Fanfic: La Descarada – Vondy | Tema: Vondy

Alexandra levantou seus óculos escuros até o meio da cabeça, encarando a casinha amarela de Dulce com horror.
Era a primeira vez que pisava em um lugar tão repugnante quanto aquele bairro e, se não fossem as circunstâncias, sairia correndo dali.
Era completamente diferente de sua realidade, com casas pequenas e feias, coladas umas nas outras, vizinhos barulhentos conversando na calçada e crianças descabeladas correndo descalças pelo chão cheio de pedras.

– Eu não demoro, Pierre. Me espere aqui. – comandou ao motorista.

Rapidamente, ela atravessou a rua, subindo pequenos degraus até chegar a porta. Deu duas batidinhas, ficando impaciente com a demora para atenderem, só faltava não ter ninguém naquela casa.
Não, ela tinha certeza de que Dulce estava. Anahí havia comentado que dera folga a ela naquele dia.

Já ia bater de novo quando a porta foi aberta bruscamente pela figura de Dulce, que se surpreendeu ao ver de quem se tratava.
Alexandra a olhou de cima abaixo, sem disfarçar o seu desgosto. Ela usava um shortinho jeans que deixava as suas pernas torneadas totalmente de fora, junto com uma blusinha de tecido ruim que acabava no meio da barriga, seus cabelos ruivos estavam presos e ela tinha uma vassoura na mão.

O que o seu filho tinha visto naquela mulher vulgar?

– Não vai me convidar para entrar?

Dulce levantou uma sobrancelha, desconfiada e curiosa pelo motivo que levara a sua futura sogra até ali. Ainda relutante, deu um passo para trás, abrindo passagem para a mesma.

Alexandra foi entrando, olhou em volta da sala pequena e constatou que a casa era muito pior por dentro. Os móveis eram todos de segunda mão, antigos e de mau gosto. Seu olhar se fixou no meio da sala, onde havia um sofá velho de dois lugares com uma capa de cor vibrante e cafona. Devagar, ela se aproximou, sentando-se no canto, toda dura, com nojo.

– Sua tia está?

– Não me diga que veio fazer uma visita de cortesia? – ironizou, sentando-se na poltrona à sua frente.

– Claro que não. Mas a conversa que vamos ter é particular, não quero que ninguém ouça.

– Minha tia saiu com uma amiga. Mas eu não entendo o que veio fazer aqui, Alexandra, nós não temos nada o que conversar.

– É aí que você se engana, minha querida. – sorriu cinicamente, cruzando as pernas. – Bela casa.

– Gostou? Pois vai gostar ainda mais da nova em que eu vou morar com o seu filho depois do casamento.

– Se enganou de novo, Dulce. Não vai ter casamento. Esse é o motivo da minha vinda até essa espelunca. Essa sua história com Cristiano já foi longe demais e pelo o que você conhece de mim, já deve saber que eu jamais vou permitir que o meu filho se case com alguém como você.

– Alguém como eu? – indagou, sua voz carregada de sarcasmo.

– Sim, uma mulherzinha sem classe, sem nome, sem nada. Uma oportunista, atrás de um homem rico para se encostar, é isso o que você é. Chega à minha casa com roupas de grife que pega de Annie, mas olhe só como você se veste quando ninguém está olhando. – riu, apontando com desdém.

Dulce fechou as mãos em punhos, fervendo de raiva e de vergonha. Porém, por fora, se manteve impassível, sem demonstrar que se ofendera.

– Foi para isso que veio aqui? Para me humilhar? Você não é ninguém para me julgar, viveu uma vida muito confortável ao lado do seu marido milionário! Não sabe o que é passar por necessidade!

– Dizer a verdade agora é humilhação? Se eu vim até aqui foi para te dar a oportunidade de sair das nossas vidas por bem. Então, diga de uma vez qual é o seu preço para deixar Cristiano em paz. Eu pago o que for, contanto que você desapareça.

Dulce se recostou na poltrona, fingindo pensar na oferta.

– Eu não tenho o dia todo! – rosnou, impaciente.

– Sabe, quando você disse que eu sou uma mulher sem classe, sem nome, sem nada, você acertou, Alexandra. Realmente eu não tenho nada. – riu, se levantando. – Mas sabe quem vai ser o meu passaporte para uma vida de luxo? Exatamente, o seu filhinho.

– Não enquanto eu viver, querida. E eu imaginei que você fosse querer se fazer de difícil, Dulce. Mas para você ver que eu realmente estou disposta a tudo para impedir esse casamento, eu trouxe um adiantamento. – disse, movendo sua mão cheia de anéis para dentro de sua bolsa e tirando de lá um pacote. – De onde veio este, tem muito mais. Basta você cooperar.

– Você realmente não entendeu, Alexandra. – balançou a cabeça. – Para que eu vou me contentar com essa merreca se casada com o seu filho eu vou ter tudo? Você é patética. Dá o fora daqui!

Antes que Alexandra pudesse retrucar, a porta se abriu e por ela entrou Cassandra carregando sacolas.

– Dona Alexandra? A senhora aqui? Que surpresa. – saudou, sem sorrir, estranhando a visita daquela mulher que demonstrou ser muito metida na noite de formatura de Dulce e Anahí.

– Como vai? – perguntou, seca.

– Ela já está de saída, tia. – Dulce falou, caminhando para segurar a porta aberta.

– Isso é jeito de falar, Dulce? Eu te dei educação. Não quer ficar para um café, dona Alexandra? Eu trouxe pão caseiro. Minha amiga que fez, está uma delícia.

– Não, muito obrigada. – recusou, fazendo careta, de jeito nenhum comeria nada ali. – Eu realmente já vou.

– Foi um prazer, então. Pode aparecer quando quiser. Eu vou lá dentro guardar essas coisas, dá licença. – sorriu fraco, entrando para a cozinha.

Levantando-se do sofá, Alexandra limpa as mãos na própria saia, dando um último olhar de desprezo no lugar antes de se dirigir até a saída.

– Fez a escolha errada, Dulce. Você ainda vai se dar muito mal, ordinária. – prometeu, parando à sua frente.

– Vamos ver quem cai primeiro, naja. – desafiou.

É cobra engolindo cobra, meu povo

Volto quando tiver comentários, beijosss