Fanfics Brasil - 14 Um cupido diferente - Adaptada (Vondy)

Fanfic: Um cupido diferente - Adaptada (Vondy) | Tema: Vondy


Capítulo: 14

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Ucker deu de ombros.


 


— É quando a bola chega até o buraco e então... morre. Os dois gargalharam.


 


— Uma piada velha, que trai a nossa idade, hein?


 


— Sim. Os jovens de hoje não a entenderiam.


 


— Falando em jovens, parece que vai começar um jogo.


 


— Aposto cem dólares que o Penn derrota o B.C.


 


— De jeito nenhum. O armador deles é péssimo. Aposta aceita.


 


Com suas barrigas egoisticamente cheias, convidaram-me para me juntar a ambos no sofá.


Ao pular, esbarrei na embalagem de pizza, aberta sobre a mesinha de centro, e a derrubei no chão. Todo feliz, preparava-me para lamber o queijo grudado no fundo, quando Christian, rudemente, tentou puxar a caixa de sob minhas patas.


SAI PARA LÁ!, rosnei.


 


— Ei! Isso não foi simpático!


 


—Talvez Christian deva tomar de volta aquela orelha de porco que lhe trouxe de presente.


 


Indeciso se tratava-se, ou não, de uma manobra inteligente para me obrigar a me mexer, preferi não esperar até alguém cumprir a ameaça. Corri para debaixo da cama e apanhei o que me pertencia por direito. Então, com a orelha de porco firme entre minhas patas, plantei-me diante dos rapazes e pus-me a roê-la o mais rápido possível, nunca tirando os olhos dos dois.


— QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO? — Ucker berrou. Não era óbvio?


— NÃO! NÃO! IDIOTA ESTÚPIDO! VOCÊ É CEGO?


E então compreendi que meu dono não estava latindo para mim, mas brigando com a TV.


— SIM! — Christian gritou. — MAIS UMA CESTA! Já posso sentir o dinheiro esquentando meu bolso.


— Não tão depressa, Christian. Connor recuperou a bola outra vez. CORRA! CORRA,DESGRAÇADO! ISSO MESMO! SIM! Quem disse que caras brancos não sabem pular?


Sentei-me e observei-os.


Agiam como cães raivosos.


Ganiam. Urravam. Uivavam. Batiam os pés. Sacudiam os punhos. Só faltava correr atrás do próprio rabo e espumar pela boca.


Depois de toda aquela encenação, Ucker ainda perdeu a aposta.


E, como eu não tardaria a descobrir, perderia muitíssimo mais.


 


Corri pelo apartamento inteiro procurando Dul. O cheiro dela (embora não fosse fresco), estava em toda parte — na cama, no sofá, no tapete, na cadeira da escrivaninha, no chão da cozinha. Onde diabos estava ela?


Ucker, todavia, continuou a aguar planta após planta. Todo calmo e contido. Como se não houvesse nada errado.


 


— Terminamos — ele falou, deixando o regador de lado e caminhando em direção à porta.


 


— Vamos.


Mas este cachorro não tinha intenção alguma de partir.


,


— O que acabei de dizer?


Não faço a mínima idéia.


Olhei pela janela, fingindo prestar atenção em alguma coisa realmente importante. Como aquele pombo, fazendo cocô no telhado do outro lado da rua.


 


— Ah, sim, estou entendendo. Você esperava encontrar Dul em casa, não?


Como se fosse preciso ser um gênio para responder a pergunta.


 


— Receio que ela continuará longe por vários dias ainda. Você não pode permanecer sentado aqui, aguardando-a, sabe?


A despeito da minha opinião sobre o assunto, fui arrancado do chão, carregado para fora do apartamento, levado para dentro do elevador, arrastado através do saguão e colocado sobre a calçada. Não me sentia feliz.


 


— Está um dia lindo demais para ficar tão irritado, parceiro.


Dei-lhe as costas.


 


— Uau, o pequenino pisando duro! Ouça, tenho uma idéia. Vamos ao Central Park. Você nunca esteve lá antes.


Sem saber o que era "parque", não demonstrei o menor interesse em ir até lá.


 


— Não seja teimoso. — Ucker tentou me persuadir a avançar. — Todos os cachorros amam o parque.


Imagino que ele se esquecera de que eu não era como todos os cachorros.


Marchei atrás de meu dono, muito, muito devagar. Cabeça abaixada, orelhas caídas, rabo entre as pernas, mal erguendo as patas a cada passo. Puxando a guia na menor oportunidade para dificultar a jornada ainda mais.


 


— Chega de drama, parceiro. Só falta mais um pouquinho.


Escutei a mesma besteira quarteirão após quarteirão, após quarteirão até... atravessarmos a Quanta Avenida e...


Ucker não mentira.


Este cão estava prestes a se apaixonar pelo Central Park em mais de uma maneira.


Eu não sabia para onde olhar primeiro. Nunca havia visto tantas árvores em um só lugar antes. Muitas tão altas quanto prédios. Não aquelas coisas magricelas, moribundas, encravadas nas calçadas, mas árvores grandes, gordas. Luxuriantes e cheias de vida. Cada qual explodindo em uma gama de aromas que eu jamais experimentara. Os pêlos dentro de minhas narinas encaram, atentos. Meus olhos lacrimejaram. A boca do meu estômago se contraiu. Minha cabeça girou. Era óbvio: eu estava adorando.


A maior parte do chão era coberta por um tapete macio, perfumado. "Grama", Ucker o chamou. Esfreguei-me nele, experimentei algumas folhas, e as cuspi.


E havia algo mais que o Central Park possuía em grande quantidade: cachorros.


Toda raça. Macho. Fêmea. Todo formato. Todo tamanho. Orelhas pontudas. Orelhas caídas.


Rabos peludos. Rabos pequenos e grossos. Corpos compridos, pernas curtas. Corpos atarracados, pernas compridas. Dentuços. Beiçudos. Amigáveis. Arrogantes.


Estúpidos.


O que significava que existia um território imenso para demarcar.


Este era meu parque agora.


Seguimos por um percurso que nos conduziu a uma trilha cheia, não de carros, mas de gente. Corredores. Caminhantes. Andarilhos. Ciclistas. Patinadores. Enfim, o tráfego humano básico.


Antes que me desse conta, Ucker começou a me puxar para o meio da confusão.


 


— Teremos que mexer nossos traseiros para conseguirmos atravessar essa trilha — disse ele.


De jeito nenhum, pensei, obedecendo-lhe.


O vento uivava em meus ouvidos e agitava meus bigodes enquanto, habilmente, driblávamos a multidão. Mal alcançamos o lado oposto em segurança, e Ucker teve outra idéia brilhante. Passear perto do lago o qual, logo descobri, era a maior pia que jamais vira.


Dei meia-volta. Desculpe, não vou. De forma alguma.


 


— Do que você está com medo?


Será que a palavra á-g-u-a fazia algum sentido para ele? Aparentemente não, porque Ucker insistiu em tentar me empurrar para frente. Então, saído de lugar nenhum, um labrador preto avançou na nossa direção.


 


— Volte aqui, Lucy! — gritou o dono da cadela, perse-guindo-a.


+


— Não ouse entrar naquela água!


Foi exatamente o que Lucy fez, claro. A propósito, antes ela do que eu. Em qualquer dia.


 


— Eu nunca deveria ter soltado a guia — lamentou-se o sujeito.


 


—Ao primeiro sinal de elevação da temperatura, ela sempre corre direto para o lago. Lucy! O que lhe falei? Saia daí agora mesmo! Fora! Agora!


Todavia o labrador recusou-se a permitir que qualquer coisa atrapalhasse sua diversão.


 


— Sua Lucy parece estar aproveitando — riu-se Ucker.


 


— Com certeza. Mas depois fica com um cheiro horrível. Serei obrigado a lhe dar um banho ao chegarmos em casa. Uma tarefa não tão fácil, acredite-me.


 


O fulano andou até a beirada da água e inclinou-se tanto para frente, que perguntei-me se não iria mergulhar também.


 


— LUCY! VENHA! AGORA!


A cadela, enfim, nadou até a margem. Com aquele sorrisinho malicioso, típico dos labradores, sacudiu-se inteirinha perto do dono.


Suponho que não fosse tão idiota assim.


Ucker e eu passeamos junto à orla do lago durante algum tempo antes de tomarmos outro caminho que nos conduziria, segundo me explicou, a um "túnel". Para mim, o lugar se assemelhava a um grande buraco cavado no chão. Na realidade, um buraco úmido, escuro e horripilante. O fedor de urina humana e animal estava em todo canto. O som de nossas passadas reverberava pelas paredes. Senti-me asfixiado, vulnerável. Um alvo fácil. Acelerei o passo.


Mais rápido. Mais rápido. Não parei até que a luz do dia beijou-me o rosto novamente.


Foi naquele exato instante que a vi...


Saracoteando na minha direção, os longos pêlos brilhan-do sob o sol. Grandes olhos negros.


Lindo focinhozinho úmido, comprido e anguloso. Curva gentil da coluna. Patas da frente um pouquinho viradas para fora.


Ela cheirou meu traseiro. Cheirei o dela.


Juro, a mais bela dachshund de pêlo longo que eu jamais vira.


 


— Acho que alguém se encantou com minha Chloe — falou a mulher atada à guia, abaixando-se e dirigindo-se a mim. — E quem é você, gracinha?


O cão que ama sua cadela.


Julguei melhor não enfurecer a dona da dachshund, portanto, não rosnei.


— Miles — respondeu Ucker. — Isto é, meu cachorro chama-se Miles.


 


— Ele é terrivelmente adorável.


Cutuquei a dachshund. Ela me cutucou de volta.


 


— Meu amigo gostou da sua cachorrinha. Ela deveria sentir-se lisonjeada. Miles não gosta de muitos cães.


 


— Chloe é assim também. Bastante exigente em relação ao sexo oposto. Como eu.


Enquanto isso nós, cães, começamos a brincar. Rodeamos um ao outro sem parar, até nossas guias se entrelaçaram. Em um esforço para separar-nos, Ucker e a mãe de Chloe, acidentalmente, bateram suas cabeças.


 


— Ai!


 


— Você está bem?


A mulher massageou a têmpora.


 


— Sim. E você?


 


— Claro. Afinal, não há nada dentro da cabeça dos homens exceto ar quente, certo?


 


—Minha avó Katherine costumava dizer que se você bate a cabeça na de um rapaz, significa que estão destinados a se envolverem romanticamente um dia.


 


O rosto de Ucker enrubesceu. Ele estava encabulado.


 


— Nunca escutei isso antes. Mas duvido que minha namorada se mostraria muito satisfeita com o prognóstico.


 


— Sua namorada? E onde está ela neste dia espetacular de primavera? Por favor, não diga que se encontra dentro de casa.


 


— Na verdade, está bem longe. Visitando a filha, em Londres.


 


— Sortuda! Amo Londres. Passei algum tempo lá, em um show.


 


— Você é atriz?


 


— Hum-hum.


 


— Será que já a vi em algum lugar?


 


— Pequenos papéis. Trabalhos para a tevê, comerciais, teatro. Meus pais ficariam mais felizes se eu recuperasse o bom senso e arrumasse um emprego de verdade. Encontrasse um marido. Começasse uma família. E não necessariamente nessa ordem.


 


— Difícil acreditar que uma moça como você ainda não tenha sido fisgada.


A mulher afastou uma mecha de cabelos da face.


 


— Obrigada, mas com certeza não é fácil nesta cidade. Toneladas de zeros à esquerda.


 


— Infelizmente são tipos como esses que dão a nós, bons moços, péssima reputação.


 


— Pena que você esteja fora do mercado.


 


— É, bem... — Desajeitado, Ucker consultou o relógio. — Droga, precisamos ir embora.


 


— Lamento — disse a mãe de Chloe. — Os cachorros estavam se divertindo tanto.


 


— Sim, porém você sabe como é. O fim de semana está terminando e ainda tenho muita coisa para fazer.


Que monte de mentira, pensei.


 


— Em qual direção vocês estão indo, rapazes?


 


— De volta à entrada da rua Sessenta e Seis.


 


— É nosso caminho também.


Feliz por passar mais tempo com Chloe, trotei em frente, parando apenas de vez em quando para rosnar para qualquer um — quadrúpede ou não —, que se atrevesse a chegar perto dela.


Na realidade, estava tão perdido de amor que nem sequer notei termos deixado o parque para trás e retornado à Quinta Avenida.


 


— Tenho que tomar um táxi para o centro — disse Ucker.


 


— Posso lhe dar meu cartão? Talvez você descubra um amigo simpático para me apresentar.


Ucker leu em voz alta.


 


— Valerie Valmont. Ótimo nome artístico.


 


— Na realidade, é Valerie Hollingsford.


 


— Também um bom nome. Ah, eu sou Christopher. — Pausa. Uma cocada na cabeça. —Ah...


Uckermann.


— Algum parentesco com Uckermann e Johnson?


 


— Nem de longe.


 


— Pena. Oportunidade perdida para uma noite de conversa fascinante.


Eu jamais havia visto meu dono tão sem palavras antes, evidentemente desconfortável sob a própria pele, remexia-se como se precisasse ir ao banheiro.


 


— Foi um prazer conhecer vocês dois.


 


— Igualmente. Aproveite o restante da tarde, Valerie.


 


Quando estávamos a ponto de atravessar a rua, sentei-me no chão, decidido.


 


— Que engraçadinho! Ele não quer abandonar a namorada.


Ucker encerrou a discussão em instantes.


 


 


 


 



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Autor(a): juh_uckermann_Collins

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



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  • tahhvondy Postado em 03/09/2019 - 20:13:23

    leitora nova,continua

  • Annytequila Postado em 03/09/2019 - 13:38:02

    Amando a fic *-* cnt logoooooooo

  • bruna_vondy_love Postado em 02/09/2019 - 15:53:53

    continuuuua. essa cena ai heim, rsrs hum hum, sei não kkkkkkkkk

  • bruna_vondy_love Postado em 30/08/2019 - 10:27:52

    preciso saber o que vai acontecer. que prologo é esse.! separação vondy. ah, to roendo as unhas aqui

  • bruna_vondy_love Postado em 30/08/2019 - 10:26:46

    continua

  • bruna_vondy_love Postado em 30/08/2019 - 10:26:34

    oi.. sou leitora nova, a primeira da fanfic... já estou encantada com o miles. tão miudinho e já sofreu tanto. espero que junto com o casal vondy ele fique bem....


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