Fanfics Brasil - Sorriso... Tem preço? Abaruna

Fanfic:  Abaruna | Tema: Original


Capítulo: Sorriso... Tem preço?

26 visualizações Denunciar


         Recolhidos os desejos de Pedro e D. Alexandre, do rei Hildegardo, da rainha Verônica e a gratidão de Odivelas em suas mãos, Estefânia os materializou em fitas coloridas e se dirigiu aos doze que se ajoelhavam em torno de Abaruna. Algumas penas foram perdidas pelo caminho e seu estado não era muito animador por isso alguns o julgavam morto, mas Abaruna somente dormia e esperava ansiosamente o entrelace sob preces e olhares curiosos. Quanto aos outros desejos não me foi permitido saber a quem pertencia, mas o sorriso de Estefânia garantia que em cada um deles havia força e eficácia suficiente para o ritual.


-Quão corajosos eles são para confiar em ti, meu amor... Que houve neles?


     "O encontro de nossos desejos é fruto da gentileza. Nada lhes faria se não me permitissem. Mas eles quiseram e eu também quis, portanto, assim farei!"


-Pedro, você entende o que está acontecendo entre os penu... Quer dizer, índios? - Indagava um dos cavaleiros que ajudava Pedro e D. Domingos a organizar a multidão ali reunida e afastá-la do círculo formado pelos Doze enquanto D. Alexandre cuidava de Berenice.


-Parece-me que estão ensaiando uma dança que só eles sabem e Estefânia também vai tomar parte. Ei Alexandre, que a Berenice tem? - Indagava o jovem ao perceber a nova apreensão da princesa, influenciada pelos demais comentários, tanto preconceituosos como descrentes. 


-Ai meu Alexandre, e se der errado? Estão a dizer tantas coisas!


-Não dê ouvidos a essa gente, nem todos vão acreditar. Só de nos reunir e precisar dos nossos desejos, já é um grande feito e sinal de que vai dar certo!! - Dizia D. Alexandre ao confortá-la enquanto Pedro criava certa dor de cotovelo por estar sozinho. Sempre apertando o muiraquitã, Dinahi sussurrava, torcia pelo desempenho de seus irmãos e fazia sua pequena prece.


-Abaruna meu podia tardar, mas nunca falhar comigo. Abaruna meu, guia o bailado de meus irmãos, acerta de novo e cura a filha de cariua!


-Ouçam todos! - Anunciou Estefânia. - Que soe o acorde divino dos instrumentos encantados, o balanço das fitas e a batida de cada lança, vamos começar!


        Dito isso, os índios se levantaram e começaram a dançar em círculos em torno do pássaro adormecido, de modo sincronizado e sem interrupções; magicamente era possível ouvir os sonidos de banjo, viola, flauta e tambor embora a orquestra não contasse com tais instrumentos enquanto Estefânia regia o mover cada fita para alcançar Abaruna até se transformar numa corda. Por sua vez ele enfrentava a teimosia daquela força cinzenta que ainda insistia em aprisioná-lo ao sono eterno, mas não havia como derrotá-lo e por isso se afastou, fazendo-o se levantar aos poucos, ensaiar a batida de suas asas, atrair suas asas caídas de volta ao corpo até a ferida ser invadida por aquela corda mágica.


Vai esperança, tu guiarás os perdidos em suas andanças;


Inocência da criança ilumina os canteiros deste mundo esquecido;


Bondosa calmaria apazigua os casais que bem se querem bem;


Coragem desperta produz e faz ecoar tuas respostas imediatas;


Gratidão, não se paralise! Mova-se a reparar os feitos do arrependido!


-Ela precisa anunciar desse modo? - Indagava Odivelas, que mesmo envergonhado faria questão de reparar seus erros com relação aos pássaros. Quando os índios abriram a roda para Estefânia se aproximar de Abaruna, esta sacudiu sobre ele a mágica varinha e encerrou o ritual com o incessante pedido de Berenice.


Abaruna meu, Abaruna meu, reluz tuas asas de serafim, levanta feliz e traz-me o sorriso daquela que sempre quis!


"Assim querem, assim farei!"


    Após a curiosidade, veio o susto; todos que viram Abaruna outrora ferido e fragilizado no chão gritaram e saíram correndo ao vê-lo subir para o alto e transformar numa brilhante e vermelha bola de fogo que velozmente girava por todo o salão e atirava inúmeras faíscas brilhantes dos lustres, das lanças dos doze aos botões dourados das roupas e uniformes dos cavaleiros. Os mais corajosos puderam apreciar e aplaudir suas surpreendentes mudanças de cor, a ponto de chamá-lo de "Pássaro Arco-íris", "Beleza Negra", "Rio de Cristal", "Sonho Laranjáceo" e "Pingo de Ouro" que se curvou e reverenciou à princesa Berenice que caíra assustada de joelhos, mas logo reconheceu naquele belo pássaro um novo amigo a lhe chamar e bem querer.


"Menina Berenice, princesa flor de lis. Chega junto a mim?"


-Filhinha, você tem certeza? - Indagou Sua Majestade, o rei. - Depois do que ele fez aqui, tudo pode acontecer!


-É meu Abaruna papai, se ele me chama... - Sem temer coisa alguma, Berenice tirou os sapatos e correu sem lágrimas e obstáculos até Abaruna, ansiosa para brincar com ele, fazer carinho e notar o brilho de seus olhos dourados.


          No instante do afago, surgia novo clarão que provocou grandes suspiros de encanto e alegria. Quando menos se esperou, Abaruna girou várias vezes ao redor da princesa Berenice e lhe fez outra mágica, levando consigo as cores azul-marinho e as estrelas douradas de seu vestido de festa que fora inteiramente transformado e apelidado de "Bela manhã" por adquirir suas cores incandescentes enquanto nossa princesa que rodopiava e brincava com Dinahi, portava consigo toda a alegria do mundo através de um belo e iluminado sorriso. Sorriso mesmo! Novo, pleno, belo e realizado a brincar com Abaruna e Dinahi sob olhares atônitos daqueles que viam o extraordinário se manifestar no ordinário de suas vidas.


-Berenice, Berenice! - Exclamaram D. Alexandre, Pedro, Odivelas e os reis de Angustura, temendo que algo tivesse ocorrido com a princesa, e mesmo sem perceber nosso cavaleiro foi o primeiro a chegar e vê-la sorrir pela primeira vez.


-Berenice, graças a Deus você não virou uma bola de fogo, mas espere! Você...


-Bem que me disseram, você trouxe até mim aquele que me fez sorrir! Abaruna me fez sorrir e sentir uma felicidade... O que posso explicar, tudo é novo para mim! - Ela respondia, sempre à espera de algo em D. Alexandre que merecidamente levava um beliscão por ainda não ter perguntado sobre algo de suma importância.


-Aííí... Que achou de meu poema?


-Paciência. Digo-lhe depois! - Respondeu a princesa com uma piscadela, típica das damas de companhia enamoradas por Pedro.


-Dezesseis ou dezessete anos de pesquisas, estudos e investigações não são capazes de explicar teu ocorrido, nobre pequena! - Respondeu Odivelas, tentando disfarçar as lágrimas e recuperar a postura professoral. - Ah, Milagre! Apenas milagre é o que podemos dizer sobre isto!


-Ah minha filhinha... Vem Camilo! Veja nossa filhinha, veja ela sorrir! Ah, teu sorriso lindo! - Dizia a rainha Verônica ao querido esposo. Ambos abraçaram e cobriram-na de beijos emocionados por tal graça; se lágrimas existiam eram somente as de alegria proclamada por Sua Majestade!


-Minha filha está curada! Vibrem todos comigo, minha filha está curada por obra e graça de Abaruna! - Exclamou Sua Majestade enquanto D. Alexandre e Pedro beijavam o rosto feliz de Berenice e erguiam-na em seus ombros para conduzi-la com toda a nobreza, índios e cavalaria num animadíssimo desfile do palácio às ruas enfeitadas de Angustura regado à vários fogos de artifício, cantorias e banda de fanfarra enquanto Abaruna ia e voltava de seu braço para o de Dinahi, que também era levada nos ombros de Abeguar e Moacir até sentir que seu amigo adorado queria falar mas não lhe deixavam.


-Tribo de cariuaaaaa!!! Silêncio, Abaruna vai falar!


-Ora que caras são essas! Com tudo que vimos aqui, ainda se espantam com um pássaro falante? – Provocava Odivelas, que de cético pesquisador passaria a ferrenho defensor das criaturas e ocorrências fantásticas.


     Do braço de Berenice, Abaruna voou até a mangueira mais próxima e batendo suas asas, fez ela apartar seus ramos e frutos para transformá-la em seu próprio nicho de onde faria seu discurso de despedida, já revelada à Dinahi e Berenice antes dos demais. Ao pousar no centro de seu tronco e se deparar com tanta gente encantada, seus olhos brilhavam como nunca e observavam o encantamento de cada alma ali presente com sua presença e voz gentil; por isso decidiu sanar a curiosidade de todos e mostrar que de fato, não era um pássaro comum!


-Nobres amigos, através de seus caminhos, escolhas e atitudes vocês acabaram de vivenciar a maior aventura de suas vidas, como resposta ao chamado da verdadeira Alegria, geradora de muitas outras e que se faz presente em minha pessoa. Como parte de suas vidas, ainda haverá desafios, problemas a serem resolvidos e a descrença de muitos sobre que houve por aqui, mas nada invalidará que de fato, a verdadeira Alegria chegou, despertou sorrisos, coragem e realizações esquecidas. Vivam-na sem esquecer de que muitos não a conhecem, levem-na aos demais, cada um a seu modo sem restrições ou cadeados. Compreendem?


-Compreendo Abaruna meu... Compreendo! - Respondeu Berenice cuja mágica concedera-lhe um novo saber sobre as coisas e pertenças.


-Você fez tanto pela gente... Fique mais um pouco! – Suplicou Pedro.


-Bem atenderia seu pedido se eu não tivesse de atender a um pedido maior; sou a pessoa da Alegria e não pertenço somente á Berenice ou Dinahi, a primeira que conheci. Sou o pássaro de todos, e mesmo partindo me faço presente para garantir a alegria num mundo triste e atribulado por vilões, ameaças e pavores noturnos. Para começar, convido Dinahi e os doze guaharís a seguirem o vento que lhes levará de volta a tribo de origem se assim desejar. 


-Salve! Dinahi me pergunta se podemos lhe seguir no vôo! - Disse Abeguar. Em conjunto, ele e os outros decidiram surpreender a irmã aproveitando a ida de Abaruna para retornar à tribo guaharí. - Sejamos os primeiros a levar alegria enquanto os cariuas continuam sua festa aqui, toda a tribo guaharí clama por nosso retorno!


-Assim desejam, assim farei! E sigam comigo na cadência do vento!


         Ao sair de seu nicho, Abaruna fez a mangueira retornar ao seu estado anterior e cerrar seus galhos para simbolizar o encerramento de um ciclo. Gentilmente agradeceu os afagos recebidos de cada um que constatava tanto a cura quanto o retorno ao seu colorido original; por fim ajudou Dinahi a montar em seu dorso como antigamente e gloriosamente subiu aos céus enquanto os doze se transformavam em araras e seguiam com ele. Os que ficavam na terra, festejavam, batiam palmas e continuavam tão felizes que nada lhes permitia saudades ou lágrimas inconformadas por Abaruna ter ido e virado lembrança; como disse Odivelas durante a despedida, "Findou-se o ano escolar! É tempo de festa!"


         E a festa continuou nos céus, quando o canto de Abaruna e das araras atraiu centenas de pássaros já descritos para revoar juntos e espalhar alegria através do vôo e da musica que encantava e alcançava os locais mais afastados do palácio, de modo especial no vilarejo de Rio Adentro; a notícia do primeiro sorriso de Berenice chegava ao conhecimento de muitos e se espalhava por toda a região, duplicando os motivos para festejar, sorrir e correr atrás daqueles pássaros até onde fosse possível alcançá-la sem se perder. Por fim, a alegria mergulhou na imensa floresta, passou por várias tribos e chegou à pequena maloca onde ainda habitava o casal mais triste do mundo aos olhos de Juripuri. “Perder treze filhos numa tacada só...” Suspirava o pequeno sem coragem de chegar à tribo até ser tomado por grande contentamento e vibrar com o pouso dos doze.


-Salve aos estrangeiros e a pequena flor dos teus! Que querem por aqui? - Indagou o curumim após o retorno dos doze ao seu estado humano.


-Nós que perguntamos o que faz na terra de nossos pais! Somos filhos de cacique Aritana e mãe Irecê e decidimos voltar com nossa Dinahi!


-Eu venho em paz! Sou órfão e vim pedir abrigo aos seus!


-Pois venha conosco e rápido, é chegada a hora! - Ordenava Abeguar ao acolher Juripuri entre os seus concedeu-lhe o nome de Avaré. A essas alturas, Dinahi voava por conta própria, mas estava para viver com seus irmãos uma das maiores alegrias, jamais sentidas ou cantadas por algum trovador...


      E pensar que estávamos no primeiro dia daquela semana de celebração dos dezessete anos da princesa Berenice! A noite chegava e o rei Hildegardo Camilo elaborava inúmeras leis para eternizar aquele dia conforme o pedido de Abaruna como decretar três meses de férias escolares, distribuição gratuita de pães e bolos cobertos com glacê, trocas de carroças por carruagens... E quem ganhou foi a ideia do "Folguedo de Abaruna", um desfile musical que todos os anos abriria seu aniversário e de seus descendentes no futuro; prontamente ela se ofereceu para compor as canções e a construção de um pássaro de brinquedo para homenageá-lo, quando a rainha Verônica lhe deu um recado.


-Filha, Alexandre ainda está nos jardins e quer falar com você! Só não se esqueça...


-Pois não mamãe, estou indo! - Respondeu ela, ciente do que havia em seu coração. No centro iluminado do jardim palaciano, D. Alexandre não parava de andar em círculos e assoviar até vê-la chegar.


-Ah desculpe a demora! Estávamos ocupados com uma idéia linda e... Onde está Pedro?


-Ah, ele está dialogando com meu pai no quartel da cavalaria e depois nos encontraremos. Pela demora, deve ser algo importante... E creio que a senhorita me deve uma resposta, não?


-E você deixaria de escrever por essa ou aquela opinião?


-Longe disso! Tu sabes que fui destinado a ser cavaleiro e não poeta, por isso minha escrita atrapalhada! Mas o que podia fazer, era o único jeito que Pedro me sugeriu aliviar minha consciência mas...


-Bem, nunca imaginei que fosses tão poético!


-... Agora me preocupo em saber se gostou ou não, uma vez que pus meu coração ali e... O que disse?! - Indagou D. Alexandre, que falava sem parar até ser surpreendido tanto pela resposta quanto o olhar diferente de Berenice.


-Isso mesmo. Poético e gentil, senhor de teus sentimentos e não escravo, capaz de guardar teus resmungos para me doar gentileza... E eu não podia deixar de lhe retribuir! – Do bolso, ela retirou e devolveu-lhe o espelhinho enrolado num papel de carta. “Então, você também compõe!” Pensou D. Alexandre até perceber que aquilo não se tratava de uma poesia e sim a folha manuscrita de um capítulo...


-Me parece o fragmento de uma história... Do que se  trata?


-Desde pequena eu escrevo isto e às vezes parava por achar que não tenho talento, mas tudo que vivi até aqui me fez continuar. E este é o último capítulo!


-E porque me entregas o último capítulo ao invés do primeiro?


-Ele está incompleto, pois esta história também é sua e cabe a nós decidirmos o final através do nosso querer... Eu quero! – Afirmava Berenice com um olhar radiante, diferente daquele que se despedira de D. Alexandre semanas atrás; e segurando em suas mãos, ele recordava tudo. Olhares, sorrisos, espelhinhos, escritas de contos e poemas... Gentilezas. Eram as únicas coisas que os dois trocaram desde então e quando o relógio soou vinte badaladas, imagine a surpresa mútua ao descobrir que a gentileza também era uma forma de amar!


-Assim queres? De verdade?


-Sim, eu quero! Por sinal, não me deves uma valsa?


-Assim ela quer, assim farei à senhora dos teus e dos meus sorrisos!  


      Acertado o querer de ambos, a princesa se pôs na ponta dos pés e o cavaleiro inclinou seu rosto em direção ao dela enquanto D. Domingos e Pedro prosseguiam em sua conversa e o rei Hildegardo Camilo com sua rainha Verônica passeavam no jardim quando se depararam com a cena romântica. "Impressão minha ou da promessa surgiu o amor?", "Minha filhinha... Snif! Porque cresceu tão rápido?" Naquele dia ao redor do mundo, inúmeros casais fariam o mesmo e cada sensação viria de cenários e modos diferentes, seja debaixo da chuva ou num jardim iluminado. Fruto da alegria com a gentileza, assim surgia o bem-querer!


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Ginny Potter

Este autor(a) escreve mais 2 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

*Convite Extraordinário* Sua Majestade, Hildegardo Camilo de Serruya, soberano regente de Angustura até que se diga o contrário e Verônica de Serruya, amabilíssima esposa e soberana de Angustura juntamente com;  Os excelentíssimos senhores D. Domingos Fuas Nolasco e sua amabilíssima esposa Ana Rita Fuas Nolasco (in memor ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • Magda Postado em 07/04/2019 - 15:41:35

    ah, eu tenho uma fic baseada em tvd com o casal vondy, caso vc se interesse de ler: https://fanfics.com.br/fanfic/24829/memorias-de-uma-vampira-diego-finalizada

  • Magda Postado em 07/04/2019 - 15:40:48

    oiie, leitora nova! se quer uma dica, nao posta tudo de uma vez nesse site. Vai postando ao pouco, uns capitulos por dia ou mesmo por semana, tudo de uma vez o proprio site não divulga mt ai vc perde a chance das pessoas verem. Beijito!!


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais