Fanfic: La Descarada – Vondy | Tema: Vondy

Era pouco mais de uma hora da tarde quando Dulce adentrou no restaurante. O vestido vermelho de alças finas com um decote em V na frente, salto agulha, preto, óculos escuros de marca e a cabeleira ruiva causaram um alvoroço no ambiente. Pescoços se viravam conforme ela desfilava até a mesa dos fundos onde Marcus a aguardava babando.

– Achei que tivesse desistido. Está atrasada. – ele falou, puxando a cadeira para ela.

Dulce ergueu uma sobrancelha, retirando os óculos.

– Você quem chegou cedo demais.

Marcus sorriu, passando uma mão pelo maxilar.

– Estou vendo que você não é tão doce quanto o seu nome dá a entender.

Uma luzinha irônica brotou nos olhos de Dulce, seguida de sua risada.

– Eu nunca disse que era.

Após fazer os pedidos, Marcus a segurou pela mão em cima da mesa, acariciando intimamente os nós de seus dedos, seu dorso, até o pulso. Dulce permitiu seus carinhos, indiferente.

– Podemos ir direto ao assunto? – ela indagou, impaciente.

– Por que tem tanto interesse nesse segredo?

– Quero ter algo para me defender.

– Defender? Do que a esposa de um Uckermann precisaria se defender?

– O que você quer com tantas perguntas?

– Saber o que eu vou ganhar por te contar tudo.

– E o que quer?

Abrindo um sorriso malicioso, Marcus levou a mão delicada da mulher até os lábios.

– Você sabe o que eu quero, Dulce. Estou louco por você desde o dia em que te vi naquele elevador.

– E você sabe que eu sou casada com Cristiano. Já me arrisquei muito vindo até aqui escondida dele. Ninguém pode nos ver assim, nunca. Você é o inimigo da família. – mudou o tom, agora muito séria. – A última coisa que eu quero é um ataque de ciúmes do meu insuportável marido.

– Fale a verdade, se casou com ele por interesse, não foi? Pelo o que eu pude descobrir, a sua família não tem um tostão.

– Andou me investigando, Marcus? – rolou os olhos, desvencilhando a sua mão da dele. – Mas você está certo, por amor é que não foi. No jogo da ambição vale tudo e eu usei as minhas cartas para mudar de vida. Você não pode me julgar já que tem um histórico pior do que o meu, querido. Ao contrário de você, eu nunca roubei ninguém. – alfinetou, levando a taça de vinho até a boca pintada de vermelho.

Marcus estreitou os olhos, surpreso com a resposta.

– Vale tudo, é? Já que é tão fria e perversa por que não mata o Cristiano? Assim você se livra dele e de quebra herda toda a sua parte da fortuna

– Porque não sou uma assassina. Gosto de eliminar as pedras no meu caminho sem sujar as mãos. – piscou, inclinando-se um pouco sobre a mesa. – Você tem coragem? Eu lhe dou dez por cento da herança. Você sabe, é muito, muito dinheiro.

Marcus não pôde deixar de sorrir, impressionado com a desenvoltura com a qual ela falava aquelas barbaridades. Como se a vida se Cristiano não significasse nada.
Ele nunca havia matado ninguém, mas também não hesitaria se precisasse, o que não era o caso.

– Também não gosto de sujar as minhas mãos, menina má.

– Menina má?

– Combina com você. É ainda mais calculista do que eu pensei que fosse.

– Está decepcionado? – debochou.

– Pelo contrário, estou ainda mais apaixonado. – declarou, arrancando uma gargalhada de Dulce.

– Vai me contar esse segredo ou não? – perguntou após o garçom servir a mesa.

– Você me convenceu, menina má. Tenho certeza de que vamos nos dar muito bem, e não só na cama.

– Eu nunca disse que iria para a sua cama, Marcus. – deixou claro, sem sorrir.

– Acredite em mim, você vai. – umideceu os lábios, devorando-a com o olhar. – E sobre o segredo, é muito simples: Anahí não é quem ela pensa que é.

– O que isso quer dizer? Ela não é filha do velho Uckermann, é isso? Alexandra pulou a cerca? – questionou, curiosa. – Pensei nisso, mas quero ter a certeza.

– Pelo contrário, Dulce. Ela é sim filha legítima do Vitor. Alexandra é quem não é a sua mãe.

Boquiaberta, Dulce abandonou os talheres sobre a mesa. Estava atônita.

– Tem certeza?

– Claro que tenho certeza, fui eu quem armei para a verdadeira mãe de Anahí seduzir o Vitor e dar o golpe do baú.

– Ah, claro! – negou com a cabeça, abrindo um sorriso cínico. – Está explicado o motivo de todos se submeterem as suas vontades.

– Exatamente. Eu os tenho nas mãos. Nenhum deles quer que a preciosa Anahí descubra que é filha de uma prostituta.

– Prostituta? – a cada minuto a boca de Dulce se abria mais.

– Não sei se sabe, mas eu tenho um cassino em Nova Iorque, foi lá que conheci o Vitor. Ele estava um caco nessa época, a Alexandra não queria aceitar o divórcio e nem abrir mão da guarda de Christopher e Cristiano. Vitor, como o fraco que era, me lembra muito o Cristiano, por sinal, se refugiava todas as noites no meu cassino, bebia todas e se trancava num quarto com uma das minhas meninas. – fez uma pausa, como se saboreasse aquelas lembranças. – Como o meu negócio já não estava indo muito bem, estava começando a faltar dinheiro, eu vi no Uckermann a oportunidade perfeita. Então combinei com uma das putas todo o plano. Prometi que ela estaria feita para o resto da vida se engravidasse o mais rápido possível dele. Dito e feito.

– Ela engravidou? E aí? Como Anahí foi parar com Alexandra? Como ninguém desconfiou quando ela apareceu com um bebê do nada?

– Você já deve conhecer a Alexandra muito bem, o que acha que ela faria numa situação como essa? Vamos, pense. Acha que aquela megera largaria a vida de luxo por conta de uma criança bastarda? Nunca. – garantiu. – Quando Vitor contou sobre a gravidez ela prometeu que não faria um escândalo na imprensa caso ele desistisse do divórcio, nem preciso dizer que ele aceitou. Depois disso, Alexandra foi quem cuidou de tudo. Anunciou para todos que estava grávida e viajou para a Europa com a prostituta, a desculpa foi de que a gravidez era de risco, que seria melhor tratada pelos médicos de lá. Claro que não foi embora sem antes calar a minha boca, começou a me dar uma boa grana mensalmente, além de incluir o meu nome no testamento, o que foi uma exigência minha. Vitor ficou aqui com os meninos, cuidando dos hotéis. Meses depois ela voltou com Anahí recém nascida e está aí até hoje, sustentando essa mentira a qualquer custo.

Chocada, Dulce se recostou na cadeira. Agora o medo, a apreensão de Alexandra ao citar esse segredo fazia todo o sentido.
Uma palavra sobre o passado e puf, todo o seu castelo de areia se desmoronaria.

– E essa mulher, a prostituta, onde está? Qual é o nome dela?

– Eu nunca mais a vi, menina má. Sequer lembro o nome dela.

– Sabe como posso encontrá-la?

– Não. Mas com certeza Alexandra a mantém bem caladinha, como faz comigo. Naquela mansão deve ter alguma pista.

– É, pode ser. – murmurou. – É, você realmente jogou baixo, Marcus. E conseguiu o que queria.

– Como você mesma disse: no jogo da ambição, vale tudo.

Segredo revelado! Alguém conseguiu adivinhar o que era? Haha

Volto quando tiver comentários! Beijos!