Fanfic: O segredo de Anahí portilla | Tema: Adaptada - AyA
Estou sentada numa sala na sede da Glen Oil, em Glasgow, e quando olho meu reflexo na janela pareço uma empresária de sucesso. O cabelo está alisado e loiro, estou usando brincos discretos como mandam nas matérias sobre “como conseguir aquele emprego”, e estou com meu novo conjunto Jigsaw, superelegante. (Pelo menos é praticamente novo. Comprei no bazar da Pesquisa do Câncer e preguei um botão para substituir o que faltava, e mal dá pra notar.)
Estou aqui representando a Corporação Panther, onde trabalho. A reunião é para finalizar um acordo promocional entre a nova bebida esportiva Panther Prime, sabor uva-do-monte, e a Glen Oil. Cheguei especialmente de Londres hoje cedo, de avião. (A empresa pagou e tudo!)
Quando cheguei, os caras do marketing da Glen Oil começaram uma conversa comprida, metida a besta, tipo “quem já viajou mais?”, sobre milhas aéreas e o vôo noturno para Washington – e acho que eu blefei de modo bem convincente. (Menos quando disse que tinha ido de Concorde para Ottawa, e por acaso o Concorde não vai a Ottawa.)
Mas a verdade é que esta é a primeira vez que tenho de viajar para fechar um acordo.
Certo. A verdade verdadeira é que este é o primeiro acordo em que eu trabalho, e ponto final. Estou na Corporação Panther há onze meses, como assistente de marketing, e até agora só me deixaram digitar comunicados, marcar reuniões para outras pessoas, pegar sanduíches e pegar a roupa do meu chefe na lavanderia a seco.
Ou seja, essa é tipo a minha grande oportunidade. E tenho uma esperançazinha secreta de que, se me der bem, talvez seja promovida. O anúncio para o emprego dizia “possibilidade de promoção em um ano”, e na segunda-feira terei a reunião de avaliação anual com meu chefe, Paul. Li a parte de “Avaliações” na apostila de apresentação aos funcionários, e ali dizia“uma oportunidade ideal para discutir possibilidades de avanço na carreira”.
Anahí Portilla, executiva de marketing.
Anahí Portilla, vice-presidente (Marketing).
Se tudo der certo hoje. Paul disse que o acordo estava feito, selado e coisa e tal, e que eu só precisava confirmar com a cabeça e apertar a mão deles, que até eu deveria ser capaz de fazer isso. E até agora admito que a coisa está indo bastante bem.
Certo, eu não entendo noventa por cento do que eles estão falando. Mas também não entendi muito da prova oral de francês no GCSE e mesmo assim tirei B.
– Reestruturação de marca... análise... relação custo-benefício...
O sujeito de terno cinza ainda está arengando sobre alguma coisa. Do modo mais casual possível, estendo a mão e puxo seu crachá alguns centímetros na minha direção, para poder ler.
Doug Hamilton. Isso mesmo. Certo, dá para guardar. Doug. “Dou.” Fácil de visualizar. Hamil pode virar “ah, meu” ... e...
Certo, esquece. Vou anotar.
Escrevo “reestruturação de marca” e “Doug Hamilton” em meu bloco e faço um pequeno arabesco. Meu Deus, a calcinha está realmente desconfortável. Puxa, fio-dental nunca é muito confortável, na melhor das hipóteses, mas este está particularmente ruim. Deve ser porque é dois números menor do que deveria.
Autor(a): stephane torres
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