Fanfics Brasil - Tropeço no passado Relove Purpose (Wayhaught)

Fanfic: Relove Purpose (Wayhaught) | Tema: Wynonna Earp


Capítulo: Tropeço no passado

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SdR (Security del Rey) Company (em Boston), Gabinete de Robert…


Entro no gabinete do meu tio de manhã bem cedo, está vazio. A Mercedes, sua secretária, disse que ele saiu para resolver uns assuntos em New York. Resolvo entrar e ambientar-me ao espaço onde cresci. O lugar que deixei, há 6 anos atrás, quando parti em busca de algo que nunca encontrei.


Olho em volta, relembro quando era o meu pai a liderar a Security del Rey. Sento-me no sofá que se encontra lado oposto à secretária e observo a fotografia dos meus pais com o meu tio Robert, tirada no dia da inauguração da empresa.


Sempre achei o nome ridículo para uma empresa de segurança, mas o meu pai dizia que toda a segurança da empresa seria como segurança de um rei. Eu tinha apenas 7 anos quando a empresa foi criada. Vinte anos passaram, estive fora por 6 anos e ainda acho o nome ridículo.


Tenho saudades dele. Ele morreu 10 anos depois, com cancro no pulmão, passando a direção e todo o controlo da empresa para o meu tio. Sinto os olhos a lacrimejar quando ouço baterem à porta.


- Sim? – Respondo, limpando as lágrimas do meu rosto e levantando-me de um salto.


Mercedes abre a porta e entra:


- Desculpa entrar assim, mas o teu tio pediu para deixar estes papéis aqui. – pousa os papéis na secretária. Olha para mim e pergunta – Está tudo bem?


Estou prestes a responder quando, do nada, a porta se abre e oiço uma voz que reconheço:


- Mas quem é que você pensa que é para despedir assim os empregados do nada?! – Viro-me para ver quem está a falar e fico incrédula e em choque quando a vejo. – á porque tem uma empresa de segurança que faz parte do jet set, isso não faz de si dona do mundo – grita a rapariga que há 7 anos fez o meu mundo deixar de existir.


 


Flashback On: 7 anos atrás...


- Nicole, lamento imenso – diz-me Shae – Não há nada que eu possa fazer para a salvar. Ela sofreu um traumatismo craniano, é quase impossível que se SdR desta. – Shae é médica e está a acompanhar a Waverly desde o acidente.


- Por favor, Shae! Faz TUDO o que for possível! Sabes que dinheiro não é problema, faz o que for preciso para salvar a minha Waverly. – Digo, em tom de desespero, por entre lágrimas que não param de correr.


Shae olha para mim em tom de tristeza e até pena, encolhe os ombros e dá um longo suspiro.


- Por favor! Tudo o que for preciso! – agarro-lhe na mão enquanto imploro.


Jeremy abraça-me e diz-me para ter calma e respirar fundo. Shae sai e dirige-se à sala onde se encontra Waverly. Empurro Jeremy e sigo Shae, a correr. Jeremy segue-me.


Paro em frente ao quarto e olho pela janela da porta. O meu coração bate devagar, tão devagar que sinto que vai parar. Vejo Waverly entubada, sem reação. Abro a porta devagar, oiço os médicos a falarem entre si, stressados, de um lado para o outro e começo a ouvir um som agudo e estridente que me parte o coração em mil pedaços. Olho para o monitor e vejo uma linha reta, uma linha que parece cortar cada parte de mim. Fico paralisada, até sentir alguém me empurrar:


- Jeremy, tira-a a daqui – vejo Shae empurrar-me para fora da sala e Jeremy puxa-me. Continuo sem reação, parte de mim morreu naquele momento.


 


Flashback Off: atualidade...


-Está a ouvir-me?! – desperto com a voz zangada da rapariga que parece Waverly – Quando foi para despedir me quase metade dos seguranças, não esteve assim tão calada. – ela cruza os braços e lança-me um olhar desafiador.


- Peço desculpa, eu vou chamar a polícia. – diz Mercedes, a dirigir-se para o telefone.


-Não! – digo automaticamente. Mercedes olha para mim confusa. – Deixa-me falar com ela. – olho novamente para a rapariga. Reparo que Mercedes fica à espera, então olho para ela – A sós, por favor. – indico-lhe a porta, ela encolhe os ombros e sai, fechando a porta atrás de si.


Ficamos a sós. Sinto um formigueiro no corpo. Olho-a nos olhos e sinto uma sensação que desconheço. Não sei se me apetece gritar com ela ou abraçá-la. Permaneço em silêncio por segundos que me parecem horas. Não sei o que dizer ou como dizer.


Então, Miss... – digo por fim, olhando para ela e à espera ouvir o seu nome. Afinal, pode ser apenas alguém parecida à Waverly, uma sósia ou assim.


- Waverly. Waverly Earp! – diz a rapariga com firmeza, provocando um enorme arrepio por todo o meu corpo. - Você é a Miss Clootie, dos Recursos Humanos, certo? – pergunta ela em tom impaciente e ainda de braços cruzados.


- Não, a Constance nem sequer trabalha neste andar e encontra-se em New York com o Mr. Svane, a tratar de um negócio. – ela olha para mim confusa e a sua expressão suaviza-se – Eu não faço parte da empresa, vim apenas falar com o meu tio. Nicole Haught, prazer. – Sorrio e estendo a mão. Ela avança e aperta a minha mão. Os nossos olhares cruzam-se e procuro nos olhos dela a rapariga que perdi há 8 anos.


- Nicole, a Mercedes disse que estavas... – Jeremy entra de repente e detém-se quando vê Waverly. Fico aliviada por ele ter uma reação parecida à minha, cheguei a pensar que estava a alucinar -... a-aqui. – Termina ele, ainda confuso. Olha para mim à procura de uma justificação.


- Jer, ainda bem que chegaste. – Sorrio e cumprimento-o com um abraço – Por favor, não digas nada! – sussurro ao ouvido dele, afastando-me em seguida. Ele sorri e olha novamente para Waverly.


- Boa tarde, sou a Waverly. Vinha falar com a Miss Clootie, mas ela não está cá. – diz ela num tom tímido, parecendo uma pessoa diferente da que entrou a gritar no gabinete. Volta-se na minha direção – Miss Haught...


- Nicole. – digo eu, a sorrir – Apenas Nicole, por favor.


- Agente Haught – diz ela, olhando para o meu emblema – Peço desculpa o modo como falei consigo. Voltarei noutra altura para falar com Miss Clootie.


- Eu posso dar-lhe o recado de que esteve cá. – diz Jeremy, a sorrir. Olhamos ambas para ele – Se quiser, claro – diz ele, um pouco atrapalhado.


Waverly sorri. Que saudades tinha de a ver sorrir. De ouvir a sua voz, de olhar naqueles olhos verdes que me faziam perder a noção do tempo, do espaço, do mundo.


- Muito obrigada, Mister... – diz ela à procura de emblema ou alguma identificação.


- Jeremy, sou o Jeremy. – diz ele no seu sorriso infantil.


Ela volta a sorrir, depois olha novamente para mim:


- Bem, eu vou andando. Já gritei com quem não devia. Boa tarde – fala em tom tímido e sai da sala, deixando-me num mar infinito de emoções.


-


-


A porta fecha-se e Jeremy volta-se para mim de repente:


- O que foi isto?! Aquela era a Waverly? Pergunta parva, claro que era. Mas... ela não tinha morrido num acidente de carro? Nós quase vimos ela a morrer... – os olhos abrem-se numa expressão de pânico - Nós fomos ao funeral dela. Como...


- Jer... pára! – respiro fundo, passando as mãos no cabelo em tom de desespero, sem saber o que pensar. – Preciso que não contes isto a ninguém!


-Mas... – começa ele numa expressão confusa.


- Jeremy, por favor! Não contes nem comentes com ninguém! Tenho de descobrir o que aconteceu. – digo, sentando-me novamente no sofá, desta vez com o corpo bem mais pesado que antes.


 


***


 


Em casa dos Gardner…


         Tucker está sentado no sofá a ver TV e a relaxar, o dia tinha sido complicado. Desde que se tornara assistente do grande Bobo del Rey, tinha serviço a dobrar, mas o salário a triplicar. Abriu uma lata de cerveja e deu um logo golo quando ouviu a porta da rua abrir.


         - Boa noite. – disse a voz que ele mais gostava de ouvir.


         - Boa noite amorzinho – sorriu ele quando avistou a morena de cabelos longos que lhe sorria radiante. Tucker beijou-a – Como foi o teu dia?


         - Interessante. – diz ela enquanto se senta no sofá. – Fui à tua empresa.


         - F-foste onde? – Tucker engasga-se com a cerveja, quase deitando cerveja pelo nariz.


         - À tua empresa. Não foi justo o que fizeram com a Rosita e com o resto dos seguranças que despediram. – Waverly falava em tom de revolta - A Rosita trabalhava para eles há anos, desde que Nedley morreu com aquele cancro. – Tucker sentiu um frio no estomago ao ouvir o nome do seu antigo patrão.


         - E foste lá fazer o quê? – pergunta ele, de modo um pouco agressivo.


         Waverly olha para ele confusa e responde:


         - Fui falar com a responsável dos Recursos Humanos, para lhe dizer umas verdades – Tucker gelou – Mas ela nem sequer lá estava, acabei por não resolver nada. – ela falava de forma aborrecida e nem reparou no olhar de pânico do companheiro.


         - Amor, não te metas nesse assunto. – a expressão dele suavizou-se – Sabes que o meu patrão é uma pessoa muito influente a nível mundial, não te metas com aquela gente. – diz ele implorando.


         Waverly olha-o com ternura e sorri. Ignorando o seu pedido, dá um beijinho leve nos lábios de Tucker antes de se levantar.


         - Vou tratar do jantar, já que o meu namorado é péssimo a cozinhar. – dirige-se à cozinha, cantarolando.


         Ele observa-a a entrar na cozinha e de seguida pega no telemóvel e vai para o quarto.


-


-


         - O que queres agora, maninho? – ouve-se do outro lado da linda o tom irónico quando diz “maninho”.


         - Beth! Preciso da tua ajuda. – diz Tucker em tom aflito – Ainda tens acesso às entradas e saídas da SDR?


         - Para que queres isso?


         - Tens ou não? – pergunta ele, quase a gritar.


         - Calma. Consigo ter. O que queres saber? – ela pergunta, confusa.


         - Quero saber todas as pessoas que entraram e saíram esta manhã! – pede, num tom agressivo. – E preciso disso rapidamente!


         - Ok, vou ver o que posso fazer – responde-lhe a irmã, revirando os olhos.


         -Tchau. – diz, apressando-se a desligar o telemóvel e respirando fundo.


 


***


 


Em casa de Robert…


         Nicole caminha na direção da sala, com uma caneca de chocolate quente, quando Robert entra em casa.


         - A minha sobrinha preferida... – diz ele a sorrir e abrindo os braços para a abraçar. Ela sorri e lança-se nos braços do tio.


         - Que piada tio, sou a tua única sobrinha! – diz ela quando se afasta dele.


         Ri-se e dá-lhe um leve beijinho na cabeça da sobrinha. O telemóvel de Robert toca e ele revira os olhos.


         - Ainda mal cheguei a casa e já me estão a ligar. Espera um pouco, querida. – diz ele, saindo da sala, em direção ao escritório.


-


-


         - Estou? – atende o telemóvel – O que te deu para me ligares agora, a Nicole está cá em casa. Hoje não dá para vires cá dormir. – diz rapidamente.


         - Eu sei, ela hoje esteve lá na SDR. – diz Mercedes do outro lado da linha.


         - O quê?! Que foi ela lá fazer? – pergunta em tom arrogante.


         - Conheces a sua sobrinha, quis regressar às origens. Sabes que a paixão dela para ser agente começou naquela mesma empresa.


         - E ligaste para me dizer isso?


         - Não. Esteve lá uma rapariga que nunca vi antes. Estava à procura da Constance, parecia toda revoltada com os despedimentos que foram feitos.


         - Quem é a rapariga? – pergunta ele em tom autoritário.


         - Não sei, mas a sua sobrinha deve saber, falou com ela. E até pareceu em choque quando a viu. Quase chamei a polícia, ela é que me disse para não o fazer. E depois... – Mercedes adorava contar tudo ao pormenor.


         - Mercedes, já chega! Estou cansado da viagem e não tenho paciência. – diz Robert, acariciando a própria barba. – Vou estar com a minha sobrinha, não a vejo há 6 anos, desde ela decidiu ir para Washington sozinha. Boa noite.


         - Boa noite, gostoso – diz Mercedes, mas ele desligou logo


-


-


Robert chega à sala e encontra a sobrinha de pijama, a ler:


         - Desculpa querida, ligaram por causa do trabalho, era urgente – diz, aproximando-se dela. Ela sorriu-lhe.


         - Não tem mal tio, eu percebo. O grande Bobo del Rey é muito concorrido. – diz, fazendo um gesto de pomposo quando refere a alcunha do tio. – Nem acredito que os mídia te deram como alcunha “Bobo”, era o que eu te chamava quando era criança, porque não conseguia dizer Robert. – Nicole ri-se a recordar os seus tempos de criança e o tio senta-se a seu lado.


         -Exatamente por isso, é a melhor alcunha que eu poderia ter nos media. – diz a sorrir. – Mas, temos de falar de algo mais importante. – ele continua, colocando uma expressão séria e Nicole sente-se ligeiramente nervosa – Explica-me lá porque é que começaste a pintar o cabelo de vermelho desde que deixaste Boston?


         Nicole solta uma gargalha que disfarça o seu alívio ao perceber que o tio não sabia do seu reencontro com Waverly. Robert nunca se opôs à relação das duas, mas não mostrava gostar muito da rapariga sorridente de olhos verdes que fazia a sobrinha derreter-se apenas com um sorriso.


         - Muitas pessoas dizem que as mulheres mudam de cor de cabelo quando querem mudar algo na vida delas – diz pensativa.


         - E conseguiste mudar o que queria? – pergunta ele. Nicole olha para o tio e morde o lábio inferior antes de responder.


         - Ainda não, mas a vida hoje mostrou-me que realmente pode haver uma mudança bem maior do que eu esperava – diz ela, sorrindo levemente, desviando o olhar.


         - Isso tem alguma coisa a ver com a rapariga que foi hoje à SDR? – pergunta confuso. Nicole olha para o tio de repente com olhar desconfiado – Calma! Não ando a controlar-te, a Mercedes é que me comentou que esteve lá uma rapariga e que falaste com ela...


         - Sim, falei. – sorrio, evitando que o tio note o seu nervosismo – Mas não tem nada a ver, tio. Era apenas uma rapariga da família de alguém que foi despedido, estava muito revoltada, eu apenas tentei acalmá-la para ela não fazer um escândalo – digo, bebendo o chocolate quente. Procuro mudar de assunto. – Estava a referir-me a grandes mudanças porque regressei ao fim de 6 anos.


         Sorrio e falo dos anos que estive fora. O meu tio ouve atentamente e vamos conversando. Sempre adorei o meu tio, mas na SAFE (School’s Agent For Empire, outro nome que acho ridículo) aprendemos a investigar bem a situação antes de a partilharmos. Por muito que ame e admire o meu tio, tenho noção do quanto ele adora ser poderoso e influente, por vezes esquecendo-se do que realmente importa. Preciso saber o que aconteceu, sem a intervenção do meu tio. Desta vez, não vou arriscar perder a Waverly novamente. Nunca mais!



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Autor(a): nalieleafar

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