Fanfic: felicidade clandestina reescrista | Tema: Felicidade Clandestina-Clarice Lispector

Felicidade Clandestina (reescrita)

Ela era gorda , baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespo e ruivos. Tinha peitos enormes, enquanto nós todas eramos retas igual a tábua . Como se ainda fosse pouco ainda fazia fíga  com balas que ela guardava no bolso da blusa, e para piorar ainda possuia o que qualquer criança que amava livro queria ter : um pai dono de livraria.

Ela pouco aproveitava. E nós menos ainda ,quando era convidada para um aniversário, em vez de um livrinho barato , ela nos entregava em mão um cartão de aniversário feito a mão de tão sovina que era. Escrito "parabéns você esta ficando velha", o  sangue até subia de raiva, mas tinhamos que ser educados pois ela estava com os pais e pegaria mal um barraco naquela altura do campeonato.

Ela era mau, tinha o talento para crueldade.Ela era tomada pela vingança,chupando as suas balas na nossa frente, e para piorar as balas eram de caramelo, as balas que nos mais gostamos. Pensavamos como essa menina deve nos odiar, nos eramos até bonitinhas e com os cabelos  ao vento , ou seja não eramos de se jogar fora e isso parecia incomodar. Como eu gostava de ler sempre pedia emprestado alguns livros que ela não lia.

Até que ela resolveu descontar  toda sua raiva em mim, so que de uma maneira mais sútil, de forma ainda nunca utilizada por ela antes, através de pressão psicologica feita todos os dias, falando que tinha o livro As reinações de Narizinho de Monteiro Lobato e que não me emprestaria

Era um livro grosso , meu Deus era o verdadeiro Santo Graal dos livros , era um livro para ficar vivendo com ele, era um livro que nem se eu guardasse todas as minhas mesadas eu conseguiria comprar, era um livro acima da minha realidade de vida. Depois de uma semana me dizendo que nunca me emprestaria e eu implorando,  ela disse sim  e que era só eu passar  na casa dela para pegar emprestado.

Naquele mesmo dia depois da aula passei na casa dela, literalmente cheguei correndo feito louca, ela morava numa mansão , fiquei parada na porta feito uma idiota, enquanto ela me olhava da janela com um ar de risada. Depois de meia hora ela resolveu descer, abriu a porta e nem me mandou entrar .Olhando nos meus olhos disse que não iria me emprestar, fui embora  debaixo de chuva , alem de ter ficado brava e aborrecida  e com uma determinação muito grande de que iria ler aquele livro de qualquer jeito.

No dia seguinte, ainda cheia de odio no coração cheguei na escola até bufando de raiva e a primeira pessoa com que me deparo foi ela, me recompus,  com um sorriso e com o coração batendo rapido de raiva , fingi que nada tinha acontecido, pois ainda o livro não estava no meu poder. Ela toda sem graça chegou perto de mim e disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, mais que ela me emprestaria, fingui que acreditei e começei a bolar um plano maléfico contra ela.

Era um sexta-feira daquela mesma semana quando começei a colocar meu plano em ação, meu plano era o seguinte vigiar os pais dela chegarem em casa , e perguntar perto deles se ela me emprestaria o livro . Depois de ficar quase uma hora parada perto da casa dela,  me sentindo o agente 007, eis que avisto de longe seus pais, pensei era hora de agir. Esperei seus pais entrarem enquanto observava ela brincar no jardim, fui andando calmamente até a porta de entrada toquei a campaiinha, achei que era sua mãe que tinha vindo me atender, quando derepente ela surge com aquele cabelo ruivo armado  me pegando de surpresa, ela começou a gritar me perguntando o que eu estava fazendo ali na casa dela,  e eu respondi que tinha ido na casa dela para pegar o livro emprestado , eu achei que meu plano tinha dado errado,realmente tinha. A mãe dela que estava observando de longe chegou e perguntou o que estava acontecendo então contei a minha versão de  tudo o que havia acontecido, e a menina contou outra versão que eu estava perseguindo-a, sua mãe ficou horrorizada com toda situação e ficou calada  só tentando entender o que havia acontecido, pois ela era uma boa pessoa e não acreditava que acabava descobrir que sua filha era  uma criança egoista e mentirosa. Ficou um silêncio absurdo entre todos nos , então decidi ir embora ,um pouco frustrada por meu plano ter dado errado e logo pensei  que nunca mais iria conseguir ler o livro. No dia seguinte a menina chegou perto de mim com um embrulho e simplesmente me entregou e não falou nada e saiu, peguei e abri e logo me deparei com o livro e um bilhete escrito assim: me desculpe pelo comportamento horrivel da minha filha , aceite esse presente como uma forma de um pedido de desculpa e venha na livraria e pegue qualquer livro que você quiser eu te emprestarei muito alegre. Eu não acreditava em tudo aquilo que eu tinha lido, era bom demais para ser verdade, eu estava flutuando de alegria.Não sai pulando de alegria, sai desfilando com o livro pela escola toda segurando com as duas mãos ,enquanto meu coração estava alegre.

Chegando em casa, não comecei a ler. Fingi que não o tinha , só para apreciar lentamente cada momento , horas depois abria-o lia só um pouquinho e ia degustando lentamente cada palavra que tinha sido escrita, criava situações com falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade era algo que sempre iria ser clandestina para mim . Sentava na rede , abraçando- me com o livro no colo , depois de anos ja não era uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante.