou a todos nós! Quando o atraímos para fora do cárcere, revelamos nosso intento, mas esse traidor ficou todo de nhem-nhem-nhem por vossa causa!


-Ora e quem são vocês para me acusarem desse modo?! – Indagava Odivelas ao tomar coragem e sair de seu esconderijo. - Traidores da corte e da Cavalaria Real, não há traição quando se escolhe regressar ao lado certo após anos e anos de erro! E Majestade, é por amor de vossa família e para me redimir que também denuncio esses desastres ambulantes que há meses planejavam atentar contra ti!


      Existe certa teoria que nos diz ser impossível conciliar maldade e inteligência num só cérebro, por mais notável quem seja. Por isso, os malvados largaram o rei que se escondera debaixo da mesa com a rainha Verônica e perseguiram Odivelas; oito fugitivos armados atrás de um professor que media a metade deles! Seguindo as ordens de D. Domingos, os cavaleiros tentavam capturar todos eles quando de repente as portas do salão foram abertas por uma forte ventania: Eram os doze irmãos de Dinahi que cercaram os oito rebeldes com suas lanças.


-Aqui! Aqui bando de cariua que feriu Abaruna!


-Diga cariua, onde está Abaruna de mana Dinahi?! - Interrogou Abeguar fazendo eles tremerem e para pressioná-los, Moacir os envolveu num enorme e ardente círculo de fogo! - Digam ou serão engolidos pelas chamas!


-Diremos, diremos sim! É só nos tirar daqui... Pronto, nos rendemos! Aqueles ali vocês devem atacar, é tudo culpa deles! - Respondia Afrânio e seus aliados abaixando as armas enquanto apontavam para a família real, mas logo foram descobertos por Raoni que tinha o dom de desvendar o interior das pessoas.


-Abeguar, eles são traiçoeiros! Se forem soltos, atacarão a todos nós e tomarão o poder! Estes fingem bondade, mas desconhecem o arrependimento!


-Sendo assim, que se faça valer a justiça! - Respondeu Abeguar ao invocar a justiça das selvas. Ao constatar a ausência de arrependimento neles, ela fez o círculo de fogo se transformar num redemoinho e desaparecesse com todos rebeldes, livrando a dinastia serruyana de alguma revolta mas isso não amenizou o espanto de todos.


-Salve chefe dos cariuas. Sou Abeguar da tribo Guaharí e não lhe diremos o porquê de falar e compreender vossa língua, pois tais sabedorias não vos interessam. Viemos por Abaruna de nossa irmã!


-Pois não, sou o rei Hildegardo Camilo de Serruya e jamais suspeitamos que este pássaro pertencesse a alguém. Meu futuro genro o trouxe para presentear nossa filha e é nossa última esperança para o que ela tem!


-Então nada tiveste com a tribo engolida pelo fogo?


-Ora, tratam-se de traidores que me feriram pelas costas! E eu jamais terei algo com estes arruaças novamente, onde quer que estejam! - Afirmava o monarca ao se recuperar do choque. - Quanto à Abaruna, ele está sendo bem cuidado por nossos amigos. E vossa irmã, onde está?


-Salve! – Dinahi se aproximou com o braço direito erguido para o alto e o semblante sério, incomum para uma criança. Sem se distrair por estar num lugar tão diferente da floresta, ela era recebida por Verônica que se ajoelhava para segurar aquelas mãozinhas que há muito tempo não sentiam o carinho materno.


-Salve princesa Guaharí, és a dona de Abaruna?


-Dele eu fui guardiã e amiga enquanto buscava os meus irmãos.


-Como vês, Abaruna é de nossa irmã por direito! - Afirmava Abeguar quando o monarca questionou-lhe num tom desafiador.


-Ela disse guardiã e amiga, não dona! Por sinal, que documento lhe comprova a pertença de Abaruna?!


-Querido! Deixe Abaruna se recuperar antes de decidirmos alguma coisa, houve um atentado por aqui e se não fosse pelos índios... - Repreendia a rainha Verônica perante o impasse recém-formado entre seu esposo e os índios; a quem pertencia Abaruna?


        Longe de tantas discussões e ocorridos extraordinários, outro grito doloroso ecoava e desta vez na floresta: Juripuri que se debatia no chão como fosse tomado por fogo e espinhos pontiagudos a lhe sangrar. Insuflar revolta nos oito arruaceiros e transformar-se naquele que atingira Abaruna custara-lhe todos os poderes e por ali ninguém o enxergava para socorrê-lo de sua fraqueza.


-Raios me partam, que há comigo?! Não posso me levantar, não posso lançar meus encantos e minha pele cai! - Disse o diabrete à Estefânia que se aproximava para cuidar dele.


-É o preço da vingança quando todos se saem feridos. Caça e caçador, alvo e atirador, ambos sofrem a mesma dor!


-Ah, olha quem vem aí pra se divertir com o meu fim...


-Nada disso! Hoje serei teu alívio e expectativa, pois algo grandioso acontecerá com todos nós! Por isso deves escolher...


-Se vieste aliviar minha dor, ande! Alivia-me! E não me diga que aquele um sobreviveu...


-Digo que Abaruna agoniza e sofre tanto quanto você, mas não desiste de viver.


-E porque não desiste? Melhor se entregar do que sofrer como eu!


-Porque Abaruna é o Amor. O amor desta terra que está destinado a amar desde o início, até quem lhe odeia. Só o amor consegue isto e faz Pedro seguir seu chamado, brotar sentimento em Alexandre e sua princesa, apaziguar treze irmãos e amenizar as saudades de uma mãe por seu filho enquanto ele prossegue sua jornada... Ele é o Amor!


      Amor... Há quanto tempo Juripuri não ouvia e as vezes fingia desconhecer aquela palavra? Nem ele sabia por não conhecer as datas do calendário romano e viver iludido pelo ódio e rancor cultivado em seu espírito, mas o escutar da palavra Amor lhe produzira tanto efeito que ele pôde se levantar e permanecer sentado; o peito que também sangrava começava a cicatrizar e expelir uma bala de prata, fazendo a ferida desaparecer por completo. Mas as dores continuavam e as lágrimas também...


-Porque me curar se não tenho jeito?! Tu és a fada poderosa e eu sou o vilão da história, use teu poder e me destrua de vez!


-Se tivesse escolhido antes, não sofreria tanto. Mas nunca é tarde! Queres o fim de teu sofrer ou o seu próprio fim?


-Tudo que acabe com minha dor é de bom tamanho!


-Que Tupã aceite de bom grado a tua decisão e cumpra-se a sentença outrora proferida!


-... Num é que fui vencido e rendido por Abaruna?


-Juripuri! Cesse teu resmungo, teu tempo acabou! - Ordenou Estefânia que sacudiu sua varinha de condão e se afastou enquanto Juripuri se apresentava a Tupã com todas as suas culpas e esperou solenemente o cumprimento da sentença.


        Aquele que um dia aterrorizou viajantes e pescadores, devorou animais a bel prazer também sentiu medo e chorou com a própria dor; enquanto as escamas da pele começavam a cair rapidamente e o contato com o sol fez seu corpo arder até ser tomado por um novo clarão, saído de seu peito cicatrizado. Reinava nele o desejo de viver e tamanha luz causava-lhe uma sensação agridoce até se tornar um com a claridade, sem dores, pés tortos de salamandra ou pele escamosa. "E agora, que Tupã fará comigo? Isso não me acaba e... Minha voz! Que há com minha voz?!"


-Pronto Juri! Abre teus olhos e caminhe!


-Caminhar como, se não consigo? Sabe lá o que fizeram em mim...


-Nunca saberá se jamais tentar! Mas tudo bem, segure em minhas mãos que te ajudo! - E Estefânia ajudou Juripuri a se levantar e andar lentamente até o igarapé mais próximo, pois ainda estava marcado pelo efeito do clarão. No reflexo da água, o susto: Alem da voz, seu corpo também mudara com a pele ameríndia e os longos cabelos negros a caírem nos ombros!


-Estou no corpo de outro?


-Este é o seu corpo. Era isso que Tupã faria em ti se não tivesse fugido de sua presença, mesmo sendo impossível. Que achas de ti mesmo?


-Hum... Estefânia, me deixa caminhar sozinho?


       Docemente, a fada soltou-lhe a mão e observou seu novo caminhar. O recém-transformado Juripuri passara tantos anos andando desajeitado que ele precisava se recordar do modo de andar de Pedro para caminhar até sentir-se totalmente seguro e pular no igarapé. No mergulho, ele via todas as fases de sua vida de curumim dotado de poderes especiais, antigo guardião de sua tribo, diabrete maligno até chegar a superfície onde reencontrava a plenitude de sua alma, livre de todo jugo desnecessário e infeliz!


-Eu sou gente! Sou o que realmente sou, sou gente!


-Por fim reencontrou a si mesmo! Isto lhe agrada tanto, não?


-Como me agrada, sinto-me tão livre e não preciso mais rastejar pelos campos, fingindo que sou feliz... Sou feliz de verdade! E tu, promete me ajudar sempre que eu pedir?


-Prometo, sempre virei em teu socorro! - Disse Estefânia  Falando nisso, preciso rever Abaruna e os meus afilhados que tanto sofrem. Quanto a ti, siga este caminho por onde encontrarás uma tribo repleta de teus semelhantes e eles cuidarão de ti!


-Espera! - Suplicou Juripuri ao segurar na barra do vestido róseo e luminoso de Estefânia. - Me responde uma coisa? 


-Porque Tupã me fez gente se eu merecia morrer?


-Não te disse que o amor é capaz de várias coisas? E Abaruna enxergou em ti o curumim que precisava de perdão para viver e ser um novo guerreiro!


-Amor engraçado, perdoa quem merece castigo e deixa viver! - Dizia Juripuri enquanto partia rumo a tribo que o acolheria e Estefânia se transportava ao palácio, onde todos temiam por Abaruna. 


     Enquanto Pedro cuidava de estancar o sangue e tratar da ferida, D. Alexandre notava a chegada de Berenice com seus olhos avermelhados à espera de algo e levou-a para junto de Abaruna, pois os pais dela estavam demasiadamente ocupados com a discussão sobre sua pertença. Invisível, Estefânia passava por todos e admirava cada detalhe, em especial o modo como Abaruna resistia e suportava suas dores.


-Pelo sangue de suas mãos, foi pior do que imaginei!


-Pedro é um bom enfermeiro, mesmo inexperiente nisso... Abaruna está meio fraquinho, mas é um valente guerreiro! E Deus nos fez cuidar dele em reparação de nosso desejo de caçá-lo! - Ele dizia ao confortar Berenice e segurar em suas mãos. - E isto foi uma fatalidade, jamais você teve culpa...


-Minha dor é por Abaruna sofrer tanto, mas já não sinto culpa. Todos me diziam, prometiam que ele me faria sorrir e você lutou para trazê-lo até mim...


-E você lutou, protegeu e livrou Pedro da prisão! Você merece sorrir e ter fé, ainda não é o fim!


      Como D. Alexandre nos disse, Abaruna era um grande guerreiro; não somente suportava a dor, mas travava uma batalha contra uma força oposta à vida que lhe convidava a adormecer, pois dele se esvaia bastante sangue, magia e cor que um dia completara seu esplendor. Ao ser desafiara, a força fazia Abaruna sentir suas forças cem dobro e tomava a forma de uma grande ave, bela e cinzenta que lhe apresentava seu próprio estado e as circunstâncias para desistir. "Você está fraco, precisa dormir. Basta dormir, somente dormir e jamais sofrerá outra vez!"


      "Eu te conheço e sempre te vejo rodeando os outros quando termina o tempo deles. Mas eu nunca terei fim, pois sou amor e amor nunca morre! Não importa o que sejam, sou destinado a amar todos e por eles viverei!


     "Como quiser Amor, mas saiba de todos os riscos..."


     "Sei de todos. Ainda assim, resisto!"


-Calma, calma! - Respondia Pedro ao segurar Abaruna que se debatia para espantar aquela força. – Isso meu amigo, não se mexe tanto que a bala ainda está aí! Deixa que arrumo uma pinça e...


-Nada de pinças, já estou aqui! - Ao tornar-se visível, Estefânia limpou o sangue ainda presente nas luvas brancas do afilhado e seus olhos brilhavam como nunca.


-Minha madrinha, tu já sabe o que houve por aqui. Que vai ser de Abaruna?


-Lembra do tempo devido? Pois agora ele vem e tudo virá a termo. A presença de vocês é necessária, pois há uma disputa sobre a pertença de Abaruna que está atrasando a chegada dele!


-Disputa?! Ei vumbora levar Abaruna pro salão agora!


-Do que está falando?! Nós já estamos cuidando dele aqui e... - Antes que Alexandre e Berenice se admirassem com a presença de Estefânia, ela irradiou sua luz para que ambos compreendessem tudo e ajudassem Pedro imediatamente. No salão principal, Hildegardo Camilo e Abeguar se perdiam na discussão quando avistaram Abaruna sendo trazido novamente à presença de todos e quem o avistou primeiro foi Dinahi, que então brincava com algumas jóias doadas pela rainha. 


-É ele! Abaruna meu, Abaruna meu! - Gritou a pequena ao reencontrá-lo. Como doía rever seu amigo adorado naquele estado! "Abaruna meu, Abaruna meu!" eram suas palavrinhas que alcançavam e fortaleciam o coração daquele pássaro ferido e alegre por amá-la.


-Ainda não é o fim! Espere o que vem a seguir...


-Até ferido, Abaruna fala difícil! - Dinahi sorria em meio ao drama enquanto a princesa se aproximava novamente para dialogar.


-Pequenina, ele te pertencia antes de mim?


-Chamo de Abaruna meu por ser meu amigo. É mais fácil ele ser dono de todo mundo do que a gente ser dona dele...


-Não lhe dissemos cariua?! Devolva Abaruna ou sofrerá o mesmo castigo daqueles!- Respondia Abeguar que esperava sua devolução imediata.


-Vocês nem consideram o esforço que D. Alexandre fez para encontrá-lo e a importância de Abaruna aqui?! Desde nascida nossa filha sofre por jamais ter sorrido em sua vida e esse pássaro é o único capaz de curar tamanha dor! - Protestava Sua Majestade enquanto Berenice lutava consigo mesma para não sentir-se culpada novamente e Dinahi se recordava da primeira despedida na floresta. Finalmente compreendera o que Abaruna lhe dissera e fez sua alegria ao tomar sua justa decisão.


-Filha de cariua, enquanto fui guardiã de Abaruna ele nunca foi meu e nem de vós, mas ele quis pertencer a mim e agora pertencerá a ti. Que Abaruna seja teu para te fazer curada e feliz! - Respondeu a pequena com a voz embargada, porém feliz e toda a ânsia por discussão caiu por terra. A princesa Berenice mal sabia como agradecer de tão comovida e Abaruna transmitia seu pensamento para Dinahi.


     "Não é que minha pequena fala difícil?"


-E assim resolvemos um impasse! Pedro, que há contigo? - Indagou D. Alexandre ao ver seu rosto brilhar enquanto rezava de olhos fechados.


-Deus vai apressar o momento que Estefânia me falou, eu sinto isso. Nunca esperei tanto e agora vem... Reza também!


          Um forte acorde soou do alto do palácio surpreendendo os que permaneciam no palácio apesar dos incidentes e surpresas; era a fada Estefânia que se tornava bela, visível e brilhante para todos. Certamente, o aniversário da princesa Berenice entraria para a história! Com a mesma gentileza e encanto que atraiu Pedro á beira do igarapé em certa manhã, ela saudava e convidava quem quisesse se aproximar, mas ninguém tivera coragem, a não ser D. Alexandre.


-Pois não mocinha! Qual o teu nome?


-Eu sou Estefânia, madrinha de Pedro e vossa desde o batismo e regente da justiça das selvas! Para que Abaruna seja curado, é necessário o entrelace de vossos desejos ao desejo de sua cura através de um importante ritual!


-Por obséquio, não é preferível levá-lo ao hospital? - Indagava Odivelas. - Creio que a medicina seria mais eficaz do que estas trucagens!


-Psiu! - Repreendera a rainha Verônica. - Quer duvidar dos poderes de uma fada?!


-E este ritual deve se operar através dos irmãos de Dinahi, nobres guerreiros guaharís e grandes conhecedores da natureza que se reunirão comigo para ouvir de mim o que deve ser feito. Quanto à Pedro, Alexandre, Odivelas, Dinahi e cada membro da família real serruyana, preparem seus desejos! - Ordenou Estefânia enquanto os índios prontamente se reuniram em torno dela e os demais desejavam que ela fosse tão madrinha deles quanto era de Pedro. Ainda surpreso por ouvir seu nome entre os que deveriam entrelaçar seus desejos, Odivelas se viu novamente ao lado do rei Hildegardo Camilo; nada mais esperava do que a justa punição...


-Que há contigo, caro Odivelas que ainda não aprontou seu desejo?


-Eu não entendo o porquê de ser incluído neste entrelace... Por tudo que fiz, sou indigno até de rever Vossa Majestade! - Murmurava o professor. "E me chama de caro Odivelas!"


-Ora, mas não foi tu o abre-alas? Aquele que nos apresentou Abaruna através dos manuscritos de D. Carlos Maria, portanto estás tão entrelaçado à ele quanto nós! Pois bem, levando isto e vosso arrependimento em conta... Que achas de ser perdoado e retornar ao nosso convívio? - Propôs o monarca enquanto a rainha Verônica lhe sorria e se aproximava para revelar o que ambos conversavam sobre ele desde a prisão.


-Professor, é certo de que algumas atitudes suas nos foram inconvenientes mas não podemos negar o quanto vossa senhoria nos beneficiou com sua sabedoria aplicada. Se aceitar, também concedo-te o perdão e peço desculpas por todos os atritos causados entre nós... - Respeitosamente, ela curvou-se perante Odivelas que a perdoou de bom grado e agradeceu por sua restituição aos seus cargos de professor e conselheiro real, mas nada se comparava ao perdão concedido pelos reis Hildegardo Camilo e Verônica cuja benevolência prevalecia naquele instante; o que mais desejaria um coração agradecido?


           Quem quisesse esperar o ritual de entrelace se entretinha nos jardins com jogos de tabuleiro, guloseimas variadas e a bonita apresentação da orquestra nos jardins do palácio. Seguindo o protocolo das damas, Berenice e Dinahi foram as primeiras a doarem seus desejos a Estefânia e esta os materializava em forma de fitas coloridas enquanto cuidavam de Abaruna cuja dor no peito persistia, e ele não deixava de murmurar sobre o quanto estava profundamente feliz, enamorado e consumido por tanto amar.


-Logo se faz o ritual e você fica bom! - Afirmava Dinahi. - Que sente Abaruna?


-A magia não me livrou do cansaço, nem da dor ou de alguma limitação das aves comuns. Mas isto me fez entender e admirar os humanos que também sofrem e resistem a tudo isto! Nunca amei tanto como agora!


-E tu filha de cariua? Nada diz a teu Abaruna...


-O que direi? Talvez ele só entenda os nativos da floresta...


Teu Abaruna entende, entende tanto que já sabe do teu desejo mas ele quer te ouvir! - Insistiu Dinahi até Berenice ceder a um sincero diálogo com o príncipe das matas; mesmo ferido era o ser mais belo que conhecera em sua vida e certamente faria por ela algo tão grandioso, assim como D. Alexandre. "Ainda que ele saiba, não custa nada repetir o meu desejo... Sendo meu Abaruna!"


-Abaruna meu... Abaruna meu!


-Coração logo me disse que estarias aqui... E agora te encontrei!


-Tanto te esperei e apesar de tudo ocorrer de modo diferente, creio que é possível. Abaruna meu, Abaruna meu, reluz tuas asas de serafim, voa feliz e traz-me o sorriso que eu sempre quis?


-Minha princesa... - Um novo acorde significou que Estefânia e os doze estavam prontos para o ritual. Agora cabia à Abaruna bem fechar seus olhos dourados e dispor seu próprio desejo para ser entrelaçado com o dos seus. 



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Autor(a): Ginny Potter

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         Recolhidos os desejos de Pedro e D. Alexandre, do rei Hildegardo, da rainha Verônica e a gratidão de Odivelas em suas mãos, Estefânia os materializou em fitas coloridas e se dirigiu aos doze que se ajoelhavam em torno de Abaruna. Algumas penas foram perdidas pelo caminho e seu estado não era muito animad ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



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  • Magda Postado em 07/04/2019 - 15:41:35

    ah, eu tenho uma fic baseada em tvd com o casal vondy, caso vc se interesse de ler: https://fanfics.com.br/fanfic/24829/memorias-de-uma-vampira-diego-finalizada

  • Magda Postado em 07/04/2019 - 15:40:48

    oiie, leitora nova! se quer uma dica, nao posta tudo de uma vez nesse site. Vai postando ao pouco, uns capitulos por dia ou mesmo por semana, tudo de uma vez o proprio site não divulga mt ai vc perde a chance das pessoas verem. Beijito!!


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