Fanfic: A Traição-adaptada-Vondy- Terminada | Tema: Hot

– O que gostaria de saber? – perguntou ele.
– Qualquer coisa. Tudo. Seus pais ainda estão vivos? Não comenta nada sobre eles.
Um lampejo de dor varou os olhos dourados, fazendo-a lamentar a pergunta.
– Morreram alguns anos atrás em um acidente de iate – respondeu ele.
Passando o braço pelo de Christopher, ela o apertou em um gesto confortador.
– Desculpe. Não tive intenção de suscitar lembranças tão dolorosas.
– Já faz muito tempo – retrucou Christopher, dando de ombros. Mas Dulce percebeu que falar sobre eles o fazia sofrer.
Quando ela abriu a boca para mudar de assunto, o viu franzir a testa e enfiar a outra mão no bolso. De lá, retirou o celular e o observou por um instante, antes de abri-lo e o colar à
orelha.
– Belinda – disse ele em tom suave, após relancear o olhar a Dulce. Ela enrijeceu a coluna e se soltou de Christopher. Era típico a assistente saber o exato momento de ligar. Devia possuir um radar. Podia sentir a tensão crescendo dentro dele e quando os olhos âmbar pousaram nela era como se a traspassassem.
– Está tudo bem aqui – disse ele. – Verifique com Piers como estão indo as coisas no hotel do Rio de Janeiro e me dê um retorno. – Seguiu-se uma longa pausa. – Não. Não sei quando
retornaremos a Nova York. – Mais uma vez, relanceou o olhar a Dulce, fazendo-a ter a clara impressão de que Belinda estava falando sobre ela. – Não, claro que não – acrescentou
Christopher em um tom de voz tranquilizador. – Aprecio sua atenção, Belinda. Será a primeira a saber quando eu decidir deixar a ilha.
Dulce desviou o olhar, desgostosa, incapaz de continuar escutando o que ele dizia.
Instantes depois, Christopher desligou o telefone e o colocou de volta no bolso. Como era esperado, quando ela girou na direção dele, percebeu a mudança brusca em seu comportamento. Ele a encarava quase desconfiado, embora Dulce não pudesse entender por quê. Porém, sabia que aquilo não era fruto de sua imaginação. Uma clara mudança se operara no humor de Christopher.
– Desculpe pela interrupção – disse ele em um tom quase formal. – Sobre o que estávamos falando?
– Conte-me sobre seus hotéis – pediu Dulce em um impulso, desejando afastá-lo das preocupações.
A expressão do belo rosto másculo pareceu congelar e a cautela o dominou.
– O que quer saber?
Dulce encontrou um lugar para se sentar de frente para as enormes colunas e o puxou para que se acomodasse a seu lado.
– Não sei. Qualquer coisa. Em que lugares possui hotéis? O Imperial Park em Nova York é um deles, certo? – Christopher anuiu. – Onde mais possui hotéis? É uma rede internacional?
Ouvi você mencionar Rio de Janeiro. Tem um hotel lá?
Christopher não conseguia esconder a tensão, e ela imaginou por quê. Não gostaria de discutir seus negócios? Na verdade, ansiava por qualquer detalhe sobre a vida dele.
Christopher nunca se mostrara muito acessível quanto à sua vida profissional. Um fato que ela
achava estranho.

– Temos hotéis na maioria das cidades do mundo. Nossas maiores unidades se concentram em Nova York, Tóquio, Londres e Madri. Temos vários outros, um pouco menores,
espalhados pela Europa. Atualmente estamos trabalhando em um projeto para construir um no Rio de Janeiro.
– Mas não em Paris? Gostaria que tivesse um em Paris para que pudéssemos visitá-lo. – Dulce o provocou com um sorriso, que logo secou quando os olhos dourados se tornaram frios e severos. Um arrepio lhe percorreu a espinha e um nó se formou em sua garganta.
Christopher parecia enraivecido. Não, parecia furioso.
– Não. Não temos nenhum em Paris.
O tom conciso a fez recuar, deslizando vários centímetros ao longo do banco.
– Desculpe… – Nem mesmo sabia por que estava se desculpando. Christopher perdera o humor em questão de segundos e não tinha ideia do motivo. Ela parecia ter uma inclinação para tocar nos assuntos errados. Primeiro fora os pais de Christopher e agora os negócios.
Haveria algum assunto seguro que pudessem discutir?
Dulce se ergueu cerrando os punhos.
– Talvez tenha razão. É melhor voltarmos agora. – Ela se virou com rapidez, na intenção de retornar ao carro, mas o movimento brusco fez o mundo girar ao seu redor.
A lembrança de que não comera no café da manhã lhe veio à mente, antes de os joelhos cederem e o mundo se apagar.
QUANDO VOLTOU a si, a primeira coisa que escutou foi uma voz furiosa, cuspindo fogo em grego. À medida que os olhos abriam e percebiam o ambiente a seu redor, ela se deu conta de que se encontrava em uma cama de exames no que parecia ser uma clínica.
Christopher estava de costas para ela, interrogando o médico que se encontrava parado diante dele.
– Christopher. – Ela chamou com um fio de voz.
Virando-se, ele se precipitou na direção dela.
– Você está bem? – As mãos fortes lhe apalpavam o corpo, mesmo enquanto os olhos dourados se encontravam fixos nos dela. – Está sentindo dor?
Dulce tentou sorrir, mas se sentia trêmula. O médico interpôs à frente de Christopher e entregou um copo para ela.
– Beba isto, srta. Savinón. Sua glicemia está muito baixa, mas acho que um suco a fará se sentir melhor.
Christopher pegou o copo do suco, escorregou um dos braços sob o pescoço de Dulce e a ergueu. Em seguida, encostou o copo em seus lábios e ela tomou goles suaves do líquido doce.
– Quando comeu pela última vez, srta. Savinón? – perguntou o médico com um olhar questionador que a fez corar de vergonha e baixar a cabeça.