Fanfic: Um professor para chamar de meu | Tema: Vondy
Tintas, quadros, avental, pincel, apoiador e uma Maite concentrada estavam no meio no meu quarto. Eu e ela estamos lado a lado, de frente para a janela que dar para o jardim.
Estávamos pintando uma obra da minha avó, atividade que Angelique ia pegar na próxima aula, Maite precisou pesquisar na internet as obras dela. Eu fingi que também pesquisei, mas na verdade, já tinha em mente uma vista.
Ia mudar apenas algumas cores.
Os quadros eram pequenos.
Tinha pedido para Henrique comprar pra gente assim que entrei no carro depois da minha consulta, ele me deixou e foi fazer o que pedi. Maite e eu almoçamos na cozinha e agora estamos aqui pintando.
E falando em consulta, Altaír e eu ficamos o resto do tempo conversando sobre relacionamentos e a minha cidade natal. Ela amava Los Angeles. Mas na verdade, quem não ama Hollywood?
Altaír era legal, divertida, mas eu não estava pronta para falar dos pesadelos e muito menos da minha ficha completa, o único psicólogo que sabe, está em Los Angeles e me pegou logo no início.
Maite: Acho que terminei..- deixou o pincel de lado e encarou o quadro.
Encarei a pintura dela.
Hum...
Estava bonito.
Na verdade estava exótico.
Aquilo era um coelho?
Mordi os lábios.
Dulce: Acho que se você pegar esse roxo..- molhei o pincel na tinta - Com esse verde..- passei por cima do quadro fazendo círculos no desenho - Irá ficar ainda melhor - terminei.
Ela riu.
Maite: Agora sim parece um vaso com ilusão das flores - negou - Sou uma droga mesmo. Charlotte ia se envergonhar com isso.
Dulce: Não. Ela ia te dar uma aula sem fim, até você aprender. - ri.
Minha avó era tão legal, tão doce.
Maite riu assentindo.
Maite: Acho que sim. - olhou meu quadro e arregalou os olhos - Meu Deus...
Mordi os lábios.
Também encarei meu quadro.
Maite: Está maravilhoso - chegou mais perto - E idêntico ao original - olhou para janela e para o quadro encantada.
Dulce: O Jardim é o que mais me chamou atenção nessa casa. É a parte que eu mais gosto também. - sorri.
Maite: Você pinta tão bem Dul. - elogiou com os olhos brilhando - De quem puxou esse dom? É perfeito! - olhava o quadro.
Suspirei.
Dulce: Acho que é de família..- sussurrei.
Ela sorriu.
Toquei no meu colar.
.........
Sai do meu quarto mais cedo para o jantar, Camila e Carlos Daniel ainda não estavam em casa, Olivia tinha ido na casa de uma colega para estudar, Marian estava trancada no quarto e Maite estava ocupada na cozinha.
Eu ia descer as escadas, mas ouvi risadas vindo do quarto dos gêmeos. Acabei me aproximando. A porta estava aberta e os dois estavam sentados no chão com uma bolsa no meio deles.
Os dois estavam tirando algo da bolsa e passando na cara de cabeça baixa.
Bati na porta levemente.
Dulce: Oi..- murmurei.
Ambos me olharam assustados.
Acabei rindo olhando a cara deles.
Dulce: Por acaso essa maquiagem é da Marian? - a bolsa com certeza era dela. Era uma prada da coleção passada.
Os gêmeos se encararam.
Eles estavam sujos de batom vermelho, base, pó compacto, lápis preto e com uma sombra verde nos olhos.
Um deles pegou a bolsa e jogou para o outro lado do quarto e me deu as costas. O outro imitou o irmão. Franzi o cenho.
Entrei no quarto.
Dulce: O que foi?
Acho que Gael me respondeu.
Gael: Mamãe mandou não falar com você nunca - ainda estava de costa.
Dulce: Por quê?
Rael: Por quê você é má - respondeu - E quer roubar o nosso pai.
Era claro que ela ia dizer isso.
Dulce: A mãe de vocês...- É UMA CADELA - se enganou, eu não vou tirar o pai de vocês nunca. - me defendi.
Eles não responderam.
Suspirei.
Dulce: Por que não me olham?
Eles mais uma vez se encararam, então voltaram a me olhar. Olhei todo o quarto com atenção, era com decoração de bichos, natureza, bem exótico.
Dulce: Gostam de animais?
Rael: Eu amo o Leão - sorriu.
Gael: E eu o leopardo - também sorriu.
Dulce: Também gosto de animais - sorri.
Gael/Rael: Qual?
Dulce: Cachorro, Coelho, Gato, Pato..
Gael: Eu gosto de elefante, mas o papai não quis comprar pra gente - negou fazendo um bico enorme.
Rael: E eu pedi uma girafa mas a mamãe não deixou também - fez outro bico.
Ri de novo.
Dulce: É complicado comprar um elefante e uma girafa mesmo. Mas vocês acham que alguém que gosta de animais pode ser mal? - cruzei os braços.
Eles se encararam.
Rael: Eu não sei. - me olhou torto - Mamãe falou que você não gosta da gente e quer o papai só pra você.
Dulce: Sabe o que eu acho? - fiquei na mesma altura deles - Que desde que cheguei aqui a gente nunca se conheceu de verdade, vamos mudar isso?
Gael: Mudar o quê? - não entendeu.
Dulce: Eu sou a irmã de vocês e quero brincar com vocês. Quero conhecer vocês, são meus irmãos e vou amar se a gente fosse amigos - sorri - Vocês querem ser meus amigos?
Eles se encararam.
Rael: Eu não sei...- olhou o chão - A mamãe grita muito quando a gente não obedece ela - fez careta.
Gael: Gosta de macaco? - me olhou meio ansioso esperando a resposta.
Dulce: Eu..acho que sim. Por quê?
Eles se encaram de novo.
Rael: Gosta de pintar? - falou baixo.
Dulce: Adoro pintar - sorri.
Então, os dois iguais á minha frente começaram a pular, comemorar e se jogaram em cima de mim. Ri tentando abraçar os gêmeos.
Rael: Posso ter o cabelo igual o seu? - pediu animado em cima de mim.
Gael: Posso dormir na sua cama? - perguntou o outro animado.
Dulce: Acho que sim. - pisquei surpresa pela mudança de comportamento.
Rael: Vêm pintar vêm Dulce - me puxou pela mão para o outro lado do quarto, onde ficava uma parte para os brinquedos e uma mesa grande de criança com cadeiras.
A mesa tinha vários papéis e pincel.
Gael: Sabe desenhar um macaco? - perguntou enquanto também me puxava para a mesa.
Dulce: Sei desenhar tudo crianças - garanti para os gêmeos.
Eles comemoraram.
Sentei no chão porque aquelas cadeiras não iam nunca me aguentar, e ao lado deles pintei igual quando era criança, ri, fiz eles rirem, nós divertimos muito apenas com papel e pincel.
Ali com eles, percebi que tinha realizado um desejo de criança, de ter irmãos e brincar com eles de pintar. Em certo momento toquei no meu colar.
E sorri.
"CADÊ A MINHA BOLSAAAAAA SEUS PESTES DO CAPETA" - gritou Marian furiosa pelo corredor.
Os gêmeos se encararam na hora assustados e com a cara ainda pintada.
Gael/Rael: NÃO FOI A GENTE - gritaram de volta e em seguida riram.
Acabei rindo.
........
Marian ficou de cara fechada durante todo o jantar, ela tinha entrado no quarto deles furiosa e quando olhou para a cara deles, soltou um grito e pegou um travesseiro jogando em cima dos gêmeos. Em seguida, pegou a bolsa dela de volta e saiu batendo a porta.
Os gêmeos com o travesseiro na mão, começaram uma guerra de travesseiro e acabamos na cama de um deles jogando os travesseiros um nós outros. Maite que nos chamou para jantar e ficou surpresa com nós três se divertindo.
Olivia estava distraída, Camila me olhava de cara feia e Carlos Daniel, bom, esse também me olhava, mas de uma forma meio diferente. Seu semblante era preocupado, mas seus olhos tinham um brilho enquanto me olhavam.
Me forcei a comer.
Hoje decidi ficar para a sobremesa.
Olivia foi a primeira sair da mesa.
Depois Marian e os gêmeos.
E por último Camila.
Ficou apenas eu e Carlos Daniel.
Dulce: Está me olhando assim por quê? - empurrei o prato agora vazio.
Carlos: Assim como?
Dulce: Seu semblante está preocupado, mas seus olhos brilham quando me olha, por que disso? - fitei seus olhos.
Carlos: Estou com uns problemas na minha empresa que não me deixam em paz - negou - Mas hoje, quando cheguei Maite me contou onde você estava.
Desviei o olhar.
Carlos: Não sabe como fico feliz que esteja conhecendo seus irmãos - sorriu.
Suspirei.
Dulce: São meus irmãos, né? - fingi não me importar muito com isso.
Carlos: E...- enrolou - Eu..eu também queria que me desse uma chance, assim como está dando ao seus irmãos.
Ri e neguei com a cabeça.
Dulce: Eu dei essa chance. - falei irônica.
Carlos: N..
Dulce: Assim que estava na barriga da minha mãe, eu dei essa chance para que fosse o meu pai, mas você não me quis. - o encarei - Nunca me quis. E só porque estou conhecendo meus irmãos, não quer dizer que quero conhecer você também. - falei séria - Não sou mas uma criança, sei muito bem que eles não têm culpa por você ter escolhido eles, ao invés de mim. - levantei da cadeira.
Carlos: Dulce se você me ouvisse, se me desse uma chance de explicar o por que de..- o interrompi de novo.
Dulce: Não existe uma explicação para alguém que abandona seu filho, exceto em casos financeiros, quando o pai ou a mãe não tem a mínima condição de criar o próprio filho e eles doam para o bem do bebê, mas isso nunca foi o seu caso - abri os braços indicando a sala de jantar luxuosa - Dinheiro você tem de sobra, sempre teve, pagava uma pensão generosa e acabou, nunca me procurou, nunca quis saber de mim, nunca me ligou ou mandou uma mensagem, nunca foi me ver, nunca mandou um presente...
Ele tinha os olhos baixos.
E eu me controlava para não chorar.
Dulce: Nunca esteve no meu aniversário, no natal ou no ano novo e nem muito menos na porra do maldito dia dos pais - levantei um pouco a voz - Não me colocou para dormir, não passou a madrugada acordado comigo, nunca me fez arrotar, nunca trocou a minha frauda, não viu qual foi minha primeira palavra, nem quando dei os meus primeiros passos, não estava quando comecei a crescer um centímetro ou quando meu primeiro dente caiu, não estava me abraçando de madrugada quando eu acordava gritando por causa de um pesadelo, não estava comigo no meu primeiro dia de aula, nem quando levei meu primeiro dez, não me ensinou a andar de bicicleta, não me contou uma história antes de dormir, não estava comigo quando ficava doente, ou quando quebrei meu braço, nunca brincou comigo e nem assistiu o meu desenho favorito. - deixei uma lágrima cair - Mas sabe o que mais me doi? Sabe o que mais me doi Carlos Daniel? É você não ter estado lá quando eu mais precisei de um pai, quando me senti perdida, sem ar, sem vida, quando a minha mãe morreu, foi quando me vi completamente sozinha. Sem ninguém...
Fechei os olhos para controlar as lágrimas e respirei fundo. Voltei abri-los e Carlos Daniel fitava a mesa de cabeça baixa sem reagir ao meu ataque.
Neguei.
E sai da sala.
Tranquei meu quarto e me joguei na cama querendo desesperadamente sumir pra sempre. Isso doía tanto, mexer nessa ferida de "pai" e "sozinha".
Voltei a chorar igual uma criança.
...........
Já era mais de três horas da manhã, mas eu não conseguia dormir. Olhava o teto me lembrando de um belo rosto masculino que tinha invadido minha mente e se recusava a sair de lá.
Foi pensando naquele belo rosto que consegui me acalmar. A forma como a boca dele ficava quando estava bravo ou como sua sobrancelha se contrai quando estava irritado. Ou como seus olhos demonstravam irritação...
Quando dei por mim, estava no banco em frente para uma pequena tela, pintando traços daqueles belo rosto com apenas a luz da lua clareando o quarto, mordi os lábios destacando muito bem o seus perfeitos lábios carnudos e chamativos.
E assim fiquei por horas.
Autor(a): sra.savion
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 622
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jessicadm Postado em 12/11/2020 - 22:21:04
Uma história tão boa parar aí
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jessicadm Postado em 12/11/2020 - 22:20:44
Bem que vc poderia voltar
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Mary_VondyandADR Postado em 01/09/2020 - 19:51:02
Continuaaa, ja li sua fic 2 vezes e amooo
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jessicadm Postado em 04/08/2020 - 19:44:47
Cadê vc?
mmc200 Postado em 19/08/2020 - 20:14:54
Ela sumiu do nada,você não sabe uma forma de entrar em contato com ela?
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mmc200 Postado em 16/07/2020 - 20:12:28
Continua por favor
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dudinhah Postado em 07/07/2020 - 22:30:08
Cadê vc???
mmc200 Postado em 16/07/2020 - 20:13:20
Vc sabe pq ela parou de postar??
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dudinhah Postado em 31/05/2020 - 14:54:28
Continua
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jessicadm Postado em 23/05/2020 - 08:56:19
Cadê vc , espero que esteja bem Por favor não abandona a história não ela é muito Linda e tem várias pessoas aqui como eu morrendo de curiosidade para saber o final dessa história linda #VOLTA #CONTINUAPOSTANDO
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dulaureliano Postado em 08/04/2020 - 13:31:08
Continuaaaaaaa pleaseeeeee you ansiosa demais pra ler o que vai rolar na viagem
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Giullya Postado em 04/04/2020 - 22:54:33
Manaaaa, cadê você? Espero que esteja tudo bem, se cuide por conta do coronavirus... lave bem as mãos e esteja segura, bjo♡