Fanfics Brasil - Melhores Amigas Eu Estive Aqui - Adaptada - Portiñón/Vondy

Fanfic: Eu Estive Aqui - Adaptada - Portiñón/Vondy | Tema: Rebelde


Capítulo: Melhores Amigas

318 visualizações Denunciar


3


Já escrevi uns dez elogios fúnebres para Any, imaginando todas as coisas que poderia dizer a respeito dela. Como quando nos conhecemos na primeira semana do jardim de infância e ela fez um desenho de nós duas, como nossos nomes e mais algumas palavras que eu não entendi, pois, ao contrário de Any, ainda não sabia ler nem escrever. " Está escrito melhores amigas", explicou ela. E, como todas as coisas que Any queria ou previa, isso se tornou realidade. Poderia dizer que ainda tenho esse desenho. que o guardo em uma caixinha de metal que contém todas as minhas coisas mais importantes e que ele está vincado por conta da idade e de tanto ser visto.


Ou poderia falar que Any sabia coisas sobre as pessoas que elas próprias talvez não soubessem. Como, por exemplo, a quantidade exata de espirros que você dá de uma só vez; parece que existe um padrão para cada um. O meu era três. Scottie e Marichelo, quatro. Enrique, dois. O de Any era cinco. Ela também se lembrava do que você estava vestindo em cada ocasião especial, em cada Halloween. Era tipo o arquivo da minha história. E a criadora dela também, já que passei quase todos os meus dias de Halloween com Any, geralmente vestindo alguma fantasia que ela havia criado.


Ou talvez pudesse falar da obsessão de Any por canções sobre vaga-lumes. Começou no nono ano, quando ela comprou um single em vinil de uma banda chamada Heavens to Betsy.
Ela me arrastou para o seu quarto e me colocou para ouvir o disco riscado naquela vitrola antiga que comprara por 1 dólar em um bazar de igreja e consertara sozinha, com a ajuda de alguns vídeos instrutivos do YouTube. And you will never know how it feels to light up the
sky. You will never know how it feels to be a firefly. Nós nunca saberemos qual é a sensação de iluminar o céu como um vaga-lume... A voz de Corin Tucker era ao mesmo tempo forte e vulnerável, de um jeito que parecia quase sobre-humano.


Depois de descobrir a Heavens to Betsy, Any tomou para si a missão de encontrar todas as canções boas sobre vaga-lumes. No melhor estilo Any, em poucas semanas ela já havia reunido uma lista gigantesca. “Você por acaso já viu um vaga-lume?”, perguntei.
Eu sabia que não. Como eu, Any nunca tinha ido para nenhum lugar a leste das Montanhas Rochosas. “Ainda tenho tempo”, afirmou ela, abrindo os braços, como se quisesse demonstrar quanta vida havia lá fora, à sua espera.


***


Enrique e Marichelo pediram que eu falasse na primeira cerimônia, a maior de todas, que deveria ter sido realizada na igreja católica que os Portilas frequentavam havia anos. Porém, o padre Grady, embora fosse amigo da família, era um homem que seguia as regras. Ele disse ao pai e à mãe de Any que sua filha havia cometido um pecado mortal, portanto sua alma não seria aceita no céu e que seu corpo teria que ir para um cemitério que não fosse católico.
A última parte era ainda um pouco mais complicada. A polícia demorou um bom tempo para liberar o corpo. Aparentemente, o veneno que ela havia usado era raro. Ninguém que conhecesse Any se surpreendeu com esse dado. Ela nunca usava roupas de marca, sempre escutava bandas das quais ninguém tinha ouvido falar. É claro que encontrara algum veneno obscuro para ingerir.


O caixão sobre o qual todos choraram naquela primeira cerimônia estava vazio e não houve enterro. Entreouvi Xavier, o tio de Any, dizer à namorada que talvez fosse melhor que nunca houvesse. Ninguém sabia o que escrever na lápide. “Tudo acaba parecendo uma censura”, ponderou ele.
Tentei escrever um elogio fúnebre para aquela missa. Juro. Cheguei a pegar o CD de canções sobre vaga-lumes que Any gravara para me inspirar. A terceira era “Fireflies”, dos Bishop Allen. Acho que nunca tinha prestado atenção na letra, porque, quando a ouvi de verdade, foi como se tivesse recebido um tapa do além:


It says you can still forgive her.


And she will forgive you back.



Mas não sei se ainda posso perdoá-la. E não sei se ela me perdoou também. Falei para Enrique e Marichelo que sentia muito, mas que não podia fazer um elogio fúnebre, pois não conseguia pensar em nada para dizer.
Foi a primeira vez que menti para eles.


 


 


 


                    Tradução da música :" Fireflies " Bishop Allen 



                                              " Ele diz que você ainda pode perdoá-la




                                                          E ela vai perdoá-lo de volta"




Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Joy

Este autor(a) escreve mais 3 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

4 A cerimônia de hoje é no Rotary Club, então não é um evento religioso oficial, embora o orador seja uma espécie de reverendo. Não sei de onde eles saem, todos esses oradores que nem conheciam Any direito. Ao final, Marichelo me convida para outra recepção em sua casa.Eu costumava passar tanto tempo na casa de A ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 24



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • capitania_12 Postado em 10/07/2019 - 12:39:28

    Aaaaah. Terminou. . amei,essa fanfic abordou um tema bastante importante. . Obrigadaa

  • capitania_12 Postado em 07/07/2019 - 18:12:50

    Ihu, continua

  • capitania_12 Postado em 05/07/2019 - 20:14:25

    Continua

  • capitania_12 Postado em 02/07/2019 - 19:48:48

    Continua aaaaaaaa

  • Manuzinhaa Postado em 01/07/2019 - 20:11:24

    Meu deus do céu, preciso q tu continueeee

  • capitania_12 Postado em 27/06/2019 - 20:23:46

    Continua

  • capitania_12 Postado em 26/06/2019 - 22:48:19

    Porraaaaaaa. Tá muito FODA, continua

  • Gabiih Postado em 24/06/2019 - 16:32:01

    Leitora nova continua

  • capitania_12 Postado em 24/06/2019 - 15:38:46

    Continua

  • manuzinhacandy Postado em 24/06/2019 - 00:41:29

    Continuaa...


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais