Fanfic: Eu Estive Aqui - Adaptada - Portiñón/Vondy | Tema: Rebelde
13
De volta ao quarto de Any, Ucker abre seu e-mail, faz uma busca pelo nome dela e uma tela inteira de mensagens aparece. Ele sai da cadeira e eu me sento em seu lugar. Repete vem saltitando pela porta aberta para arranhar as caixas de papelão.
Começo pelo início, pelos e-mails em que eles ainda estão flertando, todas aquelas mensagens sobre Keith Moon e Rolling Stones. Olho para Ucker.
– Continue lendo – instrui ele.
Eu obedeço. Os flertes ficam mais intensos. Os e-mails, mais longos. E então eles transam.
É um divisor de águas. Depois disso, os e-mails de Ucker ficam mais distantes e Any parece meio desesperada. As mensagens dela ficam simplesmente esquisitas. Talvez se tivessem sido escritas para mim, não teriam parecido tão esquisitas assim. Mas são para Ucker, um cara com quem transou uma vez. Ela escreveu páginas e páginas a respeito de si mesma, tudo sobre a vida dela, os gatos, eu; parece um diário muito detalhado.
Quanto mais ele tentava afastá-la mais ela escrevia. Mas não de um jeito totalmente sem noção. Estava claro que Any sabia que aquilo tudo era estranho, porque terminava várias mensagens – que podiam chegar a oito ou dez páginas – precisando de algum tipo de reafirmação: Ainda somos amigos, não é? Como se estivesse pedindo permissão para continuar a lhe contar tudo aquilo. Fico constrangida ao ler as mensagens, e não só por mim, mas por ela também. É por isso que ela apagou as mensagens enviadas?
Ela continuou a enviar esses e-mails para Ucker mais ou menos de dois em dois dias, durante várias semanas, e é impossível ler todos, não só por serem muito longos, mas porque estão me dando um nó no estômago. Any faz referência a mensagens de texto que enviou e telefonemas que deu para ele. Quando pergunto a Ucker com que frequência ela fazia isso, ele não me responde. E, então, vejo um dos seus últimos e-mails para ela: Arranje outra pessoa com quem conversar. E, logo depois desse e-mail: Você precisa me deixar em paz. Me lembro do último e-mail que Any lhe enviou: Não precisa mais se preocupar comigo.
Preciso parar. Ucker agora está olhando para mim com uma expressão que eu não gosto. Prefiro o babaca arrogante e afetado de algumas noites atrás. Porque quero odiar Christopher Uckermann. Não quero que ele me olhe com cara de coitado. Não quero que ele pareça vulnerável, quase carente, como se quisesse algum tipo de reafirmação. E com certeza não quero que ele tenha uma atitude generosa, como se oferecer para ficar com os gatinhos. E é o que ele faz.
Fico apenas olhando para ele. Como se perguntasse: Quem é você?
– Posso deixá-los com a minha mãe na próxima vez que for a Bend. A casa dela é praticamente um zoológico de qualquer maneira, então ela não vai se importar com mais dois gatos de rua.
– E até lá?
– Eu moro numa casa em Seattle. Tem um quintal, e o pessoal que mora comigo é vegano, defensores dos direitos dos animais, logo não podem se recusar, ou correm o risco de parecer hipócritas.
– Por que você faria isso?
Não sei por que estou questionando os motivos dele. Preciso encontrar um lar para os gatos; Ucker é a única pessoa disposta a aceitá-los. Eu deveria calar a boca.
– Achei que tinha acabado de explicar. – O grunhido está de volta à sua voz, o que é um alívio.
Mas, pela maneira como Ucker olha para tudo no quarto, menos para mim, acho que ele sabe que não explicou o porquê, não exatamente. E, pela maneira como estou olhando para tudo no quarto, menos para ele, sei que não preciso que ele explique.
***
Na manhã seguinte, Ucker passa para pegar os gatos quanto estou terminando de fechar as últimas caixas com fita adesiva. Coloco Grapette e Repete na caixa de transporte, junto todos os brinquedos dos bichanos e os entrego a ele.
– Para onde você está indo? – pergunta Ucker.
– Para o correio, e depois para a rodoviária.
– Posso dar uma carona.
– Não precisa. Vou chamar um táxi.
Um dos gatos mia.
– Não seja boba: você teria que pagar dois táxis.
Fico com medo de Ucker retirar sua oferta de adotar os gatos, e de ser esse o motivo para me oferecer carona, mas ele já começou a colocar as bolsas no porta-malas e os gatos na traseira. O carro está imundo, cheio de latinhas de Red Bull vazias, cheirando a cigarro. Um casaquinho com lantejoulas está embolado no banco de trás.
Harry Kang, o morador misterioso da república, nos ajuda a colocar as caixas no carro.
Embora não tenhamos trocado duas palavras durante toda a minha estadia ali, ele agarra minha mão e pede:
– Por favor, diga à família de Any que minha família tem orado por eles todos os dias. – Ele me encara fixamente por mais alguns instantes. – Vou pedir para eles orarem por você também.
E, ainda que as pessoas estejam me dizendo esse tipo de merda o tempo todo desde que Any morreu, as palavras inesperadas de Harry me dão um nó na garganta.
Grapette e Repete miam durante todo o trajeto até o correio, e Ucker fica com eles, esperando no carro, enquanto eu despacho as caixas. Então, ele me leva até a rodoviária a tempo de pegar o ônibus de uma da tarde. Chegarei em casa na hora da janta. Não que vá ter alguma janta à minha espera.
Os gatos continuam a miar o tempo todo e, pelo cheiro, quando chegamos à rodoviária, um deles já fez xixi. A essa altura, estou convencida de que ele vai me dizer que mudou de ideia, que se ofereceu para adotá-los só para se vingar do meu e-mail sobre a camisa.
Mas Ucker não faz isso. Abro a porta do carro e ele apenas diz baixinho:
– Se cuida, Cody.
De repente, sinto vontade de levar os gatos comigo. A ideia de voltar para casa sozinha me deixa arrasada. Por mais que queira ficar a quilômetros de distância de Christopher Uckermann, agora que estou fazendo exatamente isso, percebo o alívio que é dividir este fardo com alguém.
– Obrigada. Você também. Tenha uma vida boa.
Não é bem isso que quero dizer; acabo soando petulante. Mas talvez isso seja o melhor que você pode desejar para alguém.
Compartilhe este capítulo:
Autor(a): Joy
Este autor(a) escreve mais 3 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo
14 O ônibus fica parado nas montanhas por causa de um pneu furado, então eu perco minha conexão em Ellensburg e só chego em casa depois da meia-noite. Durmo até as oito da manhã, vou limpar a casa dos Thomas e, à noite, levo as duas bolsas até a casa do Portillas. Toco a campainha, algo que raramente fazia antes, e Sco ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 24
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
capitania_12 Postado em 10/07/2019 - 12:39:28
Aaaaah. Terminou. . amei,essa fanfic abordou um tema bastante importante. . Obrigadaa
-
capitania_12 Postado em 07/07/2019 - 18:12:50
Ihu, continua
-
capitania_12 Postado em 05/07/2019 - 20:14:25
Continua
-
capitania_12 Postado em 02/07/2019 - 19:48:48
Continua aaaaaaaa
-
Manuzinhaa Postado em 01/07/2019 - 20:11:24
Meu deus do céu, preciso q tu continueeee
-
capitania_12 Postado em 27/06/2019 - 20:23:46
Continua
-
capitania_12 Postado em 26/06/2019 - 22:48:19
Porraaaaaaa. Tá muito FODA, continua
-
Gabiih Postado em 24/06/2019 - 16:32:01
Leitora nova continua
-
capitania_12 Postado em 24/06/2019 - 15:38:46
Continua
-
manuzinhacandy Postado em 24/06/2019 - 00:41:29
Continuaa...