Fanfics Brasil - | 17 | Lick ADP Levyrroni

Fanfic: Lick ADP Levyrroni | Tema: Levyrroni


Capítulo: | 17 |

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Vinte e oito dias depois...


A mulher estava levando uma eternidade para fazer seu pedido. Os olhos passavam do cardápio para mim, enquanto se recostava no balcão. Eu conhecia aquele olhar. Odiava aquele olhar. Eu adorava ficar no café, com o aroma dos grãos de café e a suave mistura de músicas e de conversas. Amava a camaradagem que tínhamos atrás do balcão e o fato de que o trabalho mantinha tanto minhas mãos quanto minha mente ocupadas. Por mais estranho que pudesse parecer, ser barista me relaxava. Era boa nisso. E por causa dos esforços e que tinha que dedicar aos estudos, isso era um conforto. Se tudo um dia acabasse num beco sem saída, sempre teria o café para me apoiar. Era o equivalente moderno em Portland da datilografia. A cidade viva à base de grãos de café e do café. Café e cerveja estavam no nosso sangue.


Mais recentemente, porém, alguns fregueses vinham se mostrando um pé no saco.


–Você me parece familiar –começou ela, como a maioria –Você não apareceu na internet um tempinho atrás? Alguma coisa a ver com William Levy?


Pelo menos já não me retraia ante o nome dele. E já fazia alguns dias que não sentia ânsias. Não, eu não estava gravida, apenas teria meu casamento anulado.


Depois dos primeiros dias me escondendo na cama, chorando até não poder mais, assumi todos os turnos disponíveis no café para me manter ocupada. Eu não poderia ficar de luto por ele para sempre. Pena que meu coração continuava sem se convencer. Ele aparecia em meus sonhos todas as noites quando eu fechava os olhos. Tinha que afastá-lo da minha mente umas mil vezes durante o dia.


Quando voltei a circular, os poucos paparazzi restantes tinham voltado para L.A. Ao que tudo levava a crer, Jimmy fora internado em uma clinica de reabilitação. Lauren mudava de canal toda vez que eu chegava, mas eu sempre captava partes das noticias, o suficiente para entender o que estava se passando. Parecia que o Stage Dive era comentado em todos os lugares. Uma pessoa até me pedira para autografar uma foto de William entrando na clinica, com a cabeça pendente e as maos enfiadas nos bolsos. Ele me pareceu tão só. Diversas vezes, quase telefonei para ele. Só para perguntar se ele estava bem. Só para ouvir sua voz. Dava para ser mais idiota? E se eu telefonasse e Martha atendesse?


De toda forma, a crise de Jimmy era muito mais interessante do que eu. Eu mal merecia uma menção no noticiário hoje em dia.


Mas as pessoas, os fregueses, me enlouqueciam. Fora do trabalho, praticamente me tornei uma ostra. Isso tinha a ver com o fato de que o meu irmão basicamente estava morando com a gente. Pessoas apaixonadas eram nauseantes. Era um fato medico comprovado. Fregueses com olhares brilhantes e especulativos não eram muito melhores.


–Você está equivocada –disse para a mulher enxerida.


Ela me lançou um olhar tímido.


–Acho que não.


Eu podia apostar dez dólares como ela estava tentando encontrar um modo de me pedir o autografo dele. Aquela seria a oitava tentativa só naquele dia. Alguns deles queriam me levar para casa para termos relações intimas porque, sabe, eu era ex de uma estrela do rock. Minha vagina obviamente devia ter alguma coisa especial. Às vezes me perguntei se eles acreditavam que houvesse uma placa no interior da minha coxa que dizia: William Levy esteve aqui.


Aquela ali, contudo, não estava me cantando. Não, ela queria um autógrafo.


–Olha só –disse ela, passando da especulação para a persuasão –, não sou de pedir esse tipo de coisa, mas é que sou muito fã dele.


–Não posso ajudá-la, lamento. Na verdade, estamos para fechar. Gostaria de pedir alguma coisa antes disso? –perguntei, com um sorriso agradável colado no rosto. Sam teria ficado muito orgulhoso desse sorriso, esmo sendo falso. Mas meus olhos lhe diziam a verdade. Que eu estava acabada e não me restava mais nada. Ainda mais no que se referia a William Levy.


–Pode, pelo menos, me dizer se a banda vai acabar mesmo? Conta, vai. Todos dizem que uma declaração será feita a qualquer dia.


–Não sei de nada a esse respeito. Gostaria de pedir alguma coisa, ou não?


Mais recusas normalmente levavam a raiva ou lágrimas. Ela escolheu a raiva. Uma sábia escolha, pois eu estava enjoada de lágrimas. Não as aguentava mais, nem as minhas, tampouco as dos outros. Apenas de ser de conhecimento geral que levei um pé na bunda, as pessoas ainda achavam que eu tinha conexões. Ou esperavam por isso.


Ela deu uma risadinha falsa.


–Não precisa ser maldosa. Você morreria se me contasse o que está acontecendo?


–Saia –ordenou a minha adorável gerente, Ruby –Agora. Pode ir.


A mulher passou para o modo incredulidade, com a boca escancarada.


–O que disse?


–Amanda, chame a polícia. –Ruby ficou toda imponente ao meu lado.


–Pode deixar, chefe. –Amanda sacou o celular e apertou as teclas, lançando olhares malignos para a mulher. Amanda, tendo saido do rotulo de única lésbica da nossa escola, agora estudava teatro.


Esse tipo de confronto era sua parte preferida do dia. Eles podiam extrair minhas forças, mas Amanda se alimentava deles. Uma força sombria e malevolente, claro, mas toda ela se deliciava com isso. –Sim, estamos com uma loira falsa de bronzeado medonho nos causando problemas aqui, senhor. Tenho quase certeza de que a vi numa festa de fraternidade na semana passada, bebendo apesar de ser menor de idade. Não quero contar o que aconteceu depois disso, mas a filmagem está no YouTube para quem, com mais de dezoito anos, quiser ver.


–Não é de se estranhar que ele tenha te largado. Eu vi a foto, sua bunda é maior que a porra do Texas –a mulher espicaçou antes de sair do café.


–Você precisa mesmo ficar atiçando-as? –perguntei.


Amanda estalou a língua.


–Ora, por favor, foi ela quem começou.


Já ouvi coisas piores do que ela disse. Muito piores. Já tive que mudar meu endereço de e-mail diversas vezes para impedir a enxurrada de mensagens odiosas. Encerrei meu perfil no Facebook logo no começo.


Ainda assim, dei uma olhada na minha bunda, só para garantir. Chegava bem perto, mas eu tinha quase certeza de que o Texas era, de fato, maior.


–Até onde sei, você está vivendo à base de balas e café com leite. Seu traseiro não é preocupante. –Há muito tempo, Amanda já me perdoara pelo beijo mal dado na escola, que Deus a abençoasse. Eu tina muita sorte pelas amigas que tinha. Não sei se teria sobrevivido ao último mês sem elas.


–Eu como.


–É mesmo? De quem são esses jeans?


Comecei a limpar a cafeteria porque estava mesmo na hora de fechar. Por isso e para evitar o assunto. A verdade era que ser traída e ouvir mentiras por parte do filho predileto do rock and roll resultava numa dieta e tanto. Não uma que eu recomendasse, contudo.


O sono era uma porcaria e estava sempre cansada. Eu era a depressão em pessoa. Por dentro e por fora, não me sentia eu mesma. O tempo que passei com William, o modo como isso mudou as coisas, era uma constante agitação, uma coceira da qual não conseguia me livrar. Em parte porque me faltavam forças, mas também me faltava vontade. Só se consegue cantar “I Will Survive” determinado número de vezes antes de sentir vontade de se esganar.


–Lauren não as usa mais. Disse que o tom escuro da lavagem não é o certo e que a posição dos bolsos a fazem parecer hippie. Ao que parece, a colocação dos bolsos é importante.


–E quando você começou a usar as roupas da vaca magricela?


–Não a chame assim.


Amanda revirou os olhos.


–Ora, por favor, ela considera isso um elogio.


Verdade.


–Bem, acho esses jeans legais. Você vai limpar as mesas ou quer que eu faça isso?


Amanda apenas suspirou.


–Jo e eu queremos agradecer por você ter nos ajudado com a mudança no fim de semana passado. Por isso, vamos levá-la para sair hoje. Para beber e dançar!


–Ah... –O álcool e eu já temos uma história. –Não sei, não.


–Eu sei.


–Eu tinha planejado...


–Não tinha, não. É por isso que deixei para te contar na última hora. Eu sabia que você tentaria arranjar uma desculpa. –Os olhos de Amanda não aceitavam tolices. –Ruby, vou levar nossa garota para uma noite na cidade.


–Boa ideia –disse Ruby de dentro da cozinha –Tire-a daqui. Eu limpo.


Meu agradável sorriso ensaiado abandonou meu rosto.


–Mas...


–São esses olhos tristes –disse Ruby, confiscando meu pano de limpeza –Não os aguento mais. Por favor, saia e divirta-se um pouco.


–Sou tão estraga-prazeres assim? –perguntei, subitamente preocupada. Verdade, pensei que estivesse me dando bem bancando a forte. As expressões delas me contradisseram.


–Não, você é uma jovem normal de vinte e um anos que está passando por um rompimento. Precisa sair daqui e retomar a sua vida. –Ruby tinha pouco mais de trinta e estava prestes a se casar –Confie em mim. Eu sei o que é melhor. Vá.


–Ou.... –disse Amanda, balançando um dedo na minha direção –você pode ficar em casa assistindo Johnny e June pela octingentésima vez, enquanto ouve seu irmão e sua melhor amiga transando a valer no quarto ao lafo.


Quando ela expunha a situação desse jeito...


–Ok, vamos lá.


 


*


 


–Quero ser bi –anunciei, porque isso era importante. Uma garota precisa dos seus objetivos. Empurrei a cadeira para trás e me levantei –Vamos dançar. Adoro essa música.


–Você adora qualquer música que não seja da banda que não pode ser nomeada. –Amanda gargalhou, seguindo-me em meio à multidão. A namorada dela, Jo, só balançou a cabeça e a segurou pela mão.


Vodca, sem dúvida, era tão ruim quanto tequila, mas, de certa forma, eu me sentia mais relaxada, mais solta. Era bom sair e, com o estomago vazio, três doses já bastavam, evidentemente. E eu suspeitava que Amanda tivesse pedindo uma dose dupla pelo menos uma das vezes. Eu me sentia ótima dançando, rindo e me soltando. De todas as táticas de superação de um rompimento que experimentei, manter-me ocupada trabalhando foi a que melhor funcionou. Mas sair para dançar e beber toda arrumada também não podia ser menosprezado.


Ajeitei o cabelo atrás das orelhas porque meu rabo de cabelo estava começando a se soltar de novo. Uma metáfora perfeita para minha vida. Nada dava certo desde que voltei para L.A. Nada durava. O amor era uma mentira e o rock and roll era uma bosta. Blá-blá-blá. Hora de beber de novo.


E eu estava no meio de uma declaração importante.


–Estou falando sério –disse –Vou ser bi. Esse é o meu novo plano.


–Acho que esse é um plano maravilhoso –gritou Jo, chegando perto de mim. Jo também trabalhava no café, onde as duas se conheceram. Ela tinha um azul nos cabelos compridos que era a inveja de muitas.


Amanda revirou os olhos na minha direção.


–Você não é bi. Amor, não a encoraje.


Jo sorriu, totalmente impertinente.


–Na semana passada ela queria ser gay. Antes disso, ficou falando em monastérios. Acho que são passos construtivos a fim de perdoar todo ser humano dotado de pênis e seguir com a vida dela.


–Estou seguido com a minha vida –disse eu.


–Motivo pelo qual vocês duas ficaram falando sobre ele pelas duas últimas horas? –Amanda sorriu, passando os braços nos ombros de Jo.


–Não ficamos falando dele. Nós o estavamos insultando. Como se diz mesmo “fornicador de ovelhas fedido e inútil” em alemão? –perguntei, inclinando-me para me fazer ouvir acima da música –Esse foi o meu favorito.


Jo e Amanda se ocuparam indo dançar e eu as deixei ir, imperturbável. Porque não estava com medo de ficar sozinha. Eu estava tomada pelo poder das solteiras prontas para ação. William Levy que se danasse. Mesmo.


A música se mesclou numa batida continua e contando que eu continuasse me movimentando, tudo seria perfeito. O suor escorria pelo meu pescoço e abri mais um botão do vestido, ampliando o decote. Ignorei as outras pessoas dançando ao meu redor. Fechei os olhos, ficando a salvo em meu mundo próprio. O álcool me deu uma agradável zonzeira.


Por algum motivo, as mãos se movendo pelos meus quadris não me incomodaram, mesmo não tendo sido convidadas. Elas não avançaram, não exigiram nada de mim. Seu dono dançava atrás de mim, mantendo uma distância segura entre nós. Ou, talvez, eu me sentisse sozinha, porque não as afastei. Em vez disso, relaxei ao seu encontro. Na música seguinte inteira ficamos assim, grudados, movendo-nos. A batida desacelerou e levantei os braços, unindo as maos atrás do pescoço dele. Depois de um mês evitando o contato humano, meu corpo despertou. Os cabelos curtos e macios do seu pescoço resvalaram em meus dedos. Pele quente e macia por debaixo.


Deus, como aquilo era bom. Eu não havia percebido o quanto sentia falta de tocar em alguém.


Reclinei a cabeça ao seu encontro e ele sussurrou algo muito suavemente. Tão suavemente que não o ouvi. A barba curta raspou de leve o meu rosto. As mãos subiram pelas minhas costelas, pelos braços. Dedos calejados acariciaram de leve meus antebraços. O corpo dele era sólido atrás do meu, forte, mas ele mantinha seu toque leve, contido. Eu não estava no mercado para uma nova tentativa. Mas também não conseguia me afastar dele. Estava tão bom ali.


–Maite –disse ele, seus lábios brincando com a minha orelha.


Senti a respiraçao presa, minhas pálpebras se ergueram. Virei-me e dei de cara com William me olhando. Os cabelos longos tinham sumido. Ainda tinha certo comprimento na frente, mas estava curto nas laterais. Ele, se quisesse, conseguiria fazer um topete ao estilo de Elvis. Uma barba escura e curta cobria a parte inferior do seu rosto.


–V-você está aqui –gaguejei. Senti a língua espessa e inútil dentro da boca seca. Cristo, era ele mesmo. Ali, em Portland. Em carne e osso.


–Estou. –Seus olhos azuis me queimavam. Ele não disse nada mais. A música continuava tocando, as pessoas se movendo.


O mundo ó parara de girar para mim.


–Por quê?


–May? –Amanda pousou uma mão no meu braço e dei um pulo, o feitiço se rompendo. Ela lançou um olhar rápido para William, em seguida seu rosto se retorceu em desgosto. –Que merda que ele tá fazendo aqui?


–Está tudo bem –respondi.


O olhar dela passou de William para mim. Ela não parecia muito convencida. O que era justo.


–Amanda. Por favor. –Apertei os dedos dela, assenti. Depois de um segundo, ela se voltou para Jo, que encarava William com descrença franca. E uma dose saudável de admiração. Aquele visual novo dele era um belo disfarce. A menos, claro, que você soubesse para quem estava olhando.


Empurrei a multidão, querendo sair dali. Eu sabia que ele me seguiria. Claro que sim. Não era nenhum acaso ele estar ali, apesar de eu não fazer ideia de coo ele me encontrara. Eu precisava me afastar daquele calor e daquele barulho para poder pensar com clareza. Segui pelo corredor no qual estavam os banheiros feminino e masculino. Sim, lá estava o que eu queria. Uma grande porta preta que se abria para um beco. Ar noturno fresco. Algumas poucas estrelas valentes reluziam acima. A não ser por isso, ali estava escuro, e úmido por causa da chuva de verão recente. Era horrivel, sujo e detestável. Um local adequado.


Talvez estivesse sendo um tanto melodramática.


A porta se fechou atrás de William. Ele me encarou com as mãos nos quadris. Abriu a boca para começar a falar, mas nada aconteceu.


–Por que está aqui, William?


–Precisamos conversar.


–Não, não precisamos.


Ele esfregou a boca.


–Por favor. Tenho algumas coisas que preciso dizer.


–Tarde demais.


Olhar para ele reavivou minha dor. Era como se as feridas estivessem pairando logo abaixo da superfície, esperando para ressurgir.


No entanto, não conseguia deixar de olhar para ele. Partes de mim estavam desesperadas por vê-lo, por ouvi-lo. Meu coração e minha cabeça estavam destroçados. William também não me parecia muito bem. Parecia cansado. Havia sombras sob seus olhos e ele parecia um tanto pálido, mesmo naquela parca iluminação. Os brincos tinham desaparecido, todos eles. Não que me importasse.


Ele oscilou o peso nos calcanhares, os olhos me observando desesperados.


–Jimmy foi para uma clínica de reabilitação e havia alguma outras coisas de que eu precisava cuidar. Tivemos que fazer terapia como parte do tratamento dele. É por isso que não vim antes.


–Sinto muito por Jimmy.


Ele assentiu.


–Obrigado. Ele já está bem melhor.


–Que bom. Isso é muito bom.


Outro aceno.


–May, quanto a Martha...


–Ei. –Ergui a mão, recuando um passo. –Não.


A boca dele se curvou nos cantos.


–Temos que conversar.


–Temos?


–Sim.


–Porque agora você resolveu que está pronto? Vá se foder, William. Já faz um mês. Vinte e oito dias sem nenhuma palavra. Sinto muito pelo seu irmão, mas não.


–Eu queria ter certeza de estar vindo pelos motivos certos.


–Eu nem sei o que isso quer dizer.


–May...


–Não. –Balancei a cabeça, a mágoa e a fúria me impulsionando. Por isso, eu também o empurrei, fazendo-o recuar um passo. Ele bateu na parede e eu não tinha mais para onde ir com ele. Mas isso não me deteve.


Fui empurrá-lo mais uma vez, e ele me segurou pelas mãos.


–Calma.


–Não!


Suas mãos circundaram meus pulsos. Ele cerrou os dentes, travando o maxilar. Cheguei a ouvir. Impressionante que ele não tivesse quebrado nada.


–Não, o quê? Não quer falar agora? O quê? O que quer dizer?


–Digo não para tudo e qualquer coisa relacionada a você. –Minhas palavras ecoaram pelo céu noturno impiedoso. –Acabou, lembra? Você não precisa de mim. Não sou nada para você. Você mesmo disse isso.


–Eu estava errado. Maldição, May. Acalme-se. Preste atenção.


–Solte-me.


–Desculpe. Mas não é o que você está pensando.


Sem opções, encarei-o.


–Você não tem o direito de estar aqui. Mentiu para mim. Me traiu.


–Gata...


–Não ouse me chamar assim –gritei.


–Desculpe. –O olhar dele perscrutou meu rosto, tentando encontrar compreensão, talvez. Ele estava sem sorte. –Sinto muito.


–Pare.


–Desculpa. Desculpa. –e ele repetiu e repetiu, entoando a mais inútil das palavras de todos os tempo. Eu tinha que parar com aquilo. Calá-lo antes que ele me enlouquecesse. Esmaguei minha boca à dele, detendo a ladainha inútil. Ele gemeu e retribuiu o beijo, machucando meus lábios, machucando-me. Mas eu também o machuquei. A dor ajudou. Empurrei a língua na boca dele, tomando o que deveria ser meu. Naquele instante, eu o odiei e o amei. Parecia não haver nenhuma diferença.


Minhas mãos foram libertadas e as enrosquei atrás da nuca dele. Ele nos virou, apoiando minhas costas na parede áspera de tijolos. Seu toque queimava minha pele até atingir meus ossos. Tudo aconteceu tão rápido que não houve tempo para pensar na sensatez daquilo. Ele subiu meu vestido e rasgou minha calcinha. Ela não teve a menor chance. O frescor da noite e o calor das suas palmas resvalaram minhas coxas.


–Senti demais a sua falta. –ele grunhiu.


–William.


Ele abaixou o zíper e puxou a frente da calça para baixo. Depois ergueu minha perna, levantando-a até seu quadril. Minhas mãos se agarraram ao seu pescoço. Acho que eu tentava escalá-lo. Não houve muita reflexão a respeito. Apenas a necessidade de me aproximar fisicamente o quanto fosse possivel ele me mordiscou nos lábios, assolando minha boca com mais um beijo ardente. Seu pau me pressionou, entrando devagar em mim. A sensação dele me preenchendo fez minha cabeça girar. Uma leve dor enquanto ele me alargava. A outra mão escorregou por trás da minha nádega, suspendendo-me, penetrando assim totalmente, e me fazendo gemer. Abracei-o com as pernas e segurei com força. Ele me estocou sem nenhuma finesse. A violência combinou com nossos ânimos. Minhas unhas se enterraram em seu pescoço, meus calcanhares bateram em suas nádegas. Seus dentes cravaram forte meu pescoço. A dor foi perfeita.


–Mais forte –arfei.


–Pode deixar...


Os tijolos ásperos arranharam minhas costas, puxando os fios do tecido do vestido. As estocadas firmes do seu pau me tiravam o folego. Agarrei-me com força, tentando saboreá-lo e a tensão crescia dentro de mim. Era tudo demais e pouco ao mesmo tempo. Pensar que aquela podia ser a última vez, uma união furiosa como aquela... Quis chorar, mas não tinha mais lágrimas. Seus dedos se enterraram me minhas nádegas, marcando minha pele. A pressão dentro de mim aumentou exponencialmente. Ele mudou o ângulo com sutileza, atingindo meu clitóris e eu gozei com força, os braços ao redor da cabeça dele, o rosto apoiado ao dele. A barba me arranhou de ele. Meu corpo inteiro estremeceu e eu tremi.


–Maite –ele grunhiu, enterrando-se em mim, esvaziando-se dentro de mim.


Todos os músculos do meu corpo se liquefizeram. Só o que me restava fazer era continuar agarrada a ele.


–Tudo bem, gata. –A boca pressionou meu rosto suado. –Vai ficar tudo bem, prometo. Vou dar um jeito.


–C-coloque-me no c-chão.


Seus ombros se ergueram e desceram com uma respiraçao pesada, com cuidado, ele me abaixou. Rapidamente abaixei a saia do vestido, ajeitando-me. Como se isso fosse possivel. Aquela situação estava fora de controle. Sem alarde, ele subiu os jeans e se tornou apresentável. Olhei para todas as partes, menos para ele. Um beco. Puxa vida.


–Você está bem? –Seus dedos me acariciaram no rosto, ajeitando meu cabelo para trás. Até eu apoiar uma mão em seu peito, forçando um passo para trás. Bem, não forçando exatamente. Ele escolheu me dar meu espaço pessoal.


–Eu... hum. –Lambi os lábios e tentei novamente. –Preciso ir para casa.


–Vamos, vou chamar um táxi.


–Não. Desculpe. Sei que comecei isto. Mas... –Balancei a cabeça.


William deixou a dele pender.


–Isto foi um adeus.


–Foi porra nenhuma. Nem tente me dizer isso. –Seu dedo escorregou por baixo do meu queixo, obrigando-me a encará-lo. –Não terminamos, entendeu? Nem droga nenhuma perto disso. Novo plano. Não vou sair de Portland até termos conversado. Eu prometo.


–Hoje não.


–Não. Hoje não. Amanhã, então?


Abri a boca, mas nada saiu. Eu não fazia ideia do que queria dizer. Minhas unhas se enterraram nas laterais do vestido. O que eu queria estes dias era um mistério mesmo para mim. Parar de sofrer seria legal. Remover todas as lembranças dele do meu coração e da minha cabeça. Conseguir voltar a respirar direito.


–Amanhã –repetiu ele.


–Não sei. –Agora eu me sentia cansada, encarando-o. eu seria capaz de dormir por um ano. Meus ombros penderam e meu cérebro ficou inerte.


Ele apenas fiou me encarando, com os olhos intensos.


–Ok.


Onde isso nos deixava, eu não fazia ideia. Mas assenti como se algo tivesse sido decidido.


–Bom –disse, respirando fundo.


Meus músculos ainda tremiam. Sêmen escorria pelas minhas pernas. Merda. Tivemos aquela conversa, mas as coisas tinham sido diferentes então.


–William, no último mês, você fez sexo seguro, certo?


–Não tem com que se preocupar.


–Bom.


Ele avançou um passo na minha direçao.


–No que me diz respeito, ainda somos casados. Então, não, Maite, não andei transando por ai.


Eu não tinha nada. Meus joelhos oscilaram. Talvez pela ação que acabáramos de ter. alivio por ele não ter se apegado às fãs por vingança depois de termos rompido, por certo, não podia ter parte nisso. Eu nem queria pensar em Martha, aquele monstro marinho cheio de tentáculos.


O sexo era tão confuso. O amor era muito pior.


Um de nós tinha que sair dali. Ele não fez menção de ir, então eu mesma sai, recuando para a boate para encontrar Amanda e Jo. Eu precisava ir para casa. Ele me seguiu, abrindo a porta. O baixo grave da música ribombou noite afora.


Apressei-me para o banheiro feminino e me tranquei numa divisória para me limpar. Quando sai para lavar as mãos, olhar no espelho foi difícil. A luz fluorescente berrante não me favoreceu em nada. Meus cabelos estavam revoltos ao redor da cabeça, um emaranhado graças às mãos de William. Meus olhos estavam arregalados e feridos. Eu parecia aterrorizada, mas pelo que eu não sabia dizer. E tambem havia a mãe de todos os chupões se formando no meu pescoço. Inferno.


Duas garotas entraram, dando risadinhas e lançando olhares cobiçosos por sobre os ombros. Ates que a porta se fechasse, captei um vislumbre de William recostado na parede oposta, esperado, fitando as botas. A conversa animada das moças era irritantemente alta. Mas não fizeram menção ao nome dele. O disfarce de William se mantinha. Com os braços ao redor do corpo, fui ao seu encontro.


–Pronta para ir? –perguntou ele, afastando-se da parede.


–Sim.


Voltamos para o salão principal da boate, desviando de dançarinos e bêbados, à procura de Amanda e de Jo. Elas estavam no limiar da pista de dança, conversando. Amanda estava com sua carranca.


Ela me avaliou e uma sobrancelha se ergueu.


–Tá de brincadeira?


–Obrigada por me trazerem, amigas, mas vou voltar para casa –disse eu, ignorando o olhar aguçado.


–Com ele? –Ela apontou o queixo na direção de William, que pairava atrás dos meus ombros.


Jo deu um passo à frente, me envolvendo em seu abraço.


–Ignore-a. faça o que for melhor para você.


–Obrigada.


Amanda revirou os olhos e a imitou, abraçando-me.


–Ele a magoou tanto...


–Eu sei. –Meus olhos ficaram marejados. Algo muito inútil. –Obrigada por ter me chamado para sair.


Eu podia apostar todo o meu dinheiro como Amanda estava fritando William com os olhos por cima dos meus ombros. Quase senti pena dele. Quase.


Saimos da boate quando uma das músicas dele começou a tocar. Houve certo número de gritos de “Divers!”.  A voz de Jimmy ronronou a letra: “Droga, odeio aqueles derradeiros dias de paixão, rubros lábios e longas despedidas...”


William abaixou a cabeça e nos apressamos em sair. Do lado de fora, a céu aberto, a canção não passava das batidas distantes da guitarra e do baixo. Fiquei lançando olhares de esguelha só para garantir que ele estava ali mesmo e não era apenas fruto da minha imaginação. Tantas vezes sonhei que ele tinha vindo me procurar. E todas as vezes acordei sozinha, o rosto banhado por lágrimas. Agora ele estava ali, e eu não podia me arriscar. Se ele me despedaçasse de novo, eu não estava convencida de que conseguiria superar uma segunda vez. Meu coração talvez não conseguisse. Por isso, me esforcei e mantive a boca e a mente fechadas.


Ainda era relativamente cedo e não havia muitas pessoas do lado de fora. Estendi a mão na direção do trafego afluente e um táxi parou logo em seguida. William segurou a porta para mim. Entrei sem dizer nada.


–Vou leva-la em casa. –ele entrou atrás de mim, e escorreguei pelo banco, surpresa.


–Não precisa...


–Eu quero. Ok. Preciso fazer pelo menos isso, portanto...


–Tudo bem.


–Para onde? –o taxista perguntou, lançando-nos um olhar desinteressado pelo espelho retrovisor. Outro casal brigando em seu banco de passageiros. Estou certa de que ele deve ver pelo menos uma dúzia por noite.


William informou meu endereço sem piscar. O táxi voltou para o movimento da rua. Ele devia ter conseguido meu endereço com Sam, mas quanto ao resto....


–Lauren –suspirei, afundando no banco –Claro, foi assim que você conseguiu saber onde me encontrar.


Ele fez uma careta.


–Falei com Lauren. Olha aqui, não fique brava com ela. Precisei me esforçar para convencê-la.


–Certo...


–Estou falando sério. Ela me falou um monte por ter estragado tudo com você, gritou comigo por pelo menos meia hora. Por favor, não fique brava com ela.


Cerrei os dentes e fiquei olhando pela janela. Até seus dedos escorregarem entre os meus. Puxei a mão.


–Você me deixa penetrá-la, mas não deixa segurar sua mão? –sussurrou, o rosto triste sob a luz pálida dos carros que passavam e dos postes das ruas.


Estava na ponta da minha língua dizer que aquilo foi um acidente. Que o que aconteceu foi um erro. Mas eu não conseguiria. Eu sabia o quanto aquilo o magoaria. Ficamos nos fitando, minha boca aberta, mas meu cérebro absolutamente inútil.


–Senti tanto a sua falta –disse ele –Você não faz ideia.


–Para.


Seus lábios se fecharam, mas ele não desviou o olhar. Fiquei ali sentada, presa em seu olhar. Ele parecia diferente sem seus cabelos compridos e com a barba curta. Familiar, porém desconhecido. Não demorou muito para chegarmos em casa, mas pareceu durar uma eternidade. O táxi parou diante do prédio antigo e o taxista nos lançou um olhar impaciente por sobre o ombro.


Abri a porta do carro, pronta para sair, mas hesitante ao mesmo tempo. Meu pé pairou no ar sobre a calçada.


–Francamente, pensei que nunca mais iria te ver.


–Ei! –disse ele, esticando o braço ao longo do encosto do banco.


Seus dedos vieram na minha direção, mas pararam pouco antes de fazer contato –Você vai me ver de novo. Amanhã.


Eu não sabia o que dizer.


–Amanhã –repetiu ele, com voz determinada.


–Não sei se vai fazer alguma diferença. 7ele ergueu o queixo, inalando profundamente.


–Sei que estraguei as coisas entre nós, mas vou consertar. Só não decida nada ainda, tá bem? Me dê isso ao menos.


Assenti de leve e me apressei para fora em pernas instáveis.


Depois que me tranquei do lado de dentro, o táxi se afastou, os faróis traseiros sumindo através do vidro jateado da porta da frente do prédio.


Que diabos era pra eu fazer agora?                 


 



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Autor(a): felevyrroni

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 12



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  • poly_ Postado em 19/08/2019 - 15:40:25

    Ansiosa para o próximo capítulo. Continuaa

    • felevyrroni Postado em 03/10/2019 - 23:10:08

      Oiiie ^^ Voltei amore, desculpe o sumiço Vamos para os capítulos

  • poly_ Postado em 12/08/2019 - 13:23:40

    Q amorzinho, ainda bem que estão se entendendo. Continuaa

    • felevyrroni Postado em 14/08/2019 - 00:39:10

      Sim, uns fofos ^^ Postando amore

  • poly_ Postado em 10/08/2019 - 01:40:26

    Cadê vc mulher? Não me mate de curiosidade assim

    • felevyrroni Postado em 11/08/2019 - 22:55:21

      Voltei, desculpe fiquei sem wifi rs Postando amore ^~^

  • poly_ Postado em 05/08/2019 - 13:24:24

    Não vejo a hora de acontecer esse reencontro. Continuaaa. Bjuss!!!

    • felevyrroni Postado em 06/08/2019 - 23:49:12

      Vai ser tenso kkkkk

  • poly_ Postado em 03/08/2019 - 23:25:58

    Não sei se sinto pena ou fico feliz pela Mai, não é todo dia q consegue se casar com William Levy né? Kkkkkkkk. Continuaa logooo

    • felevyrroni Postado em 06/08/2019 - 23:50:13

      kkkkkk então né, ela deveria levantar as maos para o céu e agradecer q ela se casou com esse deus grego kkkkkkk

  • poly_ Postado em 02/08/2019 - 12:46:59

    Ja gostei, continuaaa. Bjuss!!

    • felevyrroni Postado em 02/08/2019 - 12:56:04

      Obaaa :)




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