O professor Gustavo era bem sério, mas suas explicações bem claras. Eu não gostava muito de filosofia, mas como teria que fazer essa matéria, faria muito bem feito. Ia tirar apenas notas altas.

Quando a campa bateu, fui para uma sala próxima. Era Ed.fisica. A professora morena, jovem e bonita já estava na sala quando cheguei. Ela fez a chamada e me desejou boas vindas. 

Avisou que iamos para a quadra.

A maioria da turma gritou animada.

Já eu suspirei.

O vestiário ficava ao lado da quadra, então, todo mundo foi pra lá. Mas eu segui a professora Ana Brenda para a quadra, que por sinal, era enorme e coberta, era a primeira de três que o colégio têm. Muito bonita.

Dulce: Professora? - falei baixo.

Ana: Oi. - sorri - Algum problema?

Estávamos no meio da quadra e sozinhas. Ela usava uma calça legue preta, uma blusa de basquete que, por sinal, ficou grande nela e um tênis branco de uma marca famosa.

Dulce: Eu poderia não fazer hoje nenhuma atividade? - pedi.

Ana: Senhorita..

Dulce: Por favor! Estou naqueles dias e doi demais. Sabe como é, né? - inventei.

Ela ficou pensativa.

Ana: Ok. Mas na próxima aula terá que fazer. Uma das regras do colégio exige a prática da ed.fisica e poderá ficar livre dela apenas se apresentar um laudo médico específico que diga estar impossibilitada. - avisou.

Dulce: Obrigada! - sorri.

Ela assentiu.

Fui para arquibancada e fiquei olhando ela preparar a aula. Logo a turma voltou e ela passou uma série de exercícios físicos com vários objetos como: corda, bola, cone e etc.

Fiquei olhando a turma.

Eu deveria pensar desde agora, qual seria a minha próxima desculpa para não fazer essas aulas. 

Suspirei.

.........

Quando a campa bateu, a turma foi trocar de roupa e eu fui guardar minhas coisas no armário. Encontrei com Maite e pedi para ela avisar o pai dela para me buscar apenas mais tarde.

Eddy se despediu de mim com outro beijo no rosto. Maite olhou estranho para o amigo. Perdi alguma coisa? Quando eles saíram, fui para a sala de reforço seguindo o mapa.

Quando entrei no corredor das salas de reforço, passei em frente à uma sala que estava com a porta aberta. E a voz grossa e meia rouca preenchia quase todo o corredor. Além dele ser bonito, sua voz também era bonita.

Mas ele era um babaca.

Marian estava em frente de sua mesa com as mãos ao queixo e cara de sofrida, enquanto Christopher falava sobre química inorgânica. Os dois estavam intertidos e não me viram. Marian fingia prestar atenção, mas na verdade olhava intensamente para Christopher.

E Christopher dando aula.

A porta estava aberta.

Eles não estavam de fato sozinhos.

Passei despercebida.

Outras salas também tinha outros professores e alunos. Alguns com a porta fechada, outros aberta. Pablo estava apagando o quadro quando, enfim, entrei na sala. 

Dulce: Desculpa a demora. - pedi encostando a porta.

Pablo: Nem percebi..- olhou as horas no relógio de pulso - Preparada? - indicou a cadeira em frente da mesa.

Dulce: Não. - sentei - Não gosto do idioma. - fui sincera.

Pablo: Depois do inglês, o espanhol é a língua universal. Língua considerada muito bonita. Por que não gosta? - ele estava curioso.

Dei de ombros.

Dulce: Só não fui com a cara. 

Ele riu.

Pablo: Pretendo fazê-la mudar de ideia ainda sobre esse seu não gostar - garantiu e pegou alguns papéis - Vamos começar? - me entregou um.

Respirei fundo.

A aula foi ainda melhor do que imaginei, os papéis eram vários textos. Primeiro ele pediu para que eu copiesse em uma outra folha e depois pediu para que eu lê-se, em seguida, que eu fala-se o que entendi sobre o texto.

Falei por alguns minutos. Várias vezes ele parava e me corrigia. Depois de um tempo, ele me deu uma pausa na leitura e voltei a terminar de escrever os textos no papel dele. Estávamos em silêncio.

Pablo: Isso é um cordão? - olhava para minha garganta, já que a farda cobria todo o meu colo.

Toquei no colar.

Dulce: É sim. 

Pablo: Parece ser diferente da maioria dos cordões das outras alunas. - franziu o cenho. Deveria ser porque o cordão era uma simples cordinha preta, o que realmente importava ficava mais baixo, era pequeno e de família.

Dulce: Ele é. É de família. 

Pablo: Seu pai te deu?

Dulce: Não. Minha mãe. - tirei de dentro da blusa e mostrei pra ele a linda e pequena rubi como um pingente.

Pablo: Muito bonito. - tentou  automaticamente tocar.

Dulce: Não. Por favor não. - voltei a guardar apressada - Não toque. 

Pablo: Desculpe. - ficou sem jeito.

Eu tinha uma coisa com o cordão, ninguém além de mim podia tocar. Eu não sabia explicar, mas eu entrava em pânico quando alguém ameaçava tocar nele, o guardava e o protegia como se fosse minha própria vida. 

Dulce: Não é o senhor. É que não consigo deixar ninguém tocar.

Pablo assentiu.

Pablo: Senhor? - fez careta - Me chama de você. Não sou tão velho assim.

Dulce: Reparei que já foi me chamando pelo nome. - franzi o cenho.

Pablo: Chamo meus alunos pelo nome mesmo. Acho que usar o sobrenome deixa a relação de professor e aluno muito longe e séria. 

Dulce: Acho que tem razão. - sorri.

Pablo: Vamos continuar? 

Dulce: Vamos!

Voltamos para os textos, meia hora depois, nos despedimos e fui para fora do colégio. Henrique já estava abrindo a porta para Marian, entrei no carro e logo ele deu a partida.

Marian me encarou, pensei que fosse falar alguma coisa, mas apenas negou com a cabeça. Estava sorridente.

Olhei a rua pouco movimentada.

.........

Depois de um banho, desci para almoçar e encontrei apenas Marian e Olivia na mesa, Camila e os gêmeos tinham ido na empresa de Carlos Daniel. Fabiana estava em pé ao lado da mesa.

Não gostava de fazer a refeição com ela ou outra pessoa ao meu lado em pé. Não tinha necessidade para isso. Olivia mexia os talheres sem vontade.

Marian mais mexia no celular do que comia e eu me esforçava a comer. 

Dulce: Tudo bem Olivia? - a encarei.

Ela assentiu.

Marian: É melhor se acostumar irmãzinha, Olivia sempre tem essa cara de mosca morta. O que foi agora? Perdeu a aula de história? - falou encarando o celular.

Olivia: Hoje não Marian. - pediu. - Estou bem sim - deu um meio sorriso.

Não falei mais nada.

Marian foi a primeira deixar a mesa, mandou Fabiana chamar Henrique e avisou que iria para a casa de Danna, tinha novidades para falar com ela.

Olivia revirou os olhos.

Quando Fabiana retirou a mesa e ficamos sozinhas, voltei a perguntar.

Dulce: Você parece bem...triste?

Olivia: Só estou cansada. Daqui a pouco tenho aulas - suspirou.

Dulce: Você ao menos descansa?

Olivia: Só na aula de natação e..

Dulce: Desculpa mas sua mãe é louca, você vive em aula. O que Carlos Daniel fala sobre isso? - isso era doença.

Olivia: Ele não diz nada. Acha que eu dou conta de tudo. Eu até dou, mas é tão cansativo - respirou fundo.

Neguei.

Dulce: Vai acabar doente. - murmurei.

Olivia: Não tenho tempo para doença. - colocou as mãos na cabeça - Só preciso dormir. O dia inteiro..- murmurou.

Dulce: Então dorme. 

Olivia: Não conhece minha mãe. - riu sem humor.

Dulce: Na boa Olivia, Marian faz o quê quer e ela não liga. Por que só você tem que se matar para fazer o que ela quer? 

Olivia ficou pensativa.

Olivia: Ela sempre foi assim comigo. Talvez tenha razão. - me encarou - Não vou fazer nenhuma aula. Hoje não vou fazer nada além de dormir.

Dulce: Isso aí garota - bati palmas.

Ela riu.

Olivia: Vou cancelar as aulas. - levantou - Obrigada Dulce. - sorriu.

Dei de ombros.

Dulce: Só tenha bons sonhos.

Olivia: Eu vou ter. - garantiu.

Observei ela se afastar.

Levantei e caminhei até a cozinha.

O que Maite estava fazendo agora?

O que acharam do professor Pablo? Vou postar o capítulo narrado pelo Christopher mais pra frente, mas eu posso fazer um capítulo narrado pelo Pablo, nele irá mostrar o que os professores falam ou pensam na sala dos professores e Christopher irá estar lá, poderão saber o que ele escuta sobre a Dulce, a reação dele e o que ele fala dela.

Querem?

Então..

COMENTEM!!!!