Fanfic: A Traição-adaptada-Vondy- Terminada | Tema: Hot

– Christopher – chamou em tom de voz suave.
Girando, ele pousou o drinque e se precipitou na direção dela.
– Você está bem, agape mou? Há algo que eu possa fazer por você? Desculpe se meus irmãos a aborreceram.
Dulce tentou soltar uma risada, mas o som terminou em um soluço. Respirou profundamente e tentou se recompor.
– Eu me casarei com você.
Labaredas escuras faiscaram nos olhos âmbar, tornando-os da cor de ouro velho. As mãos fortes seguraram os ombros de Dulce enquanto ele a encarava.
– É verdade? – perguntou com voz rouca. Dulce anuiu. Christopher fechou os olhos e, em seguida, a puxou contra o corpo. Por um longo instante, apenas a abraçou. Em seguida, deu um passo atrás, e a olhou nos olhos. – Está falando sério? Você se casará comigo?
Dulce umedeceu os lábios em um gesto nervoso.
– Quero uma cerimônia discreta. Sem festejos. O mais reservada possível.
Christopher anuiu e lhe segurou o queixo.
– Tudo que você quiser.
– E quero… – Dulce desviou o olhar e prendeu o lábio inferior entre os dentes.
– O que você quer, agape mou? Diga-me. Não há nada que eu não faça por você. Tudo que tem a fazer é pedir.
– Não quero ficar aqui – disse ela em tom de voz calmo. – Gostaria de voltar para a ilha. – Dulce cerrou os punhos com tanta força, que as juntas dos dedos se tornaram esbranquiçadas.
A expressão de Christopher suavizou e ele cobriu a mão delicada com a dele, abrindo-lhe os dedos e os entrelaçando aos seus.
– Voaremos para lá assim que nos casarmos.
O alívio teve um efeito calmante nas veias de Dulce.
– Está falando sério? Não se importa?
– Sua felicidade é tudo para mim. Pediu algo tão simples. Como não lhe satisfazer a vontade? Tornarei aquela ilha nosso lar se for esse o seu desejo.
Dulce anuiu.
– Isso me agradaria.
– Então, tomarei as providências imediatamente.

Christopher não perdeu tempo em finalizar os preparativos para o casamento e organizar a viagem para a ilha. Sozinho, rearranjou sua agenda de trabalho, providenciou para que tudo que Dulce precisasse fosse comprado, embora já tivessem comprado o vestido de noiva.
Dulce não pôde deixar de se admirar com tudo que ele providenciara em tão pouco tempo.
As autoridades a interrogaram agora que ela recuperara a memória e Dulce teve de passar várias e exaustivas horas fornecendo-lhes os detalhes que conseguia se lembrar. Os sequestradores não a haviam machucado e mostraram até mesmo um pouco de consideração quando sua gravidez ficou evidente. Eles a haviam observado, sabendo que era próxima a Christopher e a atacaram quando surgiu oportunidade. Optaram por uma quantia modesta para o resgate, esperando consegui-la sem muito alarido. Quando viram que não conseguiriam seu intento, abortaram o plano do sequestro e tomaram providências para que Dulce fosse
encontrada. O fato de saber que Christopher ignorara o pedido de resgate fora a gota d’água que transbordara o copo. Fora naquele momento que Dulce bloqueara seu passado, tão abalada ficara com aquela traição. A emoção devastadora a levara à amnésia. O medo de ser
abandonada pelos sequestradores, o terror de ser deixada sozinha, sem ter para onde ir ou ninguém a quem recorrer. Dulce ficara transtornada durante o relato e Christopher sofreu a agonia de ser confrontado com tudo que ela havia passado. Por sua causa, pensou ele. Durante todo o depoimento, ele se manteve ao lado dela em atitude protetora e pediu que parassem quando percebeu que Dulce não poderia mais suportar.
A polícia ficou de posse dos contatos de Christopher para que a chamassem caso fizessem prisões ou necessitassem de seu testemunho.
Dois dias depois, estavam casados. Alfonso e Christian compareceram, e Patrice foi a única testemunha da cerimônia.
Após os trâmites legais, Christian lhe desejou as boas-vindas à família de maneira reservada enquanto Alfonso foi mais efusivo.
– Você o faz muito feliz, irmãzinha – murmurou ele enquanto a puxava para um abraço.
Dulce exibiu um sorriso tímido, mesmo sabendo que Alfonso não se deixaria enganar com isso.
Pouco depois, os dois irmãos de Christopher partiram. Alfonso, para a Inglaterra, e Christian, para o Rio de Janeiro, a fim de supervisionar os planos para a construção do novo hotel.
Patrice retornou a Atenas, onde se encontraria com o dr. Karounis. Embora Christopher quisesse esperar mais um dia, antes de viajarem para a Grécia, Dulce não abriu mão de
partirem tão logo a cerimônia acabasse. Queria retornar à ilha, ao lugar onde fora feliz mesmo que por um curto período de tempo. Nova York guardava muitas lembranças desagradáveis e queria apenas se afastar dali.
Christopher a acomodou no jato particular e insistiu para que ela dormisse durante toda a viagem. Era tarde quando aterrissaram e ainda mais tarde quando o helicóptero tocou o solo da ilha.
Entretanto Dulce se sentia aliviada por estar em casa.
Christopher a carregou nos braços para dentro da casa e não a soltou até que estivessem no quarto. Sentou-a sobre a cama e, em seguida, se ocupou em despi-la e colocá-la debaixo das cobertas.
Quando se deitou ao lado dela e se limitou a segurá-la nos braços com delicadeza, como se estivesse com medo de tocá-la, Dulce franziu a testa na escuridão. Ergueu o corpo e esticou o braço por sobre Christopher para acender a luz do abajur que ele apagara momentos antes.