Fanfic: A Volta da Raposa | Tema: Zorro

As sombras da noite já cobriam o vilarejo e a praça central, que normalmente era iluminada por poucos lampiões, estava recebendo o reforço de algumas tochas adicionais para que todos pudessem apreciar o evento que se seguiria dentro de alguns minutos.  

A escuridão dava proteção a Zorro que subia e pulava pelos telhados, tornando-se visível apenas em alguns momentos, quando encontrava a luz do luar.

Do alto de um dos telhados ele pôde observar bem a praça, onde quase todos os moradores pareciam estar reunidos para o grande duelo. Eles queriam testemunhar o que esperavam ser uma grande vitória de Zorro e a despedida definitiva de Monastário.

Menos de cinco minutos faltavam para o horário combinado e o Capitão ordenou que os prisioneiros fossem levados para fora, para o mesmo palanque em que tinham sido torturados poucas horas antes. Eles foram colocados enfileirados lado a lado enquanto Monastário começou a falar.

- Caros cidadãos de Los Angeles! – iniciou seu discurso solenemente - Como vocês podem ver, eu sou um homem de palavra. O relógio marca exatamente 20 horas e eu estou aqui, juntamente dos prisioneiros, disposto a cumprir o trato feito com o bandido Zorro. No entanto, onde é que ele está? Parece que desistiu de tudo. Mas isso não me surpreende, afinal, um covarde jamais cumpriria a sua palavra e...

- Como assim, Capitão? – interrompeu-o uma voz conhecida que vinha de trás da multidão - O senhor achou mesmo que eu não viria? Assim me deixa chateado. Eu só não queria interromper o seu tão solene pronunciamento aos nossos estimados cidadãos.

Zorro já havia descido há algum tempo do telhado de onde observava a praça e resolveu ficar próximo a taverna, mas todos estavam com as atenções voltadas para o falatório do Capitão, que nem perceberam sua presença ali. Ele sequer estava tentando realmente se esconder, só aguardava o momento de se fazer notado.

- E não é que nosso famoso fora-da-lei veio mesmo! – constatou Monastário com um largo sorriso.

- Eu jamais faltaria a um evento dessas proporções!  – disse Zorro enquanto caminhava em meio à multidão, que lhe abria passagem pela praça.

Os prisioneiros se alegraram e não puderam deixar de comemorar a chegada de seu salvador, assim como toda a população. Enquanto ele se aproximava, os soldados o mantinham sob a mira de seus mosquetes.

- Bem, como o senhor pode ver, eu estou aqui para cumprir a minha palavra, agora cumpra a sua. – ordenou o mascarado, quando finalmente chegou próximo ao Capitão, que sorria do alto do palanque.

- Pois bem, Sr. Zorro. Soldados, soltem os prisioneiros. Eles estão livres e já não existem mais acusações sobre eles.

Os prisioneiros foram soltos e correram para os braços de suas famílias. Como haviam combinado, o documento assinado por Monastário e pelas outras três testemunhas, foi entregue a Don Alejandro, que era o último da fila.

- Mas esperem um instante! – Disse Monastário, enquanto traiçoeiramente, puxava Don Alejandro de volta e colocava a espada em sua garganta. Todos ficaram bastante surpresos com aquela atitude, até mesmo os próprios soldados, que não estavam cientes das intenções de seu comandante.

- Mas o que foi que aconteceu, Capitão? – perguntou Garcia, completamente perdido.

- É que eu ainda tenho mais um assunto a tratar com o Sr. Zorro antes de libertar o último prisioneiro. – respondeu seriamente.

- E o que mais você pode desejar de mim, Capitão? – perguntou Zorro, realmente surpreso por tal atitude inesperada - Eu estou aqui disposto a cumprir nosso acordo, mas pelo visto o senhor não está.

Agora o real plano de Monastário finalmente estava se concretizando. Ele não queria apenas acabar com o Zorro, ele queria provar, de uma vez por todas, que ele sempre esteve certo e mostrar a todos que Diego de La Vega e Zorro eram a mesma pessoa. O momento de fazê-lo confessar a verdade diante de toda a população, enfim tinha chegado.

- Eu estou disposto a cumprir meu acordo sim, mas com o verdadeiro Zorro, não com um impostor. – disse ele, deixando a todos bastante confusos e Zorro, curioso.

- Não, meu Capitão, esse não é um impostor, esse é o Zorro mesmo. Eu o conheço muito bem. – disse Garcia achando graça da situação.

- Olhe bem, Sargento – dizia Monastário enquanto olhava cinicamente bem dentro dos olhos de Zorro. – esse não é o Zorro, esse é Diego de La Vega vestido de Zorro, que está tentando libertar o pai.

- Não diga bobagens, Capitão Monastário! – disse Zorro, realmente pego de surpresa. Ele agora começava a entender as verdadeiras intenções do esperto Capitão. – Vamos resolver esse impasse de uma forma bastante simples: eu o vencerei no duelo e assim provarei que sou o verdadeiro Zorro.

- Não. – disse ele, irredutível - Eu reafirmo que você é Diego de La Vega e a única forma de me provar que não o é, é tirando sua máscara diante de todos aqui presentes.

- Isso não fazia parte do acordo! – disse Zorro irritado.

- Mas agora faz! – retrucou Monastário, enquanto pressionava o fio da espada cada vez mais forte contra a garganta de Don Alejandro, que já sentia a fina pele de seu pescoço sendo cortada.

Assim que Zorro viu um filete de sangue escorrer pela garganta de Don Alejandro, ele pulou sobre o palanque e ficou realmente cara a cara com Monastário.

- Vamos, De la Vega, - disse Monastário bem baixinho, tão baixinho que somente os três puderam escutar a conversa – renda-se. Admita que eu finalmente te peguei. A única forma de salvar seu pai é mostrando seu rosto. Das duas uma: ou a população vai achar que o Zorro é um covarde e quem veio duelar no lugar dele foi um impostor, ou eles finalmente saberão que você é o Zorro e que eu estive certo o tempo todo. Das duas formas eu venço!

- Não faça isso, Zorro! Eu estou bem! – implorou o velho fazendeiro, tentando dissuadir o filho a não se revelar, ao ver que as coisas se complicavam cada vez mais.

Zorro olhou em seus olhos e sorriu. Ele se aproximou do pai, que ainda se encontrava em poder de Monastário, e pegou em suas mãos.

- Eu não me importo. – disse ele, aparentemente conformado - Nós sempre soubemos que essa hora chegaria, mais cedo ou mais tarde.