Fanfic: A felicidade clandestina em meio a imperfeição | Tema: Eu, a patroa e as crianças
Ela era gorda por conta da gravidez do seu filho cabeçudo Júnior, baixinha, sardenta e de cabelos excessivamente crespos porem alisados com o tempo, meio arruivados. Tinha um busto enorme, como se não bastasse tinha mais duas filhas Clair e Keddy, mas elas tinham a cabeça do tamanho normal.
Mas possuía força de vontade para se atualizar em retiros, seminários , trabalhos e estudos ela tinha o que qualquer mulher gostaria de ter: um marido que bancava a casa pois era dono de uma frota de caminhão ,porém muitas vezes egoísta querendo podar ela em suas aventuras intelectuais como ele mesmo nomeia, mas para ela que engravidou aos 16 anos de Michel Kyle era oportunidades de pouco aproveitamento para recuperar o tempo perdido com a gravidez prematura. Seu nome é Jay uma mulher super ativa que está prestes a ir no seminário de três dias sobre “O papel de esposa e mãe na sociedade moderna” que iria ensinar sobre a perfeição programada , mas seu marido não gosta muito das suas aventuras pois deixar a família por alguns dias era desnecessário e ela sabia disso ou não ?.
Então para amenizar a sua falta a nossa maravilhosa Jay contrata uma empregada.
No seminário a paisagem era de Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”. Sem dúvida que talento tinha para a crueldade.
Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho para descansar de sua família. Como essa mulher devia amar esse tempo a sós sem conhecidos , nós que éramos imperdoavelmente preconceituosas, egoístas, sem noção da liberdade de uma mãe, de cabelos presos com a culpa de cuidar dos seus , sem tempo para nós .Na minha ânsia de entender uma mãe moderna ,eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar lhe emprestados a coragem que ela tinha em tirar para si um tempo de estudo para se livrar da carga de mãe e esposa em tempo integral. Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre ela uma tortura de deixá-los sem a sua presença mas para sua tranquilidade havia contratado uma empregada com alta avaliação em recomendação ,sendo eu que no dia seguinte de sua partida estará servindo sua família para que ela pudesse ficar tranquila no seu seminário ,esperteza? Ou egoísmo? eu não sei, tire suas próprias conclusões.
Como casualmente, informou-me que a empregada chegaria no dia seguinte às 9 horas pontualmente. Eu, June, senhora perfeita, tudo solucionava, tudo fazia desde comida, consertos até produzir roupas novas com minha cuca mágica e experiências com meus maridos e suas experiências, já falecidos em seus leitos de conhecimento. Me trouxe para essa família para ensinar algo necessário nessa jornada da vida
Até o dia seguinte me transformei na própria esperança de alegria: Michel, Junior ,Clair e Keddy já não vivia mais com saudades de Jay , nadava devagar num mar suave para desapego de sua ausência , as ondas da minha perfeição os levavam para longe da saudade e traziam June como a perfeição de uma empregada magica estilo Mary Poppyns anulando qualquer saudade de Jay . Será que meu estilo é necessário por muito tempo? Ou tenho limites para ficar com famílias.
No dia seguinte antes mesmo de completar três dias, literalmente correndo Jay chegou mais cedo pois estava louca para ver sua família. A reação esperada por ela era de que seu marido e filhos a recebe-se entusiasmados, entretanto sua família já havia desapegado da saudade por conta da de June. Cá entre nós ela era a perfeição de empregada.
Eu não morava num sobrado como eles, e sim numa casa que construí com minha cuca. Adorava os pedidos que me faziam nunca cansei e sim me oferecia para realizar todos as necessidades dessa família. Olhando bem para meus olhos, disse-lhe que havia uma cuca mágica que antes mesmo de pedir algo eu já sabia e tinha feito perfeitamente.
Mas Jay iria voltar no dia seguinte, porém resolveu chegar antes para buscá-los de uma saudade intensa de repente viu nada disso, pois foi renegada pela perfeição da empregada mágica que a todos contagiou até ela caiu deslumbrada com tudo em perfeita ordem. Boquiaberta, com a falta de saudade, mas breve a esperança de novo me tomaria toda e eu recomeçaria a entender sobre o real falta de imperfeição faria com que eu pudesse deixá-los com uma aprendizagem necessária.
Jay pulando, que era o seu modo estranho de se entregar também a perfeição da culinária atual em sua casa não resistiu a insistência de sua família para que a perfeita empregada ficasse para os servir.
Dessa vez nem caiu sua ficha : guiava a promessa da empregada perfeita ,a casa estava limpa ,sua família impecável com tanto zelo de uma estranha em seu papel de dona de casa, arrumou a tv, pintou a casa toda ,fez cinco roupas para Clair, trocou pneu do carro do Junior e juntou o seus dentes , venceu o invencível prodígio Franklin e toca piano melhor que ele também , e fez um suéter de cachemira tricotou com os pés para a Jay enquanto escrevia um livro sobre sua família . Ela era a personificação da perfeição. Será uma felicidade para sempre? talvez....
Dessa forma não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da June era tranquilo e calculado. No dia seguinte lá estava ela à porta da casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: A família ainda estava em seu poder da perfeição, e ficou durante uma semana mostrando o impecável, sem erros.
Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir com o seu encanto ia cansar a família de Jaya. E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para servir-lhe, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como quem quer me fazer algo esteja precisando danadamente que necessitem dela por livre vontade absoluta
Quanto tempo? Ela ia diariamente à sua casa Jay, sem faltar um dia sequer.
Às vezes ela dizia: pois eu tenho uma cuca que sempre esteve comigo nessas últimas décadas, no entanto você só veio de manhã com sua imperfeição e eu já teria realizado todas suas funções, de modo que já estavam cansados da de minha perfeição.
E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os olhos espantados de sua família sempre que eu era citada .Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu A mãe , dona de casa, trabalhadora, perfeita com seus defeitos . Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela empregada à porta de sua casa. Pediu explicações para ser necessária em sua casa pois sabia que uma hora deveria partir, sempre sua perfeição exagerada cansava quando chegava no limite necessário.
Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco e elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a sua família e com enorme surpresa exclamou: então vocês a amam o suficiente para não necessitar de mim? E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da família que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua família desconhecida e a empregada em pé à porta, superativa e perfeita realizando os luxos que a família dela tanto queria a assustou.
Foi então que, finalmente se refazendo, Jay disse firme e calma para seu marido: você vai demitir ela agora pois vocês precisam dela ou de mim? E ele: “Você tem razão , você ficara com a casa para sempre, pois entendo que é imperfeita no que faz mas sua imperfeição é necessária mesmo que a empregada tire a pedra do seu caminho, ela vai embora, sei que não necessitamos dela mais cansamos da perfeição na mesma rapidez que amamos ter ela .”
Entendem? A perfeição cansa mesmo que seja necessária: “pelo tempo que eles quisessem” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de me querer ali.
Como contar o que foi discutido na reunião de família? Ela estava estonteada, e assim recebeu elogios de sua imperfeita perfeição.
Percebi que amavam a Jay com suas falhas. Acho que eu não disse nada. Olhei a cena de uma família se amando. Não, não saí pulando como a Jay fazia em seu entusiasmo. Saí andando bem devagar para que não percebessem que eu sempre estive lá os olhando e entendi que não precisavam de mim, antes mesmo de anunciar minha chegada. Sei que segurava a emoção com as duas mãos na minha cuca, comprimindo-o contra o peito a certeza que meu trabalho se findou nessa família pois cumpri o que deveria ter feito. Quanto tempo levei até chegarem casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando na casa deles, não escutei ele já fui logo dizendo “Bom dia gente adorável gostaria de falar primeiro senhor Kyle meu trabalho acabou por aqui, acho que não precisam mais dos meus serviços então irei trabalhar para outra família que necessite de mim”.
Me falaram da saudade que sentiriam da perfeição, mas com minha ida teriam para depois a saudade da imperfeição. Minutos depois me despedi e fui embora com meu guarda-chuva o abri e desafiei a logica, voei em algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa sobrevoando com meu guarda-chuva, fingi que não sabia que tinha magia dentro de mim, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade.
A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com minha cuca aberta no colo do ensinamento através da perfeição, sem tocá-la, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma mãe com uma família: era uma Jay, uma mulher, uma mãe com a família a amando mais, após minha partida ensinei o verdadeiro significado de uma felicidade clandestina em que a perfeição exagerada cansa o suficiente para tornar a imperfeição a verdadeira felicidade clandestina necessária.
Autor(a): letramentoexpresso
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