Acordei sentindo uma carícia no meu cabelo, abri os olhos dando de cara com  Chris que sorria olhando pra mim, dei um sorrisinho.

Christopher: Bom dia. 

Dulce: Bom dia. - murmurei. - Acordou que horas? - olhei a janela do quarto. Estava bem claro com um lindo sol.

Christopher: Quatro e meia, mas voltei a dormir e acordei seis horas. Fiquei admirando você dormir, parece um anjo dormindo. - sorriu.

Sentei na cama ajeitando meu cabelo.

Dulce: Você apagou. Quando cheguei estava dormindo. 

Christopher: Você demorou e eu acabei dormindo mesmo. 

Dulce: Desculpa. Mas se eu não fosse com ele..

Christopher: Não precisa se desculpar, ele é seu pai. Precisa se aproximar dele mesmo. Ele só veio na hora errada.

Sorri sem graça.

Dulce: É..

Christopher: Está vermelhinha.

Dulce: Não estou. - revirei os olhos.

Ele riu enquanto se aproximava mais de mim e me dava um beijo na bochecha.

Estava tudo calado, até ouvirmos gritos e som de uma bateria e guitarra e mais gritos animados.

Sorri.

Dulce: O meu presente chegou. - levantei da cama - Vou tomar uma ducha e você fica aqui. - mandei.

Christopher: Vai trancar a porta?

Dulce: Aqui! - mandei de novo enquanto ia para o closet e depois para o banheiro ouvindo os instrumentos soando alto.

Não tranquei a porta do banheiro, tomei uma boa ducha enquanto ouvia o barulho que os gêmeos faziam, quando sai do chuveiro o barulho parou, escovei os dentes e sai do banheiro já vestida.

Christopher estava em pé, de costa para o banheiro, falava no celular, olhava o jardim distraído. E estava sem camisa. Não fiz nenhum tipo de barulho e fiquei parada admirando sua larga costa e sua bunda também.

Como alguém podia ser tão lindo?

Christopher riu.

Christopher: Vou ver quando vou poder ir pra ir - fez uma pausa - Preciso falar com ele sobre isso.

Franzi o cenho reconhecedo o idioma.

Christopher falava inglês?

E falava muito bem.

Não tinha nenhum pouco de sotaque.

Era um inglês perfeito, igual o meu.

Christopher: Também te amo. - desligou e se virou - Eiii.

Dulce: Você fala inglês tão perfeito. Por quê não me contou que sabia falar?

Christopher: Ah..então...- hesitou - Eu falo muito bem mesmo, porque eu sou igual a você. - deu um meio sorriso.

Dulce: Igual a mim?

Christopher: Sou americano. Também nasci em Los Angeles. 

Fiquei surpresa.

Dulce: Não é mexicano? Fala muito bem espanhol também. Nunca ia imaginar isso, por que não me contou? 

Christopher: Uma pergunta de cada vez. 

O fitei séria.

Dulce: Não gosto que escondam as coisas de mim. Sabe disso.

Christopher: Também odeia mentira. Eu sei também. Mas eu não escondi nada..- se aproximou de mim - Só não comentei sobre isso com você.

Dulce: Você nunca comenta nada sobre sua vida. 

Christopher: Minha vida não é tão interessante assim. E também, quando estamos juntos, a última coisa que eu quero fazer é perder tempo falando sobre mim, enquanto podemos fazer uma coisa bem melhor.

Dulce: Para quem falou eu te amo?

Christopher: Minha mãe. 

Hum.

Dulce: Como assim é americano?

Christopher: Senta. - pediu.

Fiz o que pediu e ele ficou ao meu lado na cama.

Christopher: Vou falar um pouco sobre minha vida. Meu pai era mexicano e também era piloto, ou seja, não parava em um só lugar. Em uma das paradas dele em Los Angeles, ele conheceu minha mãe e se casou com ela, ela também é americana e também nasceu em Los Angeles, pouco tempo depois eu nasci e...

Dulce: E..?

Christopher: Você me perguntou se eu era galinha porque não gostava de relacionamentos e eu falei que era algo mais pessoal. Conforme eu ia crescendo eu via como Vitor tratava minha mãe.

Dulce: Vitor...seu pai?

Christopher: Sim. Eu cresci vendo todas as brigas deles, vendo a porcaria de casamento que eles tinham, vendo como ele tratava minha mãe - olhou pro Jardim - Eu tinha seis anos quando ele chegou de uma viagem e era a hora do jantar, minha mãe não sabia que ele ia voltar pra casa naquele dia, por isso, fez uma comida rápida e ele não gostou, jogou a comida quente na cara da minha mãe e gritou com ela. 

Fiquei sem reação.

Christopher: Vitor era um monstro, gritava, batia na minha mãe, ela sempre tentava me preservar para que eu não soubesse o que acontecia, apanhava calada para que eu não escutasse, mas no outro dia ela estava toda roxa, machucada era impossível esconder, ele ofendia ela e ela sempre aguentava tudo calada por minha causa. Fui crescendo e nem de longe ele e eu éramos pai e filho, pareciamos dois estranhos, minha mãe aguentou muita coisa por causa de mim.

Caramba.

Christopher: Ele era muito cafajeste, não escondia as traições dele. E também tinha problemas com bebida e adorava uma confusão. Toda vez que bebia, ficava mais violento e sempre atacava minha mãe. Quando isso acontecia, minha mãe com medo dele me bater também, me escondia dentro do guarda roupa e fingia brincar comigo de se esconder..- fez uma pausa - No outro dia, ela inventava os machucados dizendo que tinha batido na porta, na cama sem querer. E isso foi acontecendo, até os meus quartoze anos, uma vez ele tinha chegado do trabalho, tinha ido beber e foi pra casa bêbado, ele chegou já querendo bater nela e eu não aguentando mas aquilo, peguei uma faca e..- não conseguiu terminar.

Dulce: O que aconteceu depois? - toquei em seu ombro carinhosa.

Christopher: Não está com medo de mim? Eu machuquei o monstro que o meu pai era. - olhou para minha mão em seu ombro e depois pra mim.

Dulce: Claro que não. Você defendeu sua mãe. Nunca vou ter medo de você.

Christopher: Eu fui detido e ele foi para o hospital. A perfuração não foi tão profunda, por isso, depois de uma cirurgia ele ficou bom. Vitor não deu queixa de mim, mas minha mãe deu queixa dele. Ele foi preso depois que saiu do hospital, mas conseguiu ficar em um hotel até o julgamento. Isso durou até descobrirem que ele além de ser casado com minha mãe, também era casado com outra mulher no México.

Dulce: Seu pai era bígamo?

Christopher: Ele já era casado quando casou com minha mãe. Já tinha uma família quando eu nasci, Alfonso é só quase dois anos mais velho do que eu. Ele foi preso na hora e ficou por quase três meses preso, a mulher com quem ele se casou primeiro, mãe do Alfonso que é a legítima esposa dele, o casamento dele com minha mãe foi anulado, na verdade, não valia nada. Depois disso, o advogado dele conseguiu que ele respondesse todo esse processo em liberdade, também conseguiu que ele trabalhasse normalmente, em uma dessas viagens dele, ele resolver sair do aeroporto para dar uma volta e acabou morrendo em um atentado.

Atentado...

Christopher: Quando ele morreu, o corpo foi enviado para a mãe do Alfonso que enterrou ele na capital. Alfonso e eu nunca nós conhecemos, só quando eu decidi morar no México depois da faculdade, Vitor tinha deixado uma das casas dele pra mim. Alfonso era diretor de um colégio e eu professor.

Dulce: Qual país seu pai morreu?

Christopher: No Egito. Ele nunca saia do aeroporto mas dessa vez saiu, foi para uma exposição de artes e lá aconteceu um horrível atentado. Ele e mais de cento e vinte pessoas morreram. 

Ai meu Deus.

Dulce: Christopher... - meu Deus - Meus avôs morreram nesse atentando também.

Christopher: O quê?

Dulce: Eles também foram vitimas, eu tinha cinco anos na época, isso aconteceu tem mais de...

Christopher: Dez anos.

Christopher e eu nós encaramos.

Conheceram um pouco mais de Christopher. Vocês  suspeitaram que era mais ou menos essa a relação dele com o pai? Uma já sei que acertou.

COMENTEM!!!!