Fanfics Brasil - Ao Badalar do Sino A GAROTINHA NOTA DEZ

Fanfic: A GAROTINHA NOTA DEZ | Tema: Ao Badalar Do Sino


Capítulo: Ao Badalar do Sino

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Ela tinha no olhar um brilho que transmitia paz, sua voz doce e suave que raramente se ouvia, seu andar livre, até parecia imitar algum personagem. Na escola se assentava na primeira fileira, na cadeira mais próxima da mesa da professora, fazia questão de ser a primeira a levantar a mão quando a professora pedia pra alguém ler parte do texto, uma verdadeira aluna nota dez, como alguns as chamava. Tão franzina, de cabelos curtos, olhos castanhos, esbanjava simpatia, mas uma hora ou outra se pegava pensando em sabe lá o que, se distraia pensando em coisas que ninguém naquela sala poderia imaginar, mas no coração dela se contava as horas, os minutos, para ir pro seu lugar predileto, que lugar seria esse. Como era de costume, já acontecia há muito tempo, ao badalar do sino indicando que a hora de ir pra casa havia chegado, a garotinha muito apressada colocava seus cadernos com pressa dentro da mochila, quem a via com tamanha rapidez até imaginava que tinha um compromisso muito importante, o restante da turma sempre via essa sena se repetir ao final das aulas, o olhar de todos não escondia a curiosidade que lhes transbordavam por dentro, ao ponto de sair em forma de palavras em suas bocas, se perguntavam o que aquela doce garotinha fazia todos os dias depois das aulas, o porquê de tanta pressa, seria vontade de ir pra casa brincar com os irmãos, ou até mesmo andar de bicicleta pela pracinha do bairro, não lhes faltavam questionamentos quando se deparavam com aquele comportamento.


Um novo dia, como de costume lá estava ela, iniciava mais uma aula, e sentada em sua cadeira, de cabeça baixa a fazer as tarefas que a professora acabara de passar, aquela turma que se sentava mais atrás se preparava para verem a mesma sena se repetir logo que o sino tocasse, quando de repente alguém deu uma ideia que de inicio até poderia suar absurda, mas poderia ser a chave pra descobrir o segredo, se propuseram a seguir a garotinha, tamanha curiosidade se transformava em um ato de invasão de privacidade, mas não lhes constrangiam nenhum pouco no momento, apenas se preocupavam em saber o que tanto chamava atenção daquela mocinha, ao ponto de fazê-la sair todos os dias com tanta pressa.
As horas pareciam não passar, até parecia que o sino não iria badalar nunca, todos ansiosos para ver aquela garota como nos outros dias sair apressada, mas que agora seria diferente; estavam prestes a descobrir o motivo de tamanha pressa. E então o sino badalou, junto o coração da turma palpitava, as mãos suava, na mesma pressa que a garotinha colocava os cadernos na mochila, e quando olham; cadê a garotinha, lá estava ela já saindo pela porta, todos apressadamente a acompanha de forma sútil, se sentiam envergonhados por estarem fazendo aquilo, mas ao mesmo tempo aliviados por estarem tão perto de descobrirem algo tão incrível, e quando menos perceberam já estava do lado de fora do portão da escola, a garotinha com seus passos longos já atravessava a avenida, e logo não demorou a virar o quarteirão, com mais pressa ainda se aproximava de um prédio de paredes já velhas, pinturas desgastadas, a turma do outro lado da avenida de olhos fixos a olhava, pareciam não acreditar que a garotinha se aproximava cada vez mais daquela porta, e como já era de imaginar ela entrou sem nem mesmo olhar para trás. Todos surpresos, duvidando se perguntavam, será que poderiam se aproximar ainda mais, porque ainda não entendiam o que trouxera aquela doce garotinha áquele lugar, não levou muitos minutos para decidirem se aproximarem mais, e a poucos passos da porta notaram um letreiro antigo com letras de cores quase apagadas que informava aos que entravam; Biblioteca Municipal. Não acreditaram no que viram, não basta ver livros durante toda aula, ela ainda vem pra uma biblioteca, todos pensavam.
Não pensaram duas vezes e entram porta adentro, de olhos rápidos procuravam a garotinha, que não demorou a ser encontrada, lá estava ela, em um mundo que parecia ser só dela, sentada em uma poltrona que aparentava não existir outra tão confortável como aquela, os pezinhos balançavam-se, o vento que balançava as cortinas na janela era o mesmo que bagunçava seus cabelos, mas seus olhos estavam tão vidrados em um enorme livro, que tão pouco ligava com o que ocorria em sua volta. Pasmados e ao mesmo tempo admirados com o que viam, conversavam entre si, achavam que a garotinha só poderia está viajando mentalmente em outro mundo, e sim, ela estava, num mundo que ela mesma havia criado, a cada linha que lia, a cada frase que interpretava, a cada capitulo que concluía, e cada livro que abria lhe dava a oportunidade de viajar em novos mundos, onde ela poderia ser qualquer personagem. Sem muita demora todos estavam loucos pra experimentar a mesma sensação, não foi difícil escolher alguns livros, e sentados ali mesmo aos pés das prateleiras começaram a abrir seus livros, podia se notar de longe o olhar de quem descobria algo novo, a cada página lhes aumentava a vontade de ler mais uma, aquele mesmo espírito aventureiro que lhes trouxeram até a biblioteca insistia em lhes fazerem seguir a cada página, e quando menos perceberam as horas haviam passado, que nem viram que a garotinha ali já não estava. Não podiam ficar mais, colocaram os livros de volta nas prateleiras, e seguindo para suas casas já pensavam em como voltar pra saber o que estava escrito nas próximas páginas.  É um dia ensolarado, e tudo se repetia, a garotinha sentada na primeira fileira, concentrada como sempre, o restante da turma parecia um pouco inquieta, parecia estarem loucos pra ir embora, quando o sino badalou, nunca se tinha visto tamanho alvoroço, pareciam terem um compromisso que não poderiam faltar, de tanta pressa se ajuntaram todos á porta que ninguém era capaz de passar, até parecia que o compromisso de um era mais importante que o do outro, dessa vez quem não entendia o que estava acontecendo era a garotinha, que de tanto alvoroço foi a ultima a conseguir sair da sala, ao sair suspirou aliviada, seguiu seu caminho que há muito tempo era o mesmo, não sabia ela que passaria por aquele alvoroço todo novamente na porta da biblioteca, dito e feito, lá estava a turma toda na porta querendo entrar, parecia que o tempo deles estavam cronometrado, a garotinha espantada, não sabia como aquilo estava acontecendo, como era de se imaginar foi a ultima a entrar, mas quando adentrou sentiu a vibração das palmas, que todas aplaudiam com toda as forças das mãos, todos vieram ao seu encontro, abraços e agradecimentos marcaram aquele momento, não sabiam como agradecerem aquela garotinha por terem lhes mostrado uma fábrica de novos mundos, onde cada livro lhes dava a oportunidade de conhecer vários mundos diferentes. A garotinha se transbordava de tanta emoção, não sabia o que falar, mas tinha certeza de duas coisas; que seria muito mais feliz lendo livros com novos companheiros, e que teria que organizar pra saírem em fila quando o sino badalasse no dia seguinte.


(FERNANDES, Yeda. Ao Badalar Do Sino. Redenção – PARÁ. 2019) 



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Autor(a): yeda_souza_fernandes

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