Fanfics Brasil - Pov Anahí 8 Segundos (Adaptada Ponny, AyA)

Fanfic: 8 Segundos (Adaptada Ponny, AyA) | Tema: AyA, Ponny


Capítulo: Pov Anahí

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Henrique andou em minha direção e, se ele se sentasse ao meu lado, eu teria que mudar de lugar. Prometi ao Alfonso que me afastaria dele e estava disposta a cumprir. Fiquei muito feliz com a proposta de tê-lo com exclusividade. Ficar comigo, exclusivamente comigo, pelo tempo que eu passasse na fazenda, ou seja, acho que teria que ligar para o meu pai e dizer que fiaria na fazenda por tempo indeterminado. Vi que Henrique se sentou próximo às meninas e puxou conversa com elas. Eu havia explicado a ele que nossa farsa tinha chegado ao fim. Era impressionante como a Operação Segura Peão tinha sido eficiente. O Pedro esta aos pés de Mari e eu estava nas nuvens pelos momentos que tinha passado com meu garanhão. Henrique tinha entendido tudo e ainda fez piada. Ele era o típico galinha pegador, mas muito divertido.


Escutei uma gritaria, e todos à nossa volta começaram a bater palmas. Como no outro dia, o nome Herrera era gritado aos quatro ventos. Olhei na direção da arena e vi Alfonso em cima de uma estrutura de madeira, um cercado. Deus! Meu coração disparou como nunca antes.


Será que...? Não! Impossível. Eu não poderia estar apaixonada por um homem que eu conhecia havia menos de um mês. Então, Alfonso sorriu para um cara que estava ao seu lado enquanto ele se preparava para montar e... Puta merda! É, eu estava apaixonada por aquele caipira.


–Herrera! Herrera! Herrera! –As quatro cabritas saltitantes que estavam ao meu lado soltavam gritinhos sincronizados. Olhei para elas querendo fuzilar todas. Percebendo meu semblante de mulher das cavernas, Henrique não perdeu a oportunidade de me provocar.


–Isso daria um livro. O peão e a patricinha –disse sarcástico, porém não detectei maldade em seu comentário. Pelo contrário, concordei, pois era verdade.


–Olha lá! –Apontou para a frente, e eu vi a porteira se abrindo.


–Puta merda! –Alfonso montava um dinossauro. O touro era enorme. Que cara maluco. Meu coração subiu para a garganta e fechei os olhos por um segundo.


–Meu Deus! –Escutei a voz de Henrique e, quando abri os olhos, vi Alfonso deitado no chão, se contorcendo. Henrique desceu alguns degraus e eu o segui. –Fica aqui, Anahí.


–Nem a pau. –Passei por ele, pulei dois degraus e cheguei a chão. Corri até a porteira de entrada da arena, mal esperei retirarem o touro e entrei. Corri até Alfonso, que havia parado de se mexer. Me ajoelhei ao seu lado.


–Pelo amor de Deus, Alfonso! Diz que está bem! –pedi e, assim que ele abriu aqueles lindos olhos azuis para mim, eu tive a certeza de que realmente estava apaixonada. E eu não poderia perdê-lo. Não depois de tudo.


–Herrera, cara. –Henrique se ajoelhou do outro lado, e eu pude ver que ele realmente estava preocupado.


Alfonso tinha uma expressão de pânico no olhar.


–Não sinto, Henrique...Não sinto minhas pernas –Alfonso gemeu e eu levei as mãos à boca para conter o grito que insistiu em sair mesmo contra a minha vontade. –Tira ela daqui! Tira ela daqui! –Alfonso gritou e eu senti meus braços serem puxados.


–Não! Quero ficar com você! –implorava, mas o olhar dele era de raiva. Mas por que raiva?


Olhei para trás, e as maos que me arrastavam para longe do Alfonso eram do Rodrigo.


–Vamos, Anahí, deixa o pessoal ajudá-lo. –Ele tentava me acalmar, esfregando as mãos em meus ombros. –Vai ficar tudo bem.


Joguei os braços para cima e comecei a chorar.


–Como assim bem? Não tem nenhuma ambulância. Tem pelo menos hospital nessa porra de cidade? –Estava desesperada. Alfonso precisava de cuidados.


De longe, acompanhei o resgate. Estava muito aflita, algumas pessoas começaram a ajudar o Alfonso. Não sei de onde surgiu, mas havia uma maca antiga, na qual ele estava sendo colocado imobilizado.


–Calma, Anahí. Alguns de nós fizemos curso de primeiros socorros, inclusive o Henrique. Vamos dar assistência ao Alfonso e na cidade tem ambulância. Se for preciso, ele vai ser levado ao hospital da região. Mas fica calma, ainda não sabemos o que aconteceu.


Rodrigo me abraçou e eu tentei não chorar, mas foi impossível. Chorei pedindo proteção para aquele que era dono do meu coração.  


Uma caminhonete entrou na arena e varios homens levantaram a maca que mantinha Alfonso imobilizado. Seu rosto pálido, e seus olhos, arregalados. Quando vi a maca sendo colocada na caçamba da caminhonete, corri em direção a ela.


–Me deixa ir com ele? –pedi ao Henrique, que balançou a cabeça negando. –Por favor! –implorei.


–Ele precisa de espaço, Anahí. Avisa ao Santiago e diga que estamos levando ele para o Hospital Regional –Henrique disse apressado e entrou na caminhonete.


Saí correndo em direção ao meu carro. Não tinha levado celular e precisava falar com Santiago e com a Mari. Meu Deus, como eu ia contar para ela que o Alfonso estava... Ai, meu Deus, não gosto nem de pensar. Rodrigo me acompanhava a passos largos, com o celular na mão e um olhar de frustração.


–Você não está em condições de dirigir –disse ele, e eu não argumentei, pois não estava mesmo. Dei a volta e me sentei no banco do carona, enquanto o Rodrigo ajustava o banco para dirigir meu carro.


Ele me entregou o celular e vi o nome do Santiago nos contatos.


–Fica tentando ligar. Não está completando chamada.


Rodrigo ligou o carro e partiu rápido em direção à fazenda.


Tentei ligar várias vezes para Santiago e para Mariana, mas nada de a ligação completar. Graças a Deus o Rodrigo foi rápido e, pouco depois de passarmos a porteira da entrada da Girassol, paramos em frente a uma casa simples, rodeada por um cercado branco. Não conhecia o local, nem de quando era criança. Vi a caminhonete do Pedro estacionada na entrada. Eu e Rodrigo descemos juntos, e Mari, Pedro e Santiago foram nos receber.


–Que porra você está fazendo aqui? –Pedro chegou gritando e eu entrei na frente antes que ele partisse para cima do coitado do Rodrigo.


–Anahí, você está chorando? –Mari perguntou, vendo meu estado.


Eu estava encolhida, abraçando o meu próprio corpo, sem forças para falar.


–O Alfonso...


–O que tem meu sobrinho? –Santiago questionou, nervoso.


Vendo minha fraqueza, Rodrigo se aproximou de mim, ficando ao meu lado.


–Alfonso caiu no treino e foi levado para o hospital. –Vi a Mari empalidecer e se agarrar ao Pedro, que a segurava para que ela não desabasse. Santiago franziu o cenho, preocupado.


Engoli em seco antes de completar a notícia:


–Ele não sentia as pernas. –Minha voz saiu estrangulada pela dor. Dor que a Mari passou a compartilhar comigo. –Calma, Mari. –Pedro acariciava seu cabelo. Vi Rodrigo virar o rosto e notei que ele realmente sentia algo a mais pela Mariana. –Pegue suas coisas, faça uma pequena mala com itens pessoais para o Alfonso e vamos direto para o hospital. –Pedro foi racional, e Mariana assentiu, tentando conter o choro.


Mari caminhou para dentro da casa e eu fui atrás dela. Deixei os homens conversando e rezei para Pedro e Rodrigo não se estranharem em um momento como aquele. Ajudei a Mariana com a mala. Segundo ela, sempre havia coisas do Alfonso por lá, o básico. Provavelmente, depois teríamos que passar em sua casa. Abracei Mariana, antes de sair do quarto. –Ele vai ficar bem. Vou ligar para o meu pai, e Alfonso terá o que precisar.


Ele vai sair dessa, Mari. –Não sabia se estava acalmando a ela ou a mim. Mas ela deu um sorriso forçado.


–Obrigada –disse ela, dando um beijo no meu rosto. –Alfonso e meu pai são tudo que eu tenho. –Eu conseguia sentir o amor que ela devotava ao irmão e fiquei ainda mais impressionada com tantos sentimentos novos que descobria.


Depois saimos e encontramos todos prontos para partir. Mari também tinha feito uma mala com coisas para nós duas que eu carregava. Não poderia perder tempo passando na sede e também não arredaria o pé de perto do Alfonso.


–Consegui falar com eles –Rodrigo me avisou. –Eles o levaram para o Regional mesmo. Levo seu carro e volto com o Henrique. –Concordei.


Mari e Santiago foram com o Pedro e eu com o Rodrigo. A viagem que durou trinta minutos pareceu uma eternidade. Rodrigo ligou o rádio, mas todas as músicas que tocavam me faziam lembrar o Alfonso, e eu comecei a chorar.


Então, Rodrigo desistiu e desligou.


Quando chegamos ao hospital, o sol já estava se pondo. Pedro já havia chegado, tinha sido impossível acompanha-lo em meu carro.


–Como ele está? –fui logo perguntando a Mariana. Ela estava sentada e, quando me viu se levantou para me abraçar.


Retribui o gesto de carinho, mas logo me afastei, querendo saber notícias. Ninguém falava nada e todos trocavam olhares tristes. Além de nós, Henrique e outro homem, que me lembro de ter visto na fazenda, estavam na sala.


–Ainda não sabemos –Santiago respondeu. –Ele está passando por exames para verificar se houve algum dano mais sério na coluna. Parece que uma vertebra foi trincada ou algo assim –explicou, e eu segurei Mari nos meus braços. 


Não sabia que podia ser tão forte a ponto de servir de apoio para outra pessoa. Mas era assim que me sentia naquele momento: um porto seguro, mesmo que estivesse totalmente destruída.


Me sentei no sofá com Mariana ao meu lado e ficamos horas naquela posição. Nenhuma de nós se mexia. Um médico se aproximou e nos levantamos na expectativa por notícias.


–Família de Alfonso Vitor Herrera? –o médico perguntou e Santiago tomou a frente. Eu nem sabia que Vitor era o segundo nome de Alfonso. Sempre pensei, por mais estranho que parecesse, que Ranger fizesse parte do seu nome.


–Tenho boas notícias. –Suspirei aliviada e Mari sorriu ao meu lado. Graças a Deus! –O paciente sofreu uma lesão na medula espinhal pela pancada. Queda de um touro, certo? –Henrique confirmou, e o médico continuou. –Com o deslocamento de uma das vertebras, sua medula foi comprimida. É como se ela estivesse inchada, o que causa a dormência nas pernas. Mas, com o tratamento certo, ele poderá voltar a se locomover normalmente.


Todos sorriram e se abraçaram, celebrando a boa notícia, mas eu estava focada no ‘’ poderá’’.


–Doutor? –chamei antes que ele se afastasse. –Qual é a probabilidade de ele não se recuperar totalmente? –Não sabia se queria ouvir a resposta, não podia nem imaginar o Alfonso sem andar.


–Geralmente, quando esse choque medular acontece, o paciente recupera a capacidade motora em um período que varia de uma semana a seis meses. Mas, como nada é cem por cento certo, teremos que aguardar sua evolução. Se, de forma natural e com a ajuda de apoio profissional, após seis meses ele não tiver apresentado melhora, realmente, o caso dica mais delicado.


Mas o rapaz é jovem, forte e saudável, e estamos apostando todas as nossas fichas na recuperação total. –Fiquei mais calma com a explicação, embora ainda estivesse apreensiva. Nada de mau poderia acontecer ao meu Ranger.


–Podemos vê-lo? –Tinha esperança de falar com ele e abraçá-lo.


–Claro. –Ele olhou na prancheta em sua mão. –Mariana e Santiago foram autorizados a entrar. Mariana é você?


Senti o chão sumir e sacudi a cabeça em negativa. O médico me olhou com tristeza.


–Desculpa, ele autorizou a entrada somente dos dois.


Santiago seguiu o médico, e Mari parou na minha frente, me olhando com cumplicidade.


–Tenho certeza de que foi um engano. Fique aqui, que eu já volto para você entrar. –Balancei a cabeça concordando e me sentei no sofá, próxima ao Rodrigo.


Quase vinte minutos depois, Mari saiu com os olhos brilhando de lágrimas e me levantei depressa, pronta para ver meu peão. Então, Mari parou na minha frente, e suas palavras me fizeram desabar.


–Ele mandou te dizer... –ela engasgou. –Ele pediu para você ir embora. Alfonso não quer você aqui, Anahí.


Fechei os olhos, pois só poderia ser um pesadelo, do qual eu precisava acordar.


–Como...Como assim ele não quer me ver? –balbuciei já com lágrimas nos olhos. –Por quê, Mari? –Aguardava a resposta, mas ela parecia tão confusa quanto eu.


Mari olhou para o Santiago, que sacudiu a cabeça.


–Eu não sei, Anahí. –Ela se sentou ao lado de Pedro no sofá e continuou falando, mas eu sabia que ela só queria me poupar, apenas procurando as palavras certas.


–Desembucha, Mariana. Por que ele está me mandando embora? –perguntei com a voz um pouco alterada. Estava aflita para vê-lo, morrendo de vontade de contar que estava apaixonada, que pela primeira vez alguém realmente tinha entrado no meu coração. E ele tinha resolvido se afastar de mim? Estava perdida.


Santiago tentou explicar, pois Mari apenas chorava nos braços do Pedro.


–Anahí, ele está muito abalado, acabou de receber a notícia da paralisia. É normal ele se sentir um pouco perdido. –O pai da Mari falava esfregando meus ombros com seu jeito paternal, me confortando. –Não foi somente você. Hoje ele não quer ver mais ninguém. Eu vou ficar aqui com ele, e vocês voltam para a fazenda. –Ele olhou por cima do meu ombro em direção ao Henrique e ao Rodrigo.


–Mas eu queria vê-lo. Estou preocupada com ele, Santiago –falei num tom de suplica. Sei que ele notou sinceridade em minhas palavras, pois me lançou um olhar compreensivo.


–Eu sei, Anahí, mas se coloca o lugar do Alfonso. Ele acabou de receber uma notícia muito grave. Apesar de confiarmos que ele voltará a andar, isso é difícil demais para qualquer pessoa. –Mari sacudiu a cabeça, concordando com o pai, e ficou ao meu lado. –Tenho certeza de que, quando o choque inicial passar, Alfonso vai te receber. –Acabei concordando, pois teria que respeitar o momento que ele estava vivendo.


–Mari, o seu pai tem razão. Não tem por que nós ficarmos aqui. Vamos embora e amanhã retornamos com todas as coisas de que o Alfonso vai precisar –Pedro disse, trazendo Mari para seus braços, e ela me encarou. Eu sabia que ela não queria ficar longe do Alfonso, mas, diante do pedido do Pedro, ela acabou aceitando. –Anahí, posso te dar carona. Você deve estar exausta e ainda não conhece totalmente o caminho.


–Eu não vou –respondi de forma sucinta e todos me encararam. –Não saio daqui. Mari trouxe algumas roupas, e eu vou procurar um hotel próximo ao hospital.


–Anahí, realmente não é necessário –Santiago tentava me convencer, mas eu estava decidida.


–Desculpa, Santiago, gostaria que respeitasse minha decisão. Não é hora para falar disso, mas eu e o Alfonso... –Procurei as palavras certas para explicar o que estava sentindo. –Nós meio que estamos juntos –falei de cabeça baixa, um pouco envergonhada.


Mari arregalou os olhos e Santiago suspirou. Notei o desconforto dele com as minhas palavras, mas não soube identificar o motivo. Mesmo com o seu olhar de repreensão, eu não recuei. Depois descobriria o que o incomodava tanto.


–Se cuida, Anahí. Fico feliz que tenham se acertado –Mari disse e abraçou.


–Não se preocupa comigo. E pode acreditar que, assim que ele se levantar daquela cama, eu vou chutar a bunda dele.


Eu e Mari nos despedimos. Prometi contar tudo a ela sobre a minha história com o Alfonso assim que ela chegasse, no dia seguinte. Pedro se despediu, assim como Henrique.


–Obrigada ela ajuda, Rodrigo. Realmente não conseguiria chegar aqui sem você –agradeci com um abraço toda a sua gentileza.


–Tudo bem, linda. Tem certeza de que vai ficar bem? –perguntou, realmente preocupado. Por um segundo senti pena dele. Será que Mari não tinha consciência de que Rodrigo era apaixonado por ela? Impossível. Estava escrito na testa dele.


–Vou ficar bem –tentei tranquilizá-lo.


–Anota meu número se precisar, não hesite em me ligar, ok? –Rodrigo já estava se comportando como um irmão mais velho. Quando procurei o celular para anotar o número dele, lembrei que o aparelho não estava comigo. Então pedi que ele falasse com a Mariana para pegá-lo na fazenda.


Perguntei na recepção onde era o hotel mais próximo e fiquei aliviada ao descobrir que havia um a poucos metros do hospital. Informei a Santiago onde eu estaria, embora ele continuasse me repreendendo com o olhar, e me despedi. Ignorei sua reação e me concentrei em como Alfonso reagirá à minha presença no dia seguinte.


Fiz check-in na recepção do hotel, que não era uma espelunca nem um cinco estrelas, mas pelo tempo que ficaria ali estava de bom tamanho. Levei para o quarto a malinha que Mari tinha preparado e fui tomar um banho. Deixei a água lavar meu corpo, e flashes do que tinha acontecido voltaram à minha mente.


–Por favor, Senhor –rezei sozinha, enquanto encarava o espelho. Nunca fui de rezar, sempre tive tudo o que queria, por isso não estava acostumada a implorar por algo ou por alguém. Então, orei da minha maneira e torci para que Deus me desse uma chance e me escutasse. Nunca tinha desejado algo com tanta força como desejava a recuperação do Alfonso. Estava confusa com meus sentimentos, meu mundo parecia virado de cabeça para baixo desde que vi o sorriso do meu peão antes de ele montar. Mas eu estava puta com o destino por ter feito aquilo comigo. Ri por dentro. Desde quando eu acredito em destino?


Olhei para o pijama que Mari tinha colocado na sacola e decidi vestir uma camiseta do Alfonso que estava junto. Uma lágrima desceu pelo meu rosto quando o cheiro do seu perfume invadiu meu nariz. Sua camiseta cheirava a roupa lavada, mas ainda assim tinha um resquício do seu aroma. Cheiro do Alfonso... Cheiro do Herrera. Caminhei até o lado da cama e peguei o telefone do hotel para ligar para o meu pai. Tinha certeza de que ele se recusaria a ajudar o Alfonso, alegaria que ele tinha se machucado fora do trabalho e que não tinha responsabilidade nenhuma pelo ocorrido. Na verdade, um mês antes, eu pensaria da mesma forma. Mas algo havia mudado. Alfonso, Mari, Pedro, Santiago e até Rodrigo estavam entrando em minha vida de uma forma que nunca pensei que pudesse acontecer. Tudo isso, somado às lembranças da minha mãe e aos sonhos estranhos que vinha tendo, estava me deixando confusa e perdida. Porém, uma coisa era certa: Alfonso! Ele me balançou.


O telefone tocou até cair na caixa postal. Olhei para o relógio na parede e vi que já passava das dez horas. Liguei novamente, e então ele atendeu com a aspereza de sempre.


–Você sabe que horas são, Anahí? Eu trabalho amanhã –disse ríspido, mas pela primeira vez eu não retruquei. Tinha um plano B caso meu pai se recusasse a ajudar o Alfonso, mas tudo seria mais fácil se ele se prontificasse a pagar o tratamento. 


–Preciso da sua ajuda –disse, me deitando na cama. Eu me sentia profundamente sozinha. Estava acostumada a ficar só, mas daquela vez era diferente. –O Alfonso caiu de um touro e está hospitalizado –expliquei, e meu pai ficou alguns segundos em silêncio.


–Foi na Girassol? –Sua pergunta me fez ter a certeza de que ele se recusaria a ajudar. Mas ele continuou antes que eu respondesse. –Ele está bem? Qual é o estado clinico? –Eu me sentei na cama, realmente surpresa com a preocupação repentina do meu pai.


–Ele corre o risco de ficar sem andar por um tempo. Não sei explicar muito bem o que o médico disse.


–Você está no hospital? –Foi a vez de o meu pai ficar surpreso.


–Eu... Nós... Eu e Mari nos tornamos muito próximas, e eu acompanhei ela até aqui –respondi sem dar explicações. A verdade poderia atrapalhar, então menti.


–Vou ligar para o Santiago e informar que o tratamento do Alfonso será por minha conta –meu pai afirmou om convicção, sem dúvidas na voz, o que realmente me pegou desprevenida. –Vou reorganizar minha agenda para visitar vocês. –Certo! A história realmente estava ficando estranha. Meu pai não mudava sua agenda por ninguém, e por que faria isso por um simples veterinário? Não fazia sentido. –Anahí? –Ele chamou minha atenção, pois eu havia ficado muda.


–Ok! –respondi, ainda tentando imaginar o porquê de tanta preocupação do meu pai com o Alfonso, mas não questionei. Fiquei com medo de ele voltar atrás. –Amanhã falo com Santiago também.


Eu me despedi e tentei relaxar um pouco, pois sabia que dormir seria impossível. Me sentia perseguida pelos olhos do Alfonso me encarando enquanto estava imóvel naquela arena. Passei horas me virando na cama até que não consegui mais suportar. Peguei uma calça jeans e uma camisa branca da malinha, calcei as botas e saí. Olhei para o relógio, e eram cinco da manhã. Foda-se! Precisava ir ao hospital.


Chegando lá não encontrei Santiago na recepção, então, disfarçadamente, fui até o corredor que dava para os quartos e procurei pelo do Alfonso. Escutei Mari falar na noite anterior que ele estava no 302.


Alfonso estava deitado em uma cama com alguns fios ligados a ele. O quarto estava na penumbra. Era pequeno, mas pelo menos era individual. Eu me aproximei dele e passei a mão pelo seu rosto. Estava tão lindo, tão normal, tão ele... Tirando os fios e tubos que o rodeavam, era como se ele estivesse dormindo ao meu lado, como na noite que havíamos passado juntos.


–Estou aqui –sussurrei com o medo de acordá-lo, mas também queria que ele sentisse minha presença. Levei os lábios até o seu rosto e acariciei sua pele.


–Senhorita, não é permitido visita nesse horário. –A voz baixa de uma mulher chamou minha atenção. Virei para a porta e vi uma enfermeira com cara de poucos amigos me encarando. –Terá que sair.


Dei uma última olhada em Alfonso e saí, seguindo a dona ranzinza. Quando cheguei à recepção, encontrei Santiago com um copo de café, e com as mesmas roupas do dia anterior.


–Bom dia, Anahí. Já por aqui? –ele me cumprimentou e ofereceu o café que carregava. Agradeci, mas nada desceria pela minha garganta em um momento como aquele.


–Não consegui dormir. –Eu me sentei no sofá e peguei uma revista da mesa de centro para folhear.


–Seu pai acabou de ligar. Obrigado por tê-lo avisado. Apesar de ainda achar que a sua história com o Alfonso não vai acabar bem –Santiago disse preocupado, e eu coloquei a revista de volta na mesa.


–Você tem alguma coisa contra mim, Santiago? –perguntei querendo entender o motivo da sua contrariedade. Desde que cheguei, ele nunca tinha me tratado mal ou com indiferença, mas a partir de quando soube de mim e do Alfonso, ele me olhava estranho e então soltou aquela.


Santiago continuou a beber o café, tentando agir naturalmente, mas o desconforto era nítido.


–Não tenho nada contra você, Anahí. –Sua voz era gentil, me deixando ainda mais confusa. –Pelo contrário, acho que o tempo que está passando na fazendo está te fazendo bem, você mudou da água para o vinho desde que chegou, e eu sei que isso se deve à minha filha e ao meu sobrinho –completou. Santiago realmente estava certo. Eu havia mudado. A Anahí com uma nova maneira de ver a vida. Sorri com a sua constatação, pois era daquela forma que me sentia e fiquei feliz por ele ter reconhecido aquilo. –Porém, eu já vi isso acontecer no passado, e não acabou bem. –Arregalei os olhos, pois, depois de tudo o que ele disse, me jogou aquela bomba.


–O que quer dizer? O que aconteceu? –perguntei, elevando minha voz.


–Essa não é uma história minha. Pergunte ao seu pai quando ele estiver aqui. Segundo ele, em uma semana no máximo estará na fazenda –explicou.


–Por que meu pai se importa tanto assim com o Alfonso? –Eu estava angustiada por respostas. Com tudo acontecendo ao mesmo tempo, eu precisava saber o que meu pai e Santiago escondiam.


–Faz parte da história.


Então Mari chegou acompanhada de Pedro e correu para me dar um abraço. Ela também tinha madrugado, comprovado a minha tese de que ela só foi embora porque Pedro praticamente a arrastou.


–Oi! –Ela me abraçou. –Alguma novidade? –perguntou ao pai.


–Ainda na mesma. Sem nenhuma alteração.


Passamos algumas horas comentando sobre Alfonso e sobre as mudanças que deveriam ser feitas para acomodá-lo, caso ele não se recuperasse antes de voltar para casa. Era difícil falar e pensar naquilo, mas se tratava de uma realidade que deveria ser discutida. Sugeri que, assim que ele pudesse voltar para casa, se hospedasse na fazenda, pois era maior e tinha a piscina, que poderia ser de grande ajuda na sua recuperação. Além disso, ele estaria perto da família. Mari concordou, mas Santiago disse que a decisão seria tomada pelo Alfonso.


Começou o horário de visitas, e todos nós entramos. A enfermeira não chamou por nomes, então entendemos que poderíamos entrar. Assim que chegamos ao quarto, Mari passou na frente de todos e se jogou nos braços do primo.


–Ei, pequena. Não chora. Eu estou aqui –Alfonso disse secando as lágrimas da Mariana. Deu um beijo em seu rosto e outro em sua testa. Fiquei comovida com a cena e tive que segurar o choro.


–O que ela está fazendo aqui? –Alfonso perguntou quando os seus olhos pousaram me mim. –Eu disse para ela ir embora. Por que ninguém faz o que eu peço?


–Calma, maninho. –Mariana tentava acalmá-lo, mas era em vão. Santiago e Pedro me olhavam e eu não sabia se corria ou se chorava, enquanto Alfonso esbravejava, me mandando embora.


–Quero ela fora daqui. Agora! –ele começou a gritar, e eu tente chegar até ele, mas fui parada por Pedro. Logo uma enfermeira entrou e, ao saber o motivo da discussão, pediu que eu me retirasse para bem-estar do paciente.


–Por favor, senhora. Não fará bem a ele se estressar –explicou.


Mas uma vez, não tive o que fazer. Eu me senti impotente, dilacerada. Os olhos do Alfonso demonstravam desprezo, e eu não entendia por que ele me tratava daquela maneira. Relembrei tudo o que vivemos e eu não conseguia acreditar que ele não sentia nada por mim. Que ele era tão indiferente a ponto de me expulsar do seu quarto e da sua vida.


Fui embora. Com o coração na mão atendi ao pedido do Alfonso. Estava acabada, triste como nunca tinha me sentido antes.


Chorei quase o dia todo, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Mariana me consolava, também sem entender porra nenhuma e, enquanto eles podiam entrar e sair do quarto do Alfonso em todos os horários de visita, eu tinha que ficar na recepção, esperando por notícias.


Foi assim durante toda a semana. Eu implorava a Mari por detalhes: se ele sorria, se chorava, se sentia frio, se estava tranquilo, se conversava com os médicos, suas expectativas, o que planejava. Ela sempre me respondia com tristeza no olhar, apesar de tentar amenizar o meu sofrimento contando tudo sobre Alfonso.


Na terça-feira eu tinha pedido a Mari para passar a noite com ele. Ela disse que depois que Alfonso adormecia era difícil acordar no meio da noite devido aos medicamentos. Fiz uma coisa errada, mas não me arrependi: paguei ao segurança para que me deixasse entrar. Decorei o horário das visitas médicas e das rondas das enfermeiras. Aconteciam de hora em hora, bem cronometradas. Elas chegaram, aferiam a pressão de Alfonso, verificaram o soro, faziam anotações na prancheta e iam embora. Nos intervalos, eu saia do banheiro e me deitava ao seu lado na cama. Descansava a cabeça na curva do seu pescoço e respirava o seu cheiro. Por uma hora eu era feliz, até que chegava o momento de me esconder novamente. Na manhã seguinte, antes do horário em que o Alfonso acordava, eu saia do quarto disfarçadamente. Fiz isso por vários dias seguidos, até que em uma manhã, quando estava indo embora, ouvi uma voz:


–O que está fazendo aqui? –perguntou com uma voz ainda sonolenta. –Eu mandei você ir embora. –Estava quase chegando à porta e voltei para responder. –Sabe, Alfonso –falei, encarando seus olhos. –Eu sempre consigo o que eu quero. E, no momento, eu quero você. –Apontei o indicador em sua direção, para enfatizar que era por ele que eu estava ali. –Portanto, ir embora e te deixar aqui está fora de cogitação. Pode ir se acostumando.


Alfonso abriu a boca, mas fechou logo em seguida, virando a cabeça para o lado oposto de onde eu estava. Não querendo contrariá-lo, eu sai.


Eu passava a noite com ele e tentava dormir no hotel durante o dia. Pelo menos o mínimo para aguentar. Rodrigo ligava diariamente e era a única ligação que eu fazia questão de atender, apesar de tambem ter falado com meu pai algumas vezes. Rafa estava tentando entrar em contato, insistentemente porém eu recusava todas as suas chamadas. Tambem não retornava as mensagens da Letícia.


Voltei à noite para o hospital e passei pelo segurança que eu havia subordinado. Ele me cumprimentou com um aceno e liberou a minha entrada. Passei a noite fazendo o mesmo que nos últimos dias, mas o cansaço me venceu e acabei adormecendo. Acordei assustada, vendo os primeiro raios de sol entrando pela janela. Tentei me levantar depressa da cama, para que Alfonso não acordasse comigo ali, mas uma mão firme rodeou minha cintura e a outra acariciou meu cabelo.


Levantei a cabeça e vi Alfonso acordado, me fitando com seus belos olhos azuis. Fiquei com medo de que ele me expulsasse de novo, então tentei me desvencilhar e sair antes de ser enxotada.


–Desculpa, Cristal –falou com uma voz carinhosa. –Fica aqui comigo? –Sorri com o seu pedido.


Meu Herrera estava de volta.                


                



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Autor(a): fertraumadaponny

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Ouvir de um médico que eu corria o risco de nunca mais andar foi um dos momentos mais difíceis da minha vida. Acho que, tirando o dia em que soube da morte dos meus pais, eu nunca tinha sentido tanto medo. Eu era o Alfonso, o veterinário que vivia em cima dos cavalos, o Perigoso que dançava e curtia a vida com toda a alegria de um jovem da minha i ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 31



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  • barbie Postado em 19/10/2019 - 07:47:10

    Cadê vc? Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Plissssssssssssssssssssssssssssss

    • fertraumadaponny Postado em 03/11/2019 - 23:09:45

      Oiiiii amore, voltei ^^ Postando

  • barbie Postado em 20/09/2019 - 10:09:29

    Queroooooooooooooooooooooooooooooo Maissssssssssssssssssssssssssssssssss Plisssssssssssssssssssssssssssssssssss

    • fertraumadaponny Postado em 21/09/2019 - 19:11:52

      Oiiiiieee postando amore ^^

  • barbie Postado em 07/09/2019 - 21:03:15

    Estava sumida, pois estava sem internet, mas agora consegui resolver o problema e agora estou de volta e espero não sumir mais... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa aaa Plisssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss sssssssssssssss

    • fertraumadaponny Postado em 21/09/2019 - 19:11:21

      Tudo bem eu entendo ^^ Fico muito feliz que tenha voltado Postando amore

  • tinkerany Postado em 12/08/2019 - 23:32:00

    Continua

    • fertraumadaponny Postado em 14/08/2019 - 01:10:42

      Postando amore *-* Vc provavelmente também irá sentir ranço pela Letícia "amiga da May", ela é praticamente um lobo em pele de cordeiro

  • barbie Postado em 12/08/2019 - 22:57:30

    Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa plissssssssssssssssssssssssss

    • fertraumadaponny Postado em 14/08/2019 - 01:09:34

      Postando amore *-*

  • barbie Postado em 09/08/2019 - 19:07:20

    Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa plissssssssssssssssssssssssss

    • fertraumadaponny Postado em 14/08/2019 - 01:09:07

      Postando amore ^^

  • tinkerany Postado em 07/08/2019 - 01:56:02

    Eu vou surtar com esse Rafa aaaaaa

    • fertraumadaponny Postado em 11/08/2019 - 23:49:01

      kkkkkkkkk sim vc vai surtar com esse cara, vai pegar ranço dele assim como eu tenho um ranço eterno dele kkkk Postando amore ^^

  • barbie Postado em 04/08/2019 - 14:45:12

    Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa plissssssssssssssssssss

    • fertraumadaponny Postado em 07/08/2019 - 00:26:25

      Postando amore ^^

  • tinkerany Postado em 04/08/2019 - 05:09:49

    Continus

    • fertraumadaponny Postado em 07/08/2019 - 00:25:53

      Postando amore ^^

  • luananevess Postado em 03/08/2019 - 23:47:45

    😱😱😱😱😱😱

    • fertraumadaponny Postado em 07/08/2019 - 00:25:33

      Oiiie ^^ Postando amore


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