Fanfics Brasil - 11 Um cupido diferente - Adaptada (Vondy)

Fanfic: Um cupido diferente - Adaptada (Vondy) | Tema: Vondy


Capítulo: 11

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Ali está ótimo, obrigado — disse Ucker. O táxi parou junto ao meio-fio.


 


— Sentirei saudade. — Inclinando-se, Dul tornou a beijá-lo.


 


— Eu também.


 


— Não, não sentirá. Estará ocupado demais. Olhei para ele.


 


— Então não sentirei saudade. Olhei para ela.


 


— Não sentirá? Olhei para ele.


 


— Claro que sim, sua maluquinha. Olhei para ela.


 


— Você promete? Ucker ergueu a mão.


 


— Sim, palavra de escoteiro.


 


Olhei para ela.


 


— Mas você falou que nunca foi escoteiro.


 


Aonde diabos estava indo essa conversa?, perguntei-me. O taxista buzinou várias vezes, sem dúvida pensando a mesma coisa.


 


— Senhora — gritou o homem. — Não posso ficar aqui parado.


— É melhor você ir antes que o sujeito tenha um ataque. Eu te amo, querida.


 


— Eu também. — Dul beijou o topo da minha cabeça. — Eu também te amo, Miles.


 


— Típico — riu-se Ucker. — O namorado ganha um "eu também", porém o cachorro merece um "eu te amo."


 


De novo a buzina.


 


— Senhora, por favor!


 


— Faça um bom vôo e me telefone quando chegar.


E assim Dul foi-se, deixando cão e dono plantados na esquina.


Eu simplesmente não conseguia entender. Como iríamos tocar a vida sem ela?


 


Ucker levou-me até a entrada de um prédio estranho, em um quarteirão estranho, em uma parte estranha da cidade. Sem nenhum porteiro à vista, ele precisou de uma chave para entrar. E então de outra chave para chamar o elevador. No instante em que ouvi aquela geringonça tinindo, retinindo, rangendo e chacoalhando, dei meia-volta.


Desculpe-me, de jeito nenhum.


 


— Relaxe, parceiro — disse ele, pelejando para abrir a porta do que parecia uma gaiola gigante, adequada para carregar matilhas de cães, gatos e humanos supernutridos ao mesmo tempo. — Esse velho elevador de carga ladra, mas não morde.


Apesar da débil tentativa de apelar para um "humor canino", Ucker não pôde me convencer a entrar por vontade própria.


 


— Imagino que serei obrigado a carregá-lo, hein?


 


Lancei-lhe um olhar que dispensava quaisquer outras explicações.


Após lenta e agonizante subida, as portas se abriram para uma sala tão espaçosa, com pé direito tão alto, que fiquei com cãibra no pescoço só de olhar para cima.


 


— Sinta-se em casa. — Ucker colocou-me no chão frio.


"Casa", todavia, ficava em Upper East Side. "Casa", com certeza, não era esse lugar frio, estéril.


 


— Ok, sei que você está um pouco confuso. O negócio é o seguinte. Aqui é onde costumo passar algum tempo. Sim,estou quase sempre com Dul, porém, quando não, venho para cá. Entendido?


 


Farejei o ar. Bolorento, empoeirado. Entretanto, impossível negar, o cheiro de Ucker recendia em todo canto.


No meio da sala, um sofá negro e escorregadio como uma serpente exalava um odor animal


(felizmente, não canino).


 


Havia ali o maior aparelho de tevê que eu jamais vira. Uma cama, mais larga do que a que tínhamos em casa. Mesa e cadeiras que não combinavam entre si. Uma planta seca. E janelas imundas a ponto de mal se enxergar lá fora.


Fitei-o como se dissesse, nós viemos, eu vi, agora vamos dar o fora.


 


— Ora, tenha dó. Minha esposa levou o que possuíamos de melhor. Exceto minha coleção de CDs de jazz. Aliás, creio que é hora de apresentá-lo ao gênio do qual você herdou o nome. Miles Davis.


 


Antes de decifrar o significado daquelas palavras, a sala tornou-se tão cheia de sons, que pareceu encolher. Escutei a melodia gemer, sussurrar, avolumar-se de modo crescente e arrebatador, que me penetrou pelos ouvidos e chegou-me às entranhas. E então a coisa mais estranha e mística aconteceu. Sem aviso prévio, atirei a cabeça para trás e comecei a uivar com toda a força de meus pulmões caninos.


Naquela noite, como disse Ucker, "uma nova estrela nasceu".


Só o cheiro fez minha boca encher d'água. Meu corpo inteiro ardia por um bocado. Mas eu sabia que a regra inflexível de Ucker nunca seria afrouxada. Tive que ficar sentado, observando-o se empanturrar.


Mordida após mordida e após mordida.


Estava quase me afogando em auto piedade e saliva, quando, para minha enorme surpresa, ele me ofereceu um pedacinho do filé.


 


— Para não correr o risco de ser chamado de hipócrita por lhe dar comida da mesa e por fingir não consumir carne vermelha, vamos manter essa ligeira infração entre nós, rapazes, Ok?


Ótimo. Claro. Como quiser, pensei, enquanto devorava a gostosura.


 


— Como você pode sentir o gosto de qualquer coisa, se come tão depressa?


Jamais tratou-se de sabor. Tudo gira em torno do cheiro. De que outra forma nós, cachorros, agüentaríamos comer a mesma ração sem graça dia após dia?


Bem, depois do jantar, Ucker jogou os pratos na pia e desapareceu no banheiro, com um livro.


Embora tivesse prometido sair logo, sua "pesquisa" durou uma eternidade a mais do que o suposto. Em reconhecimento a minha paciência (e houvera alguma escolha?), entretemo-nos com uma brincadeira. Ele lançou a bola e corri para pegá-la, completamente esquecido de quão escorregadio era o assoalho. Resultado final?


Esborrachei-me contra a parede.


E permiti que esse pequeno desastre me desanimasse? Com os diabos, não! Não este cão.


Sacudi-me, agarrei a bola e a devolvi ao meu dono. Outra vez deixei que o calor da brincadeira levasse a melhor. Bam! Outra trombada! Essa ainda pior que a anterior. Foi neste instante que


Ucker concluiu ser mais seguro nos acomodarmos no sofá.


Acabamos adormecendo defronte da tevê. Eu estava instalado entre as pernas de Ucker quando ele expeliu gases com tal força, que os pêlos das minhas costas eriçaram e meus ouvidos vibraram. A explosão deve tê-lo acordado também, porque sentou-se de chofre.


 


— Duas horas? — resmungou, limpando o fio de baba no canto da boca. — Droga.


 


Ucker mexeu no controle remoto, tirou as roupas, largou-as no chão e rastejou para a cama.


No momento em que afundamos sob as cobertas, a realidade me atingiu.


Onde estava Dul?



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Autor(a): juh_uckermann_Collins

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Uma das mãos fortes de Ucker puxou-me para junto de si. Como se lesse minha mente, ele falou:   — Eu sei, parceiro. Sinto saudade dela também. Seria sonho ou um telefone estava tocando?   — Dul — escutei Ucker dizer.   Dul? Arrastei-me para fora das cobertas. Olhei ao redor do quarto, porém não a achei em l ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



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  • tahhvondy Postado em 03/09/2019 - 20:13:23

    leitora nova,continua

  • Annytequila Postado em 03/09/2019 - 13:38:02

    Amando a fic *-* cnt logoooooooo

  • bruna_vondy_love Postado em 02/09/2019 - 15:53:53

    continuuuua. essa cena ai heim, rsrs hum hum, sei não kkkkkkkkk

  • bruna_vondy_love Postado em 30/08/2019 - 10:27:52

    preciso saber o que vai acontecer. que prologo é esse.! separação vondy. ah, to roendo as unhas aqui

  • bruna_vondy_love Postado em 30/08/2019 - 10:26:46

    continua

  • bruna_vondy_love Postado em 30/08/2019 - 10:26:34

    oi.. sou leitora nova, a primeira da fanfic... já estou encantada com o miles. tão miudinho e já sofreu tanto. espero que junto com o casal vondy ele fique bem....


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