Fanfic: La Descarada – Vondy | Tema: Vondy

As mãos de Catarina apertavam tanto em volta da alça de sua bolsa que as unhas cumpridas estavam começando a perfurar sua pele, mas ela não se importou, sequer sentiu alguma dor. Ela estava em estado de choque desde o encontro com o seu detetive particular naquela tarde, desde o momento em que os seus olhos assistiram ao conteúdo daquele maldito pendrive.

O seu ódio só aumentava conforme as peças do quebra cabeça iam se encaixando em sua mente desesperada. Como pudera ser tão cega? Tanto tempo à procura de uma mulher que estava bem de baixo de seu nariz.

Catarina havia crescido na alta sociedade, onde as pessoas não são reais, usam máscaras, onde o poder e o dinheiro reinam, onde não existem regras para se conseguir o que quer. Ela mesma havia jogado sujo para se tornar e continuar sendo a esposa de Christopher, o homem poderoso ao qual ela fora criada para se casar, mas nada a preparou para aquilo.

Talvez nem em um milhão de anos ela estaria preparada para saber que o seu marido a traía com a própria cunhada. Que enganava não só a ela, mas também ao seu irmão e a toda a família.

Os sons de saltos se aproximando fizeram Catarina erguer a cabeça e a imagem da figura de Dulce entrando no cômodo fez com que ela sentisse vontade de vomitar.

– A que devo a honra de sua visita, Catarina? – sorriu, cínica.

Catarina se levantou, sentindo o seu coração palpitar pela raiva, sem pensar nas consequências de seus atos.

– Eu só vim para poder esfregar na sua cara a vagabunda sem caráter que você é! – explodiu, apontando o dedo.

Sem tirar o sorriso do rosto, Dulce virou-se para Ângela, que estava de prontidão na porta à espera de uma ordem.

– Pode ir. – a mulher obedeceu, saindo dali em passos rápidos. Voltando-se para a visitante, Dulce ergueu uma sobrancelha, cruzando os braços. – Não estou entendendo.

– Ah, não? – riu, cheia de cólera, tirando o seu aparelho celular da bolsa, onde o seu detetive havia enviado todo o conteúdo do pendrive. – Vamos ver se isto refresca a sua memória! – estendeu o celular na direção da mulher.

Semicerrando os olhos, Dulce apanhou o celular, clicando no único arquivo disponível na pasta que havia sido aberta.

Dulce não conseguiu evitar sentir uma pontada de surpresa quando o arquivo carregou e vídeos dela e de Christopher no elevador de seu prédio, aos beijos, pipocaram. Depois, no corredor. No vídeo, Christopher sorria cheio de malícia para algo que ela dizia enquanto brincava com a gravata dele ao mesmo tempo em que, com a outra mão, subia gradativamente a mini saia que usava.
O vídeo termina quando os dois desaparecem agarrados para dentro do apartamento.

Para o espanto de Catarina, ao invés de implorar pelo o seu silêncio e perdão, Dulce explode em uma gargalhada alta.

– Ainda não entendi o porquê de ter vindo aqui, Catarina. Você, finalmente, desvendou o mistério, mas e aí? Quer o que? Que eu te dê os parabéns? – debochou, recompondo-se.

– Você não tem escrúpulos?! Você e ele enganaram todo mundo! Meu Deus, você se casou com o Cristiano. Como eu não pude perceber antes?!

– Não percebeu porque é burra. Se fosse esperta saberia segurar o seu homem. – deu de ombros.

Aquele foi o fim para Catarina. Ela mal percebeu quando acertou o rosto da rival com toda a sua força. Dulce cambaleou para trás, perplexa, a mão indo para o local atingido.

– Não pense que só porque está grávida eu vou ter pena de você. Se me tocar outra vez eu acabo com a sua raça! – prometeu, seus dentes cerrados.

– Se fizer qualquer coisa contra essa criança Christopher vai te odiar. Nosso filho vem em primeiro lugar na vida dele e não você.

– Exatamente, Catarina. Muito bem! Agora você disse tudo! – riu. – Finalmente reconheceu que Christopher só está com você por conta desse pirralho. Ele não está nem aí para você. Nós iríamos fugir, sabia? Estava tudo certo até você aparecer com essa coisa e estragar tudo.

Catarina engoliu em seco, ferida pela revelação. Doía saber que o homem que ela amava a abandonaria por uma qualquer.

– Aproveite enquanto essa criança ainda está aí dentro, porque assim que nascer, você já era. Christopher e eu vamos ficar juntos. Ele me ama e é a mim que ele quer. Só a mim!

– Cala a boca! Nunca! Nunca vai ficar com ele! Nunca vão se livrar de mim! Se isso acontecer, Dulce, você será obrigada a conviver comigo e com o meu filho pelo resto da vida. Eu sempre serei a mãe do filho dele!

– Acha que isso me abala? – negou com a cabeça, soltando uma risada irônica. – Na verdade, é até um favor que você me faz tendo esse fedelho, assim eu não preciso estragar o meu corpo em uma gestação e nem fingir que gosto de crianças.

– Sua cadela suja! Eu te odeio! – berrou, jogando os vasos da decoração da casa pelos ares. Dulce se desviou dos cacos que voavam, correu até Catarina e a segurou pelos braços antes que a mesma tivesse a chance de pegar outro vaso. – Me larga!

Com o joelho, Dulce acertou Catarina que conseguiu libertar uma das mãos e acertar outro tapa no rosto da mulher. Pega de surpresa, Dulce tropeçou nos próprios saltos e caiu no chão. Sua cabeça bateu com força e tudo girou.

Descontrolada, Catarina pegou um dos cacos de porcelana espalhados no piso e apontou como uma arma para a inimiga.

– Sabe o que eu vou fazer com isso, sua desgraçada? Vou acabar com esse seu rostinho tão bonito! – gargalhou sadicamente, seus olhos vermelhos pelas lágrimas que desciam por suas bochechas. – Vamos ver se Christopher ainda vai te querer com essa sua cara imunda toda desfigurada!

Quando Catarina se aproximou o suficiente dela, Dulce lhe deu uma rasteira com um dos pés. A mesma caiu no chão, fazendo com que a arma pontiaguda caísse para longe.
Aproveitando o momento, Dulce montou sobre ela e suas mãos se fecharam em volta de seu pescoço de forma violenta.

– Eu disse que não ia ter pena de você se ousasse me bater outra vez! Se continuar tentando medir forças comigo sou eu quem vou desfigurar sua cara! – gritou no rosto da mulher que tinha os olhos arregalados em busca de ar.

Tateando a mão pelo chão, Catarina encontrou outro pedaço de um dos vasos quebrados e, sem pensar duas vezes, fincou no braço de Dulce que gritou, caindo para o lado por conta da dor cortante.

– Dona Dulce, meu Deus! – Ângela interviu, apavorada, ajudando a patroa a se levantar. Tinha ouvido toda a gritaria da cozinha e, ao contrário dos outros empregados, achou melhor se meter e evitar uma tragédia.

– Tira essa maldita daqui, Ângela! Chame os seguranças!

– Piranha! Eu vou te matar! – a outra xingou em meio a tosse, massageando o pescoço sensível.

De repente, os olhos de Dulce se fixaram estáticos no abdômen de Catarina. Com a luta corporal de ambas, a barriga de silicone havia se desprendido e saído do lugar.

– Falsa?! – balbuciou, paralisada, segurando-se em sua funcionária ao sentir suas pernas vacilarem.

Abalada, Catarina enxugou suas lágrimas, tentando controlar sua respiração alterada.

– Cada um usa as armas que tem. – declarou, pegando a sua bolsa para sair dali.

Mas antes que ela pudesse atravessar o cômodo, seus cabelos foram agarrados com força por trás.

– Até que é você bem espertinha! E ainda teve a cara de pau de vir até aqui me dar lição de moral! – grunhiu, ignorando os gemidos de dor da mulher. – Christopher vai adorar saber que o filho que ele tanto adora é vento! Não existe!

– Meu cabelo, sua vaca! – vociferou, desvencilhando-se do aperto e gritando ainda mais ao perceber que o seu aplique ficara nas mãos de Dulce. – Pobretona desgraçada! Olha só o que você fez!

– Pelo o amor de Deus, senhora, vai embora! Os vizinhos devem ter escutado tudo, alguém já deve ter chamado a polícia! – Ângela implorou, aflita.

– Quem pediu a opinião da empregadinha? – a olhou com desprezo. – Mas eu vou sim. Não aguento olhar mais nem um minuto para cara dessa aí. Ah, e só mais uma coisa: se contar alguma coisa para o Christopher, eu digo tudo para o Cristiano. Não duvide, eu tenho provas.

– Foda-se as suas provas! Sai da minha casa! Sai!

– Eu vou acabar com você, Dulce! Eu juro que vou! – ameaçou antes de correr para a saída.

– Por tudo que é mais sagrado, dona Dulce, a senhora precisa ir ao hospital! O seu braço está sangrando muito! – Ângela voltou a falar, nervosa, tentando conter o sangramento com um tecido.

Dulce olhou para o ferimento, surpresa pelo tamanho do corte. A adrenalina correndo em suas veias não permitia que ela sentisse nenhuma dor, tudo o que conseguia sentir naquele momento era ódio.
Precisa agir rápido, antes que Catarina, em sua tamanha estupidez, cumprisse sua promessa.

– Diga ao motorista para tirar o carro da garagem.

– Mas senhora...

– Agora, Ângela! – ordenou, caminhando para apanhar a barriga de silicone deixada por Catarina.

– Para o hospital, senhora Uckermann? – o motorista questionou ao notar o ferimento da patroa quando adentrou no veículo.

– Não. Vá o mais rápido possível para o hotel.

O que será que a Dulce vai fazer?

Volto quando tiver comentários, beijão!