Fanfic: Um professor para chamar de meu | Tema: Vondy

Monterrey - México.

Quando peguei minhas malas e fui para o portão de desembarque do pequeno aeroporto, tirei os fones de ouvido o colocando em minha nuca e olhei ao redor atrás de Carlos Daniel.

Empurrei meu carrinho mais adiante me desviando de algumas pessoas e percebi um homem segurando uma placa com o meu nome escrito errado.

Revirei os olhos.

Carlos Daniel poderia ao menos ter mandado alguém com o meu nome certo, não? Empurrei o carrinho até o homem que aparentava ter uns sessenta anos e tinha  bonitos olhos azuis.

Parei em sua frente.

Xxx: Daniela Maria? - perguntou em espanhol. Eu odiava esse idioma. 

Dulce: Dulce. Dulce Maria.  - o corrigi.

O senhor olhou para a placa em mãos e negou com a cabeça. Falou bem rápido me confundindo toda.

Tentei entender o que falou e acho que pediu desculpas pela forma que me olhou, ele indicou o caminho para fora do aeroporto e gentilmente pegou o carrinho. Agradeci em inglês, mas lembrei que estava em outro país e que eu precisava falar o idioma dele.

Por isso, me esforcei em agradecer em Espanhol. O senhor deu um meio sorriso, dava para ver que ele estava se divertindo as minhas custas. O ajudei a colocar minhas malas no carro e logo estávamos dentro e ele deu a partida.

O ar era puro, o sol parecia ser bem mais quente e apesar de ter pessoas ao redor em cada rua que passávamos, eu já sentia falta de Boston. O senhor estava concetrado na direção e mal prestava atenção em mim, encostei minha cabeça no estofado e fechei os olhos.

Fazia poucas horas que estava fora dos E.U.A e já sentia uma saudade do meu país sem tamanho. Nasci e cresci em Los Angeles, mas aos quinze anos eu e minha mãe nos mudamos para Boston.

E aos dezessete anos estou no interior do México. Indo para uma casa na qual ninguém me suportava, nem mesmo o cara que me concebeu, mas como ele era meu pai tinha certezas obrigações.

E ficar com minha guarda quando minha mãe morreu faz duas semanas, era sua maior obrigação. Mesmo quando ele mal sabia o nome da filha. Sou filha mais velha de Carlos Daniel, sou fruto de uma noite de sexo e álcool. Assim que soube que eu estava a caminho, apenas disse que iria dar uma pensão e pulou fora.

Minha mãe me criou com todo o conforto que eu merecia, segundo ela, Rachel Green era filha de um importante cirurgião chefe e de uma famosa artista plástica e pintora. Ambos mortos em um terrível atentado no Egito quando tiravam longas férias.

Eu tinha cinco anos na época e lembro de minha mãe chorar todas as noites. Com a morte deles e de ser a única filha, a única herdeira, ganhou a fortuna de meus avós nos dando uma vida ainda mais confortável do que antes. 

Nunca usou um centavo da pensão que Carlos Daniel dava todos os meses e nunca mais teve um único contato com ele desde que soube que quatro semanas depois de engravida-la, ele se casou com sua atual esposa Camila Ferrari. Não lembro de uma única vez ele ligando pra mim ou mandando presentes, cresci sem um pai e não consigo ver Carlos Daniel assim.

Rachel nunca se casou, apenas trabalhava naquilo que mais gostava: dentes, era cirurgiã dentista e se dedicava cem por cento a mim. Eu era a menina de seus olhos, sua princesa, sua vida e ela era a minha vida.

Éramos grudadas.

Sempre formos.

E quando ela se foi uma parte minha se foi junto com ela. Senti minha garganta arder e meus olhos encherem de lágrimas mais uma vez naquele dia.

Suspirei.

Eu já chorei tanto.

Estava tão sozinha.

Não tinha amigos.

Não tinha parentes.

Não tinha ninguém.

Era só eu.

Apenas eu.