Quando a campa tocou, ajeitamos as cadeiras e todos começaram a sair, estava fazendo isso, quando o professor me chamou mais uma vez. Ele estava com as mãos no bolso e sorrindo.

Christian: Foi um prazer Dulce.

Apenas assenti e sai da sala.

Em três minutos eu entrava na sala de francês e para minha "sorte" Marian estava sentada na frente conversando com suas duas amigas. Assim que me viu, torceu a boca e virou a cara.

Ótimo.

Era claro que teríamos pelo menos uma aula juntas. Claro.

Sentei no fundo, vendo os olhares curiosos sobre mim. As duas amigas de Marian faziam cara feia pra mim, eu quis rir, isso era tão infantil cara.

Uma mulher loira, alta e muito bonita entrou na sala já falando "bonjour" e colocando os óculos de sol na cabeça, ela tinha nas mãos um copo de café e nessa mesma mão, a mesma aliança que o professor Sebastian de sociologia usava.

Eu estou falando, cada aula parecia alguém bonito. Parecia até um colégio de modelos. Todos bonitos e jovens. Ela deixou o café na mesa e sentou na cadeira de forma elegante.

Começou a fazer a chamada. 

Quando chegou no meu nome levantou a cabeça e eu respondi. Ela sorriu.

Xxx: Bem vinda Dulce. Sou Angelique Rulli professora de Francês, Inglês e Artes também. 

Apenas assenti dando um meio sorriso.

Marian: Professora a senhora não ia passar uma prova hoje? - levantou a mão e empinou o queixo - A senhora pediu para lembra-la disso.

Angelique: Sim. Mas..- deixou a chamada de lado - Dulce entrou agora e não seria justo fazer isso com ela - levantou da cadeira.

Marian: E é justo fazer os alunos estudarem e virarem a noite para fazer uma prova que a senhora não irá passar por causa de uma única aluna? - disse fingindo indignação.

Revirei os olhos.

Angelique: Marian eu..

Dulce: Passez le test. Je parle couramment le français.(Faça o teste.  Eu falo francês fluentemente). - falei alto o bastante para todos ouvir.

Os olhos de Angelique brilharam.

Marian franziu o cenho.

Angelique: Muito bem. - tirou vários papéis de uma pasta - A prova está muito fácil, é tudo o que já estudamos até agora - distribuiu as provas.

Quando chegou até mim, ela demorou um pouco mais para entregar. 

Angelique: Pronúncia perfeita. Têm até sotaque. Onde aprendeu a falar?

Dulce: Minha avó era francesa. Herança de família. - respondi.

Angelique: Também sou francesa, mas com dois anos vim para o México. - sorriu - Nem precisa de sorte. - entregou a prova me fazendo rir.

Agradesci em francês.

A prova estava muito fácil, terminei ela em cinco minutos. Angelique sorria abertamente enquanto corrigia minha prova lentamente. Quando enfim bateu a campa, Marian foi a última a entregar e parecia meia confusa.

Rindo sai da sala.

Estude mais francês irmãzinha.

Corri para a sala de Química e cheguei bem antes de Christopher,  sentei no fundo junto com Maite, Eddy e Zoraida, mais uma vez Eddy estava ao meu lado e Zoraida parecia encomodada.

Maite: Preparada? - sorriu.

Dulce: Não. -  dei de ombros.

Eddy: Está linda. - falou do nada.

Acabei ficando sem jeito. Não estava acostumada a ganhar elogios. 

Zoraida: Ela estar vestida igual a todas as meninas idiota - bufou.

Eddy: Eu falei isso alto? - fez careta.

Dulce: Falou e obrigada.

Maite: A baba está escorrendo...- avisou.

Eddy ficou sem graça.

Christopher: Bom dia. - entrou fechando a porta e indo para sua mesa.

Todos falaram bom dia pra ele, menos eu, é claro. Christopher usava uma camisa azul escura, uma calça preta, o tênis era da..Adidas? O cabelo estava um pouco bagunçado, como se ele tivesse muita preguiça de pentea-lo.

Na verdade ele precisava de um corte.

Christopher: Estou com a sua prova senhorita Espinosa - me encarou enquanto tirava um papel de sua pasta, aquela mesma pasta que bateu na minha cabeça - Natacha, por favor, poderia ir para o lugar dela e deixa-la sentar no seu lugar? - pediu para a garota da saia curta demais em sua frente.

Por que será da saia curta? Eu quis revirar os olhos.

Que nojenta.

A tal Natacha parecia decepcionada  mas fez o que ele pediu. Respirando fundo, peguei minhas coisas e fui para o lugar dela, que era de frente para a mesa dele, a cadeira ficava quase colada.

Ouvi um "boa sorte" de Maite.

Ao meu lado, ficava mais duas meninas, mas essas um pouco mais afastadas da mesa, já eu, me sentia sentada no colo dele de tão perto. Christopher me entregou a prova e mandou a turma abrir o livro na página 87 e fazer os exercícios do livro em silêncio.

Em seguida, sentou em sua cadeira.

Aiii meu Deus.

Eu só sabia o meu nome.

Quer dizer, eu acho que sabia sim

Era só prestar atenção nas perguntas e lembrar do que estudei. Só isso.

Comecei a responder.

Christopher: De caneta - avisou.

Ele quer que eu faça os cálculos de caneta? Respirei fundo e peguei uma caneta azul do meu estojo.

Christopher: Caneta preta. - falou sem me olhar e corrigindo várias provas.

Revirei os olhos.

Ele era um cretino. 

Tanto faz a cor da caneta.

Tentei me concentrar na prova e respondi quase a metade das questões de cálculo, conforme ia fazendo fui lembrando do quê estudei ontem.

Certo momento olhei para a mesa e ele estava olhando pra mim. 

Dulce: Algum problema?

Ele não respondeu.

Não dar vontade de matar uma criatura dessa? Voltei para a prova e errei uma questão, peguei o corretivo mas antes que eu pudesse passar a voz dele me impediu na hora.

Christopher: Passe isso e eu tiro a prova de você agora mesmo. - falou de forma baixa e séria - E lanço um zero imediato no sistema de notas.

Dulce: Mas eu errei...- murmurei.

Christopher: O problema não é meu se você errou, não passe isso. Está avisada senhorita Espinosa. - me encarou.

Olhei para o corretivo e pela primeira vez quis enfiar aquele objeto no lugar onde o sol não bate em alguém, mas precisamente nele. Que babaca!

Christopher: Vai continuar me olhando ou irá terminar sua prova? - olhou no relógio de seu pulso -  Faltam apenas cinco minutos para bater.

Respirei fundo mais UMA VEZ naquela manhã e voltei para a prova, quando terminei a campa bateu. Christopher guardou suas coisas e falou para a turma que pegava a atividade do livro na próxima aula, que seria na sexta.

Entreguei minha prova pra ele, que pegou e largou dentro da pasta de qualquer jeito. Peguei minhas coisas e sai da sala o mais rápido possível para não voar em cima dele.

Zoraida: Estou morta de fome..- falou assim que me ajuntei ao grupo ainda no corredor - Essa atividade esta bem fácil.

Maite: Estar mesmo. - sorriu - Acha que foi bem na prova? - me encarou.

Andávamos em direção ao refeitório.

Dulce: Acho que vou pegar o mínimo para passar. Ele é muito chato. - bufei.

Eddy: Pelo menos irá passar. - consolou.

Maite e Zoraida foram comprar seus lanches e eu me sentei junto com Eddy na mesma mesa de ontem. Marian entrou no refeitório rindo com suas duas amigas e se ajuntou na mesa com os mesmo dois garotos de ontem.

Dulce: Não vai comprar seu lanche?

Eddy: Não estou afim de comer torta de frango - fez careta - E o cardápio de hoje não é nada que eu goste. E você?

Dulce: Estou sem fome. 

Eddy: O quê achou da metade do seu segundo dia aqui? 

Dulce: Tranquilo. Depois eu tenho Geografia e Inglês. Sabe, eu ainda não conheço todo o colégio, as quadras esportivas, o auditório e vi no mapa que tem até uma academia.

Eddy: Posso te mostrar agora se quiser, ainda temos muito tempo. E não estamos fazendo nada mesmo.

Dulce: Eu quero. - levantei - Hoje estou afim de andar. - brinquei.

Ele riu.

Saímos do refeitório.

Eddy: Quando terminar o colégio, quer fazer o quê? - entrou em um assunto.

Dulce: Pra ser sincera eu..- toquei no meu colar de rubi - Não gosto de planejar o futuro, gosto de viver o presente, viver o agora.

Eddy: Nem pensa numa faculdade?

Dulce: Como eu disse, eu quero apenas viver o agora e o agora é terminar o colégio, apenas isso. Mas talvez eu faça uma longa viagem depois da nossa formatura, conhecer vários países. - falei um pouco enrolado mas ele entendeu.

Por que eu estou abrindo minha boca?

Passamos em frente de várias salas de aulas vazias. Todos estavam espalhados pelo colégio ou no refeitório.

Eddy: Nasceu em Boston?

Dulce: Não. Los Angeles, mas me mudei para Boston já tem um bom tempo. 

Eddy: Estou me inscrevendo para uma faculdade em Boston desde do ano passado, falta apenas entregar a redação sobre mim, coisa que é bem difícil da fazer, mais do que aprender o inglês - confessou.

Fiquei surpresa.

Dulce: Coincidência, não? Eu chego de Boston, você quer ir pra lá. - brinquei falando em inglês. - Mas por que Boston? - entramos num longo corredor.

Eddy: É lá onde fica os melhores médicos do mundo. Os melhores hospitais também. Queria muito fazer medicina, eu amo essa área, salvar vidas, entender todos os nervos do corpo. - respondeu em um inglês com sotaque.

Mordi os lábios.

Dulce: Gosta de biologia?

Eddy: Adoro. - riu.

Dulce: Eu também. - sorri. - Na redação só seja verdadeiro. Fale sobre você mas sem exageros, eu tenho certeza que irá ser aceito. Suas notas são boas, é um dos melhores alunos, não tem faltas.

Eddy: Como sabe disso tudo?

Dulce: É só olhar pra você. Acertei?

Eddy: Pior que sim. Não sabia que tinha cara de nerd - riu.

Passamos em frente da secretaria.

Dulce: Tem um pouquinho, mas não se preocupa, continua lindo. - ri.

Eddy: Fico aliviado.

Dulce: Já pensou em ser modelo?

Christopher: Senhorita Espinosa? - falou atrás da gente. Nós viramos.

Ele segurava um papel nas mãos.

Dulce: O quê foi? 

De onde ele saiu? 

Christopher se aproximou mais.

Christopher: Pode nós dar licença ? - pediu para Eddy que assentiu.

Eddy: Claro. Depois continuamos com o passeio. Vou voltar para o refeitório. - se afastou sumindo do corredor.  

Christopher: Estou com o resultado da sua prova. - me entregou.

Peguei o papel.

Dulce: Mas já? - olhei a nota.

Arregalei os olhos.

Vocês acham que Christopher pega muito no pé da Dulce desde que ela chegou? Kkkkk 

COMENTEM!!!!