Fanfic: Devoção Total-MiniFic- Vondy-Terminada | Tema: DyC

Dulce meneou a cabeça.
— Tudo isso porque não suportou a ideia de sua noiva pensar que você ainda gostava dela?
— Não é tão simples assim. Há outros fatores. Além disso, já estabelecemos que sou um egoísta imaturo. Não precisamos reforçar esse fato.
— Pobrezinho. — Ela lhe deu um tapinha no braço, e riu da expressão desapontada dele. — Não acredito que estou considerando isso.
Os olhos verdes brilharam.
— Mas está?
— Sim, estou. Tenho uma fraqueza por homens imaturos e egoístas. Mas
precisamos estabelecer algumas regras.
— É claro — concordou ele solenemente.
— Minha reputação é tudo para mim, Christopher. Não quero nada inapropriado atado a essa conta. Não quero ouvir rumores de que consegui a conta porque dormi com você.
Alguma coisa parecida com desejo brilhou nos olhos dele um segundo antes que Christopher piscasse e adotasse uma expressão mais séria.
— Esse é um favor separado. Se eu não gostar de suas ideias, você vai para casa sem a minha conta. É simples assim. Concordar em ser minha noiva falsa não lhe compra
nada, exceto minha gratidão. Isso está claro?
— Como cristal — replicou ela. — Diga-me uma coisa, Christopher. Se eu me recusar a fingir ser sua noiva, você ainda vai ouvir minha proposta? Ainda vai considerar a Maddox?
— Bem, eu tenho um ego frágil, lembra?
— Pode falar sério?
Um sorriso brincou nos lábios de Dulce. Deveria estar furiosa com Christopher, e não atraída pelo charme infantil ou pela sinceridade dele em relação àquela história ridícula.
— A ideia era jantar com você esta noite, Dulce, onde eu lhe contaria meu plano e lhe suplicaria para participar. Então, amanhã cedo, iríamos ter nossa reunião de negócios, mais uma vez na privacidade do nosso quarto de hotel. Depois, armaríamos uma farsa para meu irmão e sua futura esposa manipuladora. Dois assuntos separados.
— Você é completamente irreverente, e detesto o fato de eu gostar tanto disso.
Ele sorriu.
— Você é tão diabólica quanto eu, confesse.
— Eu poderia ter usado alguns de seus traços cruéis no passado. Sinto um pouco de inveja do jeito que você se vinga um pouquinho daqueles que lhe causaram sofrimento. Preciso aprender a fazer isso.
Ele inclinou a cabeça de lado.
— O que aconteceu com você, Dulce?
Ela corou e desviou o olhar.
— Algo que está definitivamente no passado, onde quero que permaneça.
— Tudo bem. Mas espero que um dia você me conte.
— Nós não temos esse tipo de relacionamento — apontou Dulce.
— Não — murmurou ele. — Ainda não.
Ela ergueu os olhos, mas as feições de Christopher não traíram seus pensamentos. Dulce engoliu um nó na garganta e esperou que não estivesse cometendo um erro enorme.
— Está preocupada com a posição na qual eu a coloquei — disse ele. — Mas quem me garante que, se eu não gostar de suas ideias amanhã, você não vai embora, deixando-me sozinho para enfrentar o resto das festividades? Eu diria que isso lhe dá
todo o poder, e nenhum para mim.
— E quem me garante que você não vai falar que gostou de minhas ideias e me manter aqui até que o casamento acabe? — apontou Dulce. — Então poderia me dispensar no minuto que chegássemos a São Francisco.
Ele assentiu.
— Tudo isso é verdade. Parece que ambos precisamos confiar.
Dulce olhou para sua mão, que ainda estava sob a de Christopher.
Gostava daquele homem. Apesar da emboscada, gostava muito dele. E, acima de tudo, gostava de honestidade. Christopher tinha sido absolutamente sincero, não se importando que impressão causaria. Certamente aquela história não o fazia parecer nada nobre, mas
ela o considerava assim. Nobre e honesto.
O anel no seu dedo brilhava na luz. Por um momento, se permitiu imaginar como seria se aquilo fosse verdade. Mais um segundos depois, sacudiu-se mentalmente e
chamou-se de tola. Tinha um trabalho a realizar. Queria impressioná-lo com sua inteligência e criatividade, com sua persistência e determinação, e se para isso precisasse fazer um
favor pessoal a Christopher, que assim fosse. Muitas pessoas estavam contando com ela.
Sentia-se uma tola e tinha certeza que Christopher não se sentia melhor, mas não iria questionar os motivos dele. Por alguma razão, ele não queria que o irmão e a noiva o vissem sofrendo. Dulce podia entender isso. Preferia ter morrido a deixar seu antigo chefe
e a esposa saberem o quanto a tinham destruído.
— Tudo bem, Christopher. Eu farei isso.
Um misto de triunfo e alívio brilhou nos olhos verdes.
— Obrigado por não me esbofetear e partir, porém, mais do que isso, obrigado por não reagir na frente da minha família. Era mais do que eu merecia, considerando o que fiz.
— Se resolvemos esse assunto, podemos comer? Estou faminta. Você pode me contar tudo que preciso saber sobre sua família, e também me dizer quando nos conhecemos e quando você me pediu em casamento, mas não até que eu coma alguma
coisa.
Christopher inclinou-se para a frente e segurou-lhe o queixo na mão. Os lábios deles estavam tão perto que Dulce sentiu a respiração dele na sua boca. Engoliu em seco nervosamente, imaginando se ele a beijaria. E então, imaginou se ela permitiria. Ou se o
beijaria, em vez disso.
— Obrigado — murmurou ele.
Lentamente, Christopher se afastou, e para seu horror, ela se sentiu desapontada.