Fanfic: Devoção Total-MiniFic- Vondy-Terminada | Tema: DyC

E não espero que resolvam meus problemas. Tenho 30 anos. Não sou mais uma garotinha. Vou pensar em alguma coisa. Eu só precisava de um lugar para lamber minhas feridas e me recompor.
Adam franziu o cenho.
— Espere aí. Nós somos sua família, Dul. Não me importo qual é sua idade.
Dalton assentiu em concordância, enquanto Noah lhe apertava a mão.
— Você sempre será minha garotinha e a irmãzinha deles — disse seu pai numa voz emocionada. — Isso não muda porque você fez faculdade, e tem um emprego que a arrasa em cada chance que pode.
Ela recuou diante da direção que aquilo estava tomando.
— Nós a amamos e sempre estaremos aqui para você. Entende?
— Sim, papai, eu entendo.
— Agora venha aqui e dê um abraço no seu pai. Parece que você teve uma semana terrível.
Dulce se levantou do sofá e entregou-se no abraço do pai.
— Amo você, papai — murmurou contra a camisa dele.
— Eu a amo também, Dul. Nunca se esqueça disso. Agora, conte mais sobre esse tal de Christopher e se eu e seus irmãos precisamos dar uma surra nele.
O staff do escritório de Christopher o estava evitando. Não que ele pudesse culpá-los. Ele chegara a Seattle na terça-feira, agindo como um urso ferido. Avisara sua assistente para
não voltar ao trabalho ainda, e permanecer com a neta por quanto tempo precisasse.
Christopher repassara sua última conversa com Dulce diversas vezes na mente. Por mais que tentasse, não conseguia desligar daquilo.
Era culpa sua por ter ignorado os sinais, uma vez que ela fora hesitante desde o começo. Nunca se envolvera com uma mulher que não o colocasse em primeiro lugar. E certamente não se envolveria com uma que dava mais importância ao que o mundo pensava a seu respeito do que ao seu relacionamento com ele.
Uma das secretárias pôs a cabeça dentro da porta, e ergueu um envelope como um escudo.
— Isso acabou de chegar para o senhor.
— Traga aqui.
Ela entrou na sala, colocou o envelope sobre a mesa e saiu apressadamente.
Com um suspiro, Christopher olhou para o envelope, o qual continha o nome de alguma corporação em São Francisco que ele nunca ouvira falar. Estava marcado: extremamente
urgente.
Ele o abriu, e para sua surpresa só havia um jornal dobrado lá dentro. Nada mais.
Nenhuma carta, nenhuma explicação. Puxando o jornal, abriu-o sobre a mesa. Estava virado numa página específica, e lá estava uma foto de Dulce. Porém, uma foto na qual
ela estava diferente. Mais jovem, talvez? E parecia apavorada, com uma das mãos erguidas como se quisesse evitar a câmera.
Intrigado, Christopher leu o artigo. Estava tão furioso quando terminou que teve de voltar e ler mais cuidadosamente.
A fotografia era realmente de uma Dulce mais jovem, de quando ela morava e trabalhava em Nova York. Ela conseguira uma posição numa agência de propaganda de prestígio, um ano após se formar na faculdade. Fizera um excelente trabalho e fora
promovida a executiva senior... Acima de diversos outros executivos júnior que estavam lá há mais tempo.
Um relacionamento com o diretor-executivo tinha sido revelado rapidamente, e Dulce fora nomeada no processo de divórcio entre o diretor-executivo e a esposa. Ela fugira de Nova York se sentindo envergonhada e retornara para São Francisco, onde havia aceitado um emprego com uma agência menor, mas em fase de expansão... A Maddox Comunicações.
Apenas na semana passada, fotografias íntimas de Dulce Savinón com o bilionário Christopher Uckermann apareceram em outro artigo no dia seguinte de Uckermann ter assinado um contrato multimilionário com a Maddox...
E o artigo continuava, difamando Dulce e, consequentemente, a Maddox Comunicações. Uma onda de náusea o assolou.
O olhar dele foi para a última edição de Advertising Media, entregue naquela manhã.
Como Dulce previra, o anúncio estava lá para o mundo ver, e manchado por aquelas fotos.
Christopher pegou o jornal e estudou-o novamente. Dulce jamais teria feito aquilo do que era acusada. Ele não a conhecia há muito tempo, mas sabia que ela não faria uma coisa daquelas. Se tivera um relacionamento com o cretino, não tinha sido por isso que conseguira uma promoção.
Ele queria matar alguém. De preferência, a pessoa que começara aquela difamação.
Ninguém mexia com a mulher que ele amava e saía impune.
Todo o ar esvaiu-se de seus pulmões.
Amava?
Gostava de Dulce. Ela era linda, vibrante e sexy. Uma grande amante e parceira. Ele adorava sua companhia. Mas, amava-a?
Um nó se formou em seu estômago. Nunca sentira aquilo antes. Como tinha passado 38 anos de sua vida sem nunca ter se apaixonado? Não contemplara a ideia até agora, e não tinha certeza se gostava disso.
Amor era uma emoção inconveniente. Não podia ser agendado ou jogado conforme as regras. Ele gostava de regras. E de agendas.
E, oh, estava completamente apaixonado por Dulce.
Por isso estava sentado lá num humor tão terrível que seus funcionários não queriam se aproximar por medo de serem decapitados.
Olhou novamente para o artigo e seu peito se comprimiu. Deus, como fora tolo.
Havia reagido como uma criança petulante, furioso que estavam lhe tirando seu brinquedo favorito. Nesse caso, Dulce quisera dar um tempo para o relacionamento deles, e, sentindo-se rejeitado, Christopher entrara em pânico, agindo como um imbecil.
Ela precisava do seu apoio. E ele arrogantemente lhe dissera para não se incomodar em mudar de ideia e voltar.
O rosto de Dulce manchado de lágrimas surgiu em sua mente. Ela devia estar sofrendo. Os colegas de trabalho tinham visto as fotos, chegando a conclusões erradas.
Christopher havia sido egoísta e exigente desde o começo. Não considerara como o relacionamento deles refletiria em Dulce. Só pensara nos próprios desejos e necessidades. Não se importava se alguém sabia sobre os dois, mas ela se importava. E por bons motivos.
Ele deveria ter ficado ao seu lado, apoiando-a. Dulce estaria lambendo suas feridas enquanto enfrentava o mundo sozinha. E ele tinha uma mulher para reconquistar.