Fanfic: Lick ADP Levyrroni | Tema: Levyrroni
Lauren estava ao meu lado no avião, mexendo no meu iPhone.
–Não entendo como seu gosto musical pode ser tão ruim. Somos amigas há anos. Não ensinei nada a você?
–Ensino a não beber tequila.
Ela revirou os olhos.
Acima das nossas cabeças, o aviso de atar o cinto de segurança acendeu. Uma voz em tom educado nos avisou para retornarmos aos assentos para a posição vertical, pois aterrissaríamos em poucos minutos. Engoli a borra do horrendo café da viagem com uma careta. A verdade era que não existia uma quantidade suficiente de cafeína que me ajudasse naquele dia. E a qualidade nem era importante.
–Estou falando sério –disse eu. –Jamais voltarei a pisar no estado de Nevada enquanto estiver viva.
–Mas isso já é exagero.
–Nem um pouco, mocinha.
Lauren acabara voltando para o hotel umas duas horas antes do horário previsto do nosso voo. Eu passara o tempo refazendo minha mala mil vezes, numa tentativa de fazer minha vida voltar a ter alguma ordem aparente. Foi bom ver Lauren sorrindo, ainda que chegar a tempo ao aeroporto tivesse sido um aperto. Ao que tudo levava a crer, ela e o garçom bonitinho que conhecera manteriam contato.
Lauren sempre levou jeito com os rapazes, enquanto eu me assemelhava mais a um bom e velho vaso de canto de parede. Meu plano de ser seduzida em Vegas fora uma tentativa deliberada de me livrar dessa situação. Que ideia.
Lauren estudava Economia e era linda, por dentro e por fora. Eu sou mais do biótipo pesado, motivo pelo qual criei o habito de caminhar para todos os lugares que podia em Portland e evitava experimentar os exemplares de bolo da vitrine no café em que trabalho. Isso me mantinha na linha, no quesito cintura. Apesar de que a minha mãe ainda achava conveniente me dar palestras sobre o assunto se, Deus me livre, eu ousasse colocar açúcar no café. As minhas coxas sem dúvida explodiriam, ou algo assim.
Lauren tinha três irmãos mais velhos e sabia o que dizer para os rapazes. Nada a intimidava. A moça exalava charme. Eu tinha um irmão mais velho, com o qual não costumava interagir, além dos feriados em família relevantes. Não desde que ele se mudara de casa há quatro anos, deixando apenas um recado. Nathan tinha pavio curto e um dom para se meter em apuros. Tinha sido o bad boy no Ensino médio, sempre se metendo em brigas e cabulando aulas.
Apesar de ser errado pôr a culpa do meu insucesso com os rapazes na relação inexistente com o sexo oposto. Em grande parte.
–Ouça isto aqui. –Lauren inseriu meu fone de ouvido no telefone dela e um ganido de guitarra elétrica explodiu dentro do meu crânio. A dor foi extraordinária. Minha dor de cabeça retornou à vida num rompante. Nada restou do meu cérebro a não ser uma polpa rubra. Disso eu tinha certeza.
Arranquei os fones de ouvido.
–Não. Por favor.
–Mas isso é Stage Dive.
–E eles são adoráveis. Mas, quem sabe, num outro dia.
–Ás vezes me preocupo com você. Só quero que saiba disso.
–Não há nada de errado com música country tocada suavemente.
Lauren bufou e ajeitou o cabelo no alto da cabeça.
–Não há nada de certo com música country tocada em qualquer volume. Então, o que fez na noite passada? Além de passar o tempo de maneira agradável passando mal?
–Na verdade, isso resume bem a questão. –quanto menos eu dissesse, melhor. Como eu poderia explicar? Ainda assim, a culpa se infiltrou em mim, e me retorci no eu assento. A tatuagem latejou em protesto.
Eu não contara a Lauren sobre o meu grande plano de transar naquela noite. Ela teria querido ajudar. De verdade, sexo não me parece o tipo de assunto no qual se precisa de ajuda. A não ser aquela do parceiro sexual em questão, claro. A ajuda de Lauren se resumiria a me empurrar para cada um dos gatos do lugar com a promessa da disponibilidade imediata das minhas pernas abertas.
Amo Lauren e sua lealdade inquestionável, mas ela não tem sequer uma centelha de sutileza em seu corpo. No quinto ano, ela socara o nariz de uma garota que Caçapava de mim por causa do meu peso e nos tornamos amigas desde então. Com Lauren, você sempre sabe em que pé está. Algo que preciso na maioria das vezes, mas não quando a discrição é necessária.
Ainda bem que meu estômago sensível sobreviveu à aterrissagem turbulenta. Assim que os pneus rolaram pela pista, exalei um suspiro de alívio. Voltará à minha cidade natal. Lindo Oregon, adorável Portland, nunca mais os abandonarei. Com as montanhas ao longe e as árvores da cidade, ela era um encanto único. Limitar-me somente a uma cidade fosse exagero. Mas era fantástico voltar para casa. Eu tinha um estágio muito importante alinhavado para começar na semana seguinte, o qual meu pai se esforçara para me arranjar. Também havia a necessidade de começar a planejar as aulas do semestre seguinte.
Tudo ficaria bem. Aprendi minha lição. Normalmente, não passo dos três drinques. Três é bom número. Três me deixam contente sem fazer cair de cara no desastre. Nunca mais eu superaria esse limite. Voltei a ser a boca e velha organizada e chata. Aventuras não são nada boas e eu já estava farta delas.
Levantamo-nos e pegamos as malas no compartimento superior. Todos empurraram para frente na pressa de desembarcar. As comissárias de bordo nos lançaram sorrisos bom ensaiados, conforme avançamos pelo corredor e saímos para o túnel de conexão com o aeroporto. Em seguida, passamos pela inspeção de segurança e chegamos à área de coleta de bagagem. Felizmente, só tínhamos as malas de mão, portanto, nenhum atraso ali. Eu não me aguentava de vontade de chegar em casa.
Ouvi um grito logo à frente. Luzes pipocaram. Alguém famoso devia ter estado no avião. As pessoas à nossa frente se viraram para olhar. Também olhei para trás, mas não vi ninguém conhecido.
–O que está acontecendo? –Lauren perguntou, perscrutando a multidão.
–Não sei. –respondi, ficando na ponta dos pés, animando-me com toda aquela comoção.
Foi então que ouvi meu nome sendo preferido em todos os cantos. A boca de Lauren se crispou de surpresa. A minha ficou escancarada.
–Para quando é o bebê?
–Maite, William está com você?
–Haverá outro casamento?
–Quando você vai se mudar para L.A.?
–William está vindo conhecer os seus pais?
–Maite, esse é o fim do Stage Dive?
–É verdade que vocês fizeram tatuagens dos seus nomes?
–O que tem a dizer sobre as acusações de que você acabou com o grupo?
O meu nome e o dele, em todas as partes, misturados a uma artilharia de perguntas infindáveis. Tudo isso se tornou o caos. Uma parede de barulho que eu mal conseguia compreender. Fiquei Prada sem acreditar, enquanto os flashes me cegavam e as pessoas me pressionavam. Meu coração pulsava forte. Nunca me dei bem com multidões, e eu não via como escapar dali.
Lauren se recompôs com mais rapidez.
Colocou seus óculos de sol em mim e me agarrou pela mão. Usando livremente os cotovelos, arrastou-me em meio às multidão.
O mundo se tornou um borrão, graças às lentes de grau dela. Tive sorte de não cair de cara no chão. Corremos pelo aeroporto cheio e entramos num táxi que aguardava, furando a fila. As pessoas começaram a gritar. Nós as ignoramos.
Os paparazzi estavam bem próximos.
Os malditos paparazzi. Teria sido surreal se não tivesse sido tão desvairado e comigo.
Lauren me empurrou no banco de trás do táxi. Deitei e depois abaixei, esforçando-me ao máximo para me esconder, desejando poder desaparecer por completo.
–Vai! Depressa! –exclamou ela para o motorista.
O motorista seguiu as instruções ao pé da letra. Nossa carona saiu em disparada dali, fazendo-nos deslizar sobre o assento de vinil craqueado. Minha testa ricocheteou do assento de passageiro (estofado, felizmente). Lauren passou o cinto de segurança pela minha cintura e i prendeu. Minhas mãos não pareciam funcionar. Tudo saltava e sacudia.
–Fale comigo! –pediu ela.
–Hum… –Nenhuma palavra saiu. Erguida os óculos de sol na testa e fiquei olhando para o vazio. Minhas costelas doíam é meu coração ainda estava acelerado.
–May? –Com um leve sorriso, Lauren deu um tapinha no meu joelho. –Por um acaso, você se casou enquanto estávamos lá?
–Eu...sim. Eu, hum, me casei. Acho.
–Uau.
Então, tudo simplesmente jorrou de mim.
–Deus, Lauren. Fiz a maior confusão e nem me lembro de nada.
Acordei e ele estava lá e depois ele ficou furioso comigo e eu nem posso culpa-lo. Eu não sabia como te contar. Eu só ia fingir que nada disso tinha acontecido.
–Acho que isso não vai funcionar agora.
–Não.
–Ok. Não é nada demais. Você se casou. –Lauren assentiu, o rosto incrivelmente impassível. Sem raiva, nem culpa. Nesse meio tempo, eu me senti horrível por não ter confiado nela. Nós partilhávamos tudo.
–Desculpe –disse eu –Eu deveria ter contado.
–Deveria. Mas deixa pra lá. –Ela endireitou a saia como se estivéssemos nos aprontando para tomar chá. –Então, com quem se casou?
–W -William. O nome dele é William.
–William Levy, por acaso?
O nome me parecia familiar.
–Talvez?
–Aonde vamos? –perguntou o taxista, sem despregar os olhos do trânsito. Ele cortava entre os carros com velocidade sobrenatural. Caso eu estive conseguindo sentir alguma coisa, talvez sentisse medo ou mais ânsia. Terror puro, quem sabe. Mas eu não sentia nada.
–May? –Lauren se virou em seu lugar, observando os carros atrás de nós –Nao os despistamos. Para onde quer ir?
–Para casa –respondi, o primeiro lugar seguro que me veio à mente –Isto é, a casa dos meus pais.
–Sábia decisão. Eles tem grades na casa. –sem parar para respirar, Lauren informou o endereço para o motorista. Ela franziu o cenho e voltou a ajeitar os óculos em mim. –Fique com eles.
Dei uma risada ríspida, conforme o mundo exterior voltava a ficar borrado.
–Acha mesmo que isso vai ajudar agora?
–Não! –replicou ela, lançando o cabelo para trás –Mas as pessoas nessa situação estão sempre de óculos escuros. Confie em mim.
–Você assiste demais à televisão. –Fechei os olhos. Os óculos não estavam ajudando com a dor de cabeça. Tampouco o resto. Tudo culpa minha. –Desculpe por não ter contado. Não tive a intenção de me casar. Nem mesmo me lembro do que, exatamente, aconteceu. Isso é tão…
–Fodido demais?
–Acho que isso define bem a situação.
Lauren suspirou e apoiou a cabeça no meu ombro.
–Você tem razão. É melhor nunca mais beber tequila.
–Não mesmo. –concordei.
–Me faz um favor? –pediu.
–O que?
–Não acabe com a minha banda predileta.
–Caramba! –voltei a suspender os óculos, e Francisco o cenho o suficiente para fazer a minha cabeça latejar. –Guitarrista. Ele é o guitarrista. É daí que eu o conheço…
–Sim. Ele é o guitarrista do Stage Dive. Bem observado.
O William Levy. Fazia anos que ele ornamentava as paredes do quarto de Lauren. Eu tinha que admitir, ele era a última pessoa que eu esperava encontrar ao acordar, no chão do banheiro ou em qualquer outro lugar. Mas como foi que não o reconheci?
–Foi por isso que ele conseguiu o anel.
–Que anel?
Remexendo-me mais no banco, fisguei o monstro do bolso da minha calça jeans e tirei os fiapos de algodão. O diamante brilhava com acusação na luz clara do dia.
Lauren começou a tremer ao meu lado, o riso abafado escapando pelos lábios.
–Mãe de Deus! Ele é imenso!
–Eu sei.
–Não, sério!
–Eu sei.
–Puta merda. Acho que vou fazer xixi nas calças… –guinchou ele, abanando o rosto e dando pulinhos no banco do carro –Olha só pra isso!
–Lauren, para. Não podemos surtar juntas. Isso não vai dar certo.
–Certo. Desculpe. –ek pigarreou, visivelmente se esforçando para recompor o controle –Quanto isso vale?
–Não quero nem imaginar.
–Isso. É. Loucura.
Ficamos olhando para aquela coisa em silêncio reverente.
De repente, Lauren começou a pular no banco como uma criança que tivesse consumido açúcar em excesso.
–Já sei! Vamos vendê-lo e viajar pela Europa. Caramba, acho que podemos dar a volta ao mundo algumas vezes por conta dessa coisa. Pensa só.
–Não podemos –respondi, por mais tentador que isso fosse –Tenho que devolver para ele de fim jeito. Não posso ficar com o anel.
–Que pena. –Ela sorriu. –Bem, parabéns. Você se casou com uma estrela do rock.
Enfiei o anel de volta no bolso.
–Obrigada. Que diabos vou fazer agora?
–Sinceramente? Não sei. –Balançou a cabeça na minha direção, os olhos cheios admiração. –Você superou as minhas expectativas. Eu só queria que você soltasse o cabelo, relaxasse, desse outra oportunidade para a espécie masculina. Mas o nível de loucura em que você se lançou é totalmente novo. Você fez mesmo uma tatuagem?
–Fiz.
–Do nome dele?
Suspirei e assenti.
–Onde, se é que posso perguntar?
Fechei os olhos.
–Na nádega esquerda.
Lauren perdeu completamente o controle, rindo tanto que lágrimas escorreram pelo seu rosto.
Perfeito.
Autor(a): felevyrroni
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 12
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poly_ Postado em 19/08/2019 - 15:40:25
Ansiosa para o próximo capítulo. Continuaa
felevyrroni Postado em 03/10/2019 - 23:10:08
Oiiie ^^ Voltei amore, desculpe o sumiço Vamos para os capítulos
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poly_ Postado em 12/08/2019 - 13:23:40
Q amorzinho, ainda bem que estão se entendendo. Continuaa
felevyrroni Postado em 14/08/2019 - 00:39:10
Sim, uns fofos ^^ Postando amore
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poly_ Postado em 10/08/2019 - 01:40:26
Cadê vc mulher? Não me mate de curiosidade assim
felevyrroni Postado em 11/08/2019 - 22:55:21
Voltei, desculpe fiquei sem wifi rs Postando amore ^~^
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poly_ Postado em 05/08/2019 - 13:24:24
Não vejo a hora de acontecer esse reencontro. Continuaaa. Bjuss!!!
felevyrroni Postado em 06/08/2019 - 23:49:12
Vai ser tenso kkkkk
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poly_ Postado em 03/08/2019 - 23:25:58
Não sei se sinto pena ou fico feliz pela Mai, não é todo dia q consegue se casar com William Levy né? Kkkkkkkk. Continuaa logooo
felevyrroni Postado em 06/08/2019 - 23:50:13
kkkkkk então né, ela deveria levantar as maos para o céu e agradecer q ela se casou com esse deus grego kkkkkkk
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poly_ Postado em 02/08/2019 - 12:46:59
Ja gostei, continuaaa. Bjuss!!
felevyrroni Postado em 02/08/2019 - 12:56:04
Obaaa :)