Fanfics Brasil - | 18 | Lick ADP Levyrroni

Fanfic: Lick ADP Levyrroni | Tema: Levyrroni


Capítulo: | 18 |

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Eu estava atrasada para o trabalho. Correndo como uma louca para me arrumar. Entrei apressada no banheiro, saltei para dentro do chuveiro. Esfreguei bem o rosto para me livrar dos restos de maquiagem da noite anterior. Uma coisa nojenta e incrustada. Seria uma bela lição se eu ficasse como uma espinha dos infernos. A noite anterior fora toda um sonho bizarro. Mas esta era a vida como ela é. Trabalho, estudo, amizade. Meus planos para o futuro. Essas eram as coisas importantes. E se eu continuasse a repetir essas coisas para mim mesma, tudo ficaria bem algum dia.


Ruby não se importava muito com o que vestíamos além da camiseta do uniforme do café. Suas raízes eram bem alternativas. Ela planejara ser uma poetisa, mas acabou herdando o café de uma tia no bairro Pearl. O desenvolvimento urbano valorizara os preços imobiliários, e Ruby se tornara uma mulher de negócios muito bem-sucedida. Agora ela expunha suas poesias nas paredes do café. Acho que não conseguiria encontrar uma chefe melhor. Mas um atraso era sempre um atraso. Nada bom.


Ficara acordada me preocupando sobre o ocorrido com William naquele beco. Revivera o momento em que ele disse que ainda nos considerava casados. Dormir teria sio muito mais benéfico. Uma pena que meu cérebro não tinha um botão de desligar.


Vesti uma saia lápis preta, a camiseta do uniforme do café e um par de sapatilhas. Pronta. Nada ajudaria a disfarçar as olheiras. Mas as pessoas já estavam acostumadas a vê-las em mim nos últimos tempos. Porém, foi preciso quase metade do tubo de corretivo para esconder o chupão no meu pescoço.


Saí apressada do banheiro envolta em uma nuvem de vapor, bem a tempo de ver Lauren flanar para fora da cozinha, com um sorriso amplo no rosto.


–Está atrasada para o trabalho.


–Estou mesmo.


Passei a alça da bolsa pelo pescoço, apanhei as chaves da mesa e bati em retirada. Não havia tempo para aquilo. Não naquela hora. Nem nunca, bem possivelmente. Eu não conseguia imaginar um bom motivo para ela se bandear para o lado de William. Durante o último mês, ela passara muitas noites ao meu lado, deixando-me falar sobre ele até ficar rouca, quando eu precisava. Porque, em algum momento, as coisas tinham que vir à tona. Todos os dias eu lhe dizia que não a merecia, e ela me dava um beijo no rosto. Por que me trair agora? Tomei as escadas com vigor extra.


–May, espere. –Lauren correu atrás de mim quando cheguei aos degraus da frente.


Virei-me na direção dela, com as chaves na mão tal qual uma arma.


–Você contou para ele onde eu estava.


–O que eu deveria ter feito?


–Ah, não sei. Não contar? Você sabia que eu não queria vê-lo. –Observei-a atentamente, vendo todo tipo de coisa que não desejava ver. –Cabelo arrumado e maquiagem a essa hora? Estou vendo direito, Lauren? Estava esperando encontra-lo aqui, talvez?


Seu queixo abaixou quando ela teve o bom senso de parecer envergonhada.


–Desculpe. Você tem razão, eu acabei me empolgando. Mas ele está aqui para fazer as pazes. Pensei que você talvez quisesse pelo menos ouvir o que ele tem a dizer.


Balancei a cabeça, a raiva borbulhando dentro de mim.


–Essa não era uma decisão sua.


–Você está atrasada. O que eu deveria ter feito? –Ela ergueu os braços para o céu. –Ele disse que veio para cá para consertar as coisas entre vocês. Acredito nele.


–Claro que acredita. Ele é William Levy, seu ídolo adolescente.


–Não. Se ele não estivesse aqui para beijar seus pés, eu o teria matado. Não importa quem ele é, ele a magoou. –ela pareceu sincera, a boca comprimida e os olhos imensos –Desculpe eu ter me arrumado demais agora. Isso não vai voltar a acontecer.


–Você está ótima. Mas está desperdiçando seu tempo. Ele não vem para cá. Isso não vai voltar a acontecer.


–Não? Então, quem foi que deu esse chupão monstro no seu pescoço?


Eu nem precisava responder isso. Maldição. O sol brilhava forte, já esquentando o dia.


–Se existe uma chance de você achar que ele pode ser o cara...-disse ela, fazendo meu estomago revirar –Se você acha que, de alguma forma, vocês podem dar um jeito nisso... Ele é o único que a atingiu assim. O jeito como você fala dele....


–Só ficamos jutos alguns dias.


–Sim. Não. Não sei. –Fiquei agitada e isso não era nada bonito. –Nunca fizemos muito sentido, Lauren. Nem no primeiro dia.


–E daí? –disse ela, produzindo um som estrangulado para acompanhar. –O problema é seu maldito plano, não é? Deixe-me dar uma dica. Vocês não têm que fazer sentido. Só tem que querer estar juntos e desejar fazer o que quer que seja necessário para isso acontecer. E bem simples. Colocar um à frente do outro é amar, May. E ao ficar se preocupando se vocês se encaixam num plano cretino com o qual seu pai fez lavagem cerebral em você, a fim de fazê-la acreditar que é isso o que você quer para a sua vida.


–Não se trata do plano. –Esfreguei o rosto, refreando lágrimas de frustraçao e de medo. –Ele me partiu ao meio. Sinto como se ele tivesse me quebrado. Por que alguém se arriscaria a isso de novo?


Lauren me fitou com olhos arregalados e brilhantes.


–Sei que ele a magoou. Então, castigue o maldito, faça-o esperar. O cretino bem que merece isso. Mas, se você o ama, então apenas considere ouvir o que ele tem a dizer.


Meu peito estava apertado e os olhos coçavam, talvez eu estivesse começando a ficar resfriada... Ter o coração partido deveria vir acompanhado de algumas coisas positivas, algum tipo de perspectiva para contrabalancear todo o lado ruim. Eu deveria estar mais sábia, mais forte, mas eu não sentia nada disso balancei as chaves de casa. Ruby ia me matar. Eu teria que deixar de lado a minha costumeira caminhada e pegar um onibus se quisesse ter a esperança de não ter o meu traseiro do tamanho do Texas atirado no olho da rua.


–Tenho que ir.


Lauren assentiu, o rosto sério.


–Sabe, eu te amo muito mais do que jamais o amei. Sem nenhuma dúvida.


Bufei.


–Obrigada.


–Mas, já parou para pensar que você não estaria assim tão chateada se ainda não o amasse nem que só um pouquinho?


–Não gosto quando você pensa logo cedo de manhã. Pare com isso.


Ela recuou um passo, com um sorriso no rosto.


–Você sempre me botou para pensar quando precisei. Portanto, não vou parar de te amolar só porque não gosta do que ouve. Problema seu.


–Eu te amo, Lauren.


–Eu sei, vocês, garotos da família Perroni, são loucos por mim. Veja só, ontem à noite mesmo, seu irmão...


Saí voando dali sendo seguida por uma risada maligna.


 


*


 


No trabalho foi tudo bem naquele dia. Dois caras me convidaram para uma festa na fraternidade que estava se aproximando. Nunca recebi esse tipo de convite pré-William. Portanto, declinei, pós-William. Se é que eu estava mesmo pós-William. Quem sabia? Muitas pessoas pediram autógrafos ou informações, mas eu lhes dei café com bolo. Fechamos quando estava quase anoitecendo.


Fiquei o dia inteiro nervosa, imaginando quando ele aparecia. Amanhã era hoje, mas não vi nenhum sinal dele. Talvez tivesse mudado de ideia. A minha mudava a cada minuto. A promessa feita a ele quanto a não resolver nada continuava de pé;


Estavamos já fechando quando Ruby me cutucou com o cotovelo nas costelas. Muito provavelmente com um pouco de força a mais do que desejara, porque eu tinha quase a certeza de que meu rim fora afetado.


–Ele está aqui mesmo –sibilou, indicando, com a cabeça. William, que estava nas imediações esperando.


Ele estava ali, bem como disse que estaria. Uma excitação nervosa borbulhou dentro de mim. De boné e com a barba, ele se misturava bem ao povo. Ainda mais com os cabelos curtos. Meu coração se entristeceu um pouco com a perda dos cabelos escuros compridos. Mas eu jamais admitiria tal coisa. Amanda contara a Ruby sobre a aparição dele na noite anterior. Considerando-se a ausência de paparazzi e de fãs alucinados nas imediações, isso ainda devia ser segredo para o resto da cidade.


Fitei-o, sem saber o que sentia. A noite anterior na boate fora surreal. Ali, naquele instante, era eu vivendo a minha vida normal. Vendo-o nela, eu não sabia o que sentir. Tumultuada era uma boa palavra.


–Quer conhecê-lo? –perguntei.


–Não, estou reservando a minha opinião. Acho que conhecê-lo pode comprometer a minha imparcialidade. Ele é bonitão, hein? –Ruby passou os olhos nele bem devagar, demorando-se um pouquinho mais do que necessário nas pernas cobertas pelos jeans. Ela tinha um fraco por coxas masculinas. Estranho numa poetisa, mas já descobri que ninguem se encaixa completamente em determinado tipo. Todo mundo tem suas manias.


Ruby continuou avaliando-o como se ele fosse um pedaço de carne no mercado.


–Talvez você não precise se divorciar.


–Você está me parecendo bem imparcial. Até mais.


Ela me segurou pelo braço.


–Espere. Se voltar para ele, ainda vai trabalhar para mim?


–Sim. Eu até vou me esforçar para ser pontual com mais frequência. Boa noite, Ruby.


Ele aguardava na calçada, as mãos enfiadas nos bolsos dos jeans. Vê-lo se assemelhou à sensação de estar na beira de um precipício. Uma vozinha nos recessos da minha mente sussurrou: ao inferno com as consequências, você sabe que pode ser que você saiba voar. Se não souber, imagine só a adrenalina da queda. A razão, por sua vez, ficava gritando comigo.


Em que ponto, exatamente, você que está ficando louca?


–Maite?


Tudo parou. Se um dia ele descobrisse o que fazia comigo quando dizia meu nome daquele jeito, eu estaria perdida. Deus, como senti saudades. Foi como ter um pedaço meu faltando. Mas, agora que ele voltara, eu não sabia como nos encaixávamos mais. Não sabia nem se isso seria possivel.


–Oi.


–Você parece cansada –disse ele, a boca se curvando para baixo –Quero dizer, você está bonita, claro. Mas...


–Tudo bem. –Avaliei a calçada, inspirei fundo. –Foi um dia agitado.


–Então é aqui que você trabalha?


–É.


O café da Ruby estava vazio e silencioso. Luzes pisca-piscas reluziam na vitrine ao longo de uma fila de panfletos grudados no vidro anunciando isso ou aquilo. Os postos de luz se acenderam ao nosso redor.


–Parece legal. Olha só, a gente não precisa conversar agora –disse ele –Eu só quero te acompanhar até sua casa.            


Cruzei os braços diante do peito.


–Você não precisa fazer isso.


–Não é uma obrigação. Deixa que eu te levo, May. Por favor.


Assenti e, depois de um momento, comecei uma caminhada hesitante pelas ruas da cidade. William logo se pôs ao meu lado. Sobre o que falar? Todo assunto parecia carregado. Um buraco enorme cercado de estacas afiadas em cada esquina. Ele ficou me lançando olhares de esguelha. Abrindo a boca e depois fechando. Ao que tudo levava a crer, a situação era horrivel para nós dois. Eu não conseguia falar sobre L.A. A noite anterior parecia um território mais seguro. Espere. Não, não era. Trazer à tona sexo no beco nunca seria algo inteligente.


–Como foi o seu dia? –perguntou ele –Além de agitado.


Por que não pensei em algo tão inócuo como aquilo?


–Hum, tudo bem. Umas garotas me abordaram com coisas para você fotografar. Uns caras quiseram me entregar uma fita demo da banda de garagem de reggae e blues deles. Um dos atletas famosos da universidade só veio para me dar o número de telefone dele. Ele acha que a gente pode sair para se divertir um dia desses –disparei a falar, tentando aliviar a tensão.


Suas feições ficaram carregadas, as sobrancelhas se unindo.


–Mas que droga. Isso vem acontecendo muito?


E fui uma idiota por ter aberto a boca.


–Não tem importância, William. Eu disse a ele que estava ocupada e ele foi embora.


–Era o que devia ter feito mesmo. –Ergueu o queixo, lançando-me um olhar demorado. –Está tentando me deixar com ciúmes?


–Não. Minha boca disparou a falar sem permissão da cabeça. Desculpe. As coisas já estão bem complicadas.


–Eu estou com ciúmes.


Olhei-o surpresa. Não sei por quê. Ele deixara claro na noite anterior que estava ali por minha causa. Mas saber que, talvez, eu não estivesse sozinha nesse precipício de amor abandonado, pensando em me jogar nele... Havia muito conforto nisso.


–Venha –disse ele, voltando a andar. Paramos na esquina, esperando que o semáforo mudasse de cor –Posso pedir para Sam venha para cá para ficar de olho em você –disse ele –Não quero que as pessoas fiquem aborrecendo você no trabalho.


–Por mais que eu goste de Sam, ele pode continuar onde está. Pessoas normais não levam guarda-costas para seu trabalho.


Sua testa se enrugou, mas ele não disse nada. Atravessamos a rua, indo em frente. Um onibus elétrico passou por nós, todo iluminado. Eu preferia andar, ficar ao ar livre depois de passar o dia todo trancafiada. Além do que, Portland era uma linda cidade: cafés e cervejarias e um coração estranho. Toma essa, L.A.


–Então, o que você fez hoje? –perguntei, demonstrando que eu era uma vencedora nos tópicos de conversa criativa.


–Só dei umas voltas pela cidade, conhecendo por ai. Não costumo bancar o turista com muita frequência. Aqui nós viramos à esquerda –disse ele, desviando do meu caminho rotineiro para casa.


–Aonde vamos?


–Apenas me siga. Preciso pegar uma coisa. –Ele me conduziu até a pizzaria a que eu e Lauren íamos ocasionalmente. –Pizza é a única coisa que eu sei, com certeza, que você come. Eles se mostraram dispostos a colocar todo tipo de legume que consegui pensar, por isso, espero que goste.


O lugar só estava com um quarto da capacidade tomada por ser ainda muito cedo. Paredes de tijolos aparentes e mesas pretas. Uma máquina de jukebox emitia alguma música dos Beatles. Fiquei parada na soleira, hesitando em segui-lo. O homem cumprimentou William e pegou o pedido no balcão de trás dele. William agradeceu e voltou para junto de mim.


–Você não precisava ter feito isso. –Voltei para a rua, olhando para a caixa de pizza cheia de suspeitas.


–É só uma pizza, May –disse ele –Relaxa. Você nem tem que me convidar para dividi-la, se não quiser. Pare que lado fica a sua casa?


–Esquerda.


Caminhamos outro quarteirão em silencio com William carregando a caixa com uma mão só.


–Pare de franzir o cenho –disse ele –Quando a ergui ontem, você estava muito mais leve do que em Monterrey. Você emagreceu.


Dei de ombros. Não tocaria no assunto. Definitivamente, não me lembraria dele me erguendo, e das minhas pernas circundando-o, e a intensidade com que senti saudades dele, e da voz dele enquanto...


–Então, hum... É que gosto do jeito que você era –disse ele –Amo suas curvas. Por isso, bolei outro plano. Você vai comer pizza com quinze queijo até recuperá-las.


–Meu primeiro instinto foi de dizer algo delicado sobre o quanto meu corpo não é mais da sua conta.


–Que sorte que você pensou duas vezes antes de dizer isso, não? Ainda mais se levarmos em conta que você me permitiu entrar no seu corpo ontem à noite. –Ele enfrentou minha carranca com outra dele. –Presta atenção, eu só não quero que você emagreça demais e fique doente, não por minha causa. É simples assim. Esqueça o resto e pare de olhar feio para a pizza ou vai acabar ferindo os sentimentos dela.


–Você não manda em mim –murmurei.


Ele deu uma gargalhada.


–Está se sentindo melhor por ter dito isso?


–Sim.


Lancei um sorriso torto. Tê-lo ao meu lado de novo parecia fácil demais. Eu não deveria ficar muito à vontade, pois quem haverá de saber quando isso pode explodir na minha cara de novo? Mas a verdade era que eu o queria ali comigo com tanta intensidade que chegava a doer.


–Ga... –ele pigarreou e recomeçou, sem o apelido carinhoso com o qual seria automaticamente rejeitado –Amiga... Somos amigos de novo?


–Não sei.


Ele balançou a cabeça.


–Somos amigos. May, você está triste, está cansada e perdeu peso e eu odeio o fato de ter sido o causador disso. Vou consertar tudo isso, um passo de cada vez. Só... me dê um pouco de espaço para eu poder manobrar aqui. Prometo que não vou me impor tanto assim.


–Não confio mais em você, William.


O sorriso brincalhão dele sumiu.


–Sei que não. E quando você estiver pronta, vamos falar sobre isso.


Engoli o nó duro que se formou em minha garganta.


–Quando estiver pronta –reiterou –Venha. Vamos para casa para que você possa comer isto enquanto ainda está quente.


Andamos o resto do caminho em silencio. Acho que foi amigável. William me lançou alguns sorrisos rápidos de vez em quando. Pareceram genuínos.


Ele subiu as escadas atrás de mim, sem se dar ao trabalho de olhar ao redor. Eu tinha esquecido que ele estivera aqui na noite anterior para saber do meu paradeiro com Lauren. Destranquei a porta e espiei dentro, ainda assustada por ter flagrado Lauren e meu irmão no sofá na semana passada. Morar com eles não daria certo por muito mais tempo. Acho que estavamos chegando ao ponto de cada uma precisar de um espaço próprio.


O último mês, contudo, foi muito benéfico para meu relacionamento com Nate. Estavamos mais próximos do que nunca estivemos. Ele adorava seu trabalho na oficina mecânica. Estava feliz e assentado. Lauren tinha razão, ele mudara. Meu irmão descobrira o que queria e onde era o seu lugar. Se ao menos eu conseguisse fazer a mesma coisa...


Música rock tocava baixinho e Nate e Lauren dançavam no meio da sala. Ficou claro que foi algo improvisado, pois meu irmão ainda vestia as roupas sujas de graxa do trabalho. Lauren parecia não se importar, visto que o abraçava forte e o fitava nos olhos.


Pigarreei para anunciar nossa chegada e entrei na sala.


Nate levantou o olhar e me lançou um sorriso de boas-vindas. Mas, em seguida, viu William. O sangue subiu-lhe à cabeça e seus olhos se transformaram. A temperatura da sala pareceu subir como um foguete.


–Nate –disse eu, tentando segurá-lo quando ele avançou para cima de William.


–Droga. –Lauren correu atrás dele –Não!


O punho de Nate se chocou com o rosto de William. A pizza saiu voando. William cambaleou para trás, o sangue escorria pelo seu nariz.


–Seu maldito filho da puta –berrou meu irmão.


Pulei nas costas de Nate, tentando arrastá-lo para trás. Lauren o segurou pelo braço. William não reagiu. Cobriu o rosto ensanguentado, mas não fez menção de se proteger de um possivel novo ataque.


–Eu vou matá-lo por tê-la magoado –bradou Nate.


William apenas o fitou, os olhos consentindo.


–Pare, Nate! –Meus pés arrastavam no chão, os braços ao redor da traqueia dele.


–Você o quer aqui? –Nate me perguntou, incrédulo –Tá falando sério? –Depois olhou para Lauren, que o puxava pelo braço. –O que você está fazendo?


–Isso é coisa deles, Nate.


–O quê? Não! Você viu o que ele fez com ela? Como ela ficou o mês inteiro.    


 –Você precisa se acalmar. Ela não quer isso. –Lauren pousou as maos no rosto dele. –Por favor, amor. Esse não é mais você.


Lentamente, Nate recuou. Seus ombros penderam para o nível normal, os músculos relaxando. Desisti da minha pegada esganadora, não que ela tivesse surtido algum resultado. Meu irmão agia como um touro enfurecido muito bem. Sangue escorreu pelos dedos de William, gotejando no chão.


–Droga. Vem. –Peguei no braço dele e o levei para o banheiro.


Ele se inclinou sobre a pia, praguejando baixinho. Amontoei um punhado de papel higiênico e entreguei a ele, que enfiou pelas narinas ensanguentadas.


–Quebrou?


–Não sei –disse com voz anasalada.


–Sinto muito.


–Tudo bem. –Do bolso de trás da calça dele, o telefone tocou.


–Eu pego. –Com cuidado, peguei o aparelho. O nome piscando na tela me fez parar de imediato. O universo só podia estar armando uma pegadinha para cima de mim. Com certeza. Só que não. Foi a mesma e velha dor me dilacerando por dentro de novo. Eu quase conseguia sentir o torpor gélido se espalhando pelas minhas veias.


–É ela. –Estendi o aparelho para ele.


Acima do monte de papel higiênico, seu nariz parecia machucado, porém intacto. A violência de nada adiantaria. Não importava a raiva borbulhando dentro de mim, agitando-me de pronto.


O olhar dele saltou da tela do telefone para mim.


–May.


–É melhor você ir embora. Quero que vá embora.


–Não falo com Martha desde aquela noite. Eu não tenho nada a ver com ela.


Balancei a cabeça, sem palavras para dizer. O telefone tocava estridente, perfurando meus tímpanos. Ele ecoava sem parar no pequeno banheiro. Vibrava em minha mão e meu corpo inteiro tremia.


–Pegue antes que eu o quebre.


Dedos sujos de sangue o tiraram da minha mão.


–Você tem que me deixar explicar –disse ele –Eu juro, ela se foi.


–Então por que está ligando?


–Não sei e não vou atender. Não falei com ela desde que a despedi. Você tem que acreditar em mim.


–Mas não acredito. Quero dizer, como posso?


Ele piscou seus olhos feridos para mim. Apenas nos encaramos enquanto a realidade tomava conta. Aquilo não ia dar certo. Nunca teria dado. Ele era cheio de segredos e de mentiras, e eu estaria sempre do lado de fora, espiando. Nada mudara. Meu coração voltara a doer. Uma surpresa, de fato, que tivesse restado algo dele com que me preocupar.


–Apenas vá –disse, e meus olhos estúpidos ficaram marejados.


Sem dizer mais nada, ele saiu.


                                                    



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Autor(a): felevyrroni

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 12



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  • poly_ Postado em 19/08/2019 - 15:40:25

    Ansiosa para o próximo capítulo. Continuaa

    • felevyrroni Postado em 03/10/2019 - 23:10:08

      Oiiie ^^ Voltei amore, desculpe o sumiço Vamos para os capítulos

  • poly_ Postado em 12/08/2019 - 13:23:40

    Q amorzinho, ainda bem que estão se entendendo. Continuaa

    • felevyrroni Postado em 14/08/2019 - 00:39:10

      Sim, uns fofos ^^ Postando amore

  • poly_ Postado em 10/08/2019 - 01:40:26

    Cadê vc mulher? Não me mate de curiosidade assim

    • felevyrroni Postado em 11/08/2019 - 22:55:21

      Voltei, desculpe fiquei sem wifi rs Postando amore ^~^

  • poly_ Postado em 05/08/2019 - 13:24:24

    Não vejo a hora de acontecer esse reencontro. Continuaaa. Bjuss!!!

    • felevyrroni Postado em 06/08/2019 - 23:49:12

      Vai ser tenso kkkkk

  • poly_ Postado em 03/08/2019 - 23:25:58

    Não sei se sinto pena ou fico feliz pela Mai, não é todo dia q consegue se casar com William Levy né? Kkkkkkkk. Continuaa logooo

    • felevyrroni Postado em 06/08/2019 - 23:50:13

      kkkkkk então né, ela deveria levantar as maos para o céu e agradecer q ela se casou com esse deus grego kkkkkkk

  • poly_ Postado em 02/08/2019 - 12:46:59

    Ja gostei, continuaaa. Bjuss!!

    • felevyrroni Postado em 02/08/2019 - 12:56:04

      Obaaa :)


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