Fanfic: Abaruna | Tema: Original
*Convite Extraordinário*
Sua Majestade, Hildegardo Camilo de Serruya, soberano regente de Angustura até que se diga o contrário e Verônica de Serruya, amabilíssima esposa e soberana de Angustura juntamente com;
Os excelentíssimos senhores D. Domingos Fuas Nolasco e sua amabilíssima esposa Ana Rita Fuas Nolasco (in memorian), Manoel Jorge Antunes (in memorian) e a senhora Rosaura de Souza Antunes vos anuncia o matrimônio de livre e espontânea vontade de:
Duque Alexandre Fuas Nolasco de Souza e Princesa Maria Berenice de Serruya
A ocorrer no dia 08 de dezembro às 08 horas da manhã na catedral de Nossa Senhora do Rosário; após a cerimônia haverá cortejo festivo em nossas ruas e fausto banquete para comemorar o feliz enlace do casal.
-Nossa mãe nem vai acreditar num convite desses... Nem a gente tá acreditando! Alexandre você está bem?
-Bem nervoso, é o que digo. Há horas estou ensaiando para este momento e não me sinto pronto! Ainda sou o mesmo, mas tudo me será diferente de agora em diante. Terei Souza em meu sobrenome, terei minha mãe e quem diria, você como irmão!
-Fique a vontade, vai chegando aos poucos. A gente já enfrentou e venceu tanta coisa, o que mais vai acontecer?
-"O que mais vai acontecer" Dizem que essa frase pode chamar coisas inesperadas! Diga cem vezes égua, mas não me repita isso! - Respondeu D. Alexandre à Pedro enquanto Berenice adormecia em seu ombro e a pequena carruagem seguia pela estrada barrenta até Rio Adentro.Pedro era sortudo e dona Rosaura feliz, mas Alexandre ainda batalhava para buscar um adjetivo novo dentre os tantos que possuía. "Menino do Milagre", "Cavaleiro Real", "Duque de Angustura", "Herdeiro de D. Domingos e Ana Rita Fuas Nolasco" e também de "Manoel Jorge e Rosaura". Desde que soubera da novidade por D. Domingos e frei Salvador, desmaiara três vezes e bebera vinte copos d'água até assimilar tudo, Pedro esfregava as mãos e não via a hora de rever a mãe sem se preocupar tanto com a passagem de filho único à irmão caçula.
-Mon petit Berenice... Ela não é tão acostumada com longas viagens, mas fez questão de vir comigo e me acompanhar nesse momento!
-Isso que é amor, viu? Vê como ela é bonitinha sorrindo...
-Sorrindo e feliz. É o efeito Abaruna que habita em minha amada...
-Efeito Abaruna... Em todos nós... -Murmurava a princesa enquanto D. Alexandre beijava suas mãos e desfazia o bendito coque para acarinhar seus cachos. Sonolenta, Berenice tudo ouvia e conservava consigo o milagre vivido como se ocorresse naquele instante. Por sinal, quando ela fechou os olhos e sonhou novamente, teve a chance de brincar com a revoada celeste de... Quinze. Não doze ou treze, mas quinze araras vermelhas, bonitas e inseparáveis a lhe rodear!
Os meninos davam razão ao sono de Berenice, pois saíram muito cedo e levariam cerca de três horas para chegar ao destino indicado. Bem quiseram cochilar, mas a carruagem real começava a atrair varias pessoas por onde passava, e a paisagem tornava-se familiar aos olhos de Pedro; finalmente chegavam à Rio Adentro. Tudo permanecia do jeitinho em que fora deixada por Pedro naquela manhã, com seus habitantes em suas moradias e funções. A hospedaria, ganhara cores e enfeites à mais devido à proximidade do Natal e a pastorinha criada por frei Salvador. Sem temor de ser reconhecida, Berenice desceu da carruagem e agradou as crianças com doces e carinhos. Por fim, Alexandre e Pedro já não se enxergavam como viventes de mundos diferentes. Eram dois meninos, irmãos nascidos da mesma estrela!
-Chegamos... Está pronto?
-Estou. - Respondia D. Alexandre. Outro instante de silêncio diante da hospedaria e mais do que nunca esperava por aquele momento. - Pedro, tens idéia do que há entre nós? É a nossa mãe, nossa mãe!
-E muito obrigado viu? Obrigado por estar vivo... Meu irmão! - Assim se fez um caloroso e fraterno abraço, todo feito de pertença, sem barreiras e exclusões! E se não fosse por Berenice nos trazer Luísa, este belo quadro me duraria umas trinta páginas ultra-rebuscadas!
-Vejam quem veio nos receber! – Respondeu a princesa. – Esta é a...
-Lúcia!!! Que saudade!
-Meu Pedrinho!!! - Gritou a pequena de contentamento ao saltar no pescoço de Pedro e ser girada por ele com toda a alegria do mundo enquanto D. Alexandre e Berenice se entreolhavam assustados. "Tais carinhos se permitem em Rio Adentro?"
-Égua Lucia, como tu cresceu! Bem que escrevi, demorei, mas voltei!
-Tu não fazes ideia do quanto a gente esperou por ti. – Respondia Luísa. - Eu, tia Rosaura, frei Salvador e o pai do teu irmão estão aqui desde cedo!
-Licença! - Pigarreou D. Alexandre enquanto Berenice sorria, meio encabulada. Ao se verem ainda abraçados, os dois se soltaram rapidamente e foram ao que interessava.
-E mamãe, ela tá aí?
-Tá sim. Vem logo Pedro, vem vocês também que mamãe, frei Salvador e o outro lá estão esperando, vem!
-Venham vocês também, é agora! - Respondeu Pedro ao ser puxado por Luísa enquanto D. Alexandre e Berenice tinham de segui-lo às pressas até a sala onde dona Rosaura, frei Salvador e D. Domingos tomavam café com leite e esperavam por eles. Por sorte ela obteve licença do patrão para dedicar-se ao momento chegada dos filhos que sairia do plano dos pensamentos para a realidade.
-Sinto muito, mas eu e D. Domingos decidimos fazer greve momentânea de fome e não comeremos estes pães de queijo enquanto a senhora não se sentar!
-É força do hábito meu frei, Deus me livre se eu tivesse esquecido o bolo de milho no forno. Nem Luísa tá aqui pra me avisar!
-Pois agora é o momento de sentar e comer conosco enquanto as crianças não chegam. Para isso obteve licença e deves aproveitá-la enquanto pode... - Respondeu D. Domingos com um olhar enigmático.
-Porque o senhor me diz isso?
-Por nada. Ah, olhe eles aqui! - Respondeu D. Domingos que se levantou para saudar o jovem quarteto e abraçar D. Alexandre que junto de Berenice olhava a hospedaria de cima abaixo, reparando nas coisas que durante a vida foram-lhe desconhecidas. "Se eu tivesse crescido aqui?" - Como é bom rever vocês, nem acredito!
-Eu também não meu pai, tudo nos parece um sonho! E minha mãe, onde está?
-Está bem ali, tomando café comigo e com frei Salvador, mas você terá de esperar mais um pouco. Teu irmão chegou primeiro!
De início, Pedro tremeu na base e quis repreender Luísa por antecipar aquele momento enquanto dona Rosaura quase pensou que o retorno do filho não passava de um sonho como sonhava como nos outros dias. Doce realidade! Ambos não resistiram, estenderam os braços um para o outro e se abraçaram com murmúrios de "meu menino, meu menino!", "voltei pra você mãezinha, voltei"; era uma pena que poucos tivessem presenciado aquele momento, por isso houve a necessidade de ser transcrita.
-Mãezinha, mesmo com saudade eu não deixei de sentir tua presença. Devo tudo isso à Deus e a senhora, que viajou comigo!
-Ah meu filho, hoje nem sei o quanto sou feliz! Das mães daqui, sou a mais feliz!
-E eu não disse que demorava, mas voltava? Voltei. Voltei pra senhora, minha mãe!
-Meu filho, espere. Deixe-me ver uma coisa... - Respondeu dona Rosaura, interrompendo o abraço para repará-lo bem. Foi a jornada na floresta ou o tempo de aspirantado na Cavalaria Real que lhe fez crescer uns vinte centímetros e ficar mais bonito? Ah, isso era de menos! - Você continua o mesmo, eu sinto. Ainda é meu filho, o meu Pedrinho!
-E pelo visto a senhora já soube dele antes de mim, mas tem alguém querendo muito te conhecer. Alexandre, vem cá! - Gritou Pedro para o irmão que permanecia estático junto à parede e recebia as desculpas de Luísa por não ter lhe recebido direito. Frei Salvador, D. Domingos e Berenice ficavam à distância para observar o que chamavam de "a cena mais comovente já assistida por eles".
-Te desprega da parede ou faço que nem Luísa e te puxo daí!
-Ora, estamos num momento desses e você vem de... - Queixava-se o cavaleiro que finalmente se aproximava de dona Rosaura. O que esperar de um filho ao conhecer a mãe? Naquela senhora em pé, Alexandre experimentava o que não conhecera na infância e se encantava como o toque de duas mãos suaves e brancas de farinha acariciando as suas. Com tantas mães que mereciam tal milagre, dona Rosaura era quem recebia; eis que enviara um filho para a jornada e acolhia o retorno de dois!
-Minha mãe... És tu, a minha mãe!
-Sou sim meu filho, sou tão tua mãe quanto Domingos é teu pai e Pedro teu irmão. E eu sempre te amei, mesmo sem saber de ti!
-Minha mãe... - Por uns instantes, D. Alexandre permitiu que dona Rosaura seus cabelos, tão castanho-avermelhados como os do pai Manoel. - E tuas mãozinhas, tão pequenas e marcadas se esforçando desse jeito! Ah, se morasse comigo no palácio!
-São as mãos do meu ofício de todo dia, mas sempre tive a graça de Deus e teu irmão pra me ajudar. Agora, tenho a você também!
-E eu tenho a mãe que sempre quis, a minha mãe! - Respondeu D. Alexandre ao abraçá-la, ainda de joelhos. Não lhe importava se os cavaleiros soubessem o quanto chorava, nunca se sentira tão pertencido à mãe como naquela hora!
-Ei mano... Ei Alexandre, não quer receber a bênção da mãe?
-Bem me disseram que as mães não deixam de abençoar seus filhos quando estes vão e voltam de viagem... Abençoe-nos ó mãe, pois somos teus, somos teus!
Eis aí dois meninos ajoelhados e com os olhos firmes no rosto emocionado de sua mãe-estrela. Das mãos de Rosaura saíam as maiores bênçãos e conselhos amorosos para os filhos, sempre atentos a seu falar. "Sejam amigos um do outro, dividindo cada momento precioso de suas vidas. Se houver brigas, esperem os ânimos se acalmarem para ninguém se sair ferido. E que o amor reine em nossos corações, pois nós somos e sempre seremos uma família!" Um novo abraço, beijos e lágrimas adornavam a alegria daquela pequena família para sempre reunida e acompanhada por Berenice,Luísa, D. Domingos e Frei Salvador. Com uma cena destas, esta poderia ser a última página transferida para o computador com direito a um "FIM" escrito com letras maiúsculas, fonte Cambria 12 e negrito lá em baixo; o problema surge quando as coisas se saem diferentes do que se planeja...
-QUER VIR MORAR COMIGO?! – Imaginem agora o susto de dona Rosaura quando ouviu os filhos convidarem-na ao mesmo tempo!
-Que morar contigo o quê, seu Domingos já me ofereceu a casa dele pra levar mamãe e Luísa até eu conseguir minha casa?
-Essa casa era o meu antigo palacete! E é justo que mamãe se junte a mim e Berenice no palácio real quando nos casarmos!
-Eu sou filho dela há mais tempo, conheço as coisas que ela precisa e prometi que arrumaria um lugar melhor pra gente viver!
-Eu sou Duque de Angustura e quatro anos mais velho que você, me respeite!
-Meus filhos! - Interrompeu dona Rosaura enquanto Berenice e Luísa continham seus respectivos pares que logo se davam conta da discussão absurda e caíam na gargalhada. – A gente conversa e depois decide o melhor para todos. Ainda tenho o que fazer por aqui, mas não se preocupem que tudo vai dar certo!
-Se assim deseja nossa mãe, assim faremos! – Respondeu D. Alexandre ao ser amparado por Berenice. – Assim nos disse Abaruna, lembra?
-Vai dar certo, sei que vai! - Disse Pedro ao olhar para Luísa e ser retribuído com um leve sorriso. – E mamãe se prepare, porque a história é longa...
De repente, todos são congelados em suas posições e forma-se um quadro estático: Estefânia entra em cena com sua varinha de condão e olhar sempre atento, jogando brilhos dourados por toda a parte e se aproxima dos dois que foram citados anteriormente. Após um breve exame ela balança a cabeça, faz a vida seguir seu curso normal e se afasta para a surpresa de Juripuri, humano guerreiro e também presente entre os galhos da mangueira. Dali em diante, eles cruzariam o caminho do vento até encontrarem uma samaomeira gigante o suficiente para observar de lá o desfecho feliz de cada personagem.
-Senti saudade tua. Faz tempo que eu não lhe via!
-Eu também, você até usou as cores da floresta pra nos visitar do céu... Mas e teu encanto? Eles dois ali... Você não vai?
-Não precisa, é o destino deles. Mais amor que encontrei por aqui, impossível! E como foi lá na tribo?
-Foi tão forte quanto a cena que vi agora. Passei meus dias com o casal mais triste do mundo quando vi o retorno da minha pequena Dinahi e de seus irmãos para eles. O que teve de abraço, mimimi, "ai me perdoe", festa barulhenta na tribo, até me assustei. Credo! Nem Matinta Pereira sem tabaco chora que nem pai Aritana!
-Sua pequena Dinahi? - Indagou Estefânia, meio intrigada. - Mas não eras tu?
-Disse bem, eu era. Hoje sou!
-Acho bom que seja, Juri-Juri! Quanto ao que vimos aqui e na tribo, a ti parece estranho, mas vai entender tudo quando for pai. Maior alegria do que ter dois ou treze filhos por perto é o retorno de todos, depois de um tempo e quando menos se espera. Não tem comparação!
-Desde que eu não chore tanto à ponto de criar um rio só de lágrima... Você tava pra me dizer, mas eu sei que Abaruna está aí no meio deles assim como ele esteve na minha tribo. Se existe alegria e muito amor, ele está!
-Mesmo que as tempestades e provações continuem, ou surjam os encantados malignos, as feiticeiras, as Boiúnas em nossa vida. Ou quando falte a alegria ou amor. Nada disso anula este poder pois ele existe e onde estiver, sempre haverá do amanhecer ao pôr do sol a presença ou o canto de nosso Abaruna...
-Pois bora voltar lá pra terra? Quero ver o velho Domingos fazendo o Pedro virar cavaleiro antes de todo mundo!
-A menos que ele queira esperar e se formar com os outros... É justo! De um jeito ou de outro a promessa fica satisfeita! - E de lá os dois permaneceram de mãos dadas, encostaram a cabeça no ombro do outro e ficaram contemplando os demais desfechos e o canto de Abaruna entoado do mais alto dos céus para a terra onde Dinahi também o escutava e sorria de braços abertos querendo voar quando fora chamada de volta por sua família, toda reunida na maloca.
Por fim nos despedimos para regressarmos à realidade, a não ser que você tenha lido este livro durante o trajeto do ônibus ou escondido dos olhos do professor. Mas isso não quer dizer que os finais felizes acabem por aqui! Seja em nosso mundo ou nos outros há uma série de histórias com seus variados finais; sobre todas elas Abaruna tem o poder de revoar sobre as linhas de espaço-tempo para conhecê-las e garantir que a alegria se faça presente; não como antídoto alienante, mas grande combustível de nossa jornada de desafios, obstáculos e escolhas até o dia de nossa grande conquista. Fazer o que, assim terminam histórias iniciadas com era uma vez ou esta era a vez...
FIM
Autor(a): Ginny Potter
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Comentários da Fanfic 2
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Magda Postado em 07/04/2019 - 15:41:35
ah, eu tenho uma fic baseada em tvd com o casal vondy, caso vc se interesse de ler: https://fanfics.com.br/fanfic/24829/memorias-de-uma-vampira-diego-finalizada
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Magda Postado em 07/04/2019 - 15:40:48
oiie, leitora nova! se quer uma dica, nao posta tudo de uma vez nesse site. Vai postando ao pouco, uns capitulos por dia ou mesmo por semana, tudo de uma vez o proprio site não divulga mt ai vc perde a chance das pessoas verem. Beijito!!