Christopher

Há um mês atrás eu achava que estava tudo normal.

Mas eu disse bem. Achava.

Não estava tudo bem.

Agora eu não tinha mais a minha mãe para me contar suas histórias, ou me dar conselhos, nem meu pai para passar o tempo resolvendo questões de álgebra, muito menos meu irmão para encher o meu saco e discutir sobre qualquer coisa, para no fim começarmos a rir ao perceber o quão idiota somos por brigar por algo banal.

Agora, após o enterro, eu só tinha uma casa vazia, cheia de recordações e um sentimento de dor incontrolável que me deixava desnortiado.

Eu só sabia de uma única coisa, Fernando Saviñón iria pagar pelo que fez.

Por cada lágrima que minha mãe derramou, antes de morrer.

Por cada soco que meu pai levou, antes de morrer.

E pelo sumiço do meu irmão.

Ele pagaria caro.

Parado no último degrau da escada, eu deixei minhas lágrimas caírem pelo meu rosto enquanto me lembrava da última recordação com minha família reunida, e feliz, no jantar de domingo, na casa de um amigo.

Lembro do sorriso da minha mãe quando papai elogiou seu vestido prateado, e de como eles dançaram trocando olhares, olhares do tipo que eu me questionava se encontraria alguém para trocá-los comigo algum dia.

Terminei o último degrau e dei as costas para minha antiga casa, pegando minha mala e me direcionando para a porta.

Ficaria em um hotel até comprar uma casa nova.

Iria vender essa algum dia que tivesse coragem, mas por enquanto não queria mais ficar alí, era doloroso ao ponto insuportável permanecer mais tempo.

O táxi que pedi estava me esperando, e quando saí trancando a porta, o motorista me ajudou a por a mala no porta malas.

Durante o trajeto até o hotel central de Madrid, eu comecei a traçar meu plano.

Sabia por onde começar?

Até o momento, tudo que tinha me informado sobre Fernando Saviñón era que morava no Brasil, com sua esposa e filha, e que era sócio do meu pai. Só que eu sabia que havia algo a mais. Eu tinha razões fortes para acreditar naquilo.
Só precisava achar a tal carta que Mike comentou com alguém no telefone.

Tudo indicava que aquela carta era a peça chave de tudo, e eu precisava saber o que estava nela, e aonde ela estava agora.

— Senhor Uckermann? Chegamos. — o taxista fala, e só então percebo que estavamos parados havia um bom tempo.

Eu lhe dou uma nota de cinqüenta euros, sem me importar que deveria receber trinta de troco, achando justo que o homem tivesse uma gorjeta a mais por não fazer interrogatórios ou perguntas desnecessárias sobre a morte de meus pais, que era o assunto do momento na TV.

Entrei no hotel com minha mala e uns óculos escuros, para não mostrar meus olhos vermelhos devido horas de choro como um bebê desolado. Meu pai sempre me disse que um homem sábio não expõe suas feridas para a compaixão dos outros.

Eu pedi um quarto de solteiro normal, e apenas me deitei mais um pouco para esquecer a realidade por algumas horinhas a mais. Dentro de 4 dias teria de assumir a empresa.

Com apenas 23 anos seria o novo responsável por todo aquele império, e deveria estar orgulhoso, mas antes a felicidade ao receber a notícia era mais abrasadora, agora era apenas uma consequência de uma tragédia.

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Continua no próximo capítulo.

Comentem o que acharem das mudanças que farei no contexto da fanfic. Prometo não mudar muito 😸.

O que será que aconteceu ein?

Perdão pela demora, tava sem tempo. Mas agr vai ksksksms

Jucinaira- Acho que vou mesmo. Ksksksk
Seja bem vindaa 🌸