Fanfics Brasil - 1 Um cupido diferente - Adaptada (Vondy)

Fanfic: Um cupido diferente - Adaptada (Vondy) | Tema: Vondy


Capítulo: 1

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Quando eles apareceram pela primeira vez no Cafofo, recusei-me a desperdiçar um pingo de energia para impressioná-los. Com que objetivo? Para que o mestiço com atitude pudesse sofrer outra colossal rejeição? De jeito nenhum!


Quanto à população geral, bem, iludiram-se pensando que tinham algo a oferecer.


Valeram-se de todos os artifícios imagináveis para chamar atenção. Latiram. Ganiram.


Uivaram. Pularam para cima e para baixo. O repertório completo daquelas gracinhas idiotas tipo, "me-leve-me-leve". Claro que, de vez em quando, um cachorro tirava a sorte grande e ganhava a liberdade. Todavia, encaremos a realidade: o acaso não está, exatamente, a nosso favor.


Era óbvio que uma soneca seria impossível diante de tamanha agitação, assim, por falta de algo melhor para fazer, decidi dar uma olhada na Carne Fresca, caminhando lentamente pelo corredor.


Pequenina e esfuziante, Dul assemelhava-se a um yorkshire terrier. Ucker, de maxilares definidos, passadas firmes e confiantes, lembrava um boxer. Só que sem as orelhas tosquiadas. Julguei-os com o equivalente a seis e muitos anos de cachorro. Não jovens, certamente, porém longe de gastos.


Dul e Ucker passaram uns poucos momentos corteses com cada interno: basset com problema de gases, o poodle micro, vesgo e afetado, os pit bulls gêmeos e psicóticos, o pastor alemão sarnento, o dálmata surdo, e seguiram em frente, deixando para trás as esperanças esmagadas dos pobres imbecis de conseguir um bilhete para fora do Cafofo.


Típico.


Eu já vira essa espécie de gente antes. Não queriam de fato um cachorro, queriam apenas confundir a cabeça do animal.


Quando percebi, o casal estava parado diante da minha gaiola. Supus que se ficasse lá deitado, como um monte de cocô mole, eles dariam uma olhada na minha cara e iriam embora.


Entretanto, Dul aproximou-se ainda mais, fitando-me com seus olhos penetrantes, a cabeça levemente inclinada para um lado, a face apoiada na mão.


 


— Oh, olá — ela falou, com um sorriso aberto e caloroso. Seria queijo o que eu farejava em seu hálito?


 


— E não é que você é um chuchuzinho!


Meu rabo, o qual, como uma outra parte de meu corpo, sempre demonstra ter vida própria, começou a balançar de um lado para o outro, em resposta ao agrado.


Ucker me examinou de cima a baixo.


 


— Pequeno demais, Dul. Meu último cachorro, Bill, fazia cocôs maiores do que ele.


 


— Mas sempre achei que tamanho não importa.


Ucker riu.


 


— Em se tratando de cama, não, não importa. Com cachorros, é outra história. Um cão simplesmente não parece um cão a menos que seja de um determinado tamanho.


Claro, pensei. Talvez eu não fosse alto o bastante para alcançar o nariz desse panaca, porém podia cravar meus dentes no seu pé!


Dul soltou o ar pela boca com força.



Você colocou defeitos em todos os cachorros que vimos. Creio que a idéia de possuirmos um animal de estimação juntos, como um casal, representa um grau de compromisso que, evidentemente, você ainda não está preparado para assumir.


 


— Não tem nada a ver com isso, amor. Só estou sendo cauteloso. Adotar um cão abandonado pode ser um negócio arriscado.


 


— E tudo na vida não envolve enormes riscos? Relacionamentos, em especial?


 


— É. Só que não podemos fazer uma escolha impulsiva, da qual possamos nos arrepender depois — afirmou Ucker.


 


Não é preciso ser nenhum gênio canino para entender que esse sujeito pretendia resolver seu negócio em um outro lugar. Levantei-me da minha almofada rota — cheio de ouvir tanta asneira — e estava a ponto de me retirar para o canto mais afastado da gaiola, quando a porta do Cafofo foi aberta.


A carcereira. Reconheci o odor de imediato e digamos que a criatura nunca cheirava a biscoitos frescos.


— Fiquem quietos! — ela gritou para a população geral.— Shhh! Chega! Eu falei, chega!


Todas as mandíbulas instantaneamente se fecharam enquanto a carcereira trotava na direção da minha gaiola.


 


— Olá. Meu nome é sra. Conklin. Noto que vocês conheceram nosso Miles.


Agucei os ouvidos e endireitei as costas. Vivia com esse novo nome tempo bastante para reagir de maneira instintiva.


 


— Quer dizer Miles, como em "Davis"? — Ucker indagou, arregalando os olhos.


 


— Sim. De fato — continuou a carcereira —, sou uma grande fã.


— Ucker também. Veja, amor. É um sinal!


 


— Não vamos tirar conclusões precipitadas, Dul. Ainda não sabemos nada sobre esse cão.


 


A carcereira, óbvio, aproveitou a oportunidade para desfiar seu discurso-padrão de vendas, ou seja, um amontoado de besteiras.


— ...e Miles é bem-comportado, treinado para fazer as necessidades no lugar certo e, como todos os nossos internos aqui, na Associação Protetora de Animais, castrado.


Se eu era bem-comportado, por que precisei ser treinado?


 


— É um cachorro muito inteligente — prosseguiu a carcereira. — Todavia, sinto-me na obrigação de informar-lhes que Miles não é muito afetuoso com a maioria das pessoas.


Problemas de falta de confiança, sem dúvida.


 


— Ei, estamos em Nova York — interferiu Dul em minha defesa. — Todos nós temos problemas de confiança.


 


— Não posso discordar — comentou a carcereira, apertando os lábios. — Nem vou começar a falar sobre meu ex-marido.


 


Dul lançou um olhar intraduzível para Ucker e este, por sua vez, fez uma careta, como se suas bolas estivessem sendo apertadas em um nó, ou algo semelhante.— Continuando, é possível que Miles tenha sofrido abusos?


 


— Receio que sim — respondeu a carcereira. — Foi encontrado vários meses atrás, no Bronx. O coitadinho estava encolhido sob o vão de uma porta, em um prédio condenado. Em péssimas condições, uma perna ferida, morto de medo. Tivemos um trabalhão para pegá-lo. Ucker mostrou-se chocado.


 


— Como pode alguém abandonar um animal assim? E ainda, no auge do inverno?


Havendo sobrevivido ao pior pesadelo de todo cachorro, estremeci à simples menção daquela palavra, abandono. A carcereira suspirou.


 


— Infelizmente esse tipo de coisa acontece o tempo inteiro. Apesar de nossos esforços para salvá-los, mais de quarenta mil animais de estimação continuam sendo sacrifica dos a cada ano na cidade.


 


Está vendo? — pressionou Dul. — Este é o motivo pelo qual não devemos comprar, e sim adotar um cão. Sei que você sempre valorizou pedigrees e tal, mas não é hora de dar aos menos afortunados uma chance?


Absolutamente correto!


Ucker passou os dedos pelos cabelos inúmeras vezes, então cocou o queixo.


 


—Alguma idéia sobre a mestiçagem de Miles?


 


— Com certeza as orelhas grandes e os olhos são de chihuahua...


Minha mãe.


 


— O corpo comprido e as pernas curtas são características de basset.


 


Meu pai. Nunca conheci o canalha. Suponho que tenha sido um romance de uma noite só.


— O focinho preto faz lembrar um pastor alemão. Mas o rabo  enrolado, com a ponta branca, é típico de basenji. Há algo de fox terrier, talvez. Ou, quem sabe, de corgi. Esse cão, sem dúvida, tem uma aparência incomum... É um filho-da-mãe feio.


 


— Pois acho Miles muito bonito — disse Dul.


 


Bem, já fui chamado de muitas coisas, porém nunca, em minha curta vida, referiram-se a mim como "bonito". A pergunta, contudo, permanecia. Estaria Dul tentando me agradar, ou sendo sincera?


Dul estendeu a mão por entre as barras da gaiola. Cauteloso, aproximei-me e dei uma boa cheirada em seus dedos. Doce. Deslizei a língua pela palma úmida. Salgada.


 


— Faz cócegas. — Ela riu, afagando meu pescoço. —Aposto que você gostaria de sair dessa espelunca piolhenta, não?


Você nem imagina quanto, lady, pensei. Portanto, agora cabia a mim mostrar-lhe exatamente quanto. No momento que a carcereira abriu a gaiola, pulei os braços de Dul. Rindo de prazer, ela me abraçou apertado. Escalei suas tetas surpreendentemente volumosas até alcançar a boca, a qual lambi com ardor.


Será que eu, um eterno perdedor, tinha mesmo a possibilidade de conseguir uma nova família? Um novo lar? Uma nova vida? Meu coração começou a bater tão forte, que temi que todos no Cafofo fossem escutar.


Dul entregou-me a Ucker.


 


— Acho que mais alguém também precisa de um pouco de amor.


No início, hesitei, só porque nunca havia beijado um homem antes. Não que houvesse qualquer coisa errada nisso. Porém, de algum modo, sabia que se não fizesse a coisa direito, minha única chance de trazer esse cara para meu lado seria arruinada. Atirei a cautela para o espaço e rapidamente deslizei a língua pelo queixo áspero do sujeito. Para minha surpresa, gostei mesmo do sabor almiscarado. Um beijo levou a muitos outros, até que o rosto dele ficou ensopado.


 


— Jamais o julgaria um bicho tão afetuoso — comentou Ucker. — Tive um poodle, logo que me casei com Kathy. Inteligente, contudo nunca dava mais queima bicota, e muito de vez em quando.


 


— Você está se referindo ao poodle, ou a Kathy? Ucker virou-se para mim.


 


—Eis minha Dul. Espertinha, sim, mas sou completamente louco por essa mulher.


 


E nos meus breves minutos com ela, eu compreendia por quê.


Neste ínterim, a carcereira, cuja cabeça estivera por pouco tempo (infelizmente, não permanentemente) enterrada na prancheta, empertigou-se.


 


—Srta. Savinón, li aqui, no seu requerimento, que você nunca teve um cachorro.


 


— Apenas porque minha mãe era bastante alérgica e depois meu ex-marido, hum... ele não gostava de animais. Minha filha, Mia, jamais demonstrou interesse, ocupada demais com os estudos, os amigos, suas coisas. E eu estava trabalhando em período integral. Entretanto, sempre amei cães. Sempre quis um. Ucker possuiu vários.


 


— Entendo. Então vocês dois estão morando juntos?


 


— Sim e não. Passamos a maior parte do tempo juntos. Ele tem um loft na região do centro financeiro, embora quase nunca o use. Ucker está no meio de um divórcio... Não, não é bem


assim. Tecnicamente, está no meio de uma separação, porque os papéis do divórcio ainda não foram assinados. Há urna infinidade de detalhes a serem resolvidos. Está demorando uma eternidade e...


 


— Dul, querida, não acha que é informação demais além do que a sra. Conklin necessita saber?


 


Em resposta, a carcereira bocejou, abrindo tanto a boca que podia-se rastejar lá para dentro e sobrar espaço para companhia.


 


— Desculpem-me. Um longo dia. Escutem, odeio pressioná-los sobre tomar a decisão de adotar Miles, mas o canil fechará em dez minutos.


Esperei alguém, qualquer um, falar. Ninguém pronunciou uma só palavra. Era um mau sinal.


Dul mordeu o lábio inferior, desapontada.


 


— Receio que...


Meu estômago se contraiu.


 


— ...estávamos na vizinhança e convenci meu namorado a entrar e dar uma olhada. De fato, não pretendíamos encontrar um cachorro tão cedo. Certamente não hoje...



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Autor(a): juh_uckermann_Collins

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  Certamente não hoje. Certamente não hoje. Certamente não hoje. Certamente não hoje. Aquelas palavras ecoaram em minha mente durante toda a noite, enquanto esse eterno perdedor permanecia deitado em sua gaiola. Cochilando e acordando. Na manhã seguinte acordei, deprimido e num mal humor infernal. Não conseguia acreditar que ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



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  • tahhvondy Postado em 03/09/2019 - 20:13:23

    leitora nova,continua

  • Annytequila Postado em 03/09/2019 - 13:38:02

    Amando a fic *-* cnt logoooooooo

  • bruna_vondy_love Postado em 02/09/2019 - 15:53:53

    continuuuua. essa cena ai heim, rsrs hum hum, sei não kkkkkkkkk

  • bruna_vondy_love Postado em 30/08/2019 - 10:27:52

    preciso saber o que vai acontecer. que prologo é esse.! separação vondy. ah, to roendo as unhas aqui

  • bruna_vondy_love Postado em 30/08/2019 - 10:26:46

    continua

  • bruna_vondy_love Postado em 30/08/2019 - 10:26:34

    oi.. sou leitora nova, a primeira da fanfic... já estou encantada com o miles. tão miudinho e já sofreu tanto. espero que junto com o casal vondy ele fique bem....


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