Fanfic: Madrugadas de Desejo ( ADAPTADA ) | Tema: Vondy
Grieves fez um pequeno som que poderia passar por uma ligeira concordância, mas se assemelhava bastante com um suspiro cético, e podia passar quase por um “ah, não”. Era um de muitos ruídos semelhantes do repertório do criado, exclamações contidas que tinham vários propósitos. — Embora me doa trazer o fato à sua atenção, senhor, nós esgotamos todas as possibilidades. Todas aquelas damas que o senhor imaginou que podiam ser ela se provaram, repetidamente, insatisfatórias.
— Então, precisamos pesquisar mais. É evidente que negligenciei alguém, embora pareça impossível. Sou sempre muito observador.
— Sim, senhor, tenho certeza de que o senhor não deixa passar nada. — O empregado foi até a janela, seu caminhar suave mal produzia um sussurro no tapete. Depois de um momento, ele falou novamente, com um tom mais animado. — Agora que sabemos que lady Southwold decididamente não é sua dama misteriosa, talvez seja uma boa coisa, senhor — se posso me arriscar a dizer — que o conde de Bonneville a tenha tirado de suas mãos.
— Conde! Rá! Ele é um malandro nojento e metido. O cão de colo de minha avó tem mais sangue nobre nas veias. — Christopher pegou outra torrada de soldado e mergulhou sua cabeça na gema do ovo.
— E o senhor disse que encontrou a formidável senhorita Saviñon na cama do vilão, senhor? Era de imaginar que ela fosse problema suficiente para um homem, sem rechaçar lady Southwold.
Ele gemeu sem erguer os olhos do café da manhã.
O empregado começou a mexer nas cortinas, rindo baixinho.
— O que lhe parece tão engraçado esta manhã, Grieves?
— Só estava pensando comigo como o senhor sempre disse que não desejaria a senhorita Saviñon ao seu pior inimigo. — Grieves tossiu na mão enluvada, discretamente disfarçando um sorriso, mas não antes que Christopher o visse. — Estranha coincidência, não é, que ela esteja em companhia de seu pior inimigo?
Christopher franziu o rosto para o ovo. Seu olho inchado estava doendo. E o corte na sobrancelha também. — Outra mulher com rédeas demais — resmungou ele.
Ele não se surpreenderia nem um pouco se a tal Saviñon soubesse exatamente onde o conde podia ser encontrado e os diamantes Uckermann também. Ela muito provavelmente poderia pegá-los de volta para ele, com um pequeno empenho. Christopher duvidava que muitos homens fossem fortes o suficiente para recusar qualquer coisa que ela quisesse.
Pronto! Droga. Agora ele tinha pensado nas pernas dela de novo. Deixar que aquela mulher entrasse em sua cabeça era como pôr um gatinho em um cesto de lã.
— É indelicado ler à mesa, Dulce — exclamou Maite, em um sussurro gélido.
Rapidamente fechando o livro, ela o tirou de vista e o colocou no colo.
— Parece que ultimamente você esqueceu tudo sobre boas maneiras — acrescentou Maite.
Dulce realmente não tinha pensado que ler à mesa teria importância, uma vez que o cunhado tomava café com a velocidade e a elegância de um javali mal-humorado, sem dizer uma palavra a ninguém, e com os olhos vorazmente fixos no próprio prato. Contudo, frisar isso aborreceria Maite, o que nunca era uma boa ideia, porque ela tinha meios de punir o infame. Meios engenhosos e covardes.
— Consegui um convite para você para a festa de lady Clegg-Foster nesta noite. Espero que se comporte direito, Dulce. Você tem um vestido apropriado? Se não, acho que pode pegar um meu emprestado, se prometer não manchá-lo nem rasgá-lo. Minha empregada terá de abrir — ela baixou o tom de voz, olhando timidamente para o marido distraído — a costura do busto, uma vez que o seu é um tanto... mas Simpkins é esplendidamente eficiente e tenho certeza de que ninguém notará que você se espremeu para entrar, como o recheio de um pato. Tristemente, eu não tenho nada listrado e meu vestido de musselina branca é ligeiramente jovial demais para você.
Muito covarde. Desse jeito, por exemplo.
— Por que preciso de um vestido listrado? — Perguntou Dulce, docemente.
— Por que, ora, pois listras têm um efeito de diminuir uma silhueta mais cheia. Listras verticais beneficiam as mulheres de meia-idade.
— Eu tenho vinte e sete anos.
— Sim, querida. Todos tristemente sabemos desse fato.
Dulce mordeu a língua, freando sua primeira resposta e optando por algo mais gentil. — Eu preferiria não sair, Maite. Se você não se importa, vou ficar em casa.
Sua irmã fez uma cara feia do outro lado da mesa aparentemente tentando petrificá-la. Por fim, ela estrilou: — Claro que me importo. Fiz um grande sacrifício por esse convite. Você tem alguma ideia de quanto é difícil ter uma irmã que insiste em envergonhar a nós todos, perambulando por aí como uma cigana, fazendo tudo o que bem entende? Com sua reputação escandalosa, você tem sorte de ser convidada a algum lugar... — Ela parou, vendo a expressão sinistra do marido antes de enfiar mais uma garfada de salmão na boca.
— Certamente só vou constrangê-los ainda mais participando da sociedade — disse Dulce, esticando o braço para pegar a manteiga. — Você sabe como eu sou.
— O que você precisa é de um marido respeitável. — Maite baixou o tom de voz. — E você não encontrará um a menos que vá a festas respeitáveis.
— Querida Maite, eu sei que você tem boa intenção, mas realmente não quero um marido. Prefiro um cachorrinho como companhia. É bem mais fácil de treinar. Se ele tentar sair de fininho, posso pegá-lo e segurá-lo embaixo do braço. — Depois de todos os seus noivados fracassados, ela esperava que, a essa altura, sua família entendesse quanto seu temperamento era incompatível com a instituição do casamento. Ainda assim, eles persistiam nessa ideia de que ela precisava ser domada.
— Não importa o que você quer, mas do que você precisa.
Do que todos vocês precisam para mim, pensou Dulce enquanto passava manteiga em sua torrada chamuscada, imaginando o motivo de, em qualquer lugar onde ficasse, sempre receber torradas carbonizadas. Provavelmente era porque os empregados ficavam fofocando sobre ela. Em momentos como esse era quando mais sentia falta do duque, com quem ela talvez compartilhasse uma boa gargalhada sobre a torrada.
Parece que Belzebu teve parte com o pão, Dulce, talvez o duque comentasse. Como terá comigo, adiante.
— O papai insiste para que Amélia e eu a ajudemos a encontrar um marido antes do fim desta temporada — Maite matracava baixinho, chiando como um rato preso em um pote de biscoitos. — Ele diz que na sua idade não tem desculpa para não ser casada e é muito estranho para ele ter de explicar aos amigos por que você não é.
O padrasto de Dulce se preocupava com o constrangimento que ela lhe causava, mas ele nunca parou para pensar no problema que causava a ela, que tinha de se esforçar para pagar todas as contas dele, a cada mês, complementando sua pensão da Marinha com os ganhos como conde. Ela ficou imaginando de onde o almirante julgava proceder seu dinheiro. Ele nunca perguntou, provavelmente preferindo não saber. Ela torcia para que agora que Maite e Amélia estavam casadas, seus maridos pudessem contribuir com alguma coisa no sustento do almirante, mas dicas sutis passaram despercebidas. Como avestruzes, suas meias-irmãs enfiavam a cabeça na areia, exatamente como o pai fazia. Maite praticava tanto essa negação que tinha uma habilidade invejável. Até agora, naquela manhã, ela não fizera uma única pergunta sobre a estranha chegada de Dulce à sua porta nas primeiras horas da madrugada. Até em desalinho, saindo da cama, ainda escuro, Maite tinha mantido a compostura, contendo a curiosidade, acompanhando a irmã até um quarto e arrumando a lareira, como se esse tipo de coisa acontecesse todo dia. Dulce, sabendo que a irmã devia estar se remoendo para perguntar quem a trouxera até sua casa em um horário tão incivilizado, já preparara uma história horripilante sobre ter sido sequestrada e amordaçada por ladrões da estrada. Ela ficou naturalmente desapontada por não ter a chance de contar.
Autor(a): cilly
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Ei galeris, mil desculpas pela demora, eu estava com problema para acessar o site. Mas agora, ai esta, um capitulo fresquinho dessa historia cheia de segredos e sensualidade. — Imagino — disse ela com um suspiro que soprou farelos na toalha — que eu precise de um marido muito rico, em seu leito de morte, sem nenhum parente para reivindicar ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 38
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capitania_12 Postado em 29/07/2020 - 11:04:35
cadê a fanfic?
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capitania_12 Postado em 23/06/2020 - 09:06:57
Uhul,continua logo. Amo demais
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capitania_12 Postado em 15/06/2020 - 17:15:09
Continua ,faz maratona . Poxa,o que esse garoto tem de tão misterioso? Kkk
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capitania_12 Postado em 04/06/2020 - 12:55:15
Continuaaaaaaa. Eu amo essa fanfic ,sabia? Não nos deixe ,poste mais. Faz maratona
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capitania_12 Postado em 19/04/2020 - 18:51:44
Continua logo, amando. Senti tanta falta kkk faz maratona
cilly Postado em 29/05/2020 - 00:43:00
Sei que me faço de louca hahaha mas amanhã, prometo pra ti que vou postar dez capítulos <3
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capitania_12 Postado em 26/02/2020 - 13:28:11
Continua. Amo demais
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Vondy Forever❤ Postado em 29/01/2020 - 12:55:58
Não abandona a fic não ela esta muito boa, todo dia em venho aqui para ver se tem um capítulo novo.
cilly Postado em 30/01/2020 - 21:41:27
Oi amore, me desculpe de verdade, eu tinha perdido a vontade de tudo. Mas prometo que agora vou ser mais ativa.
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Vondy Forever❤ Postado em 15/01/2020 - 22:48:38
Continua...
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capitania_12 Postado em 02/01/2020 - 09:35:49
Continua logo
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capitania_12 Postado em 21/11/2019 - 10:32:39
Cadê você mulher??