Fanfic: La Descarada – Vondy | Tema: Vondy

Apertando o botão de seu andar com brutalidade, Dulce rosnou, passando as mãos fortemente pelos cabelos enquanto o elevador descia até o seu destino.

Christopher não compreendia as suas escolhas, os seus motivos. Mas Dulce não se deixaria desesperar. Aquele era o seu jogo e somente ela sairia vitoriosa.

Era só questão de tempo.

– Ah! Finalmente! Achei que não atenderia nunca esse celular. O Cristiano já ligou três vezes atrás de você, eu inventei umas desculpas mas não sei se ele acreditou, Dul. Você precisa ligar para ele! – Maite tagarelou, nervosa, quando a amiga atendeu sua chamada.

– Fica tranquila, eu já estou voltando. Consegue tirar os armários da porta outra vez?

– Você deu sorte. Eles foram resolver um probleminha que deu no nosso vôo. Vem rápido antes que eles voltem!

– Probleminha?

Ao fundo, Dulce pôde ouvir o toque do telefone da suíte seguido de uma rajada de palavrões proferidos por Maite.

– É o Cristiano, tenho certeza! Eu não vou mais atender, esse cara é sinistro. Liga para ele e volta rápido, Dulce!

Assim que ela encerrou a chamada, Dulce discou para o marido que atendeu na mesma hora.

– Onde você está?! – indagou, alterado.

– Na suíte. O que você quer? – rolou os olhos, seu tom era tedioso.

– Mentirosa. Por que não me atendeu antes?

– Eu estava dormindo, Cristiano. Sabe que horas são aqui? Ou esqueceu que existe fuso horário?

– Não tente me enrolar, Dulce. Dominic me disse que houve um problema no seu vôo de volta, estão querendo cancela-lo, mas eu ordenei que ele resolvesse. Eu quero você aqui hoje! Não pense que vai conseguir ficar mais tempo longe de mim com essa desculpinha, porra!

– O que?! Acha que eu planejei o cancelamento do vôo? – grunhiu, perplexa, saindo do elevador quando o mesmo chegou em seu andar. – Você é louco. Eu vou desligar!

– Não se atreva! Eu não aguento mais ficar longe, quero você aqui. Se não voltar antes do fim do dia eu irei para Paris. Você sabe que eu sou capaz.

– Se aparecer aqui eu juro que peço o divórcio! Não adiantou nada a conversa que tivemos, você continua me sufocando! – berrou, entrando em sua suíte.

– Está avisada. Antes do fim do dia, Dulce! – decretou, desligando.

Jogando o celular longe, Dulce gritou de frustração. Precisava agilizar os seus planos e se livrar de uma vez de Cristiano.

– Tudo bem? – a voz preocupada de Maite questionou.

Quando encarou a amiga, Dulce não pôde deixar de sorrir. Maite fazia sua mala, empurrando diversas peças de roupas e sapatos de grife para dentro de uma mala hermès de veludo.

– Não muito. Mas você parece que se esbaldou, não é?

– Não é todo dia que eu estou em Paris e tenho um cartão de crédito sem limite nas mãos, Dulcete. – justificou, sorrindo de orelha à orelha. – Gostou? Todos lá do bairro vão morrer de inveja!

– Ô, se vão. – riu fraco, suspirando melancolicamente antes de se sentar.

– Que cara é essa?

– Christopher me chutou. O Alfonso disse à ele sobre uma mentira que eu inventei sobre Anahí e quando eu confirmei, ele me desprezou. Me mandou embora. – contou, entre dentes.

– Mas por que você confirmou? Podia ter negado.

– Eu sei. Mas não adiantaria, ele já estava convencido da versão de Alfonso. De qualquer maneira, foi melhor assim, pelo menos eu coloquei para fora tudo o que eu penso. Agora ele sabe que eu não sinto nada por Cristiano, nunca senti. – bufou, inclinado a cabeça para trás no encosto do divã. – Ele me disse coisas horríveis, Mai. Me chamou de invejosa, por causa da Anahí.

Suspirando, Maite deixou sua mala de lado para se sentar ao lado de Dulce.

– Poxa, Dul, procura entender, claro que ele irá querer proteger a irmã. A família sempre...

– Eu entender? E por que ele não me entende? É graças a tudo o que eu fiz que hoje eu tenho a vida que eu mereço! Não me arrependo de nada! Faria tudo de novo para sair daquele vida miserável.

– O que eu quero dizer, é que tudo ficaria muito melhor se você esquecesse Christopher de vez.

Voltando a levantar a cabeça, Dulce a fitou firmemente, fazendo com que Maite sentisse um calafrio subir por sua espinha ao encarar o olhar gélido da amiga.

– Nunca. Christopher é meu. Ele voltará para mim.

– Vai continuar atrás dele? Mesmo depois de toda essa humilhação?

– Não. Ele quem virá até mim, Maite. Querendo ou não, Christopher me ama. Vamos ver se ele vai suportar me ver ser maltratada pelo Cristiano.

– Não acredito que vai usar uma coisa tão horrível para se beneficiar! Você pode acabar morta! – a repreendeu.

A risada perversa de Dulce soou.

– Será? – desdenhou.

[...]

Na mesma noite, Dulce e Maite chegaram ao aeroporto, prontas para embarcar no vôo de volta para o México.
Dominic e Vladimir, passaram o dia se desdobrando para atender às ordens do padrão e conseguir um novo vôo para as duas mulheres.

Aproveitando que ainda tinha tempo antes do embarque, Dulce se dirigiu até a lanchonete do aeroporto para comer um pouco. Sempre ficava nervosa antes de voar e não conseguia comer nada durante o trajeto.

Quando o seu celular tocou, ela cogitou seriamente a hipótese de não atender Cristiano, estava farta daquela situação, enjoada de tudo o que tinha a ver com ele.

No início, ele era suportável, mas agora Dulce já não o aguentava. Em que momento ele havia se transformado naquele homem?

Bufando, ela concluiu que ignorá-lo seria pior.

– O que é, Cristiano? Eu já estou no aeroporto.

– Eu sei. Liguei para pedir desculpas pelo o que eu disse mais cedo, fui muito rude com você. – admitiu.

– Agora vai ser assim? Vai fazer um monte de besteira e depois vir pedir desculpa achando que resolve tudo?

– Não é isso. Eu estou sendo sincero. Não sei, quando se trata de você eu perco a cabeça, gata, fico louco. Só depois eu percebo o estrago que as minhas atitudes causaram. – suspirou. – A minha mãe esteve aqui de manhã e me disse umas coisas que mexeram com a minha cabeça. Ela não acha certo que você viaje sem mim, pensa que você está se divertindo às minhas custas com algum amante.

– E você, como sempre, deu ouvidos à ela! Você sabe que Alexandra não gosta de mim! Nunca gostou! – rosnou.

– Não é bem assim...

– É sim! Ela sabe que consegue te manipular e te coloca contra mim! E você como o fraco que é, acredita, claro. Ela tem você nas mãos. – riu sarcasticamente.

– Ela é a minha mãe! Quer me proteger, me alertar, do que acha errado!

– Isso é o que você quer acreditar, Cristiano. Mas me diga, qual foi a última vez que você agiu pela sua própria vontade sem contar com o nosso casamento? Nem deve se lembrar. Você vive ao modo dela, até a sua carreira foi ela quem escolheu. O que você queria ser mesmo? Oh, sim, piloto de avião. E onde você está? Trabalhando nos hotéis, como é da vontade dela. Você é patético.

– Dulce...

– Não diga nada. Continue sendo um bom cãozinho para a sua mãe, é o que você faz de melhor.