Fanfics Brasil - Capítulo-02 RENASCER DE ANAHI

Fanfic: RENASCER DE ANAHI | Tema: AyA ,Anahi y Alfonso,Ponny


Capítulo: Capítulo-02

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ALFONSO HERRERA


Eu sempre fui um homem forte.


Era ainda jovem, mas já tinha sobre os ombros responsabilidades de um velho. E sempre tinha sido assim. Mas agora, aos 22 anos, eu tinha sido seriamente golpeado pelo destino. E estava cansado de ser a fortaleza, o rochedo que todos viam. Eu me sentia muito sozinho. E cansado. Perdido. Fraco.


Enquanto me dirigia para a Clínica Alice Falcão naquele domingo bem cedo, com Fred ao meu lado apreciando o vento que vinha da janela e batia em seus pelos, um enorme buquê de primaveras disposto no banco detrás, eu só pensava. Como vinha fazendo há muito tempo.


Fui forte quando meus pais morreram em um acidente e eu tinha apenas 18 anos de idade. Cuidei da minha irmã Elisa, um ano mais nova que eu. Assumi, sozinho, nossas plantações de flores, plantas ornamentais e mudas para jardins, no sítio em que vivíamos. Tranquei minha faculdade. Minha vida se tornou dura e dedicada ao que me restava da família, minha irmã, e aos negócios.


Não podia reclamar de nada disso. Não via como obrigação. Era uma vida que eu gostava, embora quase não tivesse mais tempo para sair com os amigos e ser despreocupado. Minha última namorada reclamava da falta de tempo, das minhas preocupações constantes. Por isso tinha acabado e eu estava sozinho.


Mulher nunca faltou para mim, mas ainda era jovem demais para me prender a alguém e com muita coisa para resolver antes de poder relaxar um pouco.


Desde que meus pais morreram, o que mais fiz na vida foi trabalhar. Era uma maneira de expandir os negócios, ter uma vida melhor, dar um futuro para Elisa e também uma ocupação diante da dor. Somente quem perdia violentamente pessoas que amava demais podia entender minha dor. Há quatro anos eu convivia com ela, calado, sem chorar uma vez sequer, sem me revoltar.


Minha mãe e meu pai tinham sido tudo para mim. Meus amigos, companheiros, confidentes. Eu os admirava e queria ter na vida um amor como o deles, intenso, verdadeiro, único. Éramos uma família feliz. Eu vivia sorrindo e via a vida como algo lindo a ser apreciado.


Até que eles completaram vinte anos de casados e, para comemorar, resolveram viajar uns dias, sair da rotina do sítio. Se programaram e partiram felizes para aproveitar as praias de Fortaleza. Nunca chegaram lá. O avião em que estavam caiu e matou mais de cem pessoas, eles incluídos. Não consegui acreditar. Acho que ainda esperava que chegassem em casa e dissessem que era mentira. Não fosse a dor e a saudade, eu me convenceria daquilo.


Elisa tinha se desesperado. Era uma moça frágil, desde muito nova não sabia lidar com perdas e sentimentos funestos. Quando algum de seus animais de estimação morria, caía em prantos e em tristeza profunda. Mas nada a tinha preparado para perder os pais, que sempre a protegeram demais. Os dois primeiros anos foram muito difíceis e ela chegou a tomar antidepressivos, embora fosse tão nova.


Eu me desdobrei para cuidar dela e dos negócios, mas finalmente a vi se recuperar aos poucos. Agarrou-se em mim como tábua de salvação, a ponto de me sufocar com seus medos de que algo pudesse me afastar dela também. Dizia que não aguentaria, que nunca poderia lidar com a solidão.


Quando achei que as coisas se ajeitariam, ela se apaixonou pelo filho de um fazendeiro vizinho. Começaram a namorar e o cercou tanto, que o rapaz quis se separar. Foi nova onda de depressão e choro, novamente eu fazendo de tudo para que se recuperasse. Demorou, mas aconteceu.


Há alguns meses, se apaixonou loucamente por um colega de faculdade. Só falava nele e andava sonhadora pelos cantos. Dizia que ele se casaria com ela, fazia planos, mergulhava de cabeça naquela relação. Eu tentava conversar, fazê-la não ficar tão obsessiva, ter outros interesses. Mas nunca imaginei sua reação quando o rapaz a traiu com sua melhor amiga e a deixou para ficar com ela.


Elisa não se conformou. Tomou um vidro inteiro de remédios e quase morreu. Se eu chegasse alguns minutos a mais, era o que aconteceria.


Depois que saiu do hospital, eu vi que estava muito mal emocionalmente, em sua pior crise depressiva. Um dos empregados do Sítio falou da Clínica Alice Falcão e a internei ali, há algumas semanas.


Devido ao trabalho exaustivo no sítio, eu só podia vê-la nos fins de semana, quando ia visitá-la com Fred e com flores que eu tirava de nossas plantações e sabia que ela adorava. Estava arrasado, preocupado e aquelas visitas em nada aliviavam isso. Pois Elisa parecia morta naquele lugar, sem interesse em melhorar. Meu maior medo era que ela tentasse se matar novamente.


No dia anterior, tinha ido vê-la e saí de lá pior do que quando cheguei. Nada do que fiz ou disse a animou. Nem as flores que levei. E agora, ao voltar à Clínica, eu sentia meu peito apertado e um desespero incipiente, sem saber mais o que fazer para tirá-la daquela crise.


Estacionei a caminhonete ao lado de outros carros e desci. Prendi Fred na coleira e ele estava todo animado, sacudindo o rabo. Disse a ele:


- Não vá fugir como ontem, Fred. Espere no jardim, ouviu?


Ele latiu, feliz da vida. Era meu amigo e companheiro, muito bem adestrado. Por isso eu o trazia, sabendo que esperaria por mim no lugar de sempre. Mas no dia anterior, tinha vindo correndo de outro canto e eu temia que aprontasse alguma e os donos da clínica me proibissem de levá-lo. Sempre tinha a esperança de que Elisa quisesse vê-lo, afinal, sempre o adorou. Mas não conseguia despertar aquele interesse nela nem fazê-la sair do quarto.


Peguei o buquê enorme de primaveras coloridas, bati a porta do carro e saí com Fred, caminhando com ele pelo terreno gramado, mais uma vez me dando conta como tudo ali era bem cuidado. O trabalho era excelente e minha irmã estava recebendo o melhor, mas mesmo assim nada parecia mudar. E a cada vez eu me sentia mais triste, acabado, nervoso. Sem saber o que fazer.


Dirigi-me ao casarão da clínica, imerso em meus pensamentos e preocupações. Antes de entrar, soltei Fred e acariciei sua cabeça, enquanto se lambia e me olhava todo feliz.


- Fique aqui, garoto.


Ele latiu, como a confirmar que ficaria. Sorri para ele. Então, deixei-o e fui ver minha irmã.


Era cedo ainda e ela dormia, muito quieta no quarto que dividia com uma moça que tentara se matar também, mas se recuperava bem mais rápido. Ela estava com a mãe e cumprimentei as duas. Depois, inclinei-me sobre Elisa, beijei sua bochecha e a fitei, cheio de amor, cheio de saudade da sua companhia e do seu sorriso.


Como continuou imóvel, fui acrescentar as novas flores ao grande jarro sobre a mesa, com as azaleias do dia anterior. Então, voltei, sentei na poltrona ao seu lado e segurei sua mão, esperando que acordasse, rezando silenciosamente para que daquela vez estivesse melhor.


A outra moça do quarto e a mãe puxaram assunto comigo. Conversei com elas. Mas o tempo todo atento em minha irmã.


Quando finalmente acordou e me viu, começou a chorar e só falou no namorado que a deixara, querendo saber notícias dele, se ainda estava com sua amiga. Eu não sabia. Tentei confortá-la, fiz o possível e o impossível, falei do Sítio, dos seus amigos, dos empregados que sempre perguntavam por ela. Falei de Fred, convidei-a para andar no jardim. Mas nada a animou.


Saí de lá arrasado, perdido, cansado. Pedi para falar com a psiquiatra chefe da clínica e fui encaminhado à sala dela. Doutora Rose me recebeu com a simpatia de sempre e viu como eu estava triste e desanimado. Sentamos em volta de sua mesa e indaguei:



  • -O que posso fazer para que minha irmã se recupere, doutora?

  • -Alfonso, apenas o que faz sempre. Não a abandona, tem paciência e a enche de carinho e amor. – Fitou-me, bondosa. – Elisa precisa querer melhorar. Estamos trabalhando nisso, tanto com terapia como com medicamentos. Mas a depressão não se cura de uma hora para outra. É um processo

  • -Tenho medo que ela nunca mais

  • -Vai melhorar sim. Essa é a primeira


Ela continuou a explicar como era o tratamento. Eu ouvia, calado. Mas nada do que disse afastou de dentro de mim aquela sensação de inutilidade, aquele cansaço que me envolvia cada vez mais. Sentia-me muito sozinho, pesado, sem saída. Já tinha perdido meus pais. Não queria perder também minha irmã.


Conversamos e, sem ter mais o que fazer, saí de lá sabendo que teria que ser paciente e continuar tentando fazer Elisa acreditar que a vida estava ali para ser vivida, que não podia fugir a cada vez que se deparava com um problema.


Atravessei o corredor, concentrado em meus pensamentos e preocupações. Ia voltar ao sítio e trabalhar, para tentar esquecer o que eu não podia mudar e a solidão cada vez maior. Só assim para também não ficar deprimido.


Ao chegar à grande varanda da clínica, olhei em volta e Fred não estava ali. Desci os degraus buscando-o e então o vi. Parei, observando ao longe.


Uma moça com longos cabelos Loiros, até quase a cintura, estava sentada a um banco, sob uma árvore. Apesar do dia lindo, com sol brilhante, ela usava casaco, calça e se escondia toda. Havia algo de contido em sua postura, de um pouco daquela solidão que eu sentia. Rompida apenas por Fred, que se colava às pernas dela e apreciava os carinhos que fazia nele, lambendo-se feliz da vida, fitando-a como se estivesse apaixonado.


Ela retribuía aquele olhar, parecendo também apaixonada.


Admirei os dois, sabendo como Fred era carinhoso, como conquistava todos à sua volta. Havia um ar de encanto na moça.


Olhei-a melhor, percebendo o quanto era jovem e bonita. Não devia ter mais que 18 anos. Indaguei a mim mesmo como podia ter tentado se matar, já que a clínica era para recuperar pessoas que tentaram suicídio. Era como Elisa. Uma moça cheia de vida, jovem, bela. Mas desperdiçando a vida, como se esta não valesse nada. Como se não houvesse uma pessoa que as amava e sofria.


Isso me fez encher de raiva. Quis sacudi-la e sacudir minha irmã, dizer o quanto eram egoístas, fazê-las ver que havia muito mais vida além daquele mundinho delas. Furioso, cerrei os punhos e mantive-me imóvel, lutando com minha irritação, querendo apenas sumir dali.


De repente, Fred sentiu minha presença. Ergueu as orelhas e me buscou com o olhar, animando-se todo ao se deparar comigo. Sua reação fez a moça enrijecer e soltá-lo, virando o rosto para mim, seus olhos encontrando os meus, sua expressão de susto e uma espécie de medo.


Por um momento, só nos olhamos, a distância não parecendo nada.


Não pude ver a cor dos seus olhos, mas me dei conta de algo. Não eram tristes e melancólicos como de Elisa. Eram atentos, assustados, alertas. Havia algo como pânico, que a imobilizou.


Fred veio correndo para mim, latindo, todo alegre. Mas não consegui parar de encarar a moça, sério, firme.


Não sei o que houve, o que viu em mim que a deixou nervosa. Ergueu-se de repente e, como se fugisse de algo que a amedrontava, deu-me as costas e caminhou rapidamente para longe, esgueirando-se entre as árvores, seus cabelos sedosos esvoaçando atrás dela.


Tive vontade de ir atrás dela e nem entendi o motivo. Fred se esfregou animado entre minhas pernas, chamando minha atenção, saltitando. Continuei imóvel, até que não a via mais.


Saí daquela espécie de transe, sem conseguir parar de pensar o quanto era linda e ao mesmo tempo aterrorizada. Soltei o ar dos pulmões, suspirei. Então, voltei a atenção para Fred e coloquei a coleira nele, acariciando-o, dizendo baixo:


 



  • -Agora sei por que não me espera mais no jardim. Arrumou uma nova .Ele balançou o rabo, olhando-me.


Naquele momento, alguém parou ao nosso lado e ergui os olhos. Uma mulher linda, alta e morena, com longos cabelos cacheados, sorriu para mim.



  • -Oi, como vai? – Estendeu-me a mão. – Lembra de mim?

  • – Acenei com a cabeça e apertei sua mão com firmeza. Já a tinha visto ali algumas vezes e fui apresentado a ela. Era namorada ou esposa do dono da clínica, não sabia bem. Tentei recordar seu nome, mas ela mesma informou:

  • -Lara

  • -Alfonso Herrera. – Soltei sua mão, achando que diria algo sobre minha irmã. Mas ela me

  • -Alfonso, eu gostaria de agradecer. – Ainda sorrindo, com algo iluminando suas feições, ela se abaixou e acariciou Fred, que na mesma hora se ofereceu

  • -Agradecer? – Não

  • Seu amigo aqui ... Qual o nome dele?

  • -Então, o Fred fez um milagre hoje. Estou aqui radiante! Sem acreditar no que acabei de ver. – Ergueu os olhos castanhos claros e redondos para mim, emocionada, explicando enquanto abraçava Fred: - Ele fez Anahi deixar de lado seu pavor ao toque. É a primeira vez que vejo isso. Não sabe como é maravilhoso, como ...


Calou-se, como se sua voz embargasse.


 Anahi. Só podia ser a moça que acabei de ver. Lara se ergueu, respirando fundo, sorrindo.



  • -Você sempre o traz aqui?

  • -Por favor, não deixe de fazer isso. Fred conseguiu o que estamos tentando há meses. Nunca vi Anahi mais feliz e à vontade. Ele pode ser o caminho mais rápido para ajudá-la. Nem sei como posso agradecer a você e a ele.

  • -Não fiz nada. – Pensei na moça linda e jovem, isolada, sem poder encostar nas pessoas. Minha agonia aumentou, assim como o cansaço que pesava em meus ombros. Lancei um olhar a Fred, acalmando-me um pouco mais. – Ele que é especial.


 



  • -Você o trouxe. Se puder continuar vindo com ele, vou agradecer demais! Tenho que contar para Rose. Talvez aí esteja uma maneira de ajudar Anahi. – Estava feliz, seus olhos brilhando. – Posso contar com isso?

  • -Eu vou continuar trazendo o Fred aqui.

  • -E como está sua irmã?

  • – Foi tudo o que falei.


Lara foi carinhosa, pareceu perceber como eu me sentia, conversou comigo, tentou me encher de esperanças. Falei com ela, tentei acreditar, mas não consegui.


Eu só queria ser forte de novo e me livrar daquela tristeza. Mas como, se o estado da minha irmã mal me deixava dormir? Se eu via outras pessoas como ela e até piores, como aquela menina solitária e avessa ao toque? Onde a felicidade e a esperança haviam se escondido?


Despedi-me de Lara e voltei para casa. Sozinho.



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Autor(a): hittenyy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 8



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  • carolraaj Postado em 03/01/2020 - 18:11:35

    Pfvr!!!! Postaa

  • carolraaj Postado em 03/01/2020 - 18:10:50

    Posta pfvr, continua!

  • carolraaj Postado em 03/01/2020 - 18:09:59

    Oiee eu gostei muito da historia, continua pfvr!!!!!

  • tinkerany Postado em 29/12/2019 - 02:37:06

    Olá

  • tinkerany Postado em 06/08/2019 - 13:24:13

    Olá! Continu

    • hittenyy Postado em 07/08/2019 - 00:49:26

      Já irei postar 😍

  • ranna_vondy Postado em 05/08/2019 - 11:25:18

    Continua por favor

    • hittenyy Postado em 07/08/2019 - 00:49:54

      Já vou terminar aqui o cap e irei postar❤


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